quarta-feira, novembro 27, 2019

Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia (Leandro Karnal)



O 13º livro escolhido para partilha da leitura no mês de novembro pelo Analítica, é 'Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia' do autor Leandro Karnal. "Para quebrar a cadeia do ódio, a primeira tarefa é parar de ensiná-lo as crianças. Interromper esse fluxo de ódio exige interromper a educação do ódio". 

A princípio, a obra me chamou a atenção por dois motivos, sendo o primeiro pela capa, pois quis entender a ideia da ilustração da bandeira do Brasil, na qual substitui-se 'Ordem e progresso' por 'O ódio nosso de cada dia'. E o segundo motivo, por desconhecer o estilo do autor. Não exitei em comprá-lo numa livraria na última viagem, embora a dúvida sobre levar ou não a obra me acompanhasse ainda na fila do caixa. "O ódio tem motivos psicológicos, psicanalíticos, de instrumentação política. O ódio integra mais do que qualquer outra coisa. O ódio integra mais do que qualquer outra coisa. O ódio mostra minhas fraquezas".

Na obra, o então professor e doutor Leandro Karnal, faz reflexões históricas acerca do ódio, destacando palavras e expressões mais comumente utilizadas. "...o preconceito é um discurso elaborado, seguido consciente ou inconscientemente para estabelecer uma forma de manter contato. Sua principal arma é a 'generacusação'. Ou seja, quando um homem dirige mal, ele é barbeiro, um incompetente, um aloprado. Quando uma mulher dirige mal, ela representa todas as quase 3,5 bilhões de mulheres do planeta. E portanto, 'tinha de ser mulher'".

'Todos contra todos' é certamente uma aula de história. Em vários momentos, além de recorrer a fatos marcantes e conquistas históricas relacionada a evolução das relações, o autor faz um paralelo entre a história do Brasil e do mundo. "O mundo lida muito mal com a diferença. Formamos guetos há séculos. Criamos ônibus com lugares para brancos e negros nos EUA. Mas quando você sai do gueto e age, a reação costuma ser violenta".

Por vezes, a sensação de ler o livro foi a mesma de como se estivesse tido a oportunidade de estar presente em uma das palestras do autor, sensação que me motivou a fazer várias anotações e pesquisas de personalidades e fatos históricos durante a leitura. "Um homem fracassa no seu projeto amoroso. O que é mais fácil? Culpar o feminismo ou a si? A| resposta é fácil. Tenho certeza absoluta de que o autor do crime não era um leitor de Simone de Beauvoir ou Betty Friedan. Era um leitor de jargões, de frases feitas, de pensamento plástico e curto que se adaptava a sua dor". (...) "O Brasil ser o país que mais vende chapinha no mundo e tem a maior tecnologia de chapinha do planeta. O Brasil ser o país de cabelo liso como padrão de beleza diz muito sobre nós". (...) Quanto mais frágil a sociedade julga ser uma pessoa, mais a atacará. As mulheres negras sofrem ainda mais do que as brancas. Misogenia e racismo são um cruzamento desastroso".

O que impressiona também são os exemplos, fundamentações teóricas e comparações que o autor faz todo o tempo para explicar coisas tão simples, de modo que tornam possível entender porque o ódio está tão presente nas diversas relações do dia a dia. "A violência é do outro, nunca minha. Somos um país violento. Violentos ao dirigir nas ruas, violentos nos comentários e fofocas, violentos ao torcer por nosso time, violentos ao votar". (...) "A violência contra a mulher é histórica e cultural e deve aumentar à medida que a consciência feminina trouxer essa questão cada vez mais à tona para debate. Ela deve aumentar exatamente porque as mulheres com toda a razão e muita dignidade, estão enterrando um período histórico de aceitação da violência, estão enterrando séculos de tolerância ao assédio, séculos de ocultação a violência doméstica". 

Também são destaques reflexões sobre a relação do ódio com a globalização e a internet. "O ódio não é igual em todos os lugares, mas continua sendo muito forte. Pequenos e grandes males estão presentes em nós desde sempre. A globalização apenas capilarizou o conhecimento, fez com que bobagens alcançassem escala global e diluiu a autoridade internacional de tal modo que tudo passou a ter o mesmo patamar". (...) "O problema é que hoje a escola nem de longe é o principal abastecedor de informações de uma criança ou de um jovem. Ao chegar à escola ele já tem acesso pela simples posse de um celular, a um mundo maior. Portanto, só a construção do consenso por meio da formação não basta".

E ao final o autor conclui apresentando que só por meio da coesão e consenso pode-se haver uma possível solução para o problema do ódio. "A solução natural para o problema do ódio está no aumento de dois pólos: o da coerção e do consenso. A coerção se consegue por meio de leis como a do crime de racismo, a punição para homofobia, a proibição de violência contra crianças, a Lei Maria da Penha. A do consenso é conseguida por meio da educação".

Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia (Leandro karnal), li e recomendo!

Título: Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia
Autor: Leandro Karnal
Páginas: 143
Editora: LeYa

Por Analítica

segunda-feira, novembro 04, 2019

Literatura em Ponto Cruz - 'O Pequeno Príncipe' e 'Barulhos'


Atrelando a Literatura ao Ponto de Cruz, resolvi recordar a leitura desta obra clássica e também aproveitar as férias para relembrar as aulas de ponto de cruz que aprendi na infância com minha avó dona Si. 

O desafio foi reproduzir o bordado de uma imagem/citação de um dos livros que mais aprecio e que escolhi para fazer uma releitura no mês de outubro. 

A frase escolhida foi extraída do livro 'O Pequeno Príncipe', do autor Antoine de Saint-Exupéry. O bordado foi concluído após cinco dias, dada a falta de habilidade da artesã, mas valeu a pena! 

Foi bordado apenas parte da frase a seguir: "Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos!".


Barulhos (Ferreira Gullar)



Outra obra lida no mês de outubro foi 'Barulhos' do autor brasileiro Ferreira Gullar. Encontrei este livro numa livraria em viagem de férias a Salvador e por ainda não ter lido nenhuma obra do renomado escritor, falecido em 2016, resolvi adquirir. 

Com 96 folhas, a obra apresenta linguagem simples e o leitor pode viajar nas memórias do autor por meio de poesias pelas quais relata experiências, muitas delas vividas na Ditadura Militar, período no qual perdeu muitos amigos de profissão. 

Ficam as Dicas de Leitura do Analítica!

Texto e fotos: Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...