quarta-feira, março 31, 2021

Leituras do trimestre



"O livro traz a vantagem de a gente estar só e ao mesmo tempo acompanhado", Mário Quintana.

Essas são as leituras do Analítica desse primeiro trimestre de 2021. Sempre gostei de ler e confesso que esta tem sido umas das melhores formas para preencher o tempo.

Ainda não consegui intensificar o rítmo das leituras como gostaria, pois sempre acho que leio menos do que poderia. Mas por hora vou reforçando este hábito tão prazeroso e que tem sido imprescindível para o Analítica continuar existindo, e partilhando aqui com vocês algumas experiências e descobertas do maravilhoso mundo da leitura.

Leituras pela ordem:

1 - Eu morreria por ti e outras histórias (F. Scott Fitzgerald)
2 - A mulher ruiva (Orhan Pamuk)
3 - Sula (Toni Morrison)
4 - O tatuador de Auschiwitz (Heather Morris)
5 - O céu da meia-noite (Lily Brooks-Dalton)
6 - Herdeiras do mar (Mary Lynn Bracht)
7 - Nocaute (Gary Vaynerchuk)


Por Analítica
 

Um pouco de teoria - Nocaute (Gary Vaynerchuk)




Iniciei esta leitura e várias vezes dei pausa. Não conseguia conciliá-la com outras leituras em curso, até reservar um momento exclusivo para conhecer sobre os fundamentos que Gary Vaynerchuk apresenta em 'Nocaute - Como contar histórias no disputado ringue das redes sociais'.

Confesso que não sou muito adepta à literatura sobre marketing de internet. A não ser no período da faculdade, poucas vezes busquei fundamentos a respeito. Mesmo assim, não dispensei a sugestão e embarquei na leitura. 

O autor traz sugestões de como "criar um conteúdo nativo perfeito e distinto para cada umas das plataformas". Para isso, destaca a evolução que esse 'contar sua história' sofreu no decorrer dos anos, salientando o enfraquecimento de plataformas mais antigas, a exemplo da televisão, do rádio, da mídia impressa, dos e-mails, hoje pouco utilizados pelo público, que a cada dia converge para as mídias sociais (twitter, instagram, facebook, pinterest, tumblr, e outros).

Entre  'jabs' e 'ganchos de direita', Vaynerchuk vai apontando estratégias certeiras para a melhor elaboração de conteúdos e uso correto das plataformas digitais, no intuito de orientar como produzir uma mensagem objetiva e com qualidade para alcançar clientes e o público, e consequentemente, atingir o 'Nocaute'

Entre tantas sugestões apontadas, Vaynerchuk também apresenta estudos de casos por meio de Erros e Acertos de conteúdos produzidos por empresas/marcas que se destacaram, considerando que é preciso sempre muito empenho e dedicação de quem o produz. "O segredo do marketing social é o microconteúdo. Quanto mais curto forem seu conteúdo e seu storytelling, melhor", página 201. 

A leitura foi sugestão de um amigo que também me emprestou o livro. O título em si já é bastante intrigante, atraente e avaliei como uma leitura extremamente necessária e atual que irá contribuir para desconstruir certos conceitos que alimentava de maneira errada ou como únicos padrões corretos a seguir.  Super recomendo a leitura!


Por Analítica 

 

quarta-feira, março 24, 2021

Herdeiras do mar (Mary Lynn Bracht)



‘Herdeiras do mar’ é o romance de estreia de Mary Lynn Bracht e traz uma história emocionante sobre o legado de vida das mergulhadoras coreanas denominadas 'haenyeos' ou mulheres do mar, que apesar de poucos conhecidas são retratadas nessa obra no período da Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses invadiram a Coréia. 

É uma indicação da Tag Livros no primeiro quadrimestre de 2020, quando ainda estava fazendo uma experiência para decidir qual das duas modalidades associar - Inéditos ou Curadoria. Acabei por me identificar mais pelas indicações da Tag Curadoria. 

Assim como outras garotas de sua aldeia, localizada na costa sul da Ilha de Jeju, Hana, a protagonista da história, aprendeu desde cedo com a mãe o ofício de se tornar uma haenyeo, tradição mantida desde o ano 434 e que resistiu ao tempo. É do mar, onde mergulham profundamente que as haenyeo sustentam a família.

“Sempre olhe para a praia quando voltar à superfície, senão você pode perder o norte”, a mãe disse, virando o rosto de Hana para que ela enxergasse a terra (...) Procure sua irmã depois de cada mergulho. Nunca se esqueça disso. Se puder vê-la, você estará segura”, página 12.

Para salvar a irmã pequena Emiko, Hana é levada pelo exército japonês. Aos 16 anos, a garota passa a viver uma sofrida e violenta realidade em bordéis onde se torna mais uma ‘mulher de consolo’ dos soldados japoneses. Simultaneamente, a narrativa se passa em dois períodos: no passado, a partir de 1943 com o desaparecimento de Hana, e no presente, sob a perspectiva da irmã Emi, que tenta buscar sem sucesso, indícios do paradeiro da irmã perdida.

