sexta-feira, dezembro 20, 2019

Livros lidos em 2019


Com o  objetivo de tornar mais constante o hábito da leitura, no início deste ano me desafiei a ler pelo menos um livro em cada mês. Eu sei, isso é muito pouco! Mas, mesmo embora considerando pouco, cumpri o desafio e consegui realizar 12 novas leituras e duas releituras. 

Entre romances, suspense, ficção, memórias e poesia, além de impressos, li também um exemplar via web, coisa de que não sou muito adepta e não fazia desde a época da faculdade.

Acima está uma montagem das capas dos livros. Os comentários a respeito de cada obra que foram partilhados em postagens mensais anteriores neste blog.

Analítica

terça-feira, dezembro 17, 2019

Nem tudo começa com um beijo (Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira)


Nem tudo começa com um beijo é o livro escolhido para finalizar as leituras de 2019 do Analítica. O enredo relata a história de vida dos garotos Fio Maravilha, Gelatina, Molécula, Armando Pantera e outros que vivem num buraco de esgoto denominado de Cave, um lugar subterrâneo. Já na parte de cima do asfalto, no Sótão, está a cidade. "As pessoas cruzam-se nos elevadores, é 'bom dia', 'boa tarde', são vizinhos mas não se conhecem, cada um fechado no seu mundo. As crianças, quando não estão na escola vivem trancadas na rua. Os jovens nos intervalos da rebeldia matam o tédio nas esquinas. Os velhos, esquecidos em quartos atrofiados contam os dias que faltam para a casa de repouso. O desemprego mora em muitas famílias, os biscates são pão nosso de cada dia. É um mundo muito triste, tão triste que até dói"

Os autores Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira deixam explícito na narrativa as diferenças sociais entre as duas realidades a Cave, onde os garotos vivem, e a cidade, de onde o destino um dia os expulsaram. "Sua luta por dias melhores, pouco ou nenhum sentido terá caso pretenda conquistá-los sem a participação daqueles irmãos de jornada que Deus os colocou em vosso caminho".

Na Cave eles têm um líder, Gelatina, que morre misteriosamente. "O choque provocado pela morte de Gelatina foi tal que a Cave entristeceu". A escolha do novo líder gera inveja dentro do grupo que passa a ser encabeçado por Fio Maravilha. Sem saber, o novo líder passa a ser observado de perto por Armando Pantera.

Em meio a essa contradição de mundos, Fio Maravilha descobre um amor impossível por nuvem Maria, que vive no Sótão. A contradição que cerca as duas realidades distantes faz Fio Maravilha utilizar ilustrações na tentativa de colorir sua forma de ver o amor. "Pintava sempre a mesma imagem - uma menina de cabelos louros, vista de trás, sentada num banco no jardim. Os desenhos sempre acompanhados de um pensamento, de uma confissão. De uma declaração de amor".

Afinal, Fio Maravilha e Nuvem Maria estavam em uma enrascada. "Em pensamento estavam unidos para a vida. Mas sabiam que no dia-a-dia as coisas eram muito mais complicadas. Voltaram a falar no episódio da véspera na Cave, dos obstáculos que Armando Pantera iria arranjar para impedir o cimentar do seu amor, estavam num beco sem saída, concluíram. Na Cave , Nuvem Maria não era desejada, no Sótão, Fio Maravilha não tinha futuro".

A morte de Armando Pantera conciliou alguns conflitos na Cave e em meio ao seu atrito amoroso, Fio Maravilha descobre a foça da verdadeira amizade dos garotos da Cave. "Escrevi Fio Maravilha meu irmão, e não é força de expressão. Escrevi meu irmão porque é mesmo meu irmão. Não o irmão que recebi, mas aquele que escolhi. O meu verdadeiro irmão".

A força da união da Cave se consolida quando um terremoto que atinge a cidade muda a rotina dos meninos da Cave. "O mar começou a esvaziar e depois veio uma onda gigante, grande como uma muralha de concreto. Até parecia que o mar tinha tomado o lugar do céu".

