sexta-feira, dezembro 15, 2017

Lapinhas de Natal


Mês de dezembro traz consigo a tradição de montar as Lapinhas de Natal. A primeira  foto é da lapinha que fiz esse ano. Uma das tradições mais antigas do município, aprendi a gostar assistindo minha vó dona Sizaltina, que cumprindo a uma promessa, sempre fazia a lapinha dela no dia 24 de dezembro. Minha vó cultivou essa tradição por mais de 50 anos. 



Desde 2012 assumi essa tradição ainda na casa de meus pais, hoje mantida por minha irmã mais nova. E há três anos cultivo o costume de fazer a lapinha, mesmo que ainda bem pequena, na minha própria casa, produzindo a lapinha sempre no primeiro fim de semana do Tempo do Advento.  

Segundo a vó muitas moças de São Desidério costumavam ir para as grutas, próximas à cidade, cerca de duas semanas antes do Natal para buscar pedras chamadas de lapas, utilizadas para a confecção das lapinhas. Desde quando éramos pequenas, eu e minhas primas costumávamos observar nossas mães ajudarem a matriarca da família. Nossa contribuição nessa época se resumia em carregar as plantas e enfeitá-las com ornamentos decorativos de Natal. Lembro também da cola de tapioca que minha avó costumava fazer para colar o papel, seja forrando as latas das plantas ou um velho caixote utilizado para colocar os santos. Outra lembrança era o licor de jenipapo preparado para servir depois da reza, nos dias 24, após a missa do galo e dia 06 de janeiro, dia de Santo Reis – datas em que se costuma rezar nas lapinhas. A gente sempre tomava escondido da vó quando íamos rezar os benditos à noite na lapinha no intervalo entre os dias 24/12 e 06/01.

Com o tempo assumimos de vez a função de montar a lapinha para ajudar a vó. Das primeiras vezes ela ficou nervosa porque ainda não tínhamos adquirido experiência do tal ofício e assim ela questionava: 

- Ô menina cadê a boca da lapinha. Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço, eu só vou colocar a mesa e o santo! Desabafava ela.

A ‘boca da lapinha’ que ela se referia se trata de um formato triangular, seja por meio de plantas ou do próprio papel que ao final, se configura em uma gruta deixando transparecer uma entrada com destaque para onde se apresentam os os personagens do cenário do nascimento do menino Jesus. 

Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez da tal tarefa, mas sempre dando seus pitacos. Na verdade ela sempre diz que todo ano só pretende colocar o santo, e quando tudo termina, com a gruta pronta e enfeitada, ela acaba aprovando. Uma opinião daqui, outro dali.

Hoje por conta de outras atividades do fim de ano, antecedemos o dia da montagem da lapinha para as primeiras semanas de dezembro. O que importa é manter a tradição. No município, ainda hoje muitas pessoas mantém a tradição de fazer as lapinhas de Natal.
  

quarta-feira, setembro 13, 2017

Festejos religiosos em São Desidério

Corte do Imperador do Divino em 1997

Em São Desidério, o mês de setembro é dedicado aos festejos religiosos de Nossa Senhora Aparecida, 19, e do Divino Espírito Santo, 20, devoções centenárias comemoradas no município fora das datas oficiais - 12 de outubro (Nossa Senhora) e 40 dias após a Páscoa (Divino Espírito Santo). Fato que se justifica pelas denominadas ‘desobrigas’, comuns em um período em que havia um mesmo padre disponível para cobrir uma grande região, e por isso sua visita era realizada uma única vez em cada município. Por este motivo, essas datas se tornavam oficiais, mesmo que fora de época, para celebrar os festejos religiosos.

Reza a lenda que Pe. Armindo, um dos primeiros padres foi durante muito tempo o pároco responsável por atender a região onde hoje se concentra o oeste da Bahia. Ele costumava percorrer os vilarejos montado em uma mula para celebrar as missas.  Ainda na época que São Desidério era um vilarejo, recebia o sacerdote que realizava as missas da Padroeira no dia 19 de setembro, e no dia seguinte, do Divino Espírito Santo. Em seguida eram realizados batizados, casamentos, 1ª Eucaristia, Crisma para aproveitar a oportunidade. Como este fato só acontecia uma vez por ano, a população aproveitava o momento para comemorar com festas que animavam os fiéis.

Com o tempo, a tradição dos festejos religiosos entrou para o calendário cultural de São Desidério e ficou conhecida também como “Os festejos de setembro”. Anos depois, atrelado aos festejos religiosos passou-se a realizar também festas com participação de artistas musicais que por um bom tempo foram realizadas na Praça Abelardo Alencar, onde localizava o antigo Mercado Municipal, e a partir de 2003 a festa foi transferida para o Coliseu da Paz, saída para Barreiras.

