segunda-feira, dezembro 26, 2011

Como é bom festejar!

Comemorando em jantar especial de Natal da Turma do Canecão

Alguns presentes que ganhei

 
Surpresa do Marcos, meu namorado
Almoço especial com minhas irmãs Six, Luciane, meu namorado Marcos e as amigas Lu Roque e Thilú em Barreiras
Como é bom ter amigos. Percebo isso principalmente em datas como a de meu aniversário, quando me sinto um pouco mais querida por meus familiares, namorado, amigos. O dia 23 de dezembro foi especial para mim, cheio de surpresas e comemorações. O fato de meu aniversário ser uma data próxima do Natal sempre rende motivos para festejar, ainda mais por  eu ter escapado de ter sido registrada com o nome de Natalina, porque tenho a certeza de que minha mãe não teria escolhido Natália. Mas ainda bem que nasci na véspera da véspera. E como é difícil falar dé nós mesmos, abaixo republico um texto de minha querida amiga Luciana Roque que sabe como ninguém me descrever.

E viva a Aninha

Por Luciana Roque em www.mundodaluroque.blogspot.com

Meninas do Rio em apresentação do TCC

Pagando mico em Barra

É meiga, inteligente, espalhafatosa e muitíssimo desastrada, desculpa Aninha você sabe que é verdade hihihi. Ela deve ser mantida bem distante de equipamentos eletrônicos, principalmente, pois tem um alto poder de destruição, Carlos Araújo que o diga, tadinho, quase ficou sem a preciosa câmera fotográfica dele, e ela ainda por pouco não destruiu o notebook dele e como esquecer quando ela quase pulverizou todo o trabalho de doutorado do César. Acho que o problema maior são aqueles braços compridos ou as mãos dela que muitas vezes funcionam como hélices, sei lá.

Sem falar que ela é linda, um sorrisão meio tímido, apesar dela se achar cheia de imperfeições hahaha, troque de espelho, querida.

É uma pessoa que não passa na sua vida, ela fica. Não esqueço que no dia da nossa defesa do TCC, você fez Carlos se derreter em lágrimas, quantas gargalhadas me proporcionou com seus rompantes de aprendiz de jornalista nos tempos da faculdade, nossas viagens de pesquisa, as trocas de nomes, as hilárias imitações: Mardenzinho, Balduíno, Cecececésar, Nádia, Ivana, Neura, Simone, eu, Jack, Thiarinha, Rôney, Carlos, Zé eita que a lista é longa...

A Aninha é de uma generosidade ímpar, muito companheira, chega de mansinho e quando você se dá conta, pronto, já se instalou definitivamente no coração da gente.

Muitas felicidades, muitos anos de vida, que Deus a abençoe sempre e Viva a Aninha!

quarta-feira, dezembro 21, 2011

A lapinha da vó


A melhor recordação que tenho de Natal é de ver minha avó Si montar a lapinha no dia 24 de dezembro. Uma tradição que ela preserva a mais de 50 anos por promessa. Segundo a vó muitas moças costumavam ir para as grutas cerca de duas semanas antes do Natal para buscar pedras chamadas de lapas para utilizarem na confecção das lapinhas.
Desde quando éramos pequenas, eu e minhas primas costumávamos observar nossas mães ajudarem a matriarca da família. Nossa contribuição nessa época se resumia em ajudar a carregar as plantas e enfeitá-las com as bolas de Natal. Lembro também da cola de tapioca que minha avó costumava fazer para colar o papel, seja forrando as latas das plantas ou um velho caixote utilizado para colocar os santos. Outra lembrança era o licor de jenipapo preparado para servir depois da reza, nos dias 24, após a missa do galo e dia 06 de janeiro, dia de santo Reis. A gente sempre tomava escondido da vó quando íamos rezar à noite na lapinha no intervalo entre dia 24 e 06.

Com o tempo assumimos de vez a função de montar a lapinha para ajudar a vó. Das primeiras vezes ela ficou nervosa porque ainda não tínhamos pegado os trejeitos do tal ofício e assim ela questionava:

- Ô menina cadê a boca da lapinha. Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço, eu só vou colocar o santo.
A ‘boca da lapinha’ que ela se referia se trata de um formato triangular, seja por meio de plantas ou do próprio papel que no final se configura em uma gruta deixando transparecer uma entrada com destaque para onde se apresentam os santos. Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez de tal tarefa, mas sempre dando seus pitacos. Um opinião daqui, outro dali e num instante a casa está cheia. Nesse movimento descobri que até mesmo meu pai já fez lapinha. Ele ajudava uma senhora que já faleceu a montar sua lapinha.

