sexta-feira, dezembro 21, 2012

Busca vida



Sempre me referi à data do meu aniversário, (23 de dezembro), como véspera da véspera, na tentativa de fazer alguém adivinhar, quando perguntavam. Ainda criança costumava esperar com muita ansiedade este dia. Às vezes ganhava dois presentes, outras vezes ele era me dado ou no dia de meu aniversário ou somente dois dias depois, no Natal. Outro dia comentava com minha mãe se caso tivesse nascido de parto normal, no dia 25 de dezembro, se ela teria tido a feliz ideia de registrar meu nome como Natália. Ela sorriu e disse que corri sério risco de ser chamada por Natalina. Por isso louvo ter nascido dois dias antes.




Por ser uma data próxima ao Natal e do fim de ano, considero o momento apropriado para avaliação e reflexão sobre o ano que se finda, sobre as grandes perdas, o que consegui realizar, a exemplo da publicação do livro “Um rio de histórias”, ao qual divido autoria com duas colegas, do inesquecível show da banda Roxette que assisti em Brasília e a conclusão do Curso de Inglês no CCAA, após quatro anos e meio. Sempre apoiada pela minha família e grandes amigos. Já aproveitando carona para refletir sobre meus erros e acertos, do que ainda não conquistei e sobre os projetos para o novo ano.  




Embora nos últimos anos a aproximação da data de meu aniversário não tenha me empolgado muito, esse ano vai ser diferente, e fazendo alusão a alguns versos da música Busca Vida, de Paralamas do Sucesso, decidi mudar a programação, optei por viajar, ver o mar, buscar um pouco mais de alegria, de vida, espantar os sentimentos que me deixam ansiosa e renovar esperanças para o novo ano, com a perspectiva de que  em 2013 eu mate a vontade de viver o que ainda não vivi.


Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver da onde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
E os meus passos, nunca mais serão iguais

Se for mais veloz que a luz, então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás, perdida num planeta abandonado
No espaço.
E volto sem olhar pra trás

Estrofes extraídas da música Busca vida (Paralamas do Sucesso)

Lapinhas

Lapinha da Vó

Uma das melhores recordações que tenho do Natal é de ver minha avó dona Si montar a lapinha no dia 24 de dezembro. Uma tradição que ela preserva há mais de 50 anos como promessa. Segundo a vó muitas moças de São Desidério costumavam ir para as grutas, próximas à cidade, cerca de duas semanas antes do Natal para buscar pedras chamadas de lapas, utilizadas para a confecção das lapinhas. 

Desde quando éramos pequenas, eu e minhas primas costumávamos observar nossas mães ajudarem a matriarca da família. Nossa contribuição nessa época se resumia em carregar as plantas e enfeitá-las com as bolas de Natal. Lembro também da cola de tapioca que minha avó costumava fazer para colar o papel, seja forrando as latas das plantas ou um velho caixote utilizado para colocar os santos. Outra lembrança era o licor de jenipapo preparado para servir depois da reza, nos dias 24, após a missa do galo e dia 06 de janeiro, dia de Santo Reis. A gente sempre tomava escondido da vó quando íamos rezar à noite na lapinha no intervalo entre 24 e 06.

Com o tempo assumimos de vez a função de montar a lapinha para ajudar a vó. Das primeiras vezes ela ficou nervosa porque ainda não tínhamos adquirido os trejeitos do tal ofício e assim ela questionava: 

- Ô menina cadê a boca da lapinha. Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço, eu só vou colocar o santo.
A ‘boca da lapinha’ que ela se referia se trata de um formato triangular, seja por meio de plantas ou do próprio papel que ao final se configura em uma gruta deixando transparecer uma entrada com destaque para onde se apresentam os santos. 

Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez de tal tarefa, mas sempre dando seus pitacos. Na verdade ela sempre diz que todo ano só pretende colocar o santo, e quando tudo termina, com a gruta pronta e enfeitada, ela acaba aprovando. Um opinião daqui, outro dali. Nesse movimento descobri que até mesmo meu pai Angenor entende um pouco da atividade de tanto ajudar uma senhora da cidade, que já faleceu, a montar a lapinha. 

