quinta-feira, abril 18, 2019

Recordações do Dia Nacional do Livro Infantil

Essas são algumas recordações preciosas de Contação de Histórias pela passagem do Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril) e outras ações de incentivo à leitura realizadas a convite de algumas escolas no município (Creche Municipal Ana Maria de Santana, Escola da Terra e Escola Presidente Castelo Branco).

"Um país se faz com homens e livros!" (Monteiro Lobato)


















Por Analítica

segunda-feira, abril 08, 2019

Jornalismo, mudança e reinvenção



Poderia escrever milhões de coisas sobre o que representa o Jornalismo para mim, o que sinto e penso a respeito da profissão que há nove anos escolhi para atuar, tentar fazer a diferença, desconstruir o mundo e descrever experiências vividas intensamente, como já foi relatado nos primeiros posts desse blog, que teve seu nascimento em 2010, mesma data em que se comemora oficialmente o Dia do Jornalista (07 de abril).

Posso dizer sobretudo, que foi no jornalismo e pelo jornalismo que vivi algumas de minhas principais façanhas e realizações. Compartilhar a coautoria de um livro com duas colegas jornalistas foi uma delas. Ter a oportunidade de conhecer alguns lugares, histórias e pessoas interessantes, lições que talvez jamais teria conhecido, caso não fosse por meio da oportunidade de uma reportagem. Histórias que inclusive são relatadas neste blog que é alimentado por muitas dessas experiências são fundamentais na minha trajetória jornalística, muitas delas tornaram-se lições de vida e passaram a nortear a minha personalidade, assim como descreveu Cláudio Ábramo: "O jornalista é, antes de tudo e sobretudo a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter".

Ao longo de quase uma década vivendo na veia os desafios dessa profissão, me deparei com muitos colegas que entre uma pauta e outra, uma cobertura ou fechamento de uma publicação, relatarem suas emoções e também as frustrações da profissão. Quer sejam relacionadas a remuneração financeira - uma das principais insatisfações de muitos jornalistas, ou ainda pelo fato de não serem lidos, compreendidos, pelos caminhos que a profissão está tomando no cenário regional e nacional, entre outros motivos que contribuíram para que o seu modo de 'fazer jornalismo' tenha esmorecido com o passar do tempo.

Afinal, são horas e horas checando uma informação, redigindo um texto, buscando um ângulo perfeito de uma foto ideal para compor uma matéria, caprichar em detalhes e obedecer cada requisito que requer uma boa apuração, para depois, nem sempre obter um retorno condizente com o trabalho que foi exigido para construção de tal notícia. O retorno pode não ser o esperado. Faz parte! Mas escrever para quem? Quem dará credibilidade a suas publicações?

Com tantos blogs, "sites jornalísticos" hoje em dia, 'todo mundo' é um pouco jornalista, até mesmo por conta da acessibilidade às mídias digitais, é muito mais fácil publicar informações e fotos em redes sociais sem se importar muito com a qualidade da informação. A bem da verdade, é comum observar atualmente certa preocupação mais por 'quantidade' de informação, do que com a 'qualidade' da informação produzida, sendo este um dos fatores que certamente contribuem para a veiculação das 'fake news'.

Talvez seja este um dos fatores que contribuíram para que muitos profissionais da área, digo 'jornalistas por formação' buscassem outras alternativas, para tentar desconstruir sua rotina que com o passar do tempo tornou-se 'fria', 'vazia', 'repetitiva', 'não compreendida'. Alternativas essas que podem ser chamadas de  'saídas para o jornalismo'. Novos desafios, novas opções, outros rumos, partindo ou não das possibilidades que um dia o jornalismo proporcionou.

Seja como forma de se realizarem como profissionais, e porque não dizer 'incrementar' a renda, muitos profissionais que conheci e convivi, tornaram-se fotógrafos, aderiram de vez a trabalhos relacionados especificamente à literatura, criarem blogs, sites, investiram em sua própria assessoria de imprensa, tentaram o marketing, comércio, entre outras possibilidades. Ou seja, eles se reinventaram. Reinventar! Essa se tornou a palavra de ordem. Finalizo parafraseando o que o autor Mark Briggs ressaltou em sua obra Jornalismo 2.0. "Mudar é inevitável. Progredir é opcional. O futuro é agora!".

Por Analítica
Foto: Divulgação



quinta-feira, abril 04, 2019

A sangue frio (Truman Capote)


'A sangue frio' é um best-seller de autoria do escritor norte-americano Truman Capote. A obra foi escolhida propositalmente para a Dica de Leitura do Analítica em homenagear ao mês em que se comemora o Dia do Jornalista (07 de abril), e também, a mesma data do aniversário de 09 anos do blog Analítica. Por ser um clássico, o livro é um relato verdadeiro de um homicídio múltiplo e suas consequências, e marca o jornalismo literário, dando início a um novo gênero, o qual o autor definia de 'romance de não ficção'.


O enredo começa quando em 1959, ao ler uma notícia do assassinato de um fazendeiro e de sua família em uma cidade chamada Holcomb, situada no estado do Kansas despertou o interesse de Truman Capote em investigar com mais afinco, realizando um trabalho que mais tarde iria marcar o jornalismo literário e projetá-lo como um dos jornalistas/escritores mais consagrados de todos os tempos. 

Capote chegou a cidade um mês depois do crime e fez a reconstituição da cena. Ele demorou seis anos para concluir a obra que somente foi publicada em 1966 inaugurando o novo gênero o romance de não-ficção, um trabalho que repercutiu muitas polêmicas.

O escritor aprofundou ao tema com riqueza de detalhes, um trabalho com mais de oito mil páginas de investigação que condensou numa obra de 422 páginas. Foram necessárias várias entrevistas incluindo a dos assassinos, aos quais ficou próximo para obter informações. Uma das marcas registradas de seu estilo próprio, é o fato de entrevistar grande número de pessoas sem necessitar fazer qualquer anotação ou gravvação.

No início da obra o autor faz a descrição da pacata cidade, como se pode observar na página 59: “As pessoas que chegam a Garden City, depois que se adaptam ao silêncio da Main Street toda noite acabam descobrindo muita coisa que dá razão aos louvores defensivos de seus cidadãos: uma biblioteca pública bem administrada, um jornal diário, praças gramadas e sombreadas, plácidas ruas residenciais onde animais domésticos e crianças podem correr soltos com toda segurança...”.

Capote também faz uma breve descrição dos moradores, na mesma página 59. “...os moradores da Garden City negam que a população local possa ser diferenciada socialmente. ‘Não senhor. Aqui não há nada disso. Todos são iguais, independentemente da riqueza, da cor ou da religião. Tudo do jeito que deve ser numa democracia, assim é o que nós somos’, mas é claro, as distinções de classe são tão claramente observadas e tão claramente observáveis, como em qualquer outra colmeia humana”.

Do relato do encontro entre os assassinos ele descreve os primeiros contatos. “Dick ficou convencido de que Perry era aquela raridade, um ‘matador por natureza’ – absolutamente são, mas desprovido de consciência, e capaz de conferir, com ou sem motivo, golpes mortais totalmente a sangue frio”, páginas 84 e 85.

Na narrativa da cena do crime, o autor descreve precisamente cada detalhe para prender a atenção do leitor, como nos trechos a seguir:

“O som dos nossos passos foi o que me deixou mais assustada, era tão alto e estava tudo tão quieto. A porta de Nancy estava aberta. As cortinas não tinham sido fechadas, e o quarto estava cheio de sol. Não me lembro de ter gritado... - gritei e gritei. Só me lembro do ursinho de pelúcia de Nancy olhando para mim. E de Nancy. E de sair correndo...”, pág. 90 e 91.

“Ela está morta!” E atirou-se em seus braços. É verdade papai! Nancy está morta!”. Eu não entendia nada... encontrei um telefone,...mas estava fora do gancho, e quando o peguei, vi que os fios tinham sido cortados”. Pág 91.

“O sofrimento. O horror. Estavam mortos. Uma família inteira. Gente boa, simpática, que eu conhecia – todos assassinados. Eu precisava acreditar, porque era mesmo verdade”, página 97.

"Uma tragédia, inacreditável e muito mais chocante do que as palavras conseguem exprimir, atingiu quatro membros da família de Herb Clutter no fim da noite de sábado ou no início do dia de hoje. A morte, brutal e sem motivo aparente...", pág. 102.

Percebe-se que o autor vai conectando cada detalhe no desencadear dos fatos até a captura dos assassinos e de seus depoimentos:

“E Hickock disse: ‘Foi Perry Smith que matou a família Clutter’. Ergueu a cabeça, e endireitou lentamente o corpo na cadeira, como um lutador nocauteado que se esforça para reerguer-se. ‘Foi Perry. Não consegui fazer ele parar. Ele matou todo mundo’”. Pág. 287.

Do julgamento dos assassinos até o desvendar do crime. “Os agentes do KBI afirmaram que Hickock tinha dito que ele e Smith invadiram a residência dos Clutter esperando encontrar um cofre com pelo menos 10 mil dólares. Mas não havia cofre algum, e por isso eles amarraram a família Clutter e mataram todos a tiros um por um” Pág. 287.

Da sentença dos assassinos e do adiamento da pena e espera no Corredor da Morte, até o momento em que foram executados em 1965:

“Dois anos passaram. A partida de Wilson e Spencer deixou Smith, Hickock e Andrews sozinhos com lâmpadas acesas e as janelas veladas do Corredor da Morte”, pág. 395.

“E foi assim que ao amanhecer daquela manhã de quarta-feira, Alvim Dewey, tomando seu café da manhã na cafeteria de um hotel de Topeka, leu na primeira página do Star de Kansas City, a manchete que havia muito ele esperava: MORTE NA FORCA POR CRIME SANGRENTO. A matéria começava assim: ‘Richard Eugene Hickock e Perry Edward Smith, comparsas no crime, foram enforcados hoje na prisão estadual por um dos crimes mais sangrentos dos anais criminais do kansas. Hickock de 33 anos, morreu primeiro, às 00h41; Smith, de 36, morreu às 01h19...’”

Para finalizar o autor relata a volta do detetive Alvim Dewey à cidade onde ocorreu o crime onde ele visita o túmulo da família Clutter“...ele voltou para a sombra das árvores deixando para traz o vasto céu e o murmúrio das vozes do vento que curvava o trigo”, pág. 422.

Por: Analítica

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...