quarta-feira, dezembro 28, 2022

Retrospectiva de leituras 2022


Leituras emocionantes marcaram o ano de 2022 do Analítica. Com indicação da TAG Livros Experiências Literárias na modalidade Curadoria, a qual o blog é assinante há três anos, pudemos partilhar aqui, cada livro lido. Segue abaixo a retrospectiva das leituras.

Mensagens (Fernando Pessoa), Pesado (Kiese Laymon), Samarcanda (Amin Maalouf), O parque das irmãs magníficas (Camila Sousa Violada), Indígenas de férias (Thomas King), Casas Vazias (Brenda Navarro), K. ( B. Kucinski), À beira-mar (Abdulrazak Gurnah), Com armas sonolentas (Carola Saavedra), A ilha das árvores perdidas (Elif Shafak), Apocalipse bebê (Virginie Despentes) e Alguém para correr comigo ( David Grossman).

Que venha 2023 com mais experiências Literárias, regadas a café e muitas histórias emocionantes!!


Por Analítica




Alguém para correr comigo (David Grossman)


"Alguém para correr comigo', é o 13° livro lido do Analítica em 2022. 

A obra da literatura israelense contemporânea, é de autoria de David Grossman, indicada aos assinantes da Tag Livros com curadoria da também escritora israelense Ayelet Gundar-Goshen. 

Amor, amizade, esperança, juventude, amadurecimento e muitos encontros marcam essa história que tem Jerusalém como cenário.

Assaf é um adolescente que tem a missão de encontrar o dono de uma cadela, Dinka. 

Na companhia de Dinka, ele passa a maior parte do tempo enquanto vive muitas aventuras e conhece vários lugares.

"Dinka corria à sua frente, procurando, farejando. Assaf confiava mais nela do que em si próprio, corria atrás dela, e só agora notava, que desde que haviam chegado, Dinka se colocava em segundo plano, como se sua missão tivesse terminado no instante do encontro dele com Tamar", página 349.

Enquanto o autor apresenta uma narrativa envolvente o leitor vai conhecendo personagens intrigantes que cruzam o caminho de Assaf, como a jovem cantora de rua Tamar, e a freira Teodora. 

"Obrigada por não dizer nada", disse a freira, "o silêncio é sinal de sabedoria...", página 45.


Livro: Alguem para correr comigo

Autor: David Grossman

Editora Companhia das letras, 380 páginas


Por Analítica





segunda-feira, dezembro 19, 2022

As maravilhas (Elena Mendel)


"As maravilhas', romance da literatura espanhola de autoria de Elena Mendel, publicado em 2020.

Com curadoria da escritora brasileira Giovana Madalosso, a edição publicada pela Todavia é especial para assinantes da tag Livros Experiências Literárias. 

Duas mulheres de gerações diferentes: Maria e Alice. Avó e neta. 

As duas personagens deixam a cidade pequena e partem para Madri, cenário ideal para as suas desventuras, medos e conquistas femininas, que hora se confundem com os acontecimentos históricos. 

Uma narrativa envolvente e interessante da escritora, que relata principalmente os problemas e memórias das personagens, que se repetem por três gerações, instigando nossa imaginação.  

"[...] a memória gera sua própria ficção".


Por Analítica

quarta-feira, dezembro 14, 2022

Apocalipse bebê ( Virginie Despentes)



"Eu sou a peste, o cólera, a gripe aviária e a bomba". De autoria de um dos nomes contemporâneos e mais importante da literatura francesa, Virginie Despentes, a obra de ficção.

'Apocalipse bebê', publicada em 2010, traz a trama do desaparecimento da adolescente Valentine. 

"[...] depois de cinco minutos do lado de fora, eu me sentia realmente bem. Quanto mais íamos em frente, mais luz Bahia, e cada vez mais eu tinha a impressão de deixar o pior para trás".

De Paris a Barcelona, a história envolve personagens divergentes, como as  detetives Lucie Toledo e sua amiga Hiena que tentam desvendar o paradeiro da garota, ao tempo em que encontram outras pessoas que tiveram contato com Valentine.

A escrita da autora e a fiel descrição dos personagens e locais são bem característicos do estilo da autora, que nesse livro explora temáticas como descoberta sexual e busca por liberdade, e o desfecho fica por conta da versão que o leitor quer acreditar.

"A verdade, eu nunca saberei. Resta a história que conto a mim mesma, do modo que me convém, com a qual me sinto satisfeita".