Minha vó, dona Si, relata um episódio a marcou certa vez em um dos casamentos que presenciou nesse período. Segundo ela, o padre Armindo celebrava mais de 10 casamentos na ocasião e quando perguntou a um dos casais se aceitavam um ao outro como marido e mulher, a moça respondeu que não. Muito espantados ficaram os fiéis, principalmente a família da noiva. Mas para a surpresa de quem assistia a celebração, na mesma hora uma mulher que estava presente se prontificou a casar com o noivo, e o casamento enfim se consumou.
Chegada de comitivas

Comitivas - Muitas pessoas naturais de São Desidério e que atualmente residem em outros estados costumam retornar ao município nesse período que há muitos anos ficou conhecido como as tradicionais “festas de setembro”. Até a década de 1990 eram organizadas comitivas que traziam muitas pessoas, vindas principalmente de Goiânia e de Brasília, para participar das festas e visitar os parentes. Elas costumavam vir em ônibus fretado que era aguardado por muita gente, euforia e foguetes em frente à Igreja Matriz.

Festa da Padroeira – Os festejos de Nossa Senhora Aparecida começam no dia 10 de setembro com o novenário em honra a Padroeira, realizado na Igreja Matriz. Durante todas as noites, pastorais, grupos e movimentos organizam quermesse com venda de comidas típicas na Praça da Igreja. Uma alvorada festiva na madrugada de 19 dá início às comemorações, marcada por um cortejo que sai da Igreja Matriz pelas principais ruas da cidade ao som de marchinhas conduzidas pelo maestro Reginaldo, e culmina com um café da manhã servido com muita farofa. A celebração da missa solene às 18 horas encerra as festividades da Padroeira com o sorteio dos novos juízes, pessoas encarregadas de organizar a festa do ano seguinte.

Festa do Divino - Na manhã de 20 de setembro é a vez dos devotos do Divino Espírito Santo participarem da tradicional missa solene, que todos os anos registra grande participação de moradores da sede e zona rural do município, além de visitantes. A missa termina com o sorteio do novo Imperador e corte. Após a transmissão da coroa todos se dirigem a casa do Imperador da festa onde é servido o popular almoço animado com muita música.  Uma das festas mais populares, a Festa do Divino tem seus preparativos durante todo o ano, quando a família do Imperador juntamente com os foliões levam a bandeira, um dos símbolos da tradição, por todas as localidades do município, sendo o último local a sede, com intenção de arrecadar donativos para a festa. O festejo é coordenado pelo Imperador e sua corte formada por: Alferes da Bandeira (quem conduz a bandeira), Caudatários (responsáveis pelo isolamento da corte durante o circuito), Procurador da Bandeira (encarregado por buscar interessados e adicionar seus nomes para participarem do sorteio da corte do Imperador do ano seguinte) e Capitão do Mastro (aquele que organizará juntamente com a comissão a Pegada dos Mastros onde serão erguidas as bandeiras da Padroeira e do Divino, no primeiro sábado de setembro).

Texto: Ana Lúcia Souza

quinta-feira, setembro 07, 2017

Aquela foto de 7 de Setembro que você não esquece (Reprodução)






A primeira foto foi produzida em 1991, um ano antes de participar do meu primeiro desfile como estudante. O local era a antiga praça onde se localizava a sede do Banco do Brasil. Eu com 4 anos vestida com minha jardineirinha que tanto gostava, e minha irmã Luciane que desfilou na ala das baianas.

Na segunda foto é a reconstituição da original produzida a poucas horas. Uma tentativa de reprodução da primeira tirada há 26 anos.Eu de baiana e minha sobrinha e afilhada Maria Clara. 

Data da 1ª Foto: 07/09/1991- por Zezinho da Lela
Data da reprodução da foto: 07/09/2017 - por Ângela Patrícia
Ideia e direção da reprodução da fotografia: Ana Lúcia Souza
Criança: Maria Clara
Figurantes: Anna Sizaltina, Waléria Tatiara e Túlio Fleury
Apoio: Elitânia Lima
Local: Praça Abelardo Alencar 

Outras lembranças de 7 de Setembro - Outro dia comentava com muita saudade com alguns amigos sobre os Desfiles Cívicos. Da ansiedade e expectativa que sentíamos quando se aproximava o 7 de Setembro. Os ensaios nas ruas, de experimentar as roupas nas costureiras que costumavam não dormir às vésperas do desfile para finalizar a tempo as indumentárias dos alunos e de todos os preparativos gerados em torno da data .

Ao amanhecer do dia 7, costumávamos despertar ao som dos hinos cívicos entoados nas caixas de som fixados nos postes das principais ruas da cidade e imediações de onde o palanque era montado. Era como se o som enaltecesse o sentimento de patriotismo e incentivasse a levantar da cama e participar do Desfile Cívico. Carros alegóricos se posicionavam em frente às escolas, a avenida movimentada de alunos, dos pais acompanhando os filhos com as vasilhas de água.

Embora já tenha desfilado de uniforme, e gostado, sempre achava interessante participar de alegorias para ter a desculpa de usar outras roupas que não fosse farda. No primeiro desfile cívico cursava o Pré Escolar na Escola O Pequeno Príncipe, em 1992, em cima de um carro alegórico, todo enfeitado, que levava os paquitos e paquitas da Xuxa. Lembro até hoje da roupa branca, uma camisa com saia de pregas, o cheiro do sapato novo comprado para aquela ocasião e o chapéu. Outro ano, desfilei no pelotão da Primavera com roupas florais e sexta de flores. Mas as vezes que mais se repetiam são as que me vesti com roupas brancas ou como porta-bandeira.

Também lembro de algumas recordações engraçadas sobre desfile. Muitas mães para evitar gastos costumavam tingir as calças dos filhos em casa. Parece que muitas delas sempre entravam em acordo com relação a isso.

- Você vai comprar calça nova para sua filha desfilar fulana? Argumentava uma.

- Não mulher é só uma horinha ali. Porque você não faz como eu e tinge a calça dela com anil? Replicava a outra.

Pronto estava feito! Certa vez isso aconteceu comigo. Só lembro do reflexo do sol no jeans que se tornava lilás e isso chamava a atenção. Alguns colegas fazia graça disso. Fazer fotografia era um pouco difícil, poucas pessoas dispunham de máquina fotográfica em casa e celular então. O desfile era uma ocasião bem oportuna e ao final, todos costumavam ir para as praças e jardins onde os fotógrafos já ficavam de prontidão esperando. Em uma das vezes que desfilei vestida com roupas brancas coincidiu que o asfalto da avenida JK havia sido feito recentemente. Eu estudava a 5ª série. A cada passo que marchávamos, o solado do sapato branco grudava no asfalto, e ficou difícil de acompanhar o compasso.

No 2º ano do Ensino Médio, em 2003, desfilei como porta-bandeira do Colégio Médici. Para mim, essa missão só seria completa se eu conseguisse levar a bandeira do Brasil. No momento em que a fila era organizada em frente à escola, percebi que outra garota também estava com o mesmo objetivo que o meu. Sai imediatamente da fila e entrei na escola onde encontrei a diretora e perguntei-a onde estava a bandeira do Brasil, pois eu queria levar. Ela permitiu e apontou para onde a bandeira se encontrava, próximo à porta da sala da direção. Pequei o mastro com a bandeira e neste instante surgiu na porta a outra garota concorrente. Não tive coragem de olhar, pois saí imediatamente agarrada à bandeira, mas percebi que ela ficou chateada por eu ter conseguido. O engraçado foi contar essa história um ano depois, no 3º ano e descobrir que a colega para quem eu contava era justamente a garota concorrente desse episódio.


segunda-feira, setembro 04, 2017

Mulheres marcam presença nos 101 anos de tradição da Pegada do Mastro em São Desidério





Por muitos anos, acompanhar a tradição da Pegada do Mastro para mim, se resumia apenas a chegada dos mastros à sede do município e seu trajeto até a Igreja Matriz. A Pegada do Mastro é uma manifestação cultural e religiosa realizada no primeiro sábado de setembro em São Desidério, que sempre foi marcada pela participação masculina. Este ano, juntamente com alguns colegas participei da tradição, que pela primeira vez, em 101 anos de história, foi marcada pela participação expressiva de mulheres.


A Pegada do Mastro, ocorrida no último sábado 02, antecede os festejos religiosos de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do município, celebrada no dia 19, e do Divino Espírito Santo, dia 20. Com o passar do tempo, a tradição recebeu apoio da Prefeitura Municipal e entrou para o calendário de eventos culturais do município.



História e tradição – No primeiro sábado de agosto, o Capitão do Mastro juntamente com o Imperador e demais organizadores da Festa do Divino e da Padroeira, se dirigem a um local conhecido como Cabeceira da Mamona, a cerca de 06 quilômetros da sede do município, onde são retiradas duas árvores com aproximadamente 15 metros de comprimento cada, que ficam reservadas neste ambiente. Um mês depois, no primeiro sábado de setembro, dia em que ocorre a Pegada do Mastro, essas árvores são trazidas pelos participantes até a cidade, onde são hasteadas com as bandeiras da Padroeira e do Divino, durante os festejos religiosos em frente à Igreja Matriz.



Farofa, cachaça e rodas de samba - Na Cabeceira da Mamona, as farofas são servidas pela organização juntamente com a cachaça que geralmente ficam enterradas de um ano para outro para serem melhor 'apuradas'. Os participantes se põem a dançar em rodas de samba ao som de tambores e instrumentos rústicos que dão o tom do evento, até a hora do retorno à cidade.






Chegada a cidade - No fim da tarde, foguetes anunciam a chegada dos mastros à cidade que é aguardado por muitas pessoas. Até chegar a Igreja Matriz, onde os mastros permanecem até serem hasteados, o cortejo passa em frente a casa de antigos capitães do mastro já falecidos, a exemplo de João Montalvão, Nelson, João Borola, Anacleto e Dazilão, além da casa do Imperador, onde são formados mais rodas de samba.



 
Por Ana Lúcia Souza
Fotos: Ana Lúcia Souza / Florentino Filho / Vinícius Rocha


terça-feira, agosto 22, 2017

87 anos da vó Si



Dona Sizaltina, mais popularmente conhecida como dona Si. Mãe de cinco filhos, avó de 16 netos e bisavó de dez bisnetos. Com meu avô Jose de Santana, mais conhecido como Zé Magro, falecido em 2010, ela se casou aos 20 anos e teve a felicidade de viver um matrimônio de 60 anos. No último dia 21, ela comemorou 87 anos, com muita saúde, graças a Deus. A osteoporose no joelho direito a fragilizou no decorrer dos últimos dez anos. 
Há cerca de um ano nessa mesma data ela estava hospitalizada em decorrência de uma queda que ocasionou a fratura do fêmur esquerdo. O seu aniversário de 86 anos comemoramos no hospital. Foram dois longos meses de sofrimento que também serviu como uma experiência para nossa família que revezava dia e noite para não deixá-la sozinha. Cabeça branquinha, voz tranquila, corpo encurvado pelo tempo e pelo ofício do bordado, vó é dona de um dos sorrisos mais contagiantes.
Ponto de cruz - Avó é como segunda mãe. Lembro-me de quando ainda pequena costumava brincar na casa da vó com minhas primas. O quintal cheio de plantas, o pé de manga onde costumávamos subir e das aulas de ponto de cruz que tinha como mestra a mais exímia das bordadeiras que São Desidério poderia ter. Uma arte que foi passada para suas netas. As primeiras aulas eram reservadas a pequenos pedaços de etamine que aos poucos era preenchido com desenhos que ganhavam formatos de laranjas, maças, losângulos. A vó nos cobrava que o avesso do bordado fosse limpo, só depois disso é que começávamos a fazê-los em guardanapos, panos de pratos e posteriormente aprendíamos a bordar nossos próprios nomes em toalhas de banho, fase que já assinalava progresso. Aquelas que se dedicaram mais alçaram bordados em almofadas, caminhos de mesa, panos de fogão, entre outros. Mas talvez o sonho das netas naquela época seria dominar bordados, considerados maiores como as enormes toalhas de mesa, que a vó chamava de toalhas de banquete que exigiam meses de dedicação. Uma das características de seu bordado é que o fazia com amor e carinho e por esse motivo ela costumava receber muitas encomendas da cidade e até mesmo de outros estados. O bordado sempre deu o tom da ornamentação na casa da vó, seja nos panos de fogão, na mesa da sala, da antiga prateleira da cozinha, no aparador do filtro, na velha máquina de costurar encostada na parede da copa. 



Lapinhas - Ah! E como esquecer das lapinhas. Cresci a vendo montar o presépio na primeira sala. Dia 24 de dezembro era um movimento na casa da vó. É só fechar os olhos e ainda sinto o cheiro da cola que ela fazia com a tapioca utilizada para fixar o papel no antigo giral, posteriormente preenchido com as plantas, a areia, os santos e muita luz para enfeitar o presépio. Era feita toda uma preparação para a reza da lapinha e uma delas, a que eu mais gostava, era do dia em que eram feitos os biscoitos também conhecidos como 'petas', pois na casa da vó havia um forno à lenha. Depois da aula íamos para a casa da vó ou passávamos por lá no turno oposto da escola para comer a peta quente molhada na mesma massa crua. Depois que as petas ficavam prontas era a vez da 'netaiada' entrar em ação e ajudar a fazer o ginete, um biscoito doce. Esse era o momento mais esperado. Sentadas em uma roda, cada uma com sua devida fôrma - que geralmente se tratava de uma latinha de sardinha aberta, onde era depositado um bolo de massa que quando espremida saia por um buraco formado na parte inferior da forma. A massa era distribuída em formato de um 'S' nas bandeijas, e aproveitando a ausência da vó, essa se tornava a oportunidade perfeita para saborear a deliciosa massa crua. Quando a vó retornava lá estávamos com as bochechas alteradas. E era nos repreendia sorrindo: 
- Por isso que o ginete não rende!. E riamos.


As fases de Kera





Ela chegou ainda pequeninha em nosso lar. Em novembro de 2014.
Recebeu o nome de Kera. Sapeca, estraçalhou as sandálias, sequestrou meias para o quintal, dormiu debaixo dos armários, espalhou lixo pela casa, comeu as plantas, intimidou as visitas, se escondeu de nós quando aprontava e sabia que brigaríamos com ela. Sempre nos alertava quando pressentia algo estranho, nos fazia companhia e rir muito de seu andar todo desconcertado.
Cresceu, namorou. Primeiro com o Perry, que não deu frutos. Este ano namorou com o Barão e no dia 09 de agosto teve os seus oito filhotes. Kera agora vive sua fase mãe, um momento que certamente nos marcou nesses quase três anos que está conosco como parte da nossa família.  

quinta-feira, julho 20, 2017

Bodas de trigo



Um dia muito especial para mim, comemorando 3 anos de casada. As bodas de 3 anos de casados é chamada de Bodas de Trigo ou Couro. O trigo faz referência à prosperidade e a união, já o couro simboliza a proteção, cobertura e o contato diário.

No primeiro ano comemoramos Bodas de Papel, no segundo de Algodão. É a primeira vez que compartilho no meu blog algo sobre o meu casamento, e posso dizer que não tenho nada a reclamar. Não temos filhos ainda. Mas temos a Kera, que criamos desde o nosso quarto mês de casados. Ela conquistou o seu lugar na casa e no nosso coração.



Estar casado para mim é compartilhar, aprender aos poucos a ter paciência, agir com cautela, ser humilde, dividir as tarefas domésticas, viajar junto, inventar uma farra de última hora em casa para receber os amigos, é surpreender com um gesto mínimo que seja, é preocupar-se com o bem estar do outro, ser companheiro, buscar a prosperidade dentro do lar, falar de Deus, não ser egoísta, querer sempre o bem, escutar o outro, ter sabedoria para entender que um relacionamento não se faz apenas com momentos de alegria, e que é preciso superar dificuldades para perceber que valeu a pena sim até agora, e que com certeza, dá para prosseguir.

Que venham outras bodas para comemorar!!!


sexta-feira, maio 26, 2017

Um passeio que terminou em “L”

Foto divulgação

Aquela tarde de domingo já estava findando. Estávamos retornando do distrito de Sítio Grande, a cerca de 15 km da sede do município de São Desidério. Minha irmã mais nova, minha mãe, meu pai e eu. Nosso lazer aquele dia estava garantido. Passeio de caminhão e um bom banho nas águas do Rio Grande que banha aquele distrito. Por volta de pouco mais de 16 horas, meu pai decidiu que já era hora de ir embora, assim evitaria um tráfego maior no retorno para casa, tendo em vista que os outros motoristas sairiam pelas 17 horas.

Eis que no caminho de volta, depois de tanto lhe pedir insistentemente pelo controle do volante, meu pai, que já estava um tanto quanto "alegre", resolveu atender meu pedido, para minha alegria, e surpresa da minha mãe e da minha irmã, que começaram a ficar eufóricas.
Trocamos de lugar, eu e meu pai. Ao assumir a posição de motorista, fui tomada por uma sensação de entusiasmo. Era tudo o que precisava, afinal a carreta estava vazia e pensava ser esta uma boa oportunidade, visto que naquele ano de 2002, tomara as minhas primeiras lições de direção com meu pai. 

Pronto. Estava sentada, coloquei o sinto, apertei a embreagem que, por sinal, estava muito pesada, e engatei a primeira. Acelerei, e nada.  

- O que está acontecendo? Indaguei.

Minha mãe gritou de lá, já nervosa, falando que eu não estava pronta para dirigir caminhão. Mas eu e meu pai riamos muito da situação. Enquanto isso, refiz a sequência sem sucesso. Enquanto insistia na tentativa de fazer a carreta andar para frente, sentimos que ocorria exatamente o inverso, vagarosamente. Minha irmã, também descontente com aquele episódio, de repente olha o retrovisor e aos gritos alerta:

- Cadê a carroceria? A carroceria sumiu!

Ao conferirmos no retrovisor, e após perceber a fumaça provocada pela aceleração dos eixos traseiros, observamos que de fato, só o cavalo mecânico estava proporcionalmente na pista. A carroceria havia descido para dentro do mato, configurando o formato de um “L”, conhecido também como efeito “canivete”. Os risos cessaram, e o silêncio tomou conta da cabine onde estávamos, interrompido apenas pelas broncas da minha mãe, que ficou muito brava.

- Eu falei. Eu falei. Não sei se Ana Lúcia sabe dirigir caminhão!

Descemos do caminhão e ficamos algum tempo olhando o efeito provocado. Olhando uns para os outros no meio do nada. Alguns carros passavam nos dois sentidos, e os motoristas paravam para saber se tinha sido acidente. Eu só queria rir, mas disfarçava e respondia de pronto aos curiosos:

- Fui eu mesma! Afirmei.

Enquanto contemplávamos o efeito “L”, estudávamos a possibilidade de resolver a situação, afinal, se tratava do nosso meio de transporte que agora estava ali, metade dentro do mato e outra na pista. Demorou cerca de uma hora, até passar um caminhoneiro, que se ofereceu para puxar a carreta de dentro do mato utilizando um cabo de aço. Ufa! Estava resolvido o problema, de forma segura. Uma tarde memorável aquela, sem danos ou feridos, mas com uma desilusão: estava finalizada ali qualquer possibilidade de tornar-me uma caminhoneira.

Efeito “L” ou “Canivete” – é provocado pelo travamento do eixo traseiro do cavalo mecânico. Eliminar o freio no eixo dianteiro põe em risco o conjunto e aumenta a possibilidade do “L”.

Texto: Ana Lúcia Souza / Foto: Divulgação                              

terça-feira, maio 23, 2017

Dia do Santo São Desidério


Pouco conhecido no Brasil, São Desidério, o santo, foi um bispo que viveu na França por volta do ano 607 D.C. A história revela que ele foi decapitado em 23 de maio por professar sua fé católica em Jesus Cristo. A partir de então esse passou a ser o dia destinado a homenagear o santo.
São Desidério, município do oeste baiano, não recebeu este nome em homenagem ao santo europeu. Tão pouco é o padroeiro da cidade, posto ocupado por Nossa Senhora Aparecida. A semelhança foi mera coincidência. Contam os mais velhos que um dos primeiros moradores do ainda povoado foi o fazendeiro Desidério José de Souza. Por ser dono de muitas terras e bastante popular na região, virou referência. As pessoas chamavam o local de fazenda de "Seu Desidério". Com o tempo, o nome passou para São Desidério, emancipado em 22 de fevereiro de 1962.
A relação entre o santo e o nome da cidade permaneceu instigando a curiosidade de muita gente, como Terezinha Brandolis que chegou ao município em 1992. 
Por volta de 1993, foi confeccionada uma imagem de São Desidério, a pedido do então prefeito da época, Felisberto Ferreira dos Anjos, que encomendou a imagem a um artesão em Salvador. Na chegada da imagem ao município, houve procissão até a Igreja Matriz, para onde foi levada. Segundo Felisberto, depois de alguns anos, o santo foi enviado para um artesão em Barreiras para ser reformado.


Seis anos se passaram e a imagem não retornou ao município desencadeando um mistério. 
- O santo sumiu! Comentavam. 
Certo dia dona Terezinha se deparou com a imagem aos fundos da loja de um grande empresário de Barreiras, que o mantinha como enfeite. Era coisa do destino, e por que não dizer uma forcinha do próprio santo? A imagem retornou ao município de origem e permaneceu sob os cuidados de Terezinha até que, em 23 de maio de 2009, a pedido da comunidade, foi levada em procissão para o Abrigo dos Idosos, onde o santo permanece até hoje.

Texto e fotos: Ana Lúcia Souza

terça-feira, maio 16, 2017

Adeus ao meu compadre Manga Rosa



Hoje já faz um ano de sua partida. Na época tive um probleminha técnico e não postei este texto aqui no Analítica. Segue minha homenagem. Ainda sinto muita saudades!!!

Como diz um escritor francês “As pessoas quando vão embora não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, e levam um pouco de nós”. Assim, Manga Rosa, certamente deixou muitas lembranças dele em nós. Quem em São Desidério não conhecia o Quinca Manga Rosa?
Joaquim Ferreira dos Reis, nasceu em 26 de julho de 1953, na localidade de Roçado Velho, o terceiro filho do casal José Ferreira dos Reis e Rosa Francisca de Castro, que tiveram ainda cinco filhos: Maria, Ilda, Ana, Silvio e Guiomar. Foi no Roçado Velho onde Quinca, como era tratado carinhosamente pelos irmãos passou a infância, adolescência e cursou até o Ensino Fundamental, antigo ginásio.
Por volta dos 18 anos começou a trabalhar na M Teixeira, empresa que realizou o canal de irrigação que liga São Desidério a Barreiras. Foi nessa empresa que recebeu dos colegas de trabalho o apelido de Manga Rosa, devido ao semblante rosado de seu rosto.
Morou em Goiânia por um tempo onde fez muitas amizades. De lá foi trabalhar no garimpo no rio madeira em Porto Velho por aproximadamente dois anos. E depois também na Guiana Francesa. Apesar da dificuldade e da distância da família, no período que trabalhou no garimpo conseguiu economias que lhe garantiram viver bem e proporcionar uma vida com conforto a sua família.
Retornando a São Desidério, trabalhou como motorista do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida. Nessa época ele costumava levar muitos pacientes do município para se tratar em Goiânia e Brasília.
Foi em São Desidério que conheceu a esposa Lurdete, e em 1994, nasceu em Brasília seu primogênito, Pablo Henrique, e 1998, também em Brasília, o segundo filho Lucas Henrique. Foi quando comprou uma casa na rua das Palmeiras, nº 327, próximo a residência de seus pais. E em 1999 nasceu seu filho caçula, Gustavo Henrique.

No final dos anos 90 adquiriu sua própria van e passou a fazer linha de São Desidério a Barreiras. Quem não se lembra de suas piadas na van durante as viagens? Dizia ele: - Vocês querem ouvir uma música internacional gente? E ligava o toca fita com a música de Waldick Soriano ou uma daquelas modas bem antigas que gostava. Com ele, as viagens eram sempre bem animadas, regadas a muitas piadas e resenhas que sempre terminavam com uma risada ou por colocar um apelido bem engraçado em alguém.

Enquanto família, era esposo dedicado e um pai preocupado, sempre presente. Foi dele mesmo a missão de ensinar os filhos a dirigir. Muito ligado aos irmãos, em seu último aniversário, que comemorou 62 anos, conseguiu reuni-los juntamente com seus sobrinhos, amigos e pessoas mais próximas em sua casa, para fazer uma das coisas que ele tanto gostava. Tomar sua cervejinha, comer um bom churrasco, contar piadas e é claro, dar boas gargalhadas. Enquanto amigo ele sempre sabia como conquistar amizades para a vida toda, crianças, jovens, idosos, a exemplo da amizade com o médico cubano Júlio César, a quem acolheu quando chegou em São Desidério, como se fosse da própria família. Dos companheiros motoristas das vans com os quais passava muito tempo, ou dos amigos no povoado de Samambaia, onde era sempre bem recebido. Enfim, centenas de amigos. Enquanto vizinho, era aquela pessoa que podíamos contar em todas as horas. Companheiro, amigo, solidário. Não media esforços para ajudar alguém, seja para oferecer dinheiro emprestado, carro para ir ao médico, o que fosse necessário.

No período de quase três meses que passou em tratamento em Goiânia recebeu muitas visitas, fruto das inúmeras amizades que conquistou. E mesmo durante esse tempo, vez ou outra não deixava de soltar suas piadas. Ao explicar as reações do tratamento, certo médico lhe disse que seu cabelo poderia cair. E ele respondeu brincando. “É bom que nasce outro melhor”. Nesse período, ele fortaleceu ainda mais sua fé em Deus. 

Sempre teremos a imagem do semblante do homem de pele rosada com óculos estilo aviador, a cabeça coberta pelo chapéu, camisa no ombro e que sempre saia de casa mastigando alguma coisa, acompanhado do cachorro Maylon em direção à esquina do ponto das vans, da casa do produtor, na praça Abelardo Alencar, do Comercial Cereais, no bar do Leônidas, onde gostava de se sentar para contar suas histórias e fazer resenhas. Uma pessoa que nunca estava com raiva. Muito simples e brincalhão. A esposa, filhos, irmãos, sobrinhos, parentes, amigos, vizinhos, companheiros motoristas, fica a saudade e as boas lembranças. Descanse em paz meu compadre!


Por Ana Lúcia Souza, em 16/05/2016

sexta-feira, maio 05, 2017

Minhas memórias do Colégio Médici


A década de 70 foi marcada por diversos acontecimentos, entre eles, mais precisamente em 05 de maio de 1977, pelo início da trajetória histórica do Colégio Estadual Presidente Médici, fundado no município de São Desidério - Bahia. Minhas lembranças dessa escola começam por volta de 1993, quando por lá estudei o antigo curso de Alfabetização, que nessa época era ofertado pela unidade de ensino, e no ano seguinte a 1ª série.
Lembro-me da antiga estrutura da escola, onde o pátio era todo coberto, e por ser pouco arejado, o tornava um pouco escuro. Ao fundo desse pátio, do lado direito ficava um bebedouro. As cinco salas tinham a mesma localização atual, e as janelas eram amplas. Onde hoje se encontram os banheiros, havia uma janela da cantina e ao lado, um portão com uma saída para o pátio externo, era nessa área de saída onde os bochechos eram realizados. A entrada da escola até o segundo portão não era coberta e um pé de árvore ficava ao lado de onde se encontra a diretoria, que também sempre foi no mesmo lugar.
Outra recordação, se tratava da hora de chegada à escola. Por conta do cadeado entupido, por vezes ficávamos esperando a solução. Enquanto isso, alguns alunos maiores subiam o muro e saltavam para o lado de dentro da escola. Lembro-me que ia para o colégio com meus irmãos mais velhos Urany e Erivan, e quando lá chegava, o Belo (in memoriam), um dos agentes de portaria, permitia que eu e outras alunas pequenas da minha turma entrassem antes dos outros alunos. Íamos correndo para pegar as carteiras da frente. Foi nesse período entre a Alfabetização e a 1ª série, não me recordo direito, que registre minha foto de Pais e filhos, emoldurada em quadro que por muito tempo ficou pendurado na parede da sala da minha casa. Muitos alunos também tiraram, entre as opções tinha uma roupa preta de cowboy, mas a minha era uma roupa vermelha. Nos dias chuvosos, lembro que a distância do Médici até minha casa, mesmo com algumas paradas pelo caminho para proteger da chuva, fazia com que chegasse em casa com o uniforme todo molhado. Na hora do recreio, todos os dias saía para comprar um doce na venda da Zinha, que ficava próximo à escola. O meu doce preferido nessa época era uma geléia com duas cores: rosa e branco, coberto com açúcar.
Retornei ao Colégio Médici em 1998, quando a escola passou por reforma e ganhou nova estrutura. Neste ano, voltei para cursar a 5ª série e de lá só saí quando finalizei o Ensino Médio em 2004. As recreações em horário oposto, no qual jogávamos vôlei no final da tarde aos comandos da professora de educação física Vera Lúcia Oliveira, que também foi minha professora da Alfabetização até a 3ª série. As dramatizações, os recitais de poesias, festas das mães e juninas, além das culminâncias dos projetos com coreografias musicais que passávamos horas ensaiando. Do canal descoberto em frente à escola onde  brincávamos de correr atras dos colegas.

Ao longo da caminhada de quatro décadas, muitos personagens contribuíram para a solidez dessa história, contribuindo para a formação de milhares de adolescentes e jovens. Não poderia deixar de citar meus mestres: Maria do Socorro por quem fui muito influenciada a gostar do hábito da leitura, por meio da literatura brasileira, e pelas dramatizações dessas obras, motivo pelo qual por vezes, existiam até certas disputas saudáveis entre os grupos em sala de aula. A professora de matemática Maria das Virgens, mesmo que nunca gostasse da disciplina, aprendi a ver a matéria de outro jeito. Da dramatização que fizemos de um telejornal na disciplina da querida professorinha Autina, apresentação que de certa forma influenciou na escolha do jornalismo como profissão. Dos forrós que marcavam as aulas de educação física da professora Kédma Portela. Do GV (Grupo de Visualização) e GO (Grupo de Observação), nas aulas de geografia da professora Denise, além do vídeo de caráter cômico, que fizemos em sua disciplina sobre Desmatamento na cidade. Outro episódio que recordo, foi um dia na aula de redação da professora Zoraide. Estávamos no 3º ano do Ensino Médio, em uma das salas, que existia um cobogó direcionado para a rua, quando ouvimos um barulho bem alto. A meu entender se tratava do desabamento da última sala do colégio, que ficava ao lado de onde nos encontrávamos. Afinal, alguns anos antes, o teto de uma das salas já havia sinalizado desmoronar. Lembro de ter pego minha bolsa, que estava vazia, pois os materiais estavam em cima da mesa, e me levantado para correr, mas fui impedida pela Zoraide que ficou na porta. Enquanto isso, a diretora Claúdia passava calmamente pelo pátio e os outros colegas permaneceram sentados. Rimos bastante depois ao saber que o barulho se tratava de uma caçamba que estava descarregando pedras na rua ao lado. Essa mesma situação aconteceu em 2016, na mesma sala, só que agora eu estava no papel de professora e desta vez, todos os alunos se levantaram e saíram da sala correndo. Não consegui impedir. Entre tantos outros professores, que fizeram parte desta história, na minha época de estudante, Annanísia, Luíza Feitosa, Eliete, Wilton, Vanesca, Reginita, Verinha Guimarães, Renata, Vanderlino, Suely, Nivaldo Júnior, Elizineth, José Marques, Marcelo Latta, Maria Glícia, Nélia Carvalho, desculpe se esqueço o nome de alguém, minha gratidão e respeito a cada um.

O Médici também foi o lugar para fazer novas amizades e fortalecer laços com algumas pessoas que já conhecia, que se tornaram grandes amigos para a vida toda. Waléria Tatiara, Vinícius Rocha, Édem Samuel, Saionária, Wilma, Keila Michelly, Ricardo, Eduardo, Priscila Katarina, Leidiane, Maurício, Elane, Katrina, Mayla, Paulo Ricardo, entre outros, e nem imaginava que dentre os colegas, estivesse também a pessoa que conheci no último ano do Ensino Médio, com o qual 10 anos depois viria a se tornar meu companheiro.
Em 2015 tive a oportunidade de voltar à escola, agora no papel de professora, oportunidade que se repetiu em 2016, e que me influenciou a retornar aos estudos e cursar uma licenciatura. Por estas e tantas outras recordações não citadas nessas linhas, é que parabenizo esta escola pelos seus 40 anos de trajetória.

quinta-feira, abril 20, 2017

Dica de leitura: Orgulho e Preconceito – Jane Austen


Encontrei este livro entre outros, na seção de literatura estrangeira do acervo público da Biblioteca de São Desidério. Ainda não tinha visto por lá, nada da autora Jane Austen. Por curiosidade, levei a obra para ler. Até então, o meu primeiro contato com a autora se resumia apenas ao filme “O clube de leitura de Jane Austen”, livro que ganhou as telinhas em 2007. O filme foi motivo de inspiração para o surgimento do projeto Clube da Leitura, realizado pela biblioteca, desde julho 2013. Mas sobre isso falarei em outro post.

Jane Austen é considerada a primeira romancista moderna da literatura inglesa. O romance “Orgulho e Preconceito” é o segundo da autora.  A sátira é uma das características predominantes da escritora nesta obra. Após ler a obra, ontem assisti ao filme, lançado em 2006. Prefiro dessa forma. Primeiro tomar conhecimento da obra literária e depois, se for o caso, apreciar a obra cinematográfica. Não sei se essa é uma impressão comum, mas penso que por vezes, os filmes sempre deixam a desejar, ou não conseguem agregar riqueza de detalhes ou passos marcantes que a narrativa escrita apresenta.

Sobre o enredo - Num cenário da Inglaterra rural, por volta do século XVIII, o enredo acontece em torno do casal Elizabeth Bennet (Lizzy) e Fitzwilliam Darcy. Além de Lizzy, o casal Bennet tem outras quatro filhas, também solteiras. A história tem início com a chegada do Sr. Bingley, um jovem rico que aluga uma mansão, próxima à casa dos Bennet, e por este motivo, considerado pela senhora Bennet, como um bom partido para uma das filhas. Já o senhor Darcy, não desperta boa impressão, principalmente em Lizzy, que não gosta dele desde o primeiro instante. Este é um dos motivos pelo qual o faz se apaixonar por ela. Ao longo da narrativa, a autora revela o amadurecimento do romance entre os dois, entre outras surpresas. O final não surpreende, tendo em vista que a autora deixa claro desde o início do livro, o assunto principal que irá nortear a trama.  


Orgulho e Preconceito de Jane Austen, li e recomendo!

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...