quarta-feira, julho 21, 2021

O olho mais azul (Toni Morrison)

 


"Uma menina negra que desejava alçar-se para fora do fosso de sua negritude e ver o mundo com olhos azuis", p. 181.

Esse é o desejo de Pecola Breedlove, uma garota negra de 11 anos que se sente rejeitada e sofre diariamente o preconceito. Influenciada por um modelo de beleza americano imposto nos anos 1940, Pecola reza todos os dias pedindo para ser branca, loira e ter olhos azuis, características físicas, que para ela, possibilitaria uma melhor inserção na sociedade da época.

Uma história comovente, profunda, com cenas fortes, cujas descrições doem ao simples fato de imaginar todo o sofrimento, não só de Pecola, mas também toda a dor e ódio em torno de um contexto que se configura pela marginalização de uma raça.

O texto de Toni nessa obra apresenta narrativas que permitem fortes reflexões e apontam para a situação de vulnerabilidade de uma personagem de apenas 11 anos, ao mesmo tempo em que a apresenta como uma garota movida pelo desejo de ser aceita na sociedade que vive. 

Um dos momentos mais impactantes da obra é marcado pelo episódio em que Pecola é abusada sexualmente pelo próprio pai e engravida dele, e toda a repercussão gerada em torno desse fato.

A obra é o primeiro romance de Toni Morrison, vencedor do Prêmio Nobel de literatura em 1993. Indicação de edições anteriores da Tag Inéditos também entrou na lista de leituras do Analítica logo depois da leitura de 'Sula', da mesma autora. 

É um tipo de leitura que impressiona pela descrição, pelo enredo, pelos personagens e pela sensibilidade da escrita que dá margem a outras releituras e reflexões. A leitura foi concluída ontem mas ainda tentando digerir, tamanho o impacto que a obra gerou. Gostei desse segundo contato com a escrita da autora, ela é sensacional, e recomendo conhecer a emocionante história de Pecola. 



Por Analítica

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