Com curadoria da escritora Scholastique Mukasonga, o livro é indicação da Tag Curadoria do mês de outubro. As taggers do Clube de Leitura Tag Curadoria Barreiras se encontraram no domingo (11), para discutir sobre a obra e confraternizar.



Livro: Apocalipse bebê

Autora: Virginie Despentes


Por Analítica

domingo, outubro 23, 2022

A ilha das árvores perdidas ( Elif Shafak)

 


"O amor é uma afirmação ousada de esperança". 

Em 'A ilha das árvores perdidas', de autoria da escritora turca Elif Shafak, o leitor conhece um pouco da história de Ada, filha do casal Kostas, descendente de grego, e de Define, descendente de turcos. Eles são migrantes da ilha de Chipre, marcada por um conflito étnico-religioso, e agora vivem em Londres.

"Faz muitos anos que deixei aquele lugar a bordo de um avião, dentro de uma mala de couro preto e macio, para nunca mais voltar. Desde então, adotei outro país, a Inglaterra, onde cresci e bocejei, mas não se passa um único dia em que não anseie voltar", pg. 11.

A personagem principal Ada, no decorrer da narrativa vai desvendando o passado dos seus pais. Ela tem a figura de uma figueira como testemunha e a história é contada sobre as duas perspectivas: de Ada e da Figueira. 

"Naquela tarde, enquanto nuvens de tempestade caíam sobre Londres e o mundo ficava da cor da melancolia, Kostas Kazantzakis me enterrou no jardim", pg. 29.

A trama é marcada por temáticas como o amor proibido, memórias, guerra e conflitos familiares e religiosos. A leitura é indicação do mês de setembro da Tag Livros Experiências Literárias (Curadoria), indicada pela curadora Adriana Ferreira Silva.

"Uma memória duradoura é uma maldição. Quando as idosas cipriotas desejam o mal a alguém, não pedem que nada de flagrantemente ruim lhe aconteça. [...] Elas simplesmente dizem: Que você nunca consiga esquecer. Que você vá para o túmulo ainda se lembrando", pg.  41.

Por Analítica




sábado, outubro 15, 2022

Relembrando memórias da infância e da pêta da Vó Si


Era um dia atípico. A vizinhança percebia de longe a fumaça do forno a lenha aceso bem cedo e todo o movimento na casa da vó Si, quando era dia de fazer biscoitos. Primeiro, era preparada a massa da pêta, a base de tapioca com óleo, sal e água (escalda) e muitos ovos. Lembro do barulho da vó batendo a massa com a mão, levantando-a e retornando ao grande tacho de alumínio em cima da paredinha da copa. Depois que a massa chegava ao ponto, passava certa quantidade de óleo para celar. 

Forno quente, bandejas untadas com óleo, a massa saía do tacho em pequenas porções num saco feito de tecido jeans com um furo na ponta. Aos poucos, a massa era pingada nas bandejas e ganhava formato de bolas e 'dedinhos'. A vó era bem rápida para preencher as bandejas, que iam ao forno, e eram retiradas com o auxílio de um pauzinho com um ganchinho na ponta. Ainda sinto o sabor do biscoito assado quentinho, que mergulhava na massa crua. 

A tarde, quando a última remessa de pêta saía do forno, era a vez de fazer o biscoito doce conhecido por ginête. Aí a meninada podia ajudar. As cadeiras espalhadas pelo quintal perto do forno, pequenos bolos de massa eram colocados nas formas caseiras, improvisadas em latas de sardinha, que depois de usadas, fazia-se ao centro um pequeno furo. A massa passava pelo buraquinho da forma, era cortada e recebia o formato de S ou de pauzinhos que preenchiam as bandejas para assar. Quando a vó não estava por perto, a molecada aproveitava e enchia as bochechas com pedaços da deliciosa massa crua. E quando ela percebia, nos repreendia alegando que esse era o motivo do ginete não render. 

Depois do ginête, com o forno menos quente, era hora de assar os bolos de puba e de milho. Colocava uma pequena porção numa forminha, e assava anteriormente para ter a prova de que a massa estava no ponto certo. 

Era o dia inteiro fazendo biscoito que eram guardados nas latas e servidos na época das lapinhas, nos festejos da cidade, quando chegavam as visitas, para as comadres e para os parentes de longe. Essas memórias são parte da minha infância e adolescência, acompanhadas de poesia e sabores que só quem viveu, sabe.

