quarta-feira, setembro 15, 2010

Intercom 2010: Voar, voar, subir, subir!

Agosto já se finda. Aumenta a ansiedade em torno da viagem de avião. A primeira. Não há outra alternativa em conta quando se trata de mais de dois mil quilômetros pela frente, Bahia - Rio Grande do Sul, mas necessariamente até Caxias do Sul, sede do 33º Intercom – Congresso promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

Ainda no aeroporto Juscelino Kubitschek em Brasília, na sala de espera um susto. O meu comprovante de embarque parece ter sumido. Desespero também das colegas Bruna e Jackeline. Bolsa revirada sem sucesso. A aeronave 3769 já se encontra em solo e a qualquer momento seremos chamadas para o embarque. O movimento chama a atenção de outras pessoas.

– Poxa. Cheguei até aqui para dar errado justo agora a ponto de não realizar meu grande sonho de voar? – Pensei.

Mas um bolso ainda não fora revistado, o único que permanecia fechado. Na agonia esqueci de revistá-lo. Ufa! Está aí o comprovante procurado. O sufoco de outrora agora é motivo de graça. Estava tudo normal demais para ser verdade.


Foto Ana Lúcia Souza



Dentro do avião, o assento 19 A fica ao lado de uma janela e paralelo à asa esquerda. É onde me sento. Cerca de 150 passageiros estão a bordo. Todos acomodados, a aeronave inicia o taxiamento até a pista de decolagem enquanto a comissária de bordo passa as instruções de segurança. Do lado direito duas senhoras gaúchas a caminho de Porto Alegre.

- É a primeira vez que tu voa guria? Analisa a que está do lado.

- Sim. Respondo em meio à adrenalina.

Agora são 16 horas e uma sensação estranha me passa dos pés à cabeça. Não ouço mais o barulho da aeronave. A sensação é de que o avião está parado no ar. Olho a janela e algumas nuvens passam devagar. Finalmente estou voando! – podia gritar isso, mas me contive em risos. Lá embaixo, aos poucos Brasília vai ficando para trás. A paisagem é marcada por desmatamentos, queimadas e lavouras. Algumas turbulências aguçam a viagem que se torna ainda mais emocionante.

Após a primeira hora de vôo, impaciência. Enquanto algumas pessoas dormiam, liam, eu sentia fome. Não havia muito que fazer e o cheiro do lanche que as duas senhoras comiam ao lado aumentava meu apetite, então tratei de me acalmar. Enfim o lanche é entregue pelo serviço de bordo. Snack de chocolate com refrigerante. Não era o suficiente. Pensei comigo. Mas a senhora ao lado não foi nada discreta.

- Bah! Nem suco eles tem. Antigamente no avião serviam almoço, sanduíche, suco. Hoje, pra quê abaixar essa mesa, só para colocar o copo, daí. Tu tem que trazer um lanche a mais guria. Resmungou a passageira veterana enquanto se virava para devorar outro lanche que trazia na bolsa.

Pouco mais das 18 horas e o comandante anuncia a aterrissagem. Aproveitando-se da condição de veterana, a senhora que está ao meu lado faz questão de passar algumas informações.

- Tu vê aquilo ali? É o reverso. É aquela parte da asa que se abre e é responsável por controlar o freio do avião no ar. Tu vais ver como a asa fica grande. Aquele avião da TAM, que caiu, tu te lembra? Foi por causa do reverso. Se ele não abrir a gente cai, sabias? Explicou a senhora apontando para uma parte específica da asa.

Não parecia ser uma boa hora para ela dizer aquilo. Meus olhos grandes e assustados passaram por algum tempo fixos em direção a asa. Até o momento em que os tais reversos desempenham satisfatoriamente sua função. Mais uma vez um calafrio na barriga por conta de pequenas manobras e da descida gradativa do avião e o pouso no aeroporto Salgado Filho. O relógio marcava 18h30min. Em Porto Alegre 17º. Começava a chover e ventava naquela noite de 1º de setembro.  

Continua...

Por Analítica em 15. 09.10

2 comentários:

  1. Velocidade de 1050 km Ana?! Acho q foi 1050 pés que ele falou louca...

    Muito legal teu texto...quero ler o resto

    ResponderExcluir

Dica de Leitura: Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

  “As conveniências muitas vezes prolongam a infelicidade”. Em ‘Amar, verbo intransitivo’, embarcamos com Mário de Andrade, em uma obra cara...