quarta-feira, dezembro 30, 2020

Retrospectiva literária 2020

 


E 2020 chega ao final após ter cumprido a meta literária estabelecida no início do ano, de realizar pelo menos duas leituras por mês. O Analítica registra neste post as 25 leituras realizadas:
Janeiro: Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Marquez) e Adeus, Gana (Taiye Selasi);
Fevereiro: A Bibliotecária de Auschwitz (Antonio G. Iturbe) e Felicidade clandestina (Clarice Lispector);
Março: O segredo de Frida Kahlo (F. G. Haghenbeck) e Estação Atocha (Ben Lerner);
Abril: Um homem bom é difícil de encontrar (Flannery O'Connor) e Perto do coração selvagem (Clarice Lispector);
Maio: Ponto cardeal (Léonor de Récondo) e A hora da estrela (Clarice Lispector);
Junho: A terceira vida de Grange Copeland (Alice Walker) e Todos os nossos ontens (Natalia Ginzburg);
Julho: Sul da fronteira, oeste do sol (Haruki Murakami) e Os últimos sete meses de Anne Frank (Willy Lindwer);
Agosto: A cabana e A travessia do mesmo autor (Willian P. Young) e Afirma Pereira (Antonio Tabucchi);
Setembro: O menino do pijama listrado (John Boyne/Oliver Jeffers) e A síndrome de Aquiles (Mário Rosa);
Outubro: A culpa é das estrelas (John Green) e Tudo de bom vai acontecer (Sefi Atta);
Novembro: Minha vida de rata (Joyce Carol Oates) e O dia em que a poesia derrubou um ditador (Antonio Skármeta);
Dezembro: Alegrias da maternidade (Buchi Emecheta) e Moisés negro (Alain Mabanckou);

Tag Livros Experiências Literárias


Doze dos livros lidos são indicações da Tag Livros Experiências Literárias de 2020 na modalidade Curadoria, a qual o Analítica é associado desde o início do ano e um da edição de 2017. Trata-se de um clube de assinatura de livros que entrega em casa, mensalmente, uma caixinha com experiências literárias exclusivas para mais de mais de 60 mil assinantes em todo o país. 

Para mim tem sido uma experiência fantástica porque tem ajudado a intensificar, diversificar e dinamizar minhas leituras, além de poder participar e interagir em um grupo de leitores Tag Curadoria Barreiras, ao qual se reúne uma vez por mês para discutir as obras indicadas .  Que venha 2021 com mais experiências literárias!

Por Analítica





terça-feira, dezembro 29, 2020

Ler, plantar, cozinhar, pedalar

 

Nas horas que se tornam vazias
E o tempo parece não passar,
São como entretenimento, 
E fazem a cabeça parar de preocupar


Os melhores passa-tempos 
Tornaram-se hábitos do dia-a-dia
Coisas simples de se fazer
Sem qualquer compromisso, terapia


Ler o que se propõe, intensificar a leitura
Colocar no lugar dos personagens mais marcantes
Do tempo, lugares das histórias dos livros que li
E cristalizar na memória os que foi mais emocionante


Plantar, cuidar das plantas de casa, 
Dar mais atenção, cultivar mais flores
Elas enfeitam meu jardim
Dou-lhe nomes e elas dão mais vida, e mais cores


Cozinhar, testar novas receitas
Inventar, como se a receita fosse minha
Tentar, errar, criar, acertar o gosto
Experimentar novos sabores e divertir na cozinha



Pedalar, sair por aí, 
Sentir o vento bater no rosto, 
Contemplar lindas paisagens
E voltar satisfeita e feliz, sem nenhum desgosto

Enquanto tudo é registrado
E para que disso tudo lembraria
Que horas ruins também passam
E que tudo se ajeita um dia


Enquanto isso continuo a ler, plantar, cozinhar, pedalar 
Pois é preciso permitir, viver novos hábitos, 
Não preocupar tanto, pois tudo tem seu tempo
E a mudança vem de dentro

 

Por Analítica


quinta-feira, dezembro 17, 2020

Minhas lembranças das lapinhas da Vó Si



Nesse período em que se aproxima o Natal, as minhas melhores lembranças estão atreladas a figura da minha avó dona Si (in memorian). Cresci vendo-a montar a lapinha no dia 24 de dezembro, uma tradição que ela iniciou aos 13 anos e manteve  por mais de 70 anos. As rezas na lapinha aconteciam nos dias 24, após a missa do galo, e na tarde de 06 de janeiro, dia de Santo Reis. A lapinha era desmanchada em 07 de janeiro.

Enquanto ela mesma conseguiu montar a sua lapinha, costumava fazê-la no dia 24 de dezembro, obedecendo a uma promessa. Lembro de como ela costumava separar as plantas e enfeitá-las com adornos natalinos, do cheiro da cola feita de tapioca utilizada para colar o papel no velho caixote ornamentado para colocar os santos, da casa cheia, dos benditos entoados, das comidas servidas após a reza: o licor de jenipapo, da torta, da pêta, do ginete, do delicioso bolo de puba com milho que só ela sabia fazer. 

Com o tempo e devido às enfermidades ela já não conseguia ajudar na montagem, mas ficava por perto, observando, agoniada para ver o resultado final e dando seus pitacos: "Ô menina, cadê a boca da lapinha? Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço.  Eu só vou colocar a mesa e os santos mesmo", declarava.

Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez de tal tarefa, e sempre acaba aprovando. E como ela gostava de receber em sua casa as pessoas que iam visitar sua tradicional lapinha ou participar das rezas!




Aprendi com ela a valorizar esse costume e há seis anos faço a lapinha em minha casa. Este ano, utilizei os santos que eram da Vó como forma de homenagear sua memória, sua tradição. Não será mais o mesmo. A montagem da lapinha já não foi a mesma esse ano. Uma coisa que era tão fácil fazer a cada ano, neste foi tão difícil! São lembranças de memórias afetivas vividas intensamente e que jamais irei esquecer tudo o que esses momentos representam pra mim!Fica a saudade e o legado de uma tradição tão bonita!

Um pouco de história - Segundo a Igreja Católica, por volta do ano 1223, São Francisco, para explicar aos camponeses de uma cidade da Itália, teve a ideia de reproduzir o cenário do nascimento de Jesus utilizando a argila para representar as figuras que compõem o presépio natalino: Maria, São José, o menino Jesus, os Três Reis Magos, os pastores, a vaca, o burrinho e outros. A ideia teve grande repercussão e a partir do século XVIII repercutiu na Europa e por todo o mundo.  
  
Por Analítica



 



terça-feira, dezembro 15, 2020

Leituras de Dezembro: Alegrias da maternidade (Buchi Emecheta) e Moisés negro (Alain Mabanckou)


'Alegrias da maternidade' de Buchi Emecheta e 'Moisés negro' de Alain Mabanckou, são as duas últimas obras escolhidas para encerrar as leituras de 2020. Tratam-se de obras indicadas pela Tag Livros.

Alegrias da maternidade (Buchi Emecheta)


"...só agora com esse filho, vou começar a amar de verdade em tudo o que quero ser: mulher e mãe", página 75. Um livro emocionante que ganhei de presente no amigo oculto do grupo da Tag Curadoria Barreiras. Da autora Buchi Emecheta, 'Alegrias da maternidade'  obra publicada pela Tag livros em 2017, relata a história de Nnu Ego, filha de um grande líder africano tradicional Agbadi, que é enviada como esposa ainda aos 11 anos e tem como sonho ser mãe. 

Por uma questão cultural ela se torna a primeira esposa de Nnaife. A história se passa em Lagos, capital da Nigéria, em um cenário marcado por um contexto de guerra, racismo, desemprego, pobreza em que a mulher não tem vez. "Enquanto voltava para o quarto, ocorreu a Nnu Ego que ela era uma prisioneira: aprisionada pelo amor e por seus filhos, aprisionada em seu papel de esposa mais velha", página 194.

Pode-se dizer que a autora numa sacada meio que irônica, utiliza o título dado à obra para mostrar uma trajetória de vida e sofrimento que envolve a personagem principal. Nnu Ego teve que enfrentar a perda de três filhos, com muito esforço e com o pouco recurso que lhe rende o ofício de comerciante, trabalhou para criar os sete filhos sobreviventes para que tivessem um futuro de descente. O filho mais velho Oshia,  apesar de não reconhecer o esforço da mãe, consegue uma bolsa de estudos numa faculdade nos EUA e estuda para ser cientista. Enquanto isso, Nnu Ego teve que suportar o machismo e traições do marido e assumir também o papel de chefe da família provendo o sustento inclusive das outras esposas e seus filhos, quando Nnaife vai para a guerra e depois consequentemente é preso por tentativa de homicídio.

Não deixa de ser uma história de superação. No final, mesmo cansada das dificuldades para sobreviver e sustentar os filhos, Nnu Ego relembra com satisfação que as maiores alegrias de sua vida são os filhos e os desafios que teve que enfrentar para encaminhá-los na vida. "Mas é isso mesmo", respondeu Nnu Ego com os olhos cheios de lágrimas. "Não sei ser outra coisa na vida, só sei ser mãe. O que vou conversar com uma mulher que não tenha filhos? Tirar meus filhos de mim é como me tirar a vida que sempre conheci, a vida com a qual estou acostumada", página 313.

Moisés negro (Alain Mabanckou)


"Tudo começou nessa época em que, adolescente, eu me perguntava a respeito do sobrenome que Papai Moupelo, o padre do orfanato de Loango, tinha me dado: Tokumisa Nzambe po Mose yamoyindo abotami naboka ya Bakoko. Esse longo sobrenome significa, em lingala, 'Demos graças a Deus, o Moisés negro nasceu na terra dos ancestrais', página 09.  

É a última obra indicada pela Tg Livros Curadoria de 2020. De autoria de Alain Mabanckou, um dos autores mais renomados da contemporaneidade, 'Moisés negro' é um romance de ficção congolesa e a trajetória histórica da obra tem início na década de 1970, num orfanato da República do Congo. O enredo gira em torno do personagem central Moisés, que é deixado no orfanato pouco depois de nascer. 

Por Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...