Esse episódio marca também o desfecho do romance de Fio Maravilha e Nuvem Maria. "Depois atracaram no pequeno ancoradouro de madeira, instalaram-se no veleiro abandonado, foi Nuvem Maria quem levantou as amarras.
- Para onde vamos? - Perguntou Fio Maravilha.
- Para onde o vento nos levar.
O veleiro deslizou ao sabor de uma onda enraivecida, foi cercado por um bando de gaivotas mal comportadas, deixou-se embalar pelo encanto do vento norte. E desapareceu na linha do horizonte".

Um aspecto interessante é que nesta narrativa, os autores basearam também em histórias de crianças que vivem em esgotos de Luanda na Angola. Por vezes o enredo é acentuado por características de um cenário marcado pela miséria e outros reflexos de injustiças sociais. Li e recomendo!

Título: Nem tudo começa com um beijo
Autores: Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira
Páginas: 153
Editora: Agir (2006)

Gênero: Literatura infanto-juvenil

Por Analítica

terça-feira, dezembro 10, 2019

Roxette, um show inesquecível!




Cerca de um mês e meio antes do show da banda sueca Roxette em Brasília, os ingressos já estavam comprados na pista premium. Aumentava a expectativa e ansiedade a cada dia, assim como os pesadelos. Afinal, essa era a única oportunidade de assistir Roxette ao vivo. Um dos shows mais esperados da minha vida!

Enfim, a tão esperada noite de 15 de maio. Às 19 horas estávamos (Tulio, Wall, Six, vinícius, Marcos e eu) às portas do Ginásio Nilson Nelson, Asa Norte, e um sonho perto de se concretizar. O show estava marcado para as 21h. Nos posicionamos próximos ao palco e dali não saí nem para ir ao banheiro. Qualquer saída comprometia o lugar adquirido com tanto esforço. De repente, apagaram-se as luzes e uma multidão começou a gritar sinalizando a entrada dos integrantes da banda. Por último eles, os vocalistas Marie Fredriksson e Per Gessle cantando “Dressed for success”, o que contribuiu para aumentar meu estado de euforia. O repertório seguiu com ‘Sleeping in My Car’, ‘ The Big Love’, ‘Silver Blue’, ‘Stars’, ‘She's Got Nothing on (But The Radio)’, ‘Perfect Day’, ‘Things Will Never Be The Same’, ‘It Must Have Been Love’, ‘It's Possible’, ‘7 twenty 7’, ‘Fading Like a Flower (Every Time You Leave)’, ‘Crash! Boom! Bang!’, ‘How Do You Do!’, ‘Dangerous’, ‘Joyride’, ‘Spending My Time’, ‘The Look’, ‘Listen To Your Heart’ e ‘Church of Your Heart’.


O público foi ao delírio ao relembrar antigos sucessos. De onde estávamos, o espaço era suficiente apenas para respirar, mas mesmo assim ainda conseguia pular e gritar muito. Não é todo dia que se vê artistas prediletos tão próximo. Parecia miragem. Um dos momentos mais inesquecíveis foi marcado quando a Marie começou a cantar ‘It must have been Love” acompanhado pela multidão num mesmo coro. Como ela mesma expressou: “It’s so fantastic!”.  Sim, Marie, foi fantástico. Foi inesquecível e durou cerca de duas horas. Contrariando a máxima do que sugere o título de um dos mais destacados singles de Roxette, “Almost real’, o show em Brasília foi mais que real. Ainda mais para mim, que nunca imaginei que um dia tivesse a oportunidade de assistir a apresentação de uma banda que já vendeu mais de 75 milhões de álbuns pelo mundo e voltou ao Brasil pela quinta vez.

Na saída do show, teve até entrevista para o DFTV. O pedido para interpretar uma breve capela de “It must have been love” surpreendeu nosso grupo que foi intitulado pelo repórter de “grupo da Bahia”.