Presépio da minha casa
Hoje por conta de outras atividades do fim de ano, antecedemos o dia da montagem. O costume passou a ser valorizado no município por meio do Concurso de Lapinhas, realizado  desde 2009, ano que a lapinha de minha avó foi premiada em segundo lugar. Em 2010 ela conseguiu o primeiro lugar. Este ano também me empolguei e fiz um pequeno presépio lá em casa.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Recordando as novenas de Natal das crianças

 
Novena de Natal das crianças na Casa Paroquial, Ana Lúcia, Michelly, Saionaria, Fabrícia, Maria Azevedo, Deborah, João Pedro, Yara Poliana, Anna Sizaltina e Soraia.
Durante o período que a Igreja Católica celebra o Advento, tempo de preparação e espera para a chegada do Natal, dia 25 de dezembro, em que se comemora o nascimento de Jesus, grupos se reúnem para realizar as Novenas de Natal na vizinhança, na família, nas pastorais, nas ruas. A cada dia a novena trabalha uma temática em uma casa diferente. Essa fotografia simboliza uma recordação das novenas das crianças realizadas paralelas as novenas dos adultos em São Desidério nos idos dos anos 90. 

quinta-feira, novembro 29, 2012

Uma Mainha protetora



Lembro dos sacrifícios que fazia para fazer as filhas mais felizes.
Acordar cedo para fazer o café.
Nos acordar cedo para não perdermos o horário na escola
Se eximir de comprar alguma coisa para você só para poder comprar para nós.
Deixar de ir a algum lugar para ficar com a gente
Do esforço sem medida
Tantas noites acordadas ao nosso lado quando sentiamos dor.
Ou das madrugadas quando vinha ao nosso quarto para nos embrulhar.

Seu tempero. Ah! O seu tempero maravilhoso.
Sempre me surpreendi da forma como você cozinha.
Parece que os temperos são mágicos e saem de seus dedos na medida certa
E faz a sua comida, mesmo que simples ficar tão especial de um jeito que só você faz.
Que já virou referência.

Sempre escuto algo engraçado de você
Na forma de se referir a alguém próximo.
Sempre existe um sentimento de carinho, respeito, cuidado, emoção, de instinto protetor
Aliás este último sempre lhe marcou porque para você sempre seremos crianças
Debaixo de suas asas sempre estaremos protegidas do perigo
É tanto que sempre está nos repreendendo de algum modo,
Desde ainda quando éramos pequenas
Seja por meio das proibições que para nós pareciam tão banais,
Como nos proibir de soltar traques nas festas juninas,
De chupar chicletes para não correr o risco de engolir,
Para não atravessar a ponte da barragem ou banhar na barragem e no canal.

Seus exageros, seus pitacos e seus bordões. Esses eu não me esqueço. São eles que fazem de você uma "Mainha protetora"
"Menina cuidado. Vai para o Rio Grande? É perigoso. Água não tem cabelo, não tem braço para segurar".
"Cuidado ao atravessar aquelas ruas perigosas lá em Barreiras, olha para cima e para baixo!"
"Vai sair de casa não bebe nem uma xícara de café antes?"
"Ave Maria queria sentir tudo para não ver vocês sentindo nada"

Sua fé é imbatível.
Ora por todos nós,
Filhas, por meu pai que sempre viaja, pelos enteados que não estão por perto
A força de sua oração quando temos um desafio faz a gente se sentir tão bem
Que no final tudo dá certo

Neste dia do seu 60º aniversário
Que Deus lhe retribua cada momento de dedicação, cada esforço, pela mãe e esposa maravilhosa que és.
E te dê saúde, paz e confiança para alcançar o que ainda deseja.
Feliz Aniversário, te amamos Mainha!

Em 29.11.2012

quarta-feira, novembro 07, 2012

Jornalismo com diploma


Defendo um jornalismo com diploma sim, porque prefiro uma informação de qualidade e a sociedade merece uma notícia bem apurada por quem se graduou e conhece todos os processos que exige a informação para se configure em notícia, mesmo que isso não significa a garantia total da boa informação, como diz Débora Lima, tesoureira da Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj"O diploma é a mínima garantia do direito à informação de qualidade. Obviamente que ele não garante 100% a boa informação, mas garante o mínimo para o cidadão saber que aquela pessoa que está produzindo a informação teve uma qualificação, principalmente do ponto de vista da responsabilidade social".

