quarta-feira, agosto 25, 2010

Mirante da Serra Geral

Serra Geral

Foram 411 quilômetros rodados. Da saída de São Desidério pela BA 463 sentido Roda Velha, flocos de algodão estão espalhados à margem da estrada, forte indício que confere ao município o título de maior produtor de algodão do Brasil.

Manhã de sol forte. Paisagem seca. Carretas cruzam a todo momento. Agora o percurso segue pela BR 020. No quilômetro 93, uma das placas que adentram a direita da via indica ser por ali o caminho da Fazenda Santa Martha, em chão batido. Na sede da fazenda, o vento balança os imensos eucaliptos que resguardam as seis casas que aí existem. O ambiente é agradável. Um galpão abriga máquinas agrícolas e armazena os grãos – soja/milho – culturas agrícolas mais produzidas na Santa Martha. Árvores, muitas. Na casa da balança, encontra-se registrada toda a trajetória da fazenda que tem 20 anos de existência.

Quem faz parte desta história é Reni Bremm Windt, que aí mora com o esposo e dois filhos. Ela veio do Sul e afirma não ter vontade de voltar. “Gosto de viver aqui”. Há 12 anos também veio seu cunhado Nereu que posteriormente constituiu família. Reni foi professora por cerca de 14 anos e lecionava para alunos da fazenda e redondezas.

O ano passado a escola foi nucleada devido à quantidade insuficiente de alunos. Segundo ela a trégua no ofício é temporária. “Daqui a dois anos já teremos alguns alunos para alfabetizar”, resguarda. Em uma das casas onde funcionava a pequena escola estão guardados os livros e material didático. A escola mais próxima fica em Roda Velha, a cerca de 75 quilômetros.

Alguns gatos circulam entre as casas. Há poucos minutos para o meio-dia o sino suspenso do lado de fora do refeitório anuncia que o almoço está pronto. Característico de fazenda, a população é flutuante. Esta época do ano os funcionários são poucos, cerca de seis podendo chegar de 15 a 20 no período de plantio em outubro ou colheita em abril. Depois do delicioso almoço, uma cocada produzida por Reni derivada dos próprios coqueiros existentes no quintal, vai muito bem.

A cinco quilômetros da sede da fazenda a natureza preparou um espetáculo incrível e espontaneamente cedeu espaço para um mirante, de onde se pode contemplar a Serra Geral, que divide os estados da Bahia e Goiás. A serra corta toda a paisagem e à primeira vista a impressão é de uma pintura. Ao concentrar o olhar mais adiante, a frente da serra, pode-se identificar minusculamente a cidade de São Domingos, Goiás é logo ali.

Texto e foto: Ana Lúcia Souza - 25.08.10 às 19h20min 

A última entrevista

Foto: Cláudio Foleto
A última vez que tive a oportunidade de entrevistar o bispo diocesano Dom Ricardo, foi durante o show católico do Padre Antonio Maria na Festa da Paz 2009, show que o bispo definiu como um presente para a Diocese de Barreiras naquele momento de passagem dos 30 anos.

Ainda no período da faculdade, a realização de um trabalho intitulado “Como a mídia aborda democracia e cidadania” exigiu outro contato com o formador de opinião, ocasião em que pude conhecer um pouco do posicionamento crítico e sábio do bispo. Me recebeu com o semblante sereno e pacífico. Sempre muito atencioso e me reconheceu pelos meus préstimos de coroinha em São Desidério.

A morte de Dom Ricardo abalou todo o oeste baiano. Ele morreu dia 17 de agosto no Hospital Central de Lins, na Áustria, onde estava em tratamento e se recuperava de uma cirurgia para retirada de um tumor no cérebro, realizada no dia 09 de junho. O sistema imunológico fragilizado não suportou as sessões de quimioterapia e radioterapia. Uma infecção generalizada seguida da falência múltipla dos órgãos se instalou, culminando na morte do religioso que foi sepultado no dia 25 de agosto no Mosteiro Beneditino de Kremsmünster, onde fez seus estudos religiosos e ordenou-se padre pela Congregação dos Beneditinos em 15 de julho de 1964.

O bispo veio para a região oeste em 1974, instalando-se em Barreiras, onde ajudou a fundar a Diocese, há 30 anos e nomeado bispo com o lema Redemptor Hominis – Jesus Cristo Redentor do Homem. Dom Ricardo era Doutor em Teologia e Psicologia e mestre em Filosofia. Sua personalidade era marcada pela liderança e luta pela igualdade e justiça social, motivos que o fez conquistar muitos títulos como Membro da Coordenação do Fórum sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social. No dia 05 de setembro, data em que faria 71 anos, será realizada uma missa em sua homenagem.

Por Ana Lúcia Souza, 25.08.10 às 19 horas

segunda-feira, agosto 16, 2010

Acampando

Do acampamento do fim de semana passado com amigos - grupo intitulado Canecão pela mãe desta analítica, e por isso 1º Acampamento da Turma do Canecão - até que se encontre outro nome. O cenário escolhido está localizado a cerca de 16 quilômetros da sede de São Desidério, denominado Riacho de Pedras, na chácara de uma das integrantes do grupo Jackeline Bispo. Confira algumas fotos:


A noite foi finalizada com um repertório eclético


A fogueira deu o tom característico do encontro
Alguns indícios de como terminou a noite
Em alguns momentos não custa nada fugir do convencional e contemplar a natureza
E no meio da paisagem
O cenário se completa
E tudo se adequa à natureza, até mesmo a simplicidade de um balanço
Que privilégio!

Com amparo das sombras das árvores

Por Ana Lúcia Souza em 16.08.10 às 23h10 min
Fotos: Ana Lúcia Souza/ Jackeline Bispo







quinta-feira, agosto 12, 2010

O dia em que fiz rappel

Paredão do Deus me livre

Ao falar em aventuras minha memória reporta à tarde ensolarada de 21 de junho de 2009 em Sítio Grande, distrito de São Desidério situado a 15 quilômetros da sede, por ocasião da cobertura do casamento radical durante os festejos de São João.

Não podia perder a oportunidade de fazer uma passagem no ar, aquela talvez fosse uma das únicas oportunidades. Então fui com tudo. Fui duas vezes. Nada poderia atrapalhar, então tive até direito a ensaio.
A vontade de descer era maior que o tremor das pernas quando ainda estava sobre a superfície do Paredão do Deus me livre que tem altura superior a 40 metros. Abaixo o Rio Grande margeia a estrutura e enfeita a paisagem.

- Volta, volta! A corda tá quebrando. Grita o guia de esportes radicais Giraia para me assombrar. Ele conseguiu. Mas foi só brincadeira. Ufa que susto!

Se fosse verdade não tinha mais jeito também. Já estava um pouco distante do ponto de base e lá embaixo o rio amorteceria a queda, mas de nada adiantaria, pois não sei nadar. Fato que só lembro quando já estou vivendo situações de perigo.

O melhor de tudo é chegar em terra firme e sentir vontade de saltar de novo. Aquela tarde certamente rendeu mais um ponto para meu currículo de aventuras. Agora estou quase perto de voar. Mas essa é outra história que pretendo contar aqui.

Por Ana Lúcia Souza em 12.08.10 às 19h20min

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...