Já tinha ouvido Roxette, mas em 2002 as músicas da banda marcaram minha primeira viagem a capital Salvador e o meu primeiro contato com o mar. Jamais devolvi aquele CD emprestado que tantas vezes ouvi até não mais prestar. Daí por diante as músicas passaram a embalar vários momentos de minha vida. Certa vez me emprestaram outro CD de roxette, só que este era original, e não tive a felicidade de ouvi-lo a tempo de o ver quebrado à minha frente por circunstâncias de um incidente provocado pela minha irmã Anna Si e a prima Wall. Mesmo quebrado o guardo até hoje como lembrança e também a blusa de Roxette que já está bem desbotada.

Há cerca de um ano a banda fez  uma turnê pelo Brasil, passando por São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e me lembro que na época fiquei chateada, porque morando no interior da Bahia, e longe das capitais onde os shows foram realizados, o sonho estavam perto e ao mesmo tempo distante de se realizar.

Posso dizer que Roxette está na minha veia. Admiro sim a força da vocalista Marie Fredriksson que retornou ao trabalho em 2010 após se recuperar de um tumor maligno no cérebro descoberto em 2002. Os médicos chegaram a afirmar que ela só teria 20% de chance de sobreviver. E muito embora a Marie não consiga hoje alcançar as notas mais altas como em outros tempos, sua voz será sempre inconfundível e inspiradora e Roxette continuará sendo correspondida pelo público que ainda se arrepia com os sucessos que continuarão emocionando milhares de fãs.


Por Analítica

quarta-feira, novembro 27, 2019

Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia (Leandro Karnal)



O 13º livro escolhido para partilha da leitura no mês de novembro pelo Analítica, é 'Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia' do autor Leandro Karnal. "Para quebrar a cadeia do ódio, a primeira tarefa é parar de ensiná-lo as crianças. Interromper esse fluxo de ódio exige interromper a educação do ódio". 

A princípio, a obra me chamou a atenção por dois motivos, sendo o primeiro pela capa, pois quis entender a ideia da ilustração da bandeira do Brasil, na qual substitui-se 'Ordem e progresso' por 'O ódio nosso de cada dia'. E o segundo motivo, por desconhecer o estilo do autor. Não exitei em comprá-lo numa livraria na última viagem, embora a dúvida sobre levar ou não a obra me acompanhasse ainda na fila do caixa. "O ódio tem motivos psicológicos, psicanalíticos, de instrumentação política. O ódio integra mais do que qualquer outra coisa. O ódio integra mais do que qualquer outra coisa. O ódio mostra minhas fraquezas".

Na obra, o então professor e doutor Leandro Karnal, faz reflexões históricas acerca do ódio, destacando palavras e expressões mais comumente utilizadas. "...o preconceito é um discurso elaborado, seguido consciente ou inconscientemente para estabelecer uma forma de manter contato. Sua principal arma é a 'generacusação'. Ou seja, quando um homem dirige mal, ele é barbeiro, um incompetente, um aloprado. Quando uma mulher dirige mal, ela representa todas as quase 3,5 bilhões de mulheres do planeta. E portanto, 'tinha de ser mulher'".

'Todos contra todos' é certamente uma aula de história. Em vários momentos, além de recorrer a fatos marcantes e conquistas históricas relacionada a evolução das relações, o autor faz um paralelo entre a história do Brasil e do mundo. "O mundo lida muito mal com a diferença. Formamos guetos há séculos. Criamos ônibus com lugares para brancos e negros nos EUA. Mas quando você sai do gueto e age, a reação costuma ser violenta".

Por vezes, a sensação de ler o livro foi a mesma de como se estivesse tido a oportunidade de estar presente em uma das palestras do autor, sensação que me motivou a fazer várias anotações e pesquisas de personalidades e fatos históricos durante a leitura. "Um homem fracassa no seu projeto amoroso. O que é mais fácil? Culpar o feminismo ou a si? A| resposta é fácil. Tenho certeza absoluta de que o autor do crime não era um leitor de Simone de Beauvoir ou Betty Friedan. Era um leitor de jargões, de frases feitas, de pensamento plástico e curto que se adaptava a sua dor". (...) "O Brasil ser o país que mais vende chapinha no mundo e tem a maior tecnologia de chapinha do planeta. O Brasil ser o país de cabelo liso como padrão de beleza diz muito sobre nós". (...) Quanto mais frágil a sociedade julga ser uma pessoa, mais a atacará. As mulheres negras sofrem ainda mais do que as brancas. Misogenia e racismo são um cruzamento desastroso".