Sempre escolherei e confiarei mais em quem passou pelo crivo de uma faculdade de jornalismo à um amador da profissão, que mesmo ciente da prática diária não domina os fundamentos de uma boa matéria nos moldes jornalísticos, nunca encarou os desafios da reportagem e não conhece os bastidores da notícia. Existe muitos desses por aí que preferem  permanecer no erro. Um exemplo bem simples, é usar o bordão 'maiores informações'. Não existe maiores nem menores informações, mas sim 'outras' ou 'mais' informações.

Não darei importância àqueles que desconhecem a profissão de jornalista e apenas o assemelham a um mero portador da notícia, ou como muitos insistem e preferem chamar de 'fofoqueiros'. 

Há ainda àqueles que pensam que jornalista tem o direito de saber tudo. Quanto a isso, deixo que seja explicado nas palavras do jornalista Ricardo Noblat em seu livro, A arte de fazer um jornal diário. "Porque sou jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de tudo saber?".





terça-feira, novembro 06, 2012

Dica de leitura Um estranho no espelho – Sidney Sheldon






Este livro representa o meu primeiro contato com o autor, que consegue prender a atenção do leitor do início ao fim da narrativa. Ler cada capítulo desse romance é mais interessante que acompanhar um capítulo de uma novela televisionada, eu diria. Fez-me refletir. Apesar de eu ter uma relação de obras de Sidney Sheldon anotados em minha lista de livros, não sei por que não lhe dei prioridade anteriormente.
Em muitos momentos, a escrita que se configura carregada em detalhes, é como se o escritor adivinha meus pensamentos. Ele cria expectativa e surpreende o leitor. Não é em vão que seus livros foram vendidos em todo mundo e traduzidos para dezenas de línguas em 180 países, o que destacou Sheldon como o “autor mais traduzido no mundo”, de acordo com o Guinness.
Breve relato – O enredo transcorre entre dois personagens, Toby Templo e Jill Castle, que têm seus sonhos parecidos - conquistar a fama. Ele se torna o maior comediante dos Estados Unidos, tem todas as garotas que quer. Ela é filha de uma costureira religiosa fanática e sempre quis ser uma estrela em Hollywood. Para isso foge de casa e muda até o nome. Para alcançar seu sonho ela enfrenta muitos desafios e até mesmo humilhações de nomes considerados grandes produtores. Entre idas e vindas os destinos se cruzam, Toby e Jill se conhecem e vivem uma história marcada por amor, inveja, superação, vingança, com um final surpreendente.
Fica a dica de leitura. Eu recomendo “Um estranho no espelho" de Sidney Sheldon. 
Leia e aprecie com moderação!

quinta-feira, novembro 01, 2012

Parabéns meu amigo amor!

















Hoje, dia de seu aniversário, fico feliz pelo presente que é ter você em minha vida, por ter te conhecido.


Obrigada por me entender, cuidar de mim, por me dar seu carinho, sua atenção principalmente nos momentos em que preciso que apenas alguém me ouça.
 
Obrigada por sua paciência, mesmo quando eu não lhe retribuo da mesma forma.


Sua humildade, sinceridade e a maneira de sempre estar por perto, de ajudar, faz de você uma pessoa tão especial. Um anjo em minha vida.


Já estamos vivendo uma bonita história, tantos episódios que passamos juntos, enfrentamos a distância, desafios, saudades, e o tempo se encarregou de fortalecer ainda mais nosso amor.


Que Deus lhe dê sempre mais sabedoria para caminhar com fé na sua vida, ilumine sua família, seu trabalho, seus sonhos e espero que estejamos juntos para celebrarmos cada vitória que você alcançar e continuar escrevendo nossa linda história de amor meu bruxinho. 


Te amo muito meu Amigo amor.


Feliz aniversário!

