quinta-feira, dezembro 28, 2023

Retrospectiva Literária


Encencerrando mais um ciclo de leituras. Neste 2023 essas foram as principais obras lidas e comentadas por aqui.

Destaco os livros que mais gostei: Avesso da pele, Mama, Segredos do coração, Torto arado e A mulher do século.

Um 2024 repleto de realizações e boas leituras a todos!📚📘

A Analítica 

quarta-feira, dezembro 27, 2023

Ela se chama Rodolfo (Julia Dantas)


"[...] escolhem um boteco com mesas na calçada para resolver com cerveja a frustração de não ter passado Rodolfo adiante. Sentam-se no bar chamado Reunião porque Camilo gostou da piada. Murilo põe Rodolfo sobre a mesa e observa-o, sem surpresa, caminhar em frente. Mal acabam de pedir a primeira quando Lídia aparece na esquina". 

Chegando por aqui a última leitura de 2023, uma ficção brasileira e segundo romance da autora Julia Dantas.

Murilo, Francesca. Presente, passado. Um apartamento, uma tartaruga deixada para trás, uma cidade espirituosa e uma saga desafiadora. Assim vai sendo contado o enredo permeado de começos e fins, de personagens que se encontram em bares, corriqueiramente, para contar suas histórias.


"O tempo não passa, nós que atravessamos o tempo. Eu sou agora tudo o que já fui e tudo o que ainda vou ser".

Por Analítica

terça-feira, dezembro 05, 2023

Em algum lugar lá fora (Jabari Asim)



"Nosso futuro é em algum lugar lá  fora". Feridas, relações sociais, culturais, políticas e os (des)afetos do mundo atual é o que vai desmistificar a obra 'Em algum lugar lá fora', ficção norte-americana do autor estadunidense Jabari Asim.

"Nosso futuro é em algum lugar lá  fora". Feridas, relações sociais, culturais, políticas e os (des)afetos do mundo atual é o que vai deamistificar a obra 'Em algum lugar lá fora', ficção norte-americana do autor estadunidense Jabari Asim.


"Meus ancestrais, tão decididos curiosamente jovens, tinham me mostrado um vislumbre, talvez, do fim das aflições".

Com Curadoria de Micheliny Verunschk, que indicou o livro como opção de leitura de novembro, mês da consciência negra, traz temáticas relacionadas a preconceitos, escravidão, lutas, resistência e uma narrativa bem diversa marcada por poesias, canções e histórias de personagens que se envolvem e vivenciam duras realidades. 

"No entanto, enquanto eu sentia aquela dor, meus Ancestrais me deram a ideia de sonhar. E fiz isso. Me coloquei no colo da minha avó [...] Ela cantou para mim, me consolou, me ajudou a passar pela dor. Tem dias que não consigo mais me lembrar da minha avó,  da aparência ou do cheiro dela [...] Mas sei que aquela música era ela. Cantei com o coração, muito alto e com grande sentimento. Ela me faz suportar aquilo".

quarta-feira, novembro 01, 2023

A outra volta do parafuso (Henry James)


✅️ Leitura concluida!

"Quanto mais penso a respeito, mais vejo, e quanto mais vejo, mais temo". 

Do autor Henry James, 'A outra volta do parafuso', foi publicado em 1898, e caracteriza-se como uma narrativa em que o suspense predomina. A leitura de outubro da @taglivros é uma indicação do curador brasileiro Caetano Galindo.

"[...] no entanto, ao fim de um minuto, comecei a sentir o que era que eu realmente abraçava. Estávamos a sós com o dia tranquilo, e seu coraçãozinho, despossuído, havia parado".

#leiturasbloganalitica

#leituras2023

domingo, outubro 08, 2023

Oração para desaparecer (Socorro Acioli)


"O amor, o fogo mais antigo. A única  força  que dissolve e recria o tempo", pag. 199. 

Ficção  da literatura brasileira de autoria da escritora Socorro Acioli.

"A vida é feita de palavras, elas explicam e fazem nascer e morrer. [...] Estar vivo é ser palavra na boca de alguém [...] Tudo o que somos é história e história se conta com palavras", pág. 111

Obra indicada do mês de setembro da @taglivros Experiências Literárias.