O que impressiona também são os exemplos, fundamentações teóricas e comparações que o autor faz todo o tempo para explicar coisas tão simples, de modo que tornam possível entender porque o ódio está tão presente nas diversas relações do dia a dia. "A violência é do outro, nunca minha. Somos um país violento. Violentos ao dirigir nas ruas, violentos nos comentários e fofocas, violentos ao torcer por nosso time, violentos ao votar". (...) "A violência contra a mulher é histórica e cultural e deve aumentar à medida que a consciência feminina trouxer essa questão cada vez mais à tona para debate. Ela deve aumentar exatamente porque as mulheres com toda a razão e muita dignidade, estão enterrando um período histórico de aceitação da violência, estão enterrando séculos de tolerância ao assédio, séculos de ocultação a violência doméstica". 

Também são destaques reflexões sobre a relação do ódio com a globalização e a internet. "O ódio não é igual em todos os lugares, mas continua sendo muito forte. Pequenos e grandes males estão presentes em nós desde sempre. A globalização apenas capilarizou o conhecimento, fez com que bobagens alcançassem escala global e diluiu a autoridade internacional de tal modo que tudo passou a ter o mesmo patamar". (...) "O problema é que hoje a escola nem de longe é o principal abastecedor de informações de uma criança ou de um jovem. Ao chegar à escola ele já tem acesso pela simples posse de um celular, a um mundo maior. Portanto, só a construção do consenso por meio da formação não basta".

E ao final o autor conclui apresentando que só por meio da coesão e consenso pode-se haver uma possível solução para o problema do ódio. "A solução natural para o problema do ódio está no aumento de dois pólos: o da coerção e do consenso. A coerção se consegue por meio de leis como a do crime de racismo, a punição para homofobia, a proibição de violência contra crianças, a Lei Maria da Penha. A do consenso é conseguida por meio da educação".

Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia (Leandro karnal), li e recomendo!

Título: Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia
Autor: Leandro Karnal
Páginas: 143
Editora: LeYa

Por Analítica

segunda-feira, novembro 04, 2019

Literatura em Ponto Cruz - 'O Pequeno Príncipe' e 'Barulhos'


Atrelando a Literatura ao Ponto de Cruz, resolvi recordar a leitura desta obra clássica e também aproveitar as férias para relembrar as aulas de ponto de cruz que aprendi na infância com minha avó dona Si. 

O desafio foi reproduzir o bordado de uma imagem/citação de um dos livros que mais aprecio e que escolhi para fazer uma releitura no mês de outubro. 

A frase escolhida foi extraída do livro 'O Pequeno Príncipe', do autor Antoine de Saint-Exupéry. O bordado foi concluído após cinco dias, dada a falta de habilidade da artesã, mas valeu a pena! 

Foi bordado apenas parte da frase a seguir: "Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos!".


Barulhos (Ferreira Gullar)



Outra obra lida no mês de outubro foi 'Barulhos' do autor brasileiro Ferreira Gullar. Encontrei este livro numa livraria em viagem de férias a Salvador e por ainda não ter lido nenhuma obra do renomado escritor, falecido em 2016, resolvi adquirir. 

Com 96 folhas, a obra apresenta linguagem simples e o leitor pode viajar nas memórias do autor por meio de poesias pelas quais relata experiências, muitas delas vividas na Ditadura Militar, período no qual perdeu muitos amigos de profissão. 

Ficam as Dicas de Leitura do Analítica!

Texto e fotos: Analítica

sexta-feira, setembro 27, 2019

Como eu era antes de você (Jojo Moyes)



Romance de maior sucesso da escritora britânica Jojo Moyes, a obra foi escolhida para a leitura do Analítica do mês de setembro. Dessa vez não segui a sequência que costumo obedecer: ler primeiro o livro e depois assistir ao filme, caso a obra tenha sido adaptada ao cinema. Mesmo assim não queria perder a oportunidade de conhecer a história na íntegra e ter o primeiro contato com o estilo da autora.