Por Analítica

sábado, setembro 24, 2022

Com armas sonolentas' (Carola Saavedra)

 


"[...] gostamos de imaginar que somos livres, completamente livres, mas isso não passa de ilusão, somos a nossa herança gravada nas palavras de nossos ancestrais".

Concluída a leitura de 'Com armas sonolentas', o quinto romance da autora chilena radicada no Brasil, Carola Saavedra.

É o primeiro contato do blog Analítica com a autora, uma das mais prestigiadas da atualidade da literatura brasileira contemporânea. 

O livro foi indicado pela TAG Curadoria do mês de agosto, pelo curador/escritor Carlos Eduardo Pereira.

Uma obra intrigante, que relata a história de três gerações unidas pela ancestralidade e marcadas por questões de gênero, classe e raça.

O abandono, exílio e trabalho escravo doméstico são temáticas presentes na narrativa.

" [...] após muito procurar, tirou de lá um livro que ela nunca vira e disse, fiquei pensando, acho que é melhor esperar aqui mesmo, como tudo anda em círculos, mais cedo ou mais tarde, voltaremos ao ponto de partida. E agora preste atenção, a avó abriu o livro e começou a ler em voz alta".

domingo, agosto 14, 2022

À beira-mar (Abdurazak Gurnah)


Antes de existir os mapas, o mundo era infinito". Leitura concluída com sucesso! 

Título: À beira-mar

Autor: Abdurazak Gurnah

Uma ficção Inglesa, a obra é vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2021. 

Reúne uma história de amor, traição, ganância, vingança, história, memórias, presente e um passado não muito distante, dividido por dois homens: o vendedor de móveis, Saleh Omar, e o professor universitário, Latif Mahmud. 

Os dois personagens principais, tem os destinos marcados por uma antiga inimizade, revelada em um encontro na Inglaterra. 

O enredo destaca a luta dos refugiados, algo que se tornou símbolo de defesa do autor. A narrativa também é marcada por idas e vindas cronológicas, fazendo alusão as ondas do mar e ao nome título do livro. 

"Eu falo com os mapas. E às vezes eles me respondem. Isso não é tão estranho quanto soa, nem é coisa desconhecida...".

O livro é uma sugestão da TAG Livros Curadoria do mês de julho.

Por Analítica


sexta-feira, julho 15, 2022

K.(B. Kucinski)

 


K. de B. Kucinski, é uma ótima sugestão de livro de ficção da Literatura Brasileira.

“Embora cada história de vida seja única, todo sobrevivente sofre em algum grau o mal da melancolia. Por isso, não fala de suas perdas a filhos e netos; quer evitar que contraiam esse mal antes mesmo de começarem a construir suas vidas”, pág. 178.

K. é uma obra envolvente, profunda e a narrativa é marcada por culpa, traumas, memórias, esperança, lembranças que perseguem um pai em busca de pistas da filha, desaparecida durante a ditadura militar.

“O pai que procura sua filha desaparecida nunca desiste. As esperanças foram-se, mas não desiste. Agora quer saber como aconteceu. Onde? Quando exatamente? Precisa de saber, para medir sua própria culpa. Mas eles não dizem nada”, pág. 98. 

A obra de Bernardo Kucinski é baseada na história do desaparecimento de sua irmã, Ana Rosa. 

O autor utiliza dois fatos históricos para contextualizar a narrativa: a ditadura militar brasileira e o Holocausto que vitimou milhões de judeus.

“Oito anos depois a tragédia, K. tenta adivinhar naquele punhado de flagrantes, qual teria sido a última imagem da sua filha? (...) Mas ele não tinha um álbum de fotografias da filha. Tão ocupado com a literatura e seus artigos para os jornais, disso nunca havia cogitado”, pág. 128.

Viver a procura de um ente querido, destrinchar cada capítulo de um fato histórico que marcou tantas famílias. B. Kucinski descreve o passo a passo da saga de K. em busca de indícios da filha utilizando uma linguagem literária que revela o tom de melancolia e de incerteza presentes na figura do personagem principal. 

A passagem que mais marcou: “Alguns conheceram sua filha e o marido, eram da mesma organização clandestina, todos conheciam a história, inclusive quem os havia delatado. Sabiam que já estava morta havia muito tempo”, pág. 187.

Por Analitica


domingo, julho 03, 2022

Casas vazias (Brenda Navarro)


Em 'Casas vazias' embarcamos com a autora mexicana Brenda Navarro em uma dramática história contemporânea, que fala de perda e culpa materna. 

