quinta-feira, março 22, 2018

Dia Mundial da Água


Em passagem pelo Rio Grande no povoado de Almas, a cerca de 40 km da sede de São Desidério, contemplei esta imagem. Uma placa no leito do rio clama: "Pensamos no futuro, SOS Rio Grande!". 


Por: Analítica




quinta-feira, março 08, 2018

Um pé de seriguela, uma reza e a farofa da ‘cumade Chica da vó’


Quando se fala em do Quando se fala em dona Francisca da Ponte de Terra, muitas lembranças boas me surpreendem. Algumas delas estão relacionadas ao dia 06 de agosto, data em que os fiéis rendem homenagens a Bom Jesus da Lapa, que marca também o dia da reza na casa da dona Francisca, ou como a vó a chamava, ‘cumade Chica’. Para as netas da dona Si, esse dia, há alguns anos atrás, significava um dia especial, de passeio e diversão. A reza costumava começar por volta das 13 horas, então arrumávamos cedo e íamos em comitiva, a pé, pela estrada de chão batido. A vó, suas filhas e nós, primas. A casa de dona Francisca ficava repleta. Afinal, muita gente de toda a redondeza costumava ir à Ponte de Terra neste dia para prestigiar a reza.

Chegando lá, a vó e nossas mães se dirigiam para dentro da casa, onde a primeira sala era preparada para a reza. Uma mesa forrada com toalha branca, uma imagem do santo ao centro, e ao redor, vários ramos, que ao final da reza costumavam ser distribuídos pela dona da casa aos participantes. Enquanto isso, as crianças se dirigiam logo para o enorme quintal que circulava a casa. As mães logo alertavam aos gritos:

- Não vão ficar encarreirando no quintal não, viu! E cuidado com os foguetes!

No quintal, as crianças corriam, e o estouro dos foguetes era intercalado com o som das mulheres que cantavam os benditos dentro da casa. Ao lado esquerdo da casa, um pé de seriguela era a nosso lugar preferido, onde ficávamos brincando por horas e nos divertíamos muito. Mas o episódio mais engraçado do qual me recordo, foi de um certo ano, em que estávamos em cima do pé, cada uma em uma galha, e de repente, a prima Patrícia escorregou e ficou dependurada pela barra do vestido em um dos galhos. Assustada e chorando, ela ficou por alguns segundos balançando, com medo de o vestido rasgar e cair no chão. Até que um adulto correu para socorrê-la. Para nossas mães, que a essa altura já estavam envolvidas na reza, não havia mais motivos para nos deixar lá fora brincando. Não teve outra solução, a não ser nos chamar para dentro da casa, onde ficamos até a reza acabar. 

A dona Chica gostava muito de rezar, sua reza em homenagem a Bom Jesus costumava demorar um pouco, pois ela pedia as rezadeiras para cantarem muitos benditos. Lembro que ela pedia para nós, netas da Si, para cantar uns cantos da igreja também.

Depois de terminada a reza e dos ramos entregues, os participantes já estavam espalhados pela casa e principalmente pelo quintal, onde eram servidas as petas, as brevidades, suco e batidas. Outra lembrança que tenho da dona Francisca era do carinho que ela tinha por vó. Ela pedia para vó reunir sua comitiva e se sentar na saída da porta da cozinha, que dava para o quintal, e entregava a ela uma grande vasilha cheia de farofa de carne de porco. Hummm!! Posso sentir aquele cheiro do tempero da farofa, sempre tão deliciosa! A vó fazia a divisão e comíamos satisfeitos. Aquela farofa já era uma marca registrada de sua reza. Sempre tinha.

Essas são apenas algumas lembranças da minha infância relacionadas à pessoa da dona Francisca, a ‘cumade Chica da vó’. Uma guerreira, um exemplo de fé, humildade, e de mulher que batalhou para criar seus filhos e testemunhar o amor de Deus em sua vida, partindo na véspera do dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. E sua despedida hoje, nesse 08 de março de 2018, nos faz lembrar do grande exemplo de mulher que foi!

Por: Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...