A história é uma das mais emocionantes que li, com muitos capítulos marcados por uma narrativa bem pesada e triste. Os relatos do sofrimento de Hana são extremamente comoventes. Recomendo a leitura para quem se identifica com uma história bem emocionante! 



Por Analítica

Novas aquisições



Eles chegaram para incrementar minhas leituras! 

O Analítica adquiriu esses três exemplares de kits passados da Tag Livros: O olho mais azul (Toni Morrison), indicação da Tag Curadoria. Já Frida Kahlo e as cores da vida (Caroline Bernard) e Os sete maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid), são da Tag Inéditos. 


Acompanham também os kits alguns mimos, entre eles, essa linda agenda 2021 que faz uma homenagem a escritoras revolucionárias.  
 

Por Analítica

segunda-feira, março 22, 2021

O céu da meia-noite (Lily Brooks-Dalton)

 




'O céu da meia-noite', é um grande convite à imaginação proposto pela autora Lily Brooks-Dalton, que nos convida a viajar com dois personagens centrais: Sully, uma astronauta que está à bordo da nave Aether com cinco tripulantes, perdidos no retorno de uma missão de dois anos ao planeta Júpiter, e também a conhecer Augustine, um astrônomo idoso que fica preso em um centro de pesquisa a 81° ao norte, no Arquipélago do pólo Ártico para estudar o céu. 

As últimas informações que Augie recebe é de um evento catastrófico que ele não sabe exatamente o que é. Os dois personagens, Sully e Augie buscam insistentemente estabelecer contato com o sistema de controle, algo que justifique a total falta de comunicação para saber o que realmente aconteceu com o planeta ou o que restou dele. 

A solidão é algo presente na vida dos personagens que encontram-se isolados em extremos inóspitos. Após muitas tentativas frustradas de conexão, Augie consegue manter contato. A comunicação é com a nave Aether, mais precisamente com Sully. "Havia algo na conversa dos dois, algo  que amoleceu aquele lado dela que estava congelado desde o início da missão", página 276. 

A autora dá algumas deixas que conduzem a narrativa para algumas conclusões já esperadas, a exemplo do abandono parental que se expressa quando se descreve que Augie abandonou esposa e a filha ainda pequena, a companhia da garota Íris no centro de pesquisa, reflexo do imaginário de Augie e também todo o esforço que Sully fez para participar da missão, levando apenas uma foto da filha que deixou para traz. Por isso fica subentendido uma relação entre Augie e Sully.

O projeto gráfico da obra é incrível, a capa é bem sugestiva e atrelada ao enredo, e por se tratar de Ficção Científica, em alguns momentos recorri a pesquisas para decifrar termos técnicos em torno da física que envolve o livro, e saber um pouco mais sobre as quatro luas de Galileu Galilei, as mais importantes de Júpiter: Io, Calisto, Ganimedes e Europa.

Apreciei essa indicação de leitura de março da Tag Livros Curadoria, que tem por título original 'Good morning, Midnight', que traz um final incerto, no qual Lily Brooks-Dalton deixa o silêncio como resposta e ao leitor, imaginar também o que teria acontecido com o destino dos personagens. 

Algo de que gostei muito e que ameniza um pouco a abordagem do livro em termos de apocalipse, é a forma como a autora percorre toda a narrativa, serena, calma e com boas doses de poesia. "Mesmo que se aquele fosse o fim, mesmo que tivesse chegado tão longe só para morrer naquele momento, aquele fragmento de céu fez com que tudo valesse a pena", página 279.




20º Encontro da Tag Curadoria Barreiras

O 20º Encontro da Tag Curadoria Barreiras, realizado de forma virtual na noite de 13 de abril foi marcado pela discussão do livro O céu da meia-noite, e contou com a presença de algumas taggers associadas.


Por Analítica

Dia Mundial da Água


"Nesta caminhada longa pra o oceano
Levo desengano, deixo vida e cor.
Por este cerrado - flora colorida,
Sou templo - hermida de paz e amor.
Poço bom de pesca trago na surdina
Água cristalina, boa de beber.
Ao soprar da brisa minhas ondas cantam;
Mil sóis se alevantam para me aquecer"

Trecho da poesia A voz do rio, de Durval Nunes, no livro Um rio de histórias, página 223 



 
Por Analítica

sábado, março 20, 2021

Dia do Contador de Histórias

 


"Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar!" Rubem Alves.
Neste dia 20 de março, em que se comemora o Dia do Contador de Histórias, relembro dois, de alguns momentos em que 'estive' contadora e pude embarcar no mundo mágico da 'Contação de histórias'.
Nas fotos, a primeira foi na Escola Municipal O Pequeno Príncipe, e a segunda na Creche Municipal Ana Maria de Santana, com estudantes de Educação Infantil, um público que me identifiquei e gostei de trabalhar.
Lembro do frio na barriga ao preparar esses momentos e de até ensaiar como ia contar as historinhas, mas sempre procurando dar o meu melhor, de forma que fosse mais criativa e atraente possível.
Para isso, sempre utilizei elementos contidos nas histórias, a exemplo de alguma fantasia, adereços e músicas, pois aprendi que uma boa contação, não se trata de apenas ler, o ideal é se fazer uma releitura da história.
Mas esse frio na barriga e preocupação inicial logo davam lugar ao prazer de ver cada reação, expressão e admiração, tão puras e verdadeiras no rosto e principalmente no olhar fixo de cada criança que participava do momento.
Essa satisfação se completava ao vê-las interagindo na história. Era lindo essa parte!! E ao final, a sensação era de gratidão por ter feito parte, mesmo que um breve momento lúdico, na vida de cada uma delas. Saudades desses momentos!