"Sou livre neste mundo e posso abrir qualquer caminho, mas escolho, porque quero, toda vereda que me leve ao estado de amor", pag. 199

segunda-feira, agosto 28, 2023

País sem chapéu ( Dany Laferrière)


"Sinto este país fisicamente.  Até o calcanhar. Reconheço, aqui, cada som, cada grito, cada riso, cada silêncio ". 

Em 'País sem chapéu ', romance caribenho, conhecamos a prosa poética de Dany Laferrière, e sua própria vivência de 25 anos de exílio. "O caminho já traçado, apesar de poeirenta, parecia levar a algum lugar. Era essa minha certeza, até que compreendi que não importa qual o caminho  escolhido, ele sempre nos levará a algum lugar", pág. 200.

Porto Príncipe é onde se passa a história marcada por questões políticas, religiosas, conflitos, mas também carregadas de memórias de um escritor que regressa a sua pátria natal com a missão de contar isso na perspectiva de um pintor. "O que pinto é o país que sonho. E o país  real? O país  real, senhor, não preciso sonhá-lo".

Com 221 páginas, a obra apresenta uma linguagem leve em que a memória é bem característico do estilo textual do autor. "Esta manhã, ele tinha tomado todos os traços  do estimado professor J. B. Romance para vir tentar, pessoalmente, me convencer a escrever um livro sobre esse curioso país onde ninguém  usa chapéu ", pag. 213.

Publicada em 1996, 'País sem chapéu' é a primeira obra de Dany Laferrière e indicada pelo curador Allan da Rosa como leitura de agosto da Tag Curadoria.

Por Analitica

segunda-feira, julho 31, 2023

Memphis (Tara M. Stringfellow)


De 1930 ao início dos anos 2000, viajamos com a autora Tara M. Stringfellow, em seu romance de estreia 'Memphis', cujo enredo se passa na cidade que dá título à obra. Conhecemos três gerações de mulheres negras de uma mesma família, de Hazel a Joanie. "Isso não é algo notável? Como os dons podem viajar?". 

A autora descreve o cenário onde se passa a história. "Havia chegado em maio e encontrou Memphis a todo vapor [...] Sempre havia música em Memphis", pág 27. 

Alguns fatos históricos são contextualizados para situar o leitor no tempo e espaço da obra, como neste trecho da página 242. "Dr. King foi baleado. - A Srta. Dawn não tirou os olhos da janela quando acrescentou: - E morto". Tara também cita algumas renomadas personalidades negras da época, a exemplo de James Brown, Diana Ross, Aretha Franklin, Martin Luther King, Stevie Wonder. "Poderia fazer com que a mulher mais acabada e sem graça no norte de Memphis saísse parecendo a Srta. Diana Ross em carne e osso [...] August ouviu os inconfundíveis acordes de abertura de 'Respect' de Aretha", págs102 e 103. 

Apesar de toda a música, poesia, força, união que compreendem a escrita desta autora, a obra também faz referência a fortes marcas de racismo e violência fazendo um forte apelo ao respeito, questões de identidade e de pertencimento. "Não será afetada. Ao menos o psicológico dela não será. Vai ficar dolorida durante alguns dias [...] Mas seria mais raro do que o cometa Halley aparecer três vezes - disse ele. - Uma menina de três anos se lembrar do próprio estupro", pag 81. 

O livro indicado pela tag Curadoria de julho, como edição especial de aniversário dos nove anos da Tag Livros Experiências Literárias, têm 322 páginas e divide-se em três partes. 

"August, agora vá em frente e abra todos os baús. My, abra cada armário. Abram todos eles. Joanie não vai fugir para aquele frio de Londres sem que façamos uma colcha decente para ela", pág 310.

Por Analítica

segunda-feira, julho 03, 2023

A mulher do século (Patrick Dennis)



Sofisticação, extravagância, ousadia são algumas características que o autor Patrick Dennis utiliza para descrever a personagem Mame Dennis, em 'A mulher do século'.

"Personagem mais inesquecível? [...] Ele não tem nem como saber o significado da palavra personagem se nunca conheceu minha tia Mame. Ninguém tem como saber."

Com a morte inesperada do irmão, ela passa a ser a responsável legal pelo sobrinho, o jovem Patrick e vê sua rotina mudar completamente. Mas apesar das diferenças e desentendimentos, os dois irão criar fortes laços e viver momentos especiais. 