O episódio do desaparecimento de uma criança de três anos, passa a nortear o enredo. Daniel ou Leonel são a mesma criança.

Os capítulos são alternados com os depoimentos de duas mães, personagens narradoras da história e seus nomes não são revelados. 

A primeira, perde o filho em questão de segundos e não nutre o desejo de ser mãe. Já a segunda, tem em outro momento, às mãos, a criança desaparecida e o sonho da maternidade realizado. 

Em meio ao contraste das narrativas, das desigualdades sociais vividos pelas duas mães, biológica ou do coração, e do sentimento de culpa expressado por elas ao longo das três partes em que o livro é dividido, a autora não revela o desfexo.

O título da obra acrescenta para a relação que a autora estabelece entre as personagens, assimilando as mulheres e as casas, como um lugar de solidão. " [...] enquanto nós mulheres, nós olhavámos confusas e impávidas, porque isso era o que tínhamos que fazer: sermos casas vazias para abrigar a vida ou a morte, mas no fim das contas, vazias", pág. 88.

A obra, que tem por curador Emílio Faria, e foi indicação de leitura do mês de maio pela TAG Livros Experiências Literárias (Curadoria).

Por Analítica




sexta-feira, abril 29, 2022

Indígenas de férias (Thomas King)


"Portanto estamos em Praga..."

Em 'Indígenas de férias' embarcamos com o casal canadense Mimi e Bird em uma viagem de férias para Praga (República Tcheca).

Com filhos criados, o casal contemporânea de meia idade e de origem indígena são os protagonistas desse enredo que aborda a temática dos povos indígenas, e traz em sua narrativa abordagens, história, estereótipos, questões políticas, violência e assuntos bem delicados, a exemplo de crianças que são retiradas de suas origens indígenas para serem adotadas no Canadá.

"Como fechamos os olhos diante de injustiças, como tentamos imitar o modelo norte- americano de viver e como na verdade, deveríamos usar as viagens para questionarmos quem somos e o que temos feito".

Do autor canadense Thomas King, e sugestão da curadora Margaret Atwood, o livro é a leitura de abril da TAG Livros Experiências Literárias - Curadoria. 

A escrita é leve, tranquila, recursos que o autor usa para falar de temas como preconceito, e dar voz e autonomia aos povos de origem canadense, e sua história. "História e memória. Memória e história. Juntas, elas formam a história com agá maiúsculo", página 292.

Por Analítica

segunda-feira, abril 25, 2022

Clube de Leitura para discussão de Samarcanda






Um encontro para discussão do livro Samarcanda, de Amin Maalouf, marcou mais uma edição do Clube de Leitura da TAG Curadoria Barreiras, realizado na manhã do sábado (09) de abril, no Horto Quintal do Paraíso, na localidade de Mocambo, município de Barreiras.

As taggers participantes, além de degustar um delicioso café nada manhã e apreciar um ambiente agradável e aconchegante, puderam aproveitar o reencontro para colocar o papo em dia e destacar as principais ideias e opiniões sobre a obra sugerida pela TAG Curadoria do mês de fevereiro.








Por Analítica

Sítio Recanto Panorama (Correntina)


Um ambiente agradável e aconchegante, uma decoração que realça a beleza, o Sítio Recanto Panorama é uma ótima opção para quem busca lazer, diversão e contato com a natureza.

As margens do rio Corrente, o local disponibiliza cadeiras, mesas, redes para descanso, parque infantil, área para churrasco e sanitários. O visitante pode levar comidas e bebidas. É cobrado o valor de R$30 por pessoa para acessar o espaço que ainda dispõe de cozinha para o preparo da alimentação. Para quem deseja pernoitar, estão disponíveis quartos com preços acessíveis e ainda área para camping. O ambiente também está disponível para locação de eventos.

Como chegar: Partindo do centro da cidade de Correntina, o turista percorrerá mais 1km, do posto de gasolina na saída para Brasília até a entrada de acesso ao Recanto Panorama, à direita da via. Ao entrar na estrada de chão, uma placa sinaliza que serão mais 11 km até o portal de entrada ao Sítio Recanto Panorama. É necessário fazer reservas.


Contato para reservas: 

Rita (77)9.8805-0496











Por Analítica

quarta-feira, março 30, 2022

O parque das irmãs magníficas (Camila Sousa Villada)




"Quando chegou da sua cidadezinhaà capital, aos 18 anos, Camila cursava a faculdade durante o dia, trabalhava de noite no Parque Sarmiento e escrevia um blog chamado Lá novos de Sandro", pág. 08.