terça-feira, outubro 30, 2012

Despedida de solteira


Você nunca tem ideia de como é uma despedida de solteira até o dia em que participa de uma.
Faltando 15 dias de seu casamento, minha amiga e colega Jackeline despediu-se de sua vida de solteira de uma forma, digamos que extraordinária, não só para ela, mas para todas as amigas que compareceram ao Chá de Lingerie na noite de sábado, 27 de outubro, no restaurante Sabor e Arte.
O local do evento, que fica situado em praça pública, não foi imbatível para que a festa ocorresse de maneira como foi planejada. Varal de langerie, brincadeiras, gritos estéricos, risadas, bebidas, descontração, 'palestrantes', dança, quedas, muitas quedas e diversão deram o tom do evento.
Enquanto isso, em outro ponto mais recuado da cidade, o noivo Rodrigo e seus amigos, que eram respectivamente, conhecidos, amigos, namorados e esposos das convidadas da Jackeline, faziam ao mesmo tempo a despedida de solteiro dele, que com certeza só não foi melhor que a da noiva.
Ao final, um desfile com a noiva pelas principais ruas da cidade em carro aberto, passando pelo local da despedida de solteiro do noivo, contribuiu para assinalar uma verdadeira 'Guerra dos Sexos', e encerrou aquela que entrou para a história de São Desidério no quesito Despedida de solteiro.
Gostaria de contar mais. O que foi relatado trata apenas de flashes do que a memória permite relembrar desse episódio, acredito que seja uma pequena lembrança, porém válida, pois para quem viveu certamente foi inesquecível.

terça-feira, outubro 16, 2012

Um rio de histórias em Barra - BA

Seguem algumas fotos das Meninas do rio, autoras do livro-reportagem "Um rio de histórias" na viagem que marcou o lançamento do livro no sábado, 13 de outubro.
Meninas e o encontro com os rios São Francisco e Grande


Entrega do exemplar ao personagem Gerard

No centro da cidade

A emocionante visita a escritora Joana Camandaroba

Biblioteca do Centro Cultural Avelino Freitas, local do lançamento


Com Almir (Bola), presidente da Colônia de pescadores

Rogério, do Centro Cultural

Com o mais jovem escritor de Barra, Wilgner Murilo Santos


E toda a turma que nos acompanhou nessa viagem

quinta-feira, outubro 04, 2012

Dica de leitura "1822"



A obra ‘1822 Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado’, é um livro-reportagem do autor Laurentino Gomes, sequência de 1808, que relata a fuga da família real para o Brasil.
Em 1822 ‘A Independência do Brasil’ é o acontecimento que norteia a narrativa.  Em vários momentos o escritor nos surpreende com revelações jamais encontradas em livros de histórias comuns das escolas e acredito que seja este um dos motivos pelo qual ele dedica “para todos os professores de história do Brasil, no seu trabalho anônimo de explicar as raízes de um país sem memória”, que ao nascer já estava falido.
O autor destaca a participação de personagens importantes desse enredo, como o protagonista desta história, D. Pedro I, caracterizado como príncipe romântico e aventureiro, que proclamou a independência do Brasil aos 23 anos, ressaltando seus relacionamentos extraconjugais, e no fim da vida a sensibilidade de um herói desgastado e doente, falecido aos 36 anos. A princesa Leopoldina, primeira imperatriz do país, de origem austríaca, tinha tudo que D. Pedro admirava em uma mulher, menos beleza e sensualidade. Em nove anos teve nove filhos e morreu com menos de 30 anos, endividada e abandonada pelo marido. Hoje é homenageada por uma das escolas de samba do Rio de Janeiro Imperatriz Leopoldinense. O escocês Alexander Thomas Cochrane, fundador e primeiro almirante da marinha de guerra do Brasil, também teve participação decisiva na Guerra da Independência ao expulsar as tropas portuguesas no Norte e Nordeste, fato que o tornou um herói e ao mesmo tempo vilão, quando saqueou os habitantes de São Luis do Maranhão e roubou um navio do Império. Tudo isso o transformou em herói maldito da história brasileira.
O escritor desperta o interesse do leitor pela história, apresentando uma narrativa interessante com indícios históricos e em tempo situa-o contextualizando com fatos atuais, foi o que pude observar quando  Laurentino Gomes cita Barreiras, município a 27 km de São Desidério, exatamente na página 225 no capítulo que fala sobre a confederação. 
"No interior, os domínios pernambucanos avançavam pelo sertão até a atual divisa entre Bahia, Minas Gerais e Goiás, a menos de duzentos quilômetros de Brasília, formando o desenho de uma abóbora - ou jerimum para os nordestinos - longa e delgada. Incluía, entre outras cidades importantes, Barreiras, hoje um dos maiores municípios produtores de soja do país".