Hoje por conta de outras atividades da rotina costumamos anteceder o dia da montagem, e não mais no dia 24. Com a valorização do costume de presépios em São Desidério, um Concurso de lapinhas é realizado desde 2009, ano que a lapinha de minha avó foi premiada em segundo lugar. Em 2010 ficamos em primeiro lugar. Para este ano em decorrência da morte de meu avô, que fará um ano próximo dia 31, o desânimo foi unânime na comissão organizadora da lapinha da vó, e acabamos por pensar em algo menor e difícil de ser definido. Apenas para não deixar que minha avó simplesmente coloque a mesa e os santos.

Foto: Jackeline Bispo 

terça-feira, dezembro 20, 2011

Meus tropeços


Assumo meus tropeços. E não são poucos. Mas vou relatar apenas os mais gritantes que me trouxeram grandes lições, como de certa vez que fui a um circo que chegou em São Desidério e se instalou nas imediações do Coliseu da Paz. Tudo corria tranquilamente até o espetáculo terminar e todos se dirigirem até a saída. Eu toda feliz, mal esperava que viraria alvo da palhaçada da noite em um espetáculo a parte em poucos instantes. Tinha uma multidão na área externa e eu procurava minha turma para ir embora quando de repente tropecei em uma das cordas que suspendem a lona do circo, como se estivesse pretendendo fazer uma espécie de acrobacia em um trapézio, só que sem a rede de segurança. “No meio do caminho havia uma corda, havia uma corda no meio do caminho”.  Não deu para pensar muito. Vi do chão muita gente sorrindo com aquela atração pós - espetáculo. Não demorei dois segundos e me levantei rapidamente sem entender como aquilo acontecera e logo comigo. Já se passaram oito anos desde esse acontecido e até hoje penso duas vezes antes de ir a um circo novamente.
Outra vez, voltando do trabalho e passando avenida JK, principal avenida da cidade em horário de pico, ao mesmo tempo que andava em passo acelerado, como de costume, também conversava com a amiga Jacky. Sem perceber escorreguei em uma calçada de certo comércio, caí de quatro no chão com bolsa e notebook. Olhei rapidamente para dentro do comércio e notei que algumas pessoas haviam visto a cena. Desastre? Desleixo? Pernas bambas? Era apenas uma calçada no meio do caminho. No meio do caminho havia uma calçada. Passei o resto do trajeto rindo de mim mesma, sem contar que a Jacky, para variar, chorava de tanto rir.

Mas talvez a mais incomum e memorável de todas as minhas quedas tenha sido uma da qual fui vítima na praça das Corujas em Barreiras. Em um sábado pleno de sol de fevereiro de 2008 voltava do dentista super apressada para pegar o ônibus, ou o que quer que fosse, para retornar a São Desidério o mais rápido possível, pois era início do curso de inglês e a aula começava às 09 horas, e, no entanto já eram cerca de 08h30min. Chegou uma vam e eu corri como se naquele momento só houvesse apenas eu e esse automóvel no mundo. Não olhei para traz, só sabia que a praça estava repleta de gente e a vam também. No intervalo entre a praça e o automóvel foram centésimos de segundos, tempo suficiente para abraçar o chão novamente. E como de costume levantei rápido e queria sair dali o quanto antes. Entrei na vam sem sequer olhar para o lado. Só me lembro de ter dito ao motorista para sair imediatamente, pois estava muito apressada e envergonhada. Para a minha infelicidade ele desligou a vam e ainda quis saber como é que tinha caído. Logo ele que viu tudo de camarote e sorrindo. No meio do caminho havia um motorista sarcástico. Passado a euforia só durante o percurso percebi que algo em minha mão esquerda doía, incomodava. Era uma ferida que mai tarde se configurou em um sinal, reflexo de mais uma de minhas quedas, ou melhor, um aprendizado que me faz refletir a cada vez que lembro: a pressa não é a melhor combinação quando se está atrasado e não se tem muito que fazer. Por isso não corra muito!  

segunda-feira, julho 25, 2011

Tributo à Amy Winehouse



A ocasião era a da Aula da Saudade da Turma 2009.2 de Jornalismo e Publicidade ocorrida em dezembro daquele ano. A fantasia de Amy Winehouse foi uma produção de Bruna e Beth Pires com direito a tatuagens e bebidas, e isso foi suficiente. Para além da música que fazia, drogas e escândalos marcaram a vida da cantora, muito embora não tenha precisado dessas duas qualidades para encarnar a personagem. Apenas uma pequena performance do refrão de Rehab. “They tried to make me go to rehab but I said 'no, no, no'”.

terça-feira, julho 12, 2011

Romaria na capital baiana da fé




















Eram 10 horas da manhã de sexta-feira 08 de julho, quando romeiros partiram de São Desidério para a 34ª Romaria da Terra em Bom Jesus da Lapa. O microônibus lotado era só mais um dos três transportes destinados para a viagem. Na estrada algumas paradas necessárias para refrescar o calor e o tempo seco que intensificavam a cada vez que aproximava o fim do percurso. Muita música e animação marcaram o trajeto de cerca de 355 km quando pouco mais de 16 horas os fiéis chegaram à capital baiana da fé. Ao mesmo tempo, ônibus desembarcavam outras caravanas. Na Romaria da Terra é assim, pessoas se deslocam de várias regiões da Bahia, de outros estados e até mesmo de outros países para participarem desta que se tornou um dos maiores eventos religiosos do país.