Concluída a leitura de 'O parque das irmãs magníficas', obra de Camila Sousa Villada, indicada pela TAG Curadoria de março. O livro contextualiza a trajetória de Camila e suas colegas travestis. A personagem central, Camila, desde a infância já tinha inclinação para a feminilidade e sofreu violência do pai, alcoólatra.

"Meu pai e minha mãe sempre souberam o que eu fazia nesse confinamento: escrevia e me vestia de mulher. Isso os expulsou do meu mundo e me salvou do ódio deles: meu romance comigo mesma, a minha mulher proibida", pág. 07.



Na obra, Camila e suas amigas travestis, vivem, com a proteção da figura de tia Encarna, muitas emoções. A narrativa apresenta fortes pinceladas de erotismo, é marcada também por violência, preconceito, transições, dor, reconhecimento e superação.

"Nosso filhote cega, ofusca aqueles que olham pra nós e os assusta", pág. 135.


domingo, fevereiro 20, 2022

Samarcanda (Amin Maalouf)

 



Uma viagem pelo Oriente Médio, um manuscrito, um poeta, suas histórias e o tempo, um misto entre lendas e realidade.

‘Samarcanda’, obra de 1988 do autor franco-libanês Amin Maalouf, conhecido por construir pontes entre o Oriente e o Ocidente, apresenta uma trama em torno de um manuscrito, desde sua origem. 

O romance tem por personagem central, Omar Khayyam (poeta, matemático, astrônomo e filósofo), e a história tem como cenário, a Pérsia do século XI. “Sarcamanda, a mais bela face que a Terra já mostrou ao Sol”.

A narrativa traz uma composição poética dividida em quatro livros: Poetas e amantes, O paraíso dos assassinos, O fim do milênio e Um poeta no mar.    

O leitor vai acompanhando a saga desse manuscrito até seu possível extravio durante o naufrágio do Titanic, em 1912. “Depois de Samarcanda, aonde ir? Para mim era o extremo fim do Oriente, o lugar de todas as maravilhas e de uma insondável nostalgia”, p. 314.

*Fundada em VII a. C., Samarcanda foi ponto de encontro de distintos povos e culturas.

Por Analítica

sexta-feira, janeiro 28, 2022

Pesado (Kiese Laymon)

 

"As cicatrizes não intencionais, aquelas acumuladas em batalhas vencidas, muitas vezes machucam mais do que as batalhas perdidas".

Em Pesado, conhecemos as cicatrizes do próprio autor- personagem, Kiese Laymon, desde sua infância, na cidade de Jackson, Mississippi, a adolescência, juventude, até se tornar um professor universitário da Faculdade de Vassar, Nova York, e sua narrativa marcada por quem viveu de perto o racismo.  

Desde sempre rodeado de preconceitos por ser negro e gordo, Kiese também vivenciou o abandono parental por parte do pai e partilhava uma relação bem conflituosa com a mãe, a quem trata na narrativa de 'você'. Nesse cenário carregado de preconceitos, por vezes ele encontra refúgio na figura carinhosa da avó materna.

A história de Kiese se confunde com a de milhares de norte americanos que lidam com a mesma situação há gerações. A resposta de Kie a esse racismo se configura em traumas, vícios, compulsão alimentar até ganhar forma e acentuar o título sugerido pela obra. É um livro de memórias com relatos intensos.

"Mas, independente do que eu via na frente do espelho, eu ainda enxergava aquele menino negro de quase cento e quarenta e cinco quilos residente de Jackson, Mississipi. Quando eu me tocava ou analisava minha perda de peso ou minha porcentagem de gordura, eu sabia que tinha criado um corpo. E sabia que tinha feito um corpo desaparecer", pg. 211.

Publicado em 2018, Pesado, é a primeira obra do ano sugerida pela TAG Curadoria, indicada pela curadora Alice Walker, uma das escritoras mais destacadas da atualidade.

Por Analítica

segunda-feira, janeiro 03, 2022

Primeira leitura de 2022



O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Poema 'Autopsicografia' de Fernando Pessoa, extraído do livro Mensagens. 

'Mensagens', obra que reúne poesias de Fernando Pessoa, foi a escolhida como a primeira leitura de 2022 do Analítica. 


Por Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...