O enredo destaca o jovem rico e bem sucedido Will Traynor que após um acidente, em março de 2007, fica tetraplégico. Passados quase dois anos de uma rotina depressiva de Will, seus pais, passam por várias tentativas frustradas para contratar uma cuidadora. Louisa Clark, 26 anos, uma garota simples, sem ambições, garçonete recém-desempregada, mas que adora se vestir criativamente, é a candidata ao posto.

O trabalho é desafiador para Lou. "Comecei a odiá-lo, e tenho certeza de que ele sabia disso. Aquela casa linda e elegante era vazia e silenciosa como um necrotério. Seis meses, eu repetia mentalmente quando tudo parecia insuportável. Seis meses". A vontade de ser útil e o fato de ter que sustentar a família a mantém persistente, embora por vezes ela sinta vontade de desistir diante do gênio difícil e arrogante de Will, até o momento que ela consegue enfrentá-lo. “Mas eu estou aqui todos os dias apenas tentando fazer meu trabalho melhor que posso. Por isso, eu ficaria satisfeita se você não fizesse da minha vida algo tão desagradável, ao contrário do que você faz com a vida de todo mundo”.

Aos poucos eles começam a se entender e Will começa a reconhecer que Lou é uma garota diferente. “Cara Clark, para mostrar que sou um egoísta imbecil completo. E que agradeço muito os seus esforços. Obrigado, Will”. Mas Louisa descobre algo que a deixa pessimista e a faz refletir sobre qual é sua verdadeira missão na casa dos Traynor. Ela escuta uma discussão entre os pais de Will e a irmã dele Georgina, que exige que seja revisto o desejo de suicídio de Will com a alternativa da Dignitas (Uma sociedade que oferece auxílio a pessoas com doenças terminais que desejam cometer suicídio, realizada na Suíça). “Como alguém pode viver com a consciência de que está apenas deixando os dias correrem até sua própria morte?”.

Após muita insistência da Sra. Traynor, Lou decide ficar no trabalho até encerrar o contrato de trabalho de seis meses, mesmo prazo que Will prometeu aos pais. Nesse período ela consegue contribuir para algumas pequenas transformações, inclusive quanto à melhoria do humor de Will. Lou sente-se no dever de fazer com que Will tente mudar de ideia e organiza um cronograma de atividades para fazê-lo se sentir mais ativo, para isso segue orientações da irmã Katrina e tem a permissão dos pais de Will. Em um grupo de pessoas por meio de um bate-papo na internet, recebe a seguinte orientação. “Se ele amar, sentirá que pode seguir em frente. Sem amor, eu já teria afundado várias vezes”.

Will também a provoca para que busque sempre querer mais e o melhor para o seu futuro. “Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível”. Depois de alguns contratempos, a exemplo da terceira pneumonia de Will Louis se sente desestimulada. “Mas o tempo foi passando e vi que a lista de coisas que não podíamos fazer e de lugares a que não podíamos ir estava maior do que a lista do que podíamos efetivamente fazer”.

Ao aproximar o prazo final dado por Will aos pais, Lou faz última tentativa para fazê-lo desistir da morte. Numa viagem às Ilhas Mauricio na companhia de Will e do enfermeiro Nathan ela se declara a Will e para o seu desespero, ele a revela que sua decisão ainda prevalece. Eles se desentendem e Louisa deixa a casa dos Traynor quando eles retornam de viagem. No desenrolar da história Louisa é chamada por Will na Suíça e ela atende o seu último pedido. Ele deixa para ela no seu testamento uma quantia razoável para garantir sua liberdade e estimulá-la a buscar um futuro melhor.

“Você está marcada no meu coração, Clark. Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas, suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente. Você mudou a minha vida muito mais do que esse dinheiro vai mudar a sua. Apenas viva bem. Apenas viva. Com amor, Will”.

Não se trata de uma narrativa cansativa. A história é contada em primeira pessoa, sob a ótica de Louisa, e em alguns poucos capítulos são narrado por Camila e Steven Traynor, pais de Will, Katrina, irma de Louisa e Nathan, o enfermeiro que ajuda Lou a cuidar de Will. A obra foi adaptada para o cinema em 2016 e alguns fatos foram excluídos, a exemplo do relacionamento extraconjugal de Steven e a personagem Georgina, irmã de Will que mora fora do país.  Gostei do estilo da autora e recomendo a leitura!