Enquanto pedestres, carroças, motos, bicicletas e outros transportes disputam espaço entre as vielas próximas ao Santuário de Bom Jesus da Lapa, o comércio se fortalece pela venda de artigos religiosos. Aos gritos, vendedores ambulantes tentam ganhar o sustento. O colorido das fitas, uma das marcas do romeiro se mistura ao dos chapéus, símbolo característico do município representado na figura de orelhões espalhados por toda a cidade. Vale de tudo para chamar a atenção do freguês, até mesmo expor animais para fotografias. Hotéis e pousadas em grande número, assim como residências disponíveis para alugar encontram-se lotados a esta época do ano.

A cruz, o principal sinal da romaria lidera os grupos que caminham entre as ruas, e vão rezando e cantando “Romaria da Terra faz o povo reunir....”, e sempre se encontram na grande esplanada do santuário que é um dos mais antigos do Brasil. Entre plenários, procissões, ofício de Nossa Senhora, missas e celebrações o romeiro vai se encontrando na programação que começa desde às 05h30. Este ano as discussões tiveram como foco o tema central “Mudar o sistema, não o clima”. Mas o romeiro também teve espaço para se divertir, seja na noite cultural regada a muito forró ou no aconchego da pracinha principal.

A subida ao morro é o ponto alto da romaria. Por alguns instantes os devotos adentram por uma fenda na rocha e só depois de alguns minutos saem já próximo ao topo do morro, onde está cravada uma cruz. Lá aproveitam para pagar promessas pelas graças alcançadas, fazer pedidos ou simplesmente apreciarem uma vista belíssima do Rio São Francisco e da cidade.

Um pouco de história – Localizada a 796 km da capital Salvador, Bom Jesus da Lapa é banhado pelo Rio São Francisco. Conta a história que há mais de 300 anos Francisco de Mendonça Mar abdicando de sua riqueza tomou a imagem de um crucifixo e iniciou uma peregrinação pelo sertão baiano. Após meses de caminhada deparou-se com um morro e adentrando ao local descobriu uma gruta, cravando aí o crucifixo. Em 1705 foi ordenado padre em Salvador recebendo o nome de Francisco da Soledade. Retornou a Bom Jesus e lá residiu até falecer em 1722. Devoto de Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade, os dois salões maiores no interior da gruta se tornaram igrejas e receberam esses nomes respectivamente. Foi Francisco da Soledade quem construiu a torre do santuário e outros detalhes também foram adicionados pela mão do homem ao longo dos anos, a exemplo de pisos e altares. Uma imagem de Francisco da Soledade está localizada em frente à entrada da gruta. A cada ano a romaria que acontece no mês de julho, ganha milhares de adeptos, bem como no dia 06 de agosto, que é a data oficial destinada aos festejos de Bom Jesus da Lapa.

terça-feira, junho 14, 2011

Jogo clássico entra para a história de São Desidério

O amistoso entre a Seleção Brasileira de Masters e a Seleção Saodesiderense de Masters direto do Estádio Ocival Rodrigues de Souza em São Desidério, reinaugurado na noite de 12 de junho é um marco na história de São Desidério. Apesar do placar marcar 6X0 a favor da Seleção Brasileira, isso foi apenas um detalhe. Bom mesmo foi ver de perto as jogadas de veteranos do futebol, jogadores consagrados em times do país e do exterior, além de atuarem na Seleção Brasileira.

“É sempre muito bom participar de festas assim e ver que as pessoas admiram e vem em paz prestigiar o nosso trabalho”, declarou o jogador Viola. “Para nós é sempre gratificante, é um jogo festivo que temos o prazer de participar e saber que aqui existem muitas crianças e jovens que se inspiram no trabalho que fizemos um dia e que continuamos desempenhando por meio desse projeto”, afirmou o técnico Ricardo Rocha.

Escalação da Seleção Brasileira de Masters: Ricardo Rocha (técnico), Vagner (goleiro), Alex Pinho, Gonçalves, Alexandre Torres, Valber, Lira, Ademir Chagas (Bigu), Junior Baiano, Viola, Leandro Ávila, Donizete, Agnaldo, Sorato, Pimentel, Alemão e Maurício.

