quinta-feira, outubro 04, 2012

Dica de leitura "1822"



A obra ‘1822 Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado’, é um livro-reportagem do autor Laurentino Gomes, sequência de 1808, que relata a fuga da família real para o Brasil.
Em 1822 ‘A Independência do Brasil’ é o acontecimento que norteia a narrativa.  Em vários momentos o escritor nos surpreende com revelações jamais encontradas em livros de histórias comuns das escolas e acredito que seja este um dos motivos pelo qual ele dedica “para todos os professores de história do Brasil, no seu trabalho anônimo de explicar as raízes de um país sem memória”, que ao nascer já estava falido.
O autor destaca a participação de personagens importantes desse enredo, como o protagonista desta história, D. Pedro I, caracterizado como príncipe romântico e aventureiro, que proclamou a independência do Brasil aos 23 anos, ressaltando seus relacionamentos extraconjugais, e no fim da vida a sensibilidade de um herói desgastado e doente, falecido aos 36 anos. A princesa Leopoldina, primeira imperatriz do país, de origem austríaca, tinha tudo que D. Pedro admirava em uma mulher, menos beleza e sensualidade. Em nove anos teve nove filhos e morreu com menos de 30 anos, endividada e abandonada pelo marido. Hoje é homenageada por uma das escolas de samba do Rio de Janeiro Imperatriz Leopoldinense. O escocês Alexander Thomas Cochrane, fundador e primeiro almirante da marinha de guerra do Brasil, também teve participação decisiva na Guerra da Independência ao expulsar as tropas portuguesas no Norte e Nordeste, fato que o tornou um herói e ao mesmo tempo vilão, quando saqueou os habitantes de São Luis do Maranhão e roubou um navio do Império. Tudo isso o transformou em herói maldito da história brasileira.
O escritor desperta o interesse do leitor pela história, apresentando uma narrativa interessante com indícios históricos e em tempo situa-o contextualizando com fatos atuais, foi o que pude observar quando  Laurentino Gomes cita Barreiras, município a 27 km de São Desidério, exatamente na página 225 no capítulo que fala sobre a confederação. 
"No interior, os domínios pernambucanos avançavam pelo sertão até a atual divisa entre Bahia, Minas Gerais e Goiás, a menos de duzentos quilômetros de Brasília, formando o desenho de uma abóbora - ou jerimum para os nordestinos - longa e delgada. Incluía, entre outras cidades importantes, Barreiras, hoje um dos maiores municípios produtores de soja do país".

Para finalizar o autor destaca a relação consanguínea entre Portugal – Brasil, ao afirmar que na primeira metade do século passado, depois da independência, mais de um milhão de portugueses migraram para o Brasil e hoje seus descendentes diretos são estimados em mais de 25 milhões, filhos, netos, bisnetos, que incluem famosos como Marília Pêra, Fernanda Montenegro, Ana Maria Braga, Abilio Diniz e Antonio Ermírio de Moraes. Já na década de 1990 a migração se inverteu e os brasileiros invadiram Portugal formando hoje a maior comunidade estrangeira com cerca de 120 mil pessoas.
1822, fica a dica de leitura!

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