Por Analítica

terça-feira, março 09, 2021

O tatuador de Auschwitz (Heather Morris)



"Foi forçado a sair de sua casa e transportado como um animal, agora está cercado por oficiais da SS fortemente armados e é saudado com boas vindas", página 18. Para aqueles que acreditam ter sido impossível viver uma história de amor em um lugar como o campo de concentração, de Auschwitz, Polônia, no período da Segunda Guerra Mundial, os judeus Lale Sokolov e Gita Furman, provaram o contrário.

Voltando um pouco na história, mais precisamente no ano de 1942 quando Lale e outros prisioneiros são trazidos ao campo pelos nazistas. Ele logo se torna tatuador dos números de série dos prisioneiros, uma tarefa que lhe proporciona a oportunidade de conhecer Gita, prisioneira de número 4562. Contrariando os aspectos do cenário marcado pelo holocausto, mesmo assim os dois jovens começam a viver uma grande história de amor proibido.

"Lale encara os olhos aterrorizados. Ela mexe os lábios pronta para falar. Lale aperta seu braço com força para detê-la. (...) Ao terminar, segura o braço dela um instante além do necessário, olhando de novo seus olhos", página 44.

O ofício de tatuador rende algumas regalias a Lale, a exemplo de conseguir comida extra, de corresponder por cartas com Gita e de se encontrar com ela em um lugar escondido atrás do prédio da administração. "'Caro Lale', ela começa. Como ele, a mulher escreveu apenas algumas frases cuidadosas. Ela também é da Eslováquia. Está em Auschiwitz há mais tempo do que Lale, desde março. Trabalha em um dos armazéns do 'Canadá', onde os prisioneiros separam os pertences das vítimas", página 57.

Dentro do campo, Lale tem a sensação de que os dias não passam enquanto observa com tristeza o sofrimento e as crueldades vividas pelos prisioneiros. "Os meses seguintes são particularmente cruéis. Prisioneiros morrem de todas as maneiras. Muitos são levados por doença, desnutrição e exposição ao frio. Alguns se lançam na cerca eletrificada, suicidando-se...As câmaras de gás e os crematórios também trabalham por mais tempo que o normal, e as estações de tatuagem de Lale e Leon fervilham de gente enquanto dezenas de milhares são transportadas para Auschiwitz e Birkenau", página 134.

Sob a ótica de Lale, a narrativa se atém a uma descrição minuciosa e carregada de emoções. "Ele sai cambaleando. Lá fora ajuda homens a reunirem os pequenos corpos em uma pilha para a SS levá-los...várias mães recusam-se a entregar seus preciosos filhos, e é doloroso para Lale ver as diminutas formas sem vida sendo arrancadas dos braços das mães", página 141.

O fator tempo é constantemente apontado pelo narrador para situar o leitor. "Lale pensa na data, 4 de abril de 1944. Quando viu 'abril' em suas folhas de trabalho daquela semana, ficou com os nervos abalados. Abril, o que havia em abril? Então, ele se dá conta. Em três semanas, ele terá feito dois anos ali. Dois anos", página 141, e também nesse outro trecho da página 142. "Foi no início de março de 1942 que Lale disse adeus a seus pais, irmão e irmã, em sua cidade natal, Krompachy".

Lale é torturado pelos oficiais da SS e deportado do campo. Gita também consegue fugir com as amigas. Mesmo sem saber as notícias um do outro não desistem do desejo de viverem com liberdade um amor que nasceu dentro dos muros de extermínio. Algum tempo depois eles finalmente se reencontram e longe dos campos de concentração agora estão livres para viver a história de amor que um dia iniciaram. "Lale toma Gita nos braços e a beija... os dois se afastam misturando-se na rua lotada, um casal jovem entre muitos em uma cidade destruída pela guerra", página 216.



Algumas informações adicionais da escritora confirmam que o livro é baseado em história real. Os dois sobreviventes se casaram em outubro de 1945 e fixaram residência em Bratislava. Tiveram um filho chamado Gary em 1961. Gita faleceu em outubro de 2003 e Lale em outubro de 2006.




Por Analítica

segunda-feira, março 08, 2021

Dia Internacional da Mulher

 


Que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?

Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos.

Todos vimos na televisão modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas.

Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas.

Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.

Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.

E com isso Bárbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres (as baixinhas, as gordas, as de óculos, as magrinhas) um sentimento de perda de autoestima.

Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças.

Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo.

E no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais.

Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas.

Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.

As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.

Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.

É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.

E para começar queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito as suas pernas que têm varizes porque carregam latas d’água e trouxas de roupa.

Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.

Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregaram o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderam fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.

 

 Autor desconhecido


Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...