A obra é indicação de leitura do mês de junho da Tag Livros Experiências Literárias (Curadoria).

Por Analítica

terça-feira, junho 13, 2023

Lar em chamas ( Kamila Shamsie)


Concluída mais uma leitura, e esta é inspirada na famosa peça grega, Antígona, de Sófocles. "Não tenhas, pois, um sentimento só, nem penses que só tua palavra e mais nenhuma outra é certa, pois se um homem julga que só ele é ponderado e sem rival no pensamento e nas palavras, em seu íntimo é um  fútil", Antígona, Sófocles. 

O romance 'Lar em chamas', da paquistanesa Kamila Shamsie, inspirado na renomada obra, mostra que os clássicos não saem de moda. A autora se baseia no texto de Sófocles para fazer uma releitura e traz à discussão, contextos envolvendo temáticas atemporais, como o luto, xenofobia, terrorismo, relações familiares e crises de identidade, vividos na pele por cidadãos islâmicos, como Isma, Aneeka e Parvaiz, que dão vida aos personagens dessa narrativa que destaca suas aventuras pelo ocidente.

"[...] o luto não via nada além de si mesmo; o luto via cada partícula de dor do mundo [...]", página 198. 

Por Analítica

domingo, maio 07, 2023

Segredos do coração


Aproveitei o fim de semana para concluir mais uma leitura, desta vez o livro 'Segredos do coração', que trata sobre os relacionamentos entre pais e filhos e de experiências de vida transformadas em legado. 
A obra reúne relatos de 24 autores, dentre eles, minha conterrânea de São Desidério, a poetisa Aldair Pereira. Amei a obra, a leitura é super leve e trata-se de um livro atual, que rende importantes discussões, principalmente no auxílio da relação familiar. 
Por vezes me identifiquei em algumas narrativas e os relatos nos proporcion também uma desconstrução sobre opiniões já cristalizadas. 
Parabéns Aldair, reconheci sua escrita imediatamente ao ler (rsrs) e gostei muito do seu texto. Parabéns também aos demais autores por esse grande presente que reforça o interesse pelo hábito da leitura e na busca por mais conhecimento, como forma de lazer e cultura. Segue trecho do texto da Aldair, um dos que mais apreciei:

"Há sempre pedras na vida,
Em todo e em qualquer caminhar,
Quanto mais longo o caminho,
Mais pedras se pode encontrar!

Pedras grandes ou pequenas
São obstáculos a se enfrentar
Pedras são testes na vida
Feitas para desafiar!

Adeus caminhos de pedras!
Adeus, pedras do caminho!
Mesmo com os caminhos de pedras
Aprendi a caminhar!"

Por Analítica

quinta-feira, abril 27, 2023

Como ficar podre de rico na Ásia emergente (Mohsin Hamid)


"Na verdade, todos os livros, todo e qualquer livro já escrito poderia ser oferecido ao leitor como uma forma de autoajuda". 

Uma escrita intrigante que ao primeiro olhar se confunde com uma obra de autoajuda, mas surpreendente pela estrutura e reflexões espirituosas que instiga a nossa imaginação.   
    
'Como ficar podre de rico na Ásia emergente', é uma ficção da literatura paquistanesa, de autoria de Mohsin Hamid, leitura da Tag Curadoria do mês de abril indicada pelo brasileiro João Anzanello Carrascoza. O cenário desta narrativa é ambientado na Ásia emergente onde o autor constrói a ficção baseada em um personagem que busca vencer na vida e tentar a sorte em um grande centro com um final emocionante.    
          
"[...] assim como este livro, e eu, que escrevo este livro, e você dentro de mim, dentro de você, mas de um jeito esquisito, e então que você, que eu, que nós, que todos possamos dessa forma enfrentar o fim".

Por Analítica

sexta-feira, março 31, 2023

Coisas humanas (Karine Tuil)


“Nascíamos, morríamos; entre os dois com um pouco de sorte, amávamos, éramos amados, isso não durava muito, cedo ou tarde acabávamos sendo substituídos. Não havia razão para se revoltar, era o destino invariável das coisas humanas”, página 313.

Em ‘Relações humanas’, da autora  Karine Tuil, questões atemporais, a exemplo das redes sociais, abuso sexual, feminismo, terrorismo, são temáticas constantes debatidas durante a obra da literatura francesa, publicada em 2019.

