quinta-feira, junho 27, 2019

Contação de histórias: A vaca fotógrafa


No dia 24 de maio fui convidada a contar a história 'A vaca fotógrafa' para a turminha do Maternal 2 da Escola da Terra em São Desidério. O livro paradidático foi trabalhado anteriormente pelas professoras da turma Ivanete e Noélia. 


Para esta Contação de história confeccionei uma câmera fotográfica utilizando E.V.A preto, papel carmen preto, papel alumínio, copo descartável, uma caixa pequena, fita adesiva, cola, tesoura e uma alça preta. As professoras me cederam um exemplar do livro e máscaras dos animais citados na história. 


Sentados no chão os alunos ouviram a historinha atenciosamente e participaram em vários momentos. Após a contação os pequenos puderam tocar a máquina fotográfica como forma de sanar a curiosidade. 


Portando a câmera e máscara utilizadas na contação, eles pousaram para fotos.



As professoras concluíram o momento confeccionando pequenas máquinas fotográficas utilizando caixas de fósforo que foram entregues as crianças.


Amei contar essa historinha! Obrigada Escola da Terra e tias Neth e Noélia!

Por: Analítica
Fotos: Analítica / Arquivo Escola da Terra

quarta-feira, junho 26, 2019

Saberes Ambientais do Cerrado (Professor Valney Dias)


‘Saberes Ambientais do Cerrado’ é a leitura escolhida desse mês. O livro foi idealizado por meio de um projeto denominado 'Veredas Vivas', desenvolvido a partir de 2008 na região de Ponte de Mateus, povoado do município de São Desidério pela Agência 10envolvimento, vinculada à Pastoral Social da Diocese de Barreiras, o propósito desse projeto era apresentar e valorizar o 'modo geraizeiro' de conviver no Cerrado. 

Os reflexos do Projeto Veredas Vivas atraíram os professores da UFOB, Valney e Mário Alberto a encabeçarem nessa mesma região o  Projeto Saberes Ambientais do Cerrado cujo objetivo era o "desenvolvimento de diálogos de saberes ambientais contextualizados com os modos de vida das comunidades geraizeiras nas áreas de Cerrado do Oeste Baiano", página 14.


Autor autografando a obra que ganhei da amiga Anna Cláudia Soares
A obra inicialmente faz um apanhado histórico e reporta à década de 1980, destacando registros do trabalho social do padre Gunter Gnadlinger, membro da Comissão Diocesana da Pastoral da Terra que se sensibilizou com os relatos de sofrimento dos geraizeiros da região de Ponte de Mateus, e o convívio com a pressão e cobiça dos grileiros. "Queremos ver as coisas do nosso modo. Estão grilando as nossas terras. O que me revolta é que medem o preço do Gerais em sacos de soja. Que seja pelo menos em sacos de pequi!", página 11.

Com o tempo as famílias foram incentivadas e se mantiveram firmes e resistentes na região, como se pode atestar nessa passagem do livro: "Uns geraizeiros da região de 'Ponte de Mateus', localizada num cerrado belíssimo na bacia do Rio Guará, deram uma resposta exemplar: firmaram um pacto entre si de não cederem às pressões dos grileiros. E conseguiram se impor, ao menos parcialmente. Não obstante, à vergonhosa realidade, a região de 'Ponte de Mateus' continua sendo alvo preferencial da cobiça de grileiros (um dos mais conhecidos é Marcos Valério, publicitário que orquestrou o escândalo dos 'Mensalões') e até nos dias atuais, muitas famílias persistem em sua jornada geraizeira na 'Ponte de Mateus' e redondezas", página 10. 


Professor Valney explica sobre a produção da obra
O livro foi publicado em 2016, contém 78 páginas e é dividido em quatro capítulos: 1 - Itinerários, desafios e resultados do projeto; 2 - As paisagens e os lugares no Vale do Baixo Rio Guará; 3 - Saberes e fazeres nas comunidades tradicionais da micro-bacia do Rio Guará e 4 - Exercícios e estudos dirigidos sobre saberes tradicionais ambientais e educação ambiental. "No passado, fiquei com vergonha quando me chamaram 'geraizera'. Hoje, tenho isto como maior orgulho, pois amo nosso Gerais", página 11.