Título: Como eu era antes de você
Autora: Jojo Moyes
Gênero: Romance
Páginas: 286

Editora: Intrínseca

Por Analítica

segunda-feira, setembro 23, 2019

A morte do ex-prefeito Betim de São Desidério


Faleceu o ex-prefeito de São Desidério, Felisberto Ferreira dos Anjos, Betim como era conhecido, na noite de 21 de setembro. Betim foi o sexto prefeito do município e exerceu o cargo de 1983 a 1988 e de 1993 a 1996. Ele deixa esposa e oito filhos.

Entre suas principais obras, destacam-se a construção do monumento do Cristo Redentor que dá nome ao bairro onde está localizado, da antiga sede da Biblioteca Municipal Dom Ricardo Weberberger, do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, da primeira sede do Fórum Antônio Carlos Magalhães e das sedes das escolas Antônio Pereira da Rocha e Germano Rodrigues de Carvalho. Foi ele também quem trouxe para o município a imagem do Santo São Desidério e foi ainda um incentivador da cultura no município sendo o precursor das Micaretas. 

Por Analítica

Confira algumas fotos marcantes da carreira política do ex-prefeito:





















Fotos: Arquivo Felisberto Ferreira dos Anjos


sexta-feira, setembro 13, 2019

Contação de histórias para o Maternal I da Escola da Terra


Na tarde de sexta-feira, 06 de setembro, foi a vez de 'Contação de História' para a turminha do Maternal I, da Escola da Terra. Os pequenos ficaram atentos para ouvir a historinha escolhida - Os três porquinhos. 


O cenário foi preparado com muito carinho e com auxílio de uma mesa, toalha xadrez, ursinhos de pelúcia, máscaras e palitoches dos personagens.  


Para ilustrar a atividade, também foram utilizadas algumas músicas sobre o enredo que foram cantadas para prender a atenção das crianças. 


Ao final os alunos cantaram as músicas que aprenderam durante a história e usaram as máscaras dos personagens da história durante as fotografias.


Agradecimentos: À direção da Escola da Terra e às tias Juliana e Aline.

Por Analítica
  

segunda-feira, setembro 09, 2019

Homenagem aos 130 anos de Monteiro Lobato em Desfile de 7 de Setembro


Durante o Desfile Cívico de 7 de Setembro em São Desidério cuja temática foi 'Diversidade e Educação', o incentivo à leitura foi mais uma vez  manifestado com muita criatividade por várias escolas. Durante as apresentações das alas, foram realizadas homenagens aos 130 anos do escritor Monteiro Lobato por meio da obra de literatura infantil do Sítio do Pica-pau Amarelo .

Confira alguns cliques:








Por Analítica

quinta-feira, setembro 05, 2019

103 anos de tradição da 'Pegada do Mastro' em São Desidério


Manifestação tradicional e representativa do calendário cultural de São Desidério, há 103 anos a 'Pegada do Mastro' marca a trajetória histórica do município e assinala o início das comemorações dos festejos religiosos  de setembro da cidade aos quais está atrelada: a Festa da Padroeira Nossa Senhora Aparecida, celebrada em 19, e do Divino Espírito Santo, dia 20. 


Ainda no primeiro sábado de agosto, o 'Capitão do Mastro' e outros representantes da comissão organizadora dos festejos religiosos são encarregados de retirar duas árvores ou mastros de aproximadamente 15 metros cada, que são reservados num lugar conhecido por Cabeceira da Mamona, localizado a mais de 05 quilômetros da sede do município. 

No primeiro sábado de setembro, os organizadores, acompanhados de grande número de participantes se deslocam a pé pela mata até a Cabeceira da Mamona para buscar os mastros. 