Para finalizar o autor destaca a relação consanguínea entre Portugal – Brasil, ao afirmar que na primeira metade do século passado, depois da independência, mais de um milhão de portugueses migraram para o Brasil e hoje seus descendentes diretos são estimados em mais de 25 milhões, filhos, netos, bisnetos, que incluem famosos como Marília Pêra, Fernanda Montenegro, Ana Maria Braga, Abilio Diniz e Antonio Ermírio de Moraes. Já na década de 1990 a migração se inverteu e os brasileiros invadiram Portugal formando hoje a maior comunidade estrangeira com cerca de 120 mil pessoas.
1822, fica a dica de leitura!

terça-feira, setembro 25, 2012

O dia da agonia (25 de setembro de 2011)



Outro dia, retornando de Brasília, ouvi um rapaz dizer no ônibus que havia ido fazer uma prova, e que não obteve êxito, porque não havia encontrado o local. Imediatamente lembrei-me de uma situação parecida ocorrida com uma pessoa bem próxima a mim, e da agonia que ela viveu há exatamente um ano, em 25 de setembro de 2011, também em Brasília.
Minha amiga chegou cedo à capital federal esse dia. Depositava toda sua esperança na prova que iria fazer e que talvez mudasse sua vida, pois naquele instante, se encontrava desanimada profissionalmente, no interior da Bahia, onde vive. A prova estava marcada para as 13 horas, na Universidade de Brasília, mas muita coisa ainda lhe estaria reservada com muita adrenalina. Ela se hospedou na casa de uma velha amiga, na cidade satélite de Taguatinga. Ainda houve tempo para colocaram os papos em dia.  
Pouco antes do meio dia, ela achando que estava preparada, inclusive com o endereço do local da prova em mãos, sai juntamente com sua amiga com destino ao Plano Piloto, em Brasília, onde chegam após pegar um metrô e andar alguns minutos. Almoçam, tiram fotos.
Após alguns passos dalí chegam ao imenso campus da UNB. Mais alguns minutos andando e com a ajuda de algumas pessoas que informaram, chegam exatamente ao local da prova com uma hora de antecedência. Mas nem tudo está certo ainda e o pior ainda está para acontecer. Por uma intuição ela percebe que tem que conferir na bolsa se está tudo certo com a documentação que tem que apresentar para fazer a prova. Para a sua surpresa esquecera o documento de identificação. E agora?
Mil coisas passaram em sua mente. A viagem, os amigos na rodoviária e seus familiares que lhe deram forças para realizar essa prova. Como ela voltaria para casa sem fazer a prova? E agora o que fazer? Parecia estar tudo perdido mesmo. Afinal, devido à distância da UNB, em Brasília, até Taguatinga, e com pouco menos de uma hora para o início da prova, parecia ser o fim. Por um impulso ela liga para outra amiga com quem veio da Bahia para também fazer a prova, e lhe conta a situação, desesperadamente. Ela havia chegado naquele instante ao local com seu tio, que está de carro. Ele oferece carona para tentar buscar o documento. Seria sorte? Ainda daria tempo?
Pelo caminho, mais desespero, agonia e a ansiedade a mil enquanto ela apela para todos os santos e reza todas as orações que sabe. Faz muito calor, Brasília apresenta o clima muito seco a essa época do ano. São muitas paradas necessárias por conta dos pardais, sinais de trânsito, etc. Enquanto isso o motorista e a amiga tentam acalmá-la, sem sucesso. São mais de 13h30min quando enfim chegam ao apartamento de sua amiga. Pegam o documento e agora outra viagem de volta a UNB. Mais orações. Os olhos não saem do relógio. Nervos a flor da pele. A ansiedade é tamanha dentro do carro. Chegam a UNB. O relógio registra 14 horas. Mas agora o desafio é encontrar o local exato da prova. “Não dá mais tempo, valeu pelo esforço”. Agradece ao motorista. “Mas você não vai tentar? Vai lá ver quem sabe ainda não dá tempo”, ele retruca. Quase com as pernas sem forças para sair do carro ela mesmo assim faz sua última tentativa. Sai correndo e entra na recepção. Um senhor que parecia já conhecer a situação a encontra. “Corre que só falta você. Por aqui, por aqui”, e aponta o corredor onde seria seu local de prova. Ela corre, pois já não há mais ninguém no corredor, todos os candidatos já se encontram posicionados dentro das salas. Faltam poucos segundos. O coração bate mais forte. Ela finalmente entra na sala e corre para a primeira carteira vazia onde senta em desespero. No mesmo instante toca o sinal para o início da prova. Ao verem aquela cena todos começam a rir. E ela está tão elétrica que nem se deparou que sentara na carteira errada. Pausa para respirar. Ufa! Agora sim, está tudo certo. Ainda é inacreditável ela está ali, pois ainda pouco vivia a agonia de talvez não chegar a tempo. O fiscal a orienta para se sentar na cadeira correta, onde está sua prova personalizada com seu nome. Para ela, realizar aquela prova agora já se tratava de uma grande vitória. Concorrer ao cargo de gestor em atividades jornalísticas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), era apenas um detalhe.
Ao final da tarde, após finalizar a prova reencontra suas amigas que a esperavam. Sorriram muito da situação. Agora podem descontrair. Vão até o ponto de ônibus e se deparam com uma moça que teve a oportunidade de conhecer o oeste da Bahia. Ela espera pelo namorado. A conversa rende uma carona até a rodoviária do plano. Já é noite e agora, só resta um passeio pelo shopping, afinal o que mais de tão ruim poderia acontecer depois de um dia marcado por agonia. Neste instante a sandália quebra. Mais risos. Mas o passeio segue assim mesmo, pois esse simples fato não representa nenhum agravamento perto do que lhe aconteceu.
Esta história é um fato real e somente um ano depois a personagem teve a coragem de torná-la pública em seu blog.
Dedico este texto as pessoas envolvidas nessa agonia e que foram anjos nesse dia foram anjos em minha vida. Michelly, Jackeline, dona Fátima (in memorian) e o tio da Jacky, Silvano, conhecido como Farrapos.
São Desidério – BA, 25.09.2012