Foto: Jackeline Bispo

quarta-feira, maio 25, 2011

O resgate do santo São Desidério

Pouco conhecido no Brasil, São Desidério, o santo, foi um bispo que viveu na França por volta do ano 607 D.C. A história registra que ele foi decapitado em 23 de maio por professar sua fé católica em Jesus Cristo. A partir de então esse passou a ser o dia destinado a homenagear o santo.

São Desidério, o município, não recebeu este nome em homenagem ao santo europeu. Tão pouco é o padroeiro da cidade, posto ocupado por Nossa Senhora Aparecida. A semelhança foi mera coincidência. Contam os mais velhos que um dos primeiros moradores do ainda povoado foi o fazendeiro Desidério José de Souza. Por ser dono de muitas terras e bastante popular na região, virou referência. As pessoas chamavam o local de fazenda de "seu Desidério". Com o tempo, o nome passou para São Desidério, emancipado em 22 de fevereiro de 1962.

Ainda assim a relação entre o santo e o nome da cidade permaneceu instigando a curiosidade de muita gente, como Terezinha Brandolis que chegou ao município em 1992. Segundo ela, por volta de 1993, foi mandado construir uma imagem de São Desidério que, carregada em procissão, foi levada até a Igreja Matriz. Porém, o santo ficou pouco tempo no local e logo foi enviado para um artesão em Barreiras para reforma.


Procissão com o santo em 23 de maio de 2009

Seis anos se passaram e a imagem não retornou ao município desencadeando um mistério. O santo sumiu. Certo dia dona Terezinha se deparou com a imagem aos fundos da loja de um grande empresário de Barreiras, que o mantinha como enfeite. Era coisa do destino, e por que não dizer uma forcinha do próprio santo? A imagem retornou ao município de origem e permaneceu sob os cuidados de Terezinha até que, em 23 de maio de 2009, a pedido da comunidade, foi levada em procissão para o Centro de Convivência dos Idosos, local escolhido pelo vigário. De lá o santo só sairá para a igreja nova – em construção, onde ocupará um lugar próprio.

quarta-feira, maio 04, 2011

Peregrinação à Santa Cruz

A peregrinação ao morro da Santa Cruz é realizada no dia 03 de maio em Riacho Grande, distante 8 km da sede São Desidério. Há cerca de 100 anos, foi cravada uma cruz de madeira de aproximadamente cinco metros de altura no morro de Santa Cruz, a cerca de 3 km da localidade, pelos precursores Júlio Xavier do Bonfim, Pompílio da Silva Batista e Justino. Hoje centenas de fiéis fazem o percurso de 110 degraus até o topo do morro para pagarem promessas e fazer pedidos. A estrutura da cruz é a mesma, mantida pelos moradores que levam flores, velas e água ao som de foguetes e muita reza.







segunda-feira, abril 18, 2011

Roxette na veia

Foto: divulgação

Por acaso em julho de 2002 ouvi Roxette pela primeira vez. As músicas marcaram uma viagem a capital Salvador e o meu primeiro contato com o mar. Pronto. Foi paixão a primeira vista. Jamais devolvi aquele CD emprestado que tantas vezes ouvi até não mais prestar. Daí por diante as músicas passaram a embalar vários momentos de minha vida. Certa vez me emprestaram outro CD de Roxette que não tive a felicidade de ouvi-lo a tempo de o ver quebrado à minha frente. Mas adianto que não fui eu quem o quebrou. Invadiram o direito de eu ouvir primeiro. Mesmo quebrado o guardo até hoje como lembrança.

A banda sueca Roxette que já vendeu mais de 75 milhões de álbuns pelo mundo agora volta ao Brasil pela quarta vez. Como uma convicta fã da banda, posso dizer que Roxette está na minha veia, não poderia deixar de discorrer algumas linhas sobre o assunto. A vocalista Marie Fredriksson e o guitarrista Per Gessle retornaram ao trabalho em 2010 após Marie se recuperar de um tumor maligno no cérebro. Os médicos chegaram a afirmar que ela só teria 20% de chance de sobreviver. A turner “Charm school” começou na terça-feira 12 em Porto Alegre, na quinta 14 em São Paulo. No sábado 16 o show foi no Rio de Janeiro, no domingo 17 em Belo Horizonte e na terça 19 novamente em São Paulo.

Morando no oeste da Bahia e bem distante dos locais de show de Roxette me sinto mal e muito deprimida. Resta ouvir as melodias e me conformar. Não poderia deixar de perder a oportunidade de não concordar com a forma como foi divulgada a notícia do show do Roxette em São Paulo, pelo site do Yahoo. A matéria simplesmente acabou com o Roxette. Ao contrário do que foi noticiado pela jornalista que certamente não deve entender muito sobre a banda, Roxette não tem nