segunda-feira, abril 08, 2019

Jornalismo, mudança e reinvenção



Poderia escrever milhões de coisas sobre o que representa o Jornalismo para mim, o que sinto e penso a respeito da profissão que há nove anos escolhi para atuar, tentar fazer a diferença, desconstruir o mundo e descrever experiências vividas intensamente, como já foi relatado nos primeiros posts desse blog, que teve seu nascimento em 2010, mesma data em que se comemora oficialmente o Dia do Jornalista (07 de abril).

Posso dizer sobretudo, que foi no jornalismo e pelo jornalismo que vivi algumas de minhas principais façanhas e realizações. Compartilhar a coautoria de um livro com duas colegas jornalistas foi uma delas. Ter a oportunidade de conhecer alguns lugares, histórias e pessoas interessantes, lições que talvez jamais teria conhecido, caso não fosse por meio da oportunidade de uma reportagem. Histórias que inclusive são relatadas neste blog que é alimentado por muitas dessas experiências são fundamentais na minha trajetória jornalística, muitas delas tornaram-se lições de vida e passaram a nortear a minha personalidade, assim como descreveu Cláudio Ábramo: "O jornalista é, antes de tudo e sobretudo a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter".

Ao longo de quase uma década vivendo na veia os desafios dessa profissão, me deparei com muitos colegas que entre uma pauta e outra, uma cobertura ou fechamento de uma publicação, relatarem suas emoções e também as frustrações da profissão. Quer sejam relacionadas a remuneração financeira - uma das principais insatisfações de muitos jornalistas, ou ainda pelo fato de não serem lidos, compreendidos, pelos caminhos que a profissão está tomando no cenário regional e nacional, entre outros motivos que contribuíram para que o seu modo de 'fazer jornalismo' tenha esmorecido com o passar do tempo.

Afinal, são horas e horas checando uma informação, redigindo um texto, buscando um ângulo perfeito de uma foto ideal para compor uma matéria, caprichar em detalhes e obedecer cada requisito que requer uma boa apuração, para depois, nem sempre obter um retorno condizente com o trabalho que foi exigido para construção de tal notícia. O retorno pode não ser o esperado. Faz parte! Mas escrever para quem? Quem dará credibilidade a suas publicações?

Com tantos blogs, "sites jornalísticos" hoje em dia, 'todo mundo' é um pouco jornalista, até mesmo por conta da acessibilidade às mídias digitais, é muito mais fácil publicar informações e fotos em redes sociais sem se importar muito com a qualidade da informação. A bem da verdade, é comum observar atualmente certa preocupação mais por 'quantidade' de informação, do que com a 'qualidade' da informação produzida, sendo este um dos fatores que certamente contribuem para a veiculação das 'fake news'.

Talvez seja este um dos fatores que contribuíram para que muitos profissionais da área, digo 'jornalistas por formação' buscassem outras alternativas, para tentar desconstruir sua rotina que com o passar do tempo tornou-se 'fria', 'vazia', 'repetitiva', 'não compreendida'. Alternativas essas que podem ser chamadas de  'saídas para o jornalismo'. Novos desafios, novas opções, outros rumos, partindo ou não das possibilidades que um dia o jornalismo proporcionou.

Seja como forma de se realizarem como profissionais, e porque não dizer 'incrementar' a renda, muitos profissionais que conheci e convivi, tornaram-se fotógrafos, aderiram de vez a trabalhos relacionados especificamente à literatura, criarem blogs, sites, investiram em sua própria assessoria de imprensa, tentaram o marketing, comércio, entre outras possibilidades. Ou seja, eles se reinventaram. Reinventar! Essa se tornou a palavra de ordem. Finalizo parafraseando o que o autor Mark Briggs ressaltou em sua obra Jornalismo 2.0. "Mudar é inevitável. Progredir é opcional. O futuro é agora!".

Por Analítica
Foto: Divulgação



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