terça-feira, setembro 18, 2012

De festejos religiosos a Festa da Paz

Festa da Padroeira em 2010
Em São Desidério, o mês de setembro é dedicado aos festejos religiosos de Nossa Senhora Aparecida, 19, e do Divino Espírito Santo, 20, devoções cultivadas há mais de meio século e comemoradas fora das datas oficiais - 12 de outubro (Nossa Senhora) e 40 dias após a Páscoa (Divino Espírito Santo). Isso justifica as denominadas ‘desobrigas’ que se configuram em função da inexistência de padres nesse período, uma vez que somente um padre tinha que cobrir uma vasta área; celebrando os dias santos e festas numa única data.
Como contam o mais antigos o Pe. Armindo costumava percorrer os vilarejos para celebrar as missas montado em uma mula – o que justifica a máxima por vezes comentada ‘fulano caminha mais que a mula de Pe. Armindo’. Ainda na época que São Desidério era um vilarejo, recebia o sacerdote que realizava as missas da Padroeira e do Divino, celebradas em latim e virado para o altar. Em seguida eram realizados batizados, casamentos, 1ª Eucaristia, Crisma. Como este fato só acontecia uma vez por ano, a população aproveitava o momento para comemorar com festas, sanfonas, triângulos e zabumbas que animavam os fiéis.

Procissão em honra a Nossa Senhora Aparecida
Minha vó, dona Si, lembra que certa vez um episódio marcou um dos casamentos que ela presenciou nesse período. O padre Armindo celebrava mais de 10 casamentos de uma só vez e quando perguntou a um dos casais se aceitavam um ao outro como marido e mulher, a moça respondeu que não. A expressão foi de espanto para os fiéis, principalmente para a família da noiva. Mas para aumentar a surpresa na igreja, na mesma hora uma outra mulher que assistia a cerimônia se prontificou a casar com o noivo, e o casamento enfim se consumou.
Com o tempo e a emancipação de São Desidério, a tradição se tornou parte do calendário da cidade sempre comemorado nessas datas, ganhando adeptos e apoio. Anos depois, atrelado aos festejos religiosos passou-se a realizar também festas com participação de artistas musicais sendo denominadas de micaretas com apresentação de blocos que saiam pelas ruas da cidade, a exemplo do famoso ‘Fura Fronha’, que contava com a participação de cerca de 100 pessoas.
Por um bom tempo a festa foi realizada na Praça Abelardo Alencar onde localizava o antigo Mercado Municipal. Em 1997 a festa ganhou o nome de Festa da Paz e a partir de 2003 passou a ser realizada no Coliseu da Paz, saída para Barreiras, que abriga até 40 mil pessoas, tornando-se o maior evento musical do oeste baiano por reunir grande multidão e artistas de vários estilos musicais.
É valido ressaltar que é nesse período das tradicionais “festas de setembro” que muitos saodesiderenses que hoje residem em outros estados, costumam chegar ao município para participar das missas e das festas. Até a década de 1990 era organizada comitiva que traziam muitas pessoas, vindas principalmente de Goiânia e de Brasília, e que chegavam dias antes para ainda participarem do Novenário de Nossa Senhora Aparecida – realizado de 10 a 18 e visitar os parentes. Elas costumavam vir em ônibus fretado que era aguardado por muita gente, euforia e foguetes em frente à Igreja Matriz.