Em 2017 pela primeira vez tive a oportunidade de participar da edição comemorativa aos 101 anos que contou com um número expressivo de mulheres participantes. Em meio a mata, o ambiente é simples e bastante acolhedor. Durante todo o dia, às sombras das árvores, sentados ao chão, muitos aproveitavam para descansar, rever alguns amigos, contar causos de outras edições do evento enquanto tomam pinga há bastante tempo curtida e também confraternizam lanches.  Os momentos mais aguardados são aqueles em que se formam rodas de samba ao som de instrumentos musicais rústicos, ao qual homens e mulheres se põem a dançar. 


Ao fim da tarde, após orações de agradecimento são servidas farofas. É hora de retornar à cidade! Todos se revezam para conduzir os mastros que são carregados sob os ombros dos participantes. No percurso de volta, algumas paradas obrigatórias são feitas para descanso e mais rodas de samba são improvisadas no meio da mata. 

Na chegada à cidade, fogos e o barulho emitido pelos instrumentos musicais sinalizam à população para se reunir nas imediações da Barragem, ponto alto da recepção. Um pequeno trajeto por algumas ruas do centro da cidade com direito a paradas e mais rodas de samba. O cortejo termina em frente à Igreja Matriz, onde os mastros serão posteriormente ornamentados com as bandeiras da Padroeira e do Divino e hasteados, tornando símbolos dos festejos na cidade.  


Com o passar dos anos essa tradicional festa ganhou apoio da Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Cultura e maior número de adeptos. Este ano a Pegada do Mastro ocorrerá no sábado, 07 de setembro, com saída a partir das 08 horas do bar Montalvão, do outro lado da Barragem de São Desidério, onde serão entregues as camisas aos participantes. 

Por Analítica

quinta-feira, agosto 29, 2019

O Perfume - A história de um assassinato (Patrick Süskind)




“...tinha de ser um criador de perfumes. E não apenas um qualquer. O maior perfumista de todos os tempos”. ‘O Perfume – a história de um assassinato’, é a obra escolhida do Dica de leitura do Analítica do mês de Agosto. De autoria do escritor Patrick Süskind, o livro é dividido em quatro partes. Tem por cenário a França no século XVIII e o enredo se desenvolve em torno do personagem central Jean-Baptista Grenouille, que nasceu no lugar mais fedorento de Paris em 17 de julho de 1738. 

Desde o episódio de nascimento de Grenouille, narrado no início da história, o autor já deixa evidente, por meio de uma linguagem carregada de detalhes, as condições precárias que o personagem veio ao mundo. O nascimento de Grenouille ocorre atrás da banca de feira, onde a mãe costumava tratar peixes. “A carne ensanguentada que dela saíra não se diferenciava muito das vísceras dos peixes que já estavam atiradas pelo chão, e também não vivia mais muito tempo (...) contrariando as expectativas, a coisa recém-nascida começa a chorar debaixo da mesa de limpar peixe. Procura-se, encontra-se o bebê num enxame de moscas e entre vísceras e cabeças de peixe, é puxado para fora”. 

O bebê é largado à própria sorte dias depois do assassinato da mãe. “Foi largado no Convento de Saint-Merri, na Rue Saint-Martin, batizado recebeu o nome de Jean-Batiste e entregue a uma ama de nome Jeanne Bussie, que passou a receber três francos por semana por seus cuidados”. Passados alguns dias a ama o devolveu ao convento alegando que aquele bebê não possuía odor próprio. Durante a infância foi vendido e também trabalhou como aprendiz de cortume e de perfumista. Mas a sua trajetória estava apenas no começo.

“O odor é a essência, e o que não tem essência não existe”. Partindo dessa máxima o autor direciona os destinos de seu personagem. O olfato aguçado era sua característica primordial e já na fase adulta, o convívio com algumas pessoas, a exemplo de Baldini – o maior comerciante de material aromático de Paris – uma oportunidade bastante especial tendo em vista que na Paris desse período só existia cerca de meia dúzia de perfumistas. E Grenouille, usando as técnicas que aprendeu, passa a criar perfumes e a buscar sua própria essência. “Pois Grenouille possuía de fato o melhor nariz do mundo, tanto analítico quanto também visionário, mas ainda não tinha a capacidade de se apoderar fisicamente dos cheiros ”.

O autor faz diversas intervenções sobre os odores da cidade de Paris, dos becos e vielas, do rio Sena, ao qual destaca que já fedia tanto que o seu fedor sobrepunha ao dos cadáveres. Outro destaque são as descobertas e experiências que vão assinalando o amadurecimento de Grenouille ao longo da narrativa. “Não demorou muito em tornar-se um especialista na área de destilação. Descobriu – e o seu nariz o ajudou mais do que o conjunto de regras de Baldini – que o calor do fogo tinha uma influência decisiva na qualidade do destilado. Cada planta, flor, madeira e cada oleácia exigia um procedimento específico”. 

E a cada vez que aprendia ‘sua ambição era dominar o fugaz reino dos perfumes’. “Seu plano era produzir substâncias aromáticas completamente novas e com isso, criar ao menos alguns odores que carregava dentro de si”. Sua meta estava mais do que definida e Grenouille era muito persistente. “Seu plano era produzir substâncias aromáticas completamente novas e com isso, criar ao menos alguns odores que carregava dentro de si ”.

Sua obsessão na busca pelo perfume perfeito o levou ao desejo de se apossar do odor de uma moça, que ele considera ser diferente de todos que já havia sentido. Para isso, ele comete o primeiro assassinato para obter o perfume da vítima. “Já nem conseguia se lembrar da imagem da mocinha da Rue des Marais, do seu rosto, do seu corpo. Tinha preservado e se apropriado do melhor dela: o princípio do seu perfume”.

O caminho para alcançar esse sonho também é marcado por desilusões e frustrações do personagem. Grenouille se afasta das pessoas e de Paris, na tentativa de fugir do seu próprio passado. Nesse período ele percorre outras cidades como Auvergne, Montpellier e Grasse, de onde foge posteriormente após fazer outras 25 vítimas com o mesmo objetivo da primeira. “O que ambiciava era a fragrância de certas pessoas: daquelas, extremamente raras, que inspiram amor. Essas eram suas vítimas”. Após retornar a Paris Grenouille tem seu fim ao ser devorado por prostitutas e ladrões no Cemitério dos Inocentes.

Tive certa resistência em ler a obra no início, pois não tinha impresso em mãos e não sou muito adepta de ler livro em tela de computador, mas dessa vez não tive opções. Desde o início do livro e no decorrer da narrativa o autor aborda uma linguagem clara e objetiva, e não economiza nos termos ao reproduzir sensações e cheiros com fidelidade e tamanha precisão, que para mim, por vezes, tive a impressão de sentir os odores descritos dos lugares e pessoas ao longo do enredo. Penso que o autor quis brincar um pouco com esses odores e de certa forma quis fazer crítica quanto às condições de pobreza a qual se encontrava a maioria das pessoas, visto que a sociedade dessa época era organizada em Clero - Nobreza - Burguesia. E é nesse cenário de burguesia que o enredo se aprofunda mais, onde o autor descreve a economia, as condições sócio-históricas e a miséria da velha Paris do século XVIII. 

Talvez o autor utilize o título ‘O Perfume’ numa tentativa para esconder essa imagem de fedores descrita ao longo da história. A busca pela ‘essência perfeita’ por Grenouille pode também ser entendida como uma esperança de melhoria e de busca por oportunidades que lhe foram furtadas desde a infância e que após conseguir alcançar certo renome, esse momento é passageiro e o desfecho de Grenouille é trágico, devorado por ladrões e prostitutas que eram vistos como a escória da cidade. 

Curiosidades – A obra foi adaptada para o cinema com o lançamento do filme em 2006, com participação de Dustin Hoffman no elenco. O livro – que era preferido de Kurt Cobain, líder da banda Nirvana - também o inspirou a escrever uma canção para o do Álbum In Útero de 1993, intitulada “Scentless Apprentice” que numa tradução aproximada pode ser entendida como ‘Aprendiz de aromas/perfumista’, função desenvolvida pelo personagem principal do livro.

Palavras-chave: essência – olfato – odores – persistência – experiências – técnicas – Paris - assassinatos


Por Analítica
Foto: Divulgação




Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...