O enredo se desenvolve em torno da tradicional família Farel, do casal Jean e Claire, que levam uma vida de aparências. Ele, um renomado jornalista de TV que recebe personalidades famosas em seu famoso programa, mas sofre de traumas e faz uso de remédios controlados. Claire é uma ensaísta feminista, 30 anos mais jovem que o marido. O jovem Alexandre é o único filho do casal. 

O ápice da história se dá quando Claire abandona o marido para viver com o professor judeu, Adam, que tem uma filha, Mila. Após um episódio de uma festa regada a drogas, Alexandre se envolve com Mila que o acusa de estupro, fato que contribui para a queda da reputação de família perfeita dos Farel, pois o acontecimento ganha grande repercussão na mídia e de movimentos como o #metoo. 

A autora reserva muitos momentos marcantes que mexem com a imaginação e prende a atenção do leitor, trazendo reflexões profundas acerca do que um simples instante, pode contribuir para trazer discussões profundas acerca da natureza humana. Com curadoria de Tatiana Salem Levy, a obra marca a terceira indicação do ano da Tag Curadoria. 

“As relações humanas parecem destinadas à traição e ao fracasso”.

Por Analítica

sexta-feira, março 10, 2023

Migrações (Charlotte McConaghy)

 


"Os impactos de uma vida pode ser medido pelo que ela oferece e pelo que deixa para trás, mas também pode ser medido pelo que ela leva do mundo". Da autora australiana Charlotte McConaghy, 'Migrações' traz a história da jovem faxineira Franny Stone. Ela embarca no navio pesqueiro Saghani, para acompanhar a última migração de andorinhas para a Antártida. Narrado em primeira pessoa pela protagonista, ela detalha grandes aventuras compartilhadas com outros companheiros de bordo, como o professor e pesquisador de aves migratórias, Niall Lynch, e o comandante do navio, Ennis Malone. Em uma narrativa leve, a autora aborda questões voltadas a temáticas ambientais com foco em animais em extinção. 

"O vento está tão forte quanto antes, mas é o suficiente para levantar as cinzas e carregá-las ao encontro das penas brancas esvoaçantes até que eu não consiga dizer onde elas terminam e os pássaros começam".

Por Analítica

terça-feira, fevereiro 21, 2023

Torto arado (Itamar Vieira Junior)


"O sonho do passado corre feito um rio. Corre nos sonhos, primeiro. Depois chega galopando, como se andasse a cavalo".

Em 'Torto arado', romance de Itamar Vieira Junior, conhecemos a história de duas irmãs Bibiana e Belonísia, que após a tentativa de desvendar um segredo de família, sofrem um acidente, e têm suas vidas para sempre interligadas, a ponto de uma ser a voz da outra. "Aquele era nosso pacto de vida, desde o fatídico dia em que a faca de Donana havia fendido nossa história, decepando uma língua, impedindo a produção de sons, ferindo a vaidade de uma Mãe d'Água, mas unindo duas irmãs nascidas do mesmo ventre, em tempos diferentes, pela vida até aquele instante".

O enredo se passa nas terras de Água Negra, região do sertão baiano, onde o trabalho na lavoura é o principal sustento da família humilde, vítima de constantes abusos dos donos das terras. "[...] naquela terra hostil de sol perene e chuva eventual, de maus tratos, onde gente morria sem assistência, onde vivíamos como gado, trabalhando sem ter nada em  troca, nem mesmo o descanso".

Apesar de todo trabalho escravo e sofrimento, o sonho de ter o próprio pedaço de chão é o desejo que ultrapassa as gerações, e a família mantém firme suas tradições e crenças religiosas, herdadas dos antigos ancestrais africanos e sempre passadas adiante. "Cresci em meio às crenças de meu pai, de minha avó, e mais recentemente de minha mãe. Os objetos, os xaropes de raízes, as rezas, as brincadeiras, os encantados que somavam seus corpos, tudo era parte da paisagem do mundo em que crescíamos".

O romance publicado pela editora Todavia, tem 262 páginas, e é divido em três partes: Fio de corte, Torto arado e Rio de sangue. "Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal forma a deixá-la infértil, destruída, dilacerada". 

Vencedor dos prêmios LeYa, Oceanos e Jabuti, este é o primeiro contato do Analítica com a obra do escritor baiano, que também é autor de outros livros, como Dias e A oração do carrasco. O autor traz uma escrita tão peculiar que nos convida a viajar na narrativa por meio das memórias dos personagens, seus traumas e nos permite uma reflexão de que Torto arado dá margem a uma série de inferências que o torna um romance atual e também interpretado como a voz de muitos que são excluídos e marginalizados. "Sobre a terra há de viver sempre o mais forte".


Por Analítica

segunda-feira, janeiro 30, 2023

Mama (Terry McMillan)


"Quem estaria lá para juntar os cacos se ela deixasse desmoronar?". Uma obra profunda e marcante, em 'Mama', da autora norte-americana Terry McMillan, viajamos até os Estados Unidos da década de 1960 e conhecemos Mildred Peacock, mulher, mãe, negra que vive numa sociedade segregacionista e passa por muitos desafios para criar sozinha os cinco filhos: Freda, Dim-Dim, Boneca, Lindinha e Anjinho. 

Na pequena cidade de Point Haven, Mildret não tem papas na língua, principalmente quando se trata dos filhos, de quem cobra muito, fala e faz o que quer, muitas vezes se expressar de forma bem rude, talvez por essa ser a melhor maneira que encontrou para camuflar a mulher forte, corajosa e tão sensível ao mesmo tempo, e para ter autoridade sobre os filhos, é por eles que faz suas loucuras, ou por quem se abdica de viver certos luxos.

"Um dia quando você ficar mais velha, vai perceber que precisa parar de se preocupar com o que todo mundo vai pensar de você e o que vai dizer sobre você, porque todo mundo vai falar de você de qualquer jeito, não faz diferença o que você fizer", página 104. 

Freda, a filha mais velha, jovem com muitos sonhos, destaca-se na narrativa pela maturidade e por ajudar a resolver os problemas da família. Com um ponto de vista crítico, espelhado em vivências sofridas e nos reflexos de sua mãe, por vezes assume uma postura autoritária que poderia ser confundida com a da própria personagem principal. "Então Mildred estendeu a mão para a filha como se ela fosse um presente que sempre quis e finalmente tinha conseguido", página 283. 

Publicada em 1987, é uma obra envolvente que marca o início das leituras da Tag Curadoria em 2023, indicada pelo curador e escritor Itamar Vieira Jr.  Apreciei a sensibilidade da escrita de Terry e a fidelidade na apresentação dos personagens, de como descreve suas características. "Elas abraçaram-se. Deram tapinhas nas costas uma da outra como se tivessem caído, arranhado os joelhos e não tivessem mais ninguém a quem recorrer em busca de conforto. Parecia que se abraçavam pelo passado e pelo futuro", página 284.


Na manhã de (04) de fevereiro, as taggers do Clube da Leitura Curadoria Barreiras, se reuniram para discussão da obra. Um encontro regado a café, partilha de depoimentos e muitas gargalhadas.

Por Analítica




segunda-feira, janeiro 09, 2023

O avesso da pele (Jeferson Tenório)


"É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo". Em 'O avesso da pele', do autor Jeferson Tenório, conhecemos o jovem Pedro, e embarcamos em suas memórias marcadas pela morte do pai Henrique, um professor assassinado, vítima do racismo.

O texto em prosa é carregado de emoção e narrado pelo personagem principal, Pedro que em meio a solidão no apartamento do pai, revive lembranças e cria uma série de perspectivas que poderiam ser partilhadas com a presença paterna. 

A narrativa é marcada por trechos que descrevem temáticas como o preconceito racial, pobreza e violência com base nas vivências de uma família negra que tem por cenário a cidade de Porto Alegre.

A leitura fluiu muito bem e o livro, que foi presente do grupo do Clube de Leitura da Tag Curadoria Barreiras, foi escolhido para ser a primeira leitura do Analítica de 2023. É o primeiro contato do blog com o trabalho do escritor. O romance lhe rendeu o prêmio Jabuti em 2021.

"[...] o professor Henrique Nunes não morreu por mera circunstância da vida, morreu porque era alvo de uma política de Estado. Uma política que persegue e mata homens negros e mulheres negras há séculos", páginas 179 e 180.

Por Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...