Chegada de parentes e amigos para as festas de setembro
Outras lembranças das festas de setembro remetem as alvoradas festivas em honra a Nossa Senhora Aparecida, que acontecem na madrugada de 19. Um cortejo sai da Igreja Matriz pelas principais ruas da cidade ao som da Banda Os anéis de Saturno, conduzida pelo maestro Reginaldo, e culmina com um café da manhã com muita farofa. As comemorações da Padroeira são finalizadas com a tradicional missa solene. Na manhã de 20 de setembro é a vez dos devotos do Divino Espírito Santo participarem da tradicional festa do povo, que registra grande participação da população da sede e zona rural. Durante todo o ano, a família do imperador, juntamente com os foliões levam a bandeira, símbolo da festa por todas as localidades do município, sendo o último local a sede, com intenção de arrecadar fundos para a festa. Enquanto isso, homens interessados disponibilizam seus nomes no sorteio da corte do imperador do ano seguinte. A escolha ocorre ao final da missa solene no dia 20. Após a transmissão da coroa, uma multidão visita a casa do novo imperador, e em seguida rumam para um farto almoço servido na casa do então Imperador, com muita música e animação durante todo o dia.

Corte do Imperado do Divino de 1997

Na década de 1990 Pe. Eraldo e sete garotos representando os dons do Espírito Santo

Caminhada da Corte do Imperador à Igreja Matriz



terça-feira, setembro 11, 2012


Ex-alunos desfilam no 7 de Setembro


Após alguns anos sem participar do Desfile Cívico pela passagem da Independência do Brasil, eu e outros ex-alunos da Escola Municipal Presidente Castelo Branco, em São Desidério, tivemos a honra de desfilar pela escola. Este ano, o desfile temático, além de retratar os 190 anos de Independência também homenageou os 50 anos do município. Para comemorar este momento, a escola convidou pessoas que fizeram parte de sua trajetória, e que hoje prestam contribuição profissional na sociedade como enfermeiros, bombeiros, médicos, advogados, nutricionistas, engenheiros agrônomos, biólogos, professores, jornalistas, músicos, psicólogos e tantos outros. À frente desse pelotão foi conduzida uma faixa com a seguinte frase de Paulo Freire “Todo amanhã se cria num ontem. Através de um hoje. Temos de saber. O que fomos, para saber o que seremos”.


Reviver esse momento foi sem dúvida inesquecível, pois dessa forma, relembramos com saudade esse fato marcante de nossa vida escolar. Já havia esquecido o escaldante sol de 7 de setembro enquanto aguardava na fila o momento de começar a marchar. E as ordens que a professora direcionava aos alunos enquanto tentava ordená-los. “Vamos lá gente cobrir”. Ou ainda, “direita vou ver”. Sem falar na diretora Necy que fez questão de não ser diferente com o nosso pelotão. “É pra marchar bem bonito e quando chegar em frente ao palanque não quero ver ninguém conversando!”.



E qual não foi nossa alegria ao passar pela avenida JK e ser uma das únicas alas aplaudidas pela comunidade, por nossos familiares e mestres que nos viram crescer e encontrar anos depois nossa verdadeira vocação. O 7 de Setembro de 2012 certamente ficará em nossa memória.
 

Outras lembranças de 7 de setembro

Outro dia comentava com muita saudade com alguns amigos sobre os Desfiles Cívicos. Da ansiedade e expectativa que sentíamos quando se aproximava o 7 de setembro. Os ensaios e todos os preparativos que fazíamos. Dos carros alegóricos enfeitados em frente às escolas, de experimentar as roupas nas costureiras que costumavam não dormir às vésperas do desfile para finalizar a tempo as indumentárias dos alunos. Ao amanhecer do dia sete costumávamos despertar ao som dos hinos cívicos que circulavam em carro de som pelas principais ruas e nas imediações do palanque – como sempre morei próximo ao local onde o palanque era montado, ouvia nitidamente e era como se isso enaltecesse ainda mais o sentimento de patriotismo e um incentivo a mais para levantar da cama para participar do Desfile Cívico.
Sempre achei muito interessante e até mais divertido participar do desfile usando outras roupas que não fosse a farda, por isso sempre fazia de tudo para convencer minha mãe. Aliás, tenho recordações engraçadas disso. Muitas mães para evitar gastos costumavam tingir as calças dos filhos com anil. E o mais interessante é que elas sempre entravam em um consenso. “Você vai comprar calça nova para sua filha desfilar fulana? É só uma horinha ali mulher, por que você não faz como eu e tinge a calça dela com anil?”. Pronto estava feito! Só lembro que quando o reflexo do sol reluzia no jeans azul tingido ele se tornava lilás. Havia uns colegas engraçadinhos que costumavam rir disso. Mas era divertido. E o bom era que sempre no final do desfile todos costumavam tirar as famosas fotos no jardim da Praça Juarez de Souza.
Em uma das vezes que desfilei vestida com roupas brancas coincidiu que o asfalto da avenida JK havia sido feito recentemente. Eu estudava a 5ª série. A cada passo que marchávamos no compasso do tambor, o solado do sapato grudava no asfalto. Rimos muito nessa época. Outro aspecto lembrado foi a respeito da água. Comprar água mineral era um privilégio. Muitos pais levavam água de casa mesmo e acompanhavam os filhos. Uma das coisas que não gostava muito era na hora de formar a fila, isso porque não conseguia fugir a sina de ficar na frente, pois sempre costumava ser uma das alunas de maior estatura na classe. 
Uma de minhas últimas recordações de Desfile Cívico foi no 2º ano do Ensino Médio em 2003, quando desfilei como porta-bandeira do Colégio Médici. Para mim, essa missão só valeria se eu levasse a bandeira do Brasil. No momento em que a fila era organizada em frente à escola, percebi que outra garota também estava com o mesmo objetivo. Sai imediatamente da fila e entrei na sala da diretora e perguntei-a e se eu poderia levar a bandeira. Ela permitiu e apontou para onde a bandeira se encontrava – próximo à porta. Agarrei-a e neste instante surgiu na porta a garota. Não tive coragem de olhar, pois saí imediatamente, mas percebi que ela ficou chateada por eu ter conseguido. O engraçado foi contar essa história um ano depois, no 3º ano e descobrir que a garota se tratava da mesma colega para quem relatava o episódio naquele instante. Rimos muito disso. 

quarta-feira, setembro 05, 2012

Férias



Após um ano e sete meses, em agosto tive minhas tão esperadas férias.
Tentei não planejar muito.
Um retorno a Bom Jesus da Lapa. Boas lembranças.
Passando por Santa Maria da Vitória, uma bela passarela agracia a cidade.
E enfim Correntina, que eu tanto esperava conhecer. Muito já tinha ouvido falar a respeito. Já estive em lugares mais distantes e até então não tinha tido a oportunidade certa para conhecer esse recanto de belezas.
A cidade é encantadora, aconchegante, marcada por pessoas humildes e acolhedoras. Um lugar que Deus privilegiou pela natureza, que se configura em lindas paisagens. Ranchão, Sete Ilhas, sombra e muita água fresca. 
Me esquivo de tentar encontrar palavras certas para melhor descrever o que vi e o que vivi em Correntina. Simplesmente um passeio breve, mas maravilhoso. Na medida certa para se tornar inesquecível e já cristalizado em fotos e tantas recordações. Essa é uma das raras vezes que prefiro me valer da máxima “uma imagem vale mais que mil palavras”, e assim tentar explicar minhas impressões a partir das seguintes composições fotográficas.

Em Santa Maria da Vitória:



 Em Bom Jesus da Lapa:
Ponte sobre o Rio São Francisco em Bom Jesus da Lapa

Topo da gruta do Bom Jesus

Gruta do Bom Jesus
 Em Correntina:




Em uma das praça




Cemitério 

Centro histórico

Igreja Matriz

Pelas ruas tranquilas


Paisagem do entardecer em Correntina



No Ranchão, um dos principais pontos turísticos

Em Sete Ilhas 












Às margens do Rio Corrente onde cantam os sabiás



João de barro

Cardeais

Gavião

Bem-te-vi


Na estrada de volta para casa




Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...