A obra foi pensada para atender aos moradores que vivem na região que integra o Vale do Guará,  sendo resultado de um trabalho de pesquisa de dois anos e estudos desenvolvidos com estudantes e comunidade da Escola Municipal Ovídio Francelino de Souza localizada no povoado de Ponte de Mateus. Além de Ponte de Mateus, a região contempla também os povoados de Currais, Cera, Pedras, Larga, Riacho de Fogo, Vereda Grande e Contagem. "As paisagens do Cerrado no baixo vale do Rio Guará compõem o mundo dos seus moradores; comunidades tradicionais identificadas como povos geraizeiros. Seu modo de vida nos Gerais tem relação íntima com a flora e a fauna do Cerrado...com os rios, riachos e córregos que cortam as Veredas da região", página 36.

A narrativa explica acerca da metodologia utilizada pelos autores durante o processo de produção do livro, o relato das oficinas de cordel, de fotografia, das reuniões, o resgate e transcrição de lendas e depoimentos coletados a partir da observação dos costumes, da cultura local e do contato com os participantes e comunidades tradicionais geraizeiras. "A mãe que morreu. Ressuscitou no mesmo dia. Comeu muito buriti, arroz e carne. Depois disse: No futuro terá gafanhotos que vão dizimar o povo aqui tudo. E a noite do mesmo dia morreu definitivamente", página 20.


Ao final dos capítulos, o livro apresenta ainda questionamentos acerca da temática que reforçam a reflexão dos leitores. "Nestas reuniões foram estabelecidos, junto com a equipe pedagógica e os estudantes geraizeiros, os temas geradores: as paisagens e os lugares; os saberes e os fazeres por meio de brincadeiras, tradições e crenças, e os produtos da sociobiodiversidade, que orientam o desenvolvimento das metodologias com linguagens verbais e não verbais no espaço escolar e vivido pelas comunidades geraizeiras", página 21.

Em suma, a obra é super recomendada para quem quer conhecer acerca do Vale do Rio Guará pois exalta as riquezas do Cerrado presente no nosso município de São Desidério e das tradições e costumes das comunidades tradicionais geraizeiras. Li e recomendo! 


Participantes da primeira edição do Clube da Leitura Saberes Ambientais do Cerrado
Clube de Leitura da SEMATUR - A obra foi escolhida para nortear as discussões da primeira edição do Clube de Leitura Saberes Ambientais do Cerrado’, e dá nome ao projeto idealizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo (SEMATUR), de São Desidério. O evento foi  realizado na tarde de 12 de junho na Lavanderia Cultural e teve como convidado o professor Valney Dias Rigonato, da Universidade Federal do Oeste Baiano (UFOB) , um dos responsáveis pela produção do livro, que conduziu a apresentação da obra aos participantes. 


Funcionários da Sematur, professor Valney e colaboradores do Clube da Leitura
Segue abaixo a poesia de autoria de Silvânia das Virgens de Jesus, moradora do Vale do Guará.

O Cerrado e o nosso país!


O Cerrado é importante

Isso eu posso te falar
Trabalhamos com muita força
Pra o Cerrado preservar
O país onde eu vivo
Existe muita beleza
O povo pode ser pobre
Mais o país é uma riqueza
O que mais me alegra,
é ter o Cerrado preservado.
Se não tivermos consciência
Tudo vai ser se acabando.
Se as árvores forem derrubadas,
onde os pássaros vão morar?
Onde vamos preservar?


Por Analítica




segunda-feira, junho 10, 2019

Centenário do ex-combatente da 2ª Guerra Mundial Eurypedes Pamplona


Hoje, 10 de junho de 2019, data do aniversário do centenário do barreirense e ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, Eurypedes Pamplona, relembro este momento em que ele visitou São Desidério para participar da 13ª edição do Clube da Leitura, projeto da Biblioteca Municipal Dom Ricardo Weberberger, realizada em 20 de agosto de 2015, em comemoração a passagem do Dia do Soldado, celebrado em 25 de agosto. 

Com presença de estudantes das escolas estaduais e particulares do município, o então 1º Tenente João Paulo Pinheiro, autor do livro 'Tiro, guerra e mito: a história de um barreirense na Segunda Guerra Mundial', obra em discussão no evento, relatou sobre a produção do livro e fatos da vida de seu protagonista, a infância, juventude, de quando foi convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira e a Segunda Guerra Mundial, o retorno à Pátria e a família. Ao final os sócios leitores do clube homenagearam seu Eurypedes entregando uma placa de honra ao mérito.



Confira abaixo um texto sobre seu Eurypedes publicado pelo Analítica em 04 de maio de 2010.


Memórias de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial

Nascido em Barreiras em 10 de junho de 1919, Eurypedes Lacerda Pamplona é filho de Manoel Messias Pamplona e Arlinda Lacerda Pamplona. Na infância o pai trabalhou como funcionário de uma empresa de Telégrafos para sustentar os sete filhos. Aos 19 anos, Eurypedes se alistou e teve a oportunidade de viajar de avião para o Rio de Janeiro onde morou por quatro anos. Com a criação do dia do reservista teve de apresentar seus documentos que foram apreendidos, de modo que não pôde sair da cidade até ser convocado para servir à guerra. Esse dia não tardou muito. Após o Brasil entrar na guerra em agosto de 1942, dois dias apos ele foi convocado. Certa noite quando chegava do cinema à pensão onde morava encontrou seus amigos que lhe esperavam tristes para anunciar sua convocação à guerra. “Naquele momento me faltou as pernas, quase caí, mas não tive escolha, não podia sair da cidade porque meus documentos estavam presos”, disse Eurypedes.
Os dois anos seguintes foram de intenso treinamento no 2º Regimento de Infantaria num campo utilizado por todas as forças armadas. Em meio ao treinamento pesado perdeu amigos e podia presumir que estava cada vez mais próxima uma realidade muito mais difícil e dias piores.
Em 1944 partiu para Itália a bordo do navio Meighs. Apesar de boas instalações, os enjôos eram inevitáveis. Depois de quinze longos dias desembarcaram em Nápoles. Os soldados se alojaram em uma espécie de depósito distante do Front onde eram identificados e organizados em companhias de 200 homens cada, sempre em exercício esperando chegar o grande momento. No Front os soldados estavam em combate todo o tempo. Quando morriam, mais soldados eram requisitados de cada companhia. Ao chegar sua hora, Eurypedes foi com fé e confiança. Por fazer parte da Divisão de Infantaria sua posição no Front era de ataque. Como metralhador contava com o auxílio de dois soldados municiadores.
Foram dez meses em combate. Além do perigo dos ataques, os soldados também tinham o frio como companhia. Alguns adoeciam e eram hospitalizados. “A neve chegava a quase um metro. As atividades eram interrompidas e iniciava-se o cessar fogo no Front. Somente os carros patrulha estavam em atividade e se cruzassem com o inimigo não restava ninguém vivo”, relembra Eurypedes. A tropa não tinha folga, apenas revezavam quando o capitão determinasse quem iria para a reta-guarda, assim os soldados tomavam banho, após oito dias mais ou menos. A miséria e o estado de calamidade vivenciada pelos italianos nesse período sensibilizavam os soldados que se solidarizavam distribuindo um pouco de seus alimentos a quem passava fome. O Natal deste ano para Eurypedes, certamente foi o mais triste de sua vida. Sozinho em um hospital de campanha em Livorno, abalado por uma bomba que caiu em um local próximo.
Quando os brasileiros não mais tinham esperança, a invasão do Monte Castelo foi um dos episódios que ficaram marcados para sempre na memória do ex-combatente. “Havia uma ponte de acesso que era destruída durante o dia pelo inimigo e reconstruída por nós à noite. Foi uma tomada muito difícil e muita gente morreu. Depois de três tentativas fracassadas a conquista foi um sonho para nós”, afirmou Pamplona.
Em meio ao caos, mais de dois mil soldados brasileiros e cerca de 65 milhões de pessoas ao todo morreram durante a guerra. As imagens estão presentes nos pesadelos do ex-combatente até hoje.
O fim da guerra em 30 de abril de 1945 foi a notícia mais esperada pelos soldados que festejaram com alegria e muita vontade de retornar à Pátria. Esse retorno não aconteceu de imediato por causa da logística. Durante os três meses na Itália após a guerra, Eurypedes teve a oportunidade de conhecer muitos lugares e dançar a tarantela.
O regresso foi organizado a cada cinco mil homens. O primeiro escalão chegou ao Brasil em 17 de setembro de 1945 recebido calorosamente pela população carioca na Baía de Guanabara. Foram homenageados e receberam medalhas de campanha. No Rio Eurypedes permaneceu por mais seis anos e já se considerava um carioca. Mas ainda assim sentia muita falta da família e retornou à sua cidade natal. Em Barreiras foi acolhido com muita festa e homenagens. Ao longo do tempo foi convidado para participar de eventos como desfiles cívicos e cerimônias no 4º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), além de entrevista à emissora de TV local e palestra em escolas da cidade. Em seus relatos, Eurypedes Pamplona diz não sentir orgulho de ter participado da guerra, mas por amar o exército conserva a ideia de que servi-lo é uma das melhores oportunidades para disciplinar uma pessoa.

Por: Analítica
Fotos: Acervo Biblioteca Municipal / Eurypedes Pamplona

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...