quinta-feira, julho 26, 2018

Quinta-feira, 26 de julho de 2018: dia dos avós



Avó é como segunda mãe. A vó Si, tem 16 netos e 13 bisnetos. Lembro-me de quando ainda pequena costumava brincar na casa de vó com minhas primas. O quintal cheio de plantas, o pé de manga onde costumávamos subir escondidas e das aulas de ponto de cruz com a mestra, uma das mais exímias bordadeiras de São Desidério. Uma arte que ela mesma fez questão de passar para as netas. As primeiras aulas eram reservadas a pequenos pedaços de tecido denominado ‘etamine’, que aos poucos era preenchido com desenhos que ganhavam formatos de pequenas laranjas, maças, losângulos, flores entre outros. A vó cobrava que o avesso do bordado fosse limpo, só depois disso é que começávamos a fazer outros bordados em guardanapos, panos de pratos e posteriormente também a bordar nossos próprios nomes em toalhas de banho, fase que já assinalava progresso.

Aquelas que se dedicaram mais a essa arte, alçaram bordados em almofadas, caminhos de mesa, panos de fogão, entre outros para vender. Mas talvez o sonho das netas nessa fase de aprendizagem, seria dominar bordados maiores, a exemplo das enormes toalhas de mesa, chamadas de ‘banquete’ que só a vó e sua perfeição ao ofício, fazia dedicar longos meses de trabalho. Uma das características de seu bordado é que o fazia com amor e muita dedicação e por esse motivo ela costumava receber muitas encomendas da cidade, de outros municípios e até mesmo de outros estados. Até hoje ela relata: “Aprendi a fazer bordado desde menina, quando tinha 13 anos”. O bordado em ponto de cruz sempre deu o tom da ornamentação na casa da vó. Seja por sobre o fogão, da mesa da sala, das prateleiras, do aparador do filtro, na velha máquina de costurar encostada na parede da copa. 

Ah! E como esquecer as lapinhas. Crescemos vendo vó montar o presépio na primeira sala da casa. Dia 24 de dezembro era um movimento na casa da vó. É só fechar os olhos e ainda sinto o cheiro da cola que ela fazia com a tapioca utilizada para fixar o papel no antigo girau de madeira, que era preenchido com as plantas, a areia e os santos para enfeitar o presépio. Era feita toda uma preparação para a reza da lapinha. Uma delas, a que eu mais gostava, era do dia em que eram feitos os biscoitos ou pêtas, num forno à lenha que havia até a algum tempo atrás no quintal da casa de vó. Depois da aula íamos para a casa da vó para comer a pêta quente molhada na massa crua. Depois que as petas ficavam prontas era a vez de reunir o pessoal para ajudar a fazer o ginete, um biscoito doce. Esse era o momento mais esperado. Sentadas em uma roda, cada uma com sua devida fôrma e um bolo de massa crua de ginete em mãos. À medida que dávamos formato ao biscoito na bandeja sobre o colo e na ausência da vó, essa era a oportunidade para saborear disfarçadamente a deliciosa massa doce. E quando a vó voltava, lá estávamos nós com as bochechas alteradas. E ela nos repreendia: 

- Vocês estão comendo a massa do ginete tudo! Por isso que o ginete não rende aqui! Riamos disfarçadamente.


Acometida pela osteoporose em uma das pernas, enfermidade que a fragilizou por anos, esse é um dos motivos que a fez ficar hospitalizada após uma queda, em julho de 2016. Foram mais de 60 dias em que vivemos momentos de tristeza que por vezes eram convertidos em alguns episódios de comédia que nortearam o drama da vó no hospital. Das vezes que ela queria pular da cama, de não dormir e não deixar os acompanhantes dormirem, de pedir para ir embora o tempo todo e no dia definitivo para voltar para casa não querer ir embora. Após vencer três pneumonias nesse período de internação, e apesar da sua limitação motora que a impossibilita de caminhar, sua força a fez superar essa fase e retornar para o seu lar em setembro do mesmo ano. 

A cabecinha branquinha, voz tranquila, vó é dona de um dos sorrisos mais contagiantes. Na rua Dr. Valério de Brito, número 74, na casa de cor amarela ao lado do Centro Cultural, a imagem de uma senhora sentada em sua cadeira de fita, os pés sobre uma almofada, do lado de dentro da porta é convidativa para uma boa prosa que possa talvez lhe arrancar, uma de suas altas gargalhadas. 

Texto e fotos: Analítica


sexta-feira, julho 20, 2018

Sexta-feira, 20 de julho de 2018: Bodas de flores e frutas


Não podia deixar de destacar hoje uma data especial para mim. Meu aniversário de 4 anos de casamento, ou Bodas de Flores e Frutas. As flores estão assimiladas ao cuidado que uma relação a dois requer, e as frutas podem ser associadas a vitalidade e durabilidade da relação, algo saudável para que também o casamento possa se manter de forma saborosa.

As vezes tenho a sensação de que esses quatro anos passaram rápido. Tantos momentos, alegrias, surpresas, conquistas e também dificuldades, principalmente neste último ano, mas acredito que isso não seria possível, caso não fosse o companheirismo, a compreensão, a doação de um para com o outro e a determinação para enfrentar juntos cada momento que passamos até agora.



Lembro-me do medo da palavra 'casamento' e de todo os 'pre-conceitos' que sempre assimilava à essa palavra, principalmente reforçados por pessoas que não eram casadas ou que não tinham uma boa experiência de casamento. Me recordo de alimentar a ideia de não casar, que defendi até mesmo no período do início de namoro, que foi um pouco longo, e que só depois entendi que esse tempo foi o suficiente para amadurecer a ideia de aceitar e entender o significado de uma vida a dois. 



Hoje concordo com a assertiva de que "casamento não tem uma receita, pois casamento não nasce pronto, se constrói". É mais do que físico, é companheirismo, doação, é pensar mais no outro que em si mesma, é querer dividir, é não deixar que a relação caia no modismo, é querer impressionar o par, fazer coisas diferentes, dinamizar, ser feliz e querer fazer o/a companheiro (a) feliz, é não seguir os erros dos exemplos que você muitas vezes viu e ouviu a vida inteira, mas querer fazer o seu papel e ser o melhor de você para o outro, confiar, compreender e amar, pois sem amor, o casamento não se sustenta!

Por: Analítica

Fotos: Jackeline Bispo

terça-feira, julho 10, 2018

Duas obras de Sidney Sheldon




Na dica de leitura deste mês, trago observações acerca de duas obras de Sidney Sheldon.

Os doze mandamentos - Logo no ício da narrativa, o escritor faz várias referências a textos bíblicos, a exemplo da criação do mundo, da Torre de Babel, Jonas e a baleia, entre eles sobre a história sobre Moisés e a tábua dos dez mandamentos da lei de Deus, ao qual é reconstruída na sua perspectiva como Os doze mandamentos. De acordo com Sheldon, Moisés desceu o Monte Sinai com três tábuas e deixou cair a terceira delas, a qual continha o 11º e o 12º mandamento, deixando-a espatifar. Assim o autor sustenta a versão de tratam-se de "Os doze mandamentos", e não dez.

O escritor exemplifica por meio de doze contos, o que aconteceu com pessoas que não obedeceram aos 12 mandamentos, mas que em contrapartida, obtiveram finais felizes, tornando-os ricos, famosos e realizados.

"...de qualquer forma Roger violou o sexto mandamento: Não matarás. A polícia foi bastante compreensiva e o detetive disse a Roger:

-Não resta a menor dúvida de que foi um acidente.

E foi assim que Roger e Louise puderam finalmente viver a sós, desfrutando o milhão de dólares que Sarah deixara". Página 122.

A Perseguição - Nesta obra Sheldon relata o drama do jovem Masao Matsumoto a partir do momento que ele perde os pais em um acidente aéreo nos Estados Unidos. Masao herda o império da família, as indústrias Matsumoto, e descobre que alguém pretende se apoderar de sua herança e que para isso precisa eliminá-lo. Essa pessoa é seu tio, Teruo Sato. A partir de então começa a perseguição a Masao, marcada por aventuras, desespero, ameaças, coragem, inteligência, romance e superação até o retorno de Masao ao seu país de origem com as cinzas dos pais.

"Quando a vida é serena e suave, o tempo é um amigo. Quando a vida fica repleta de problemas, o tempo se torna um inimigo". Página 157.

Por: Analítica
Foto: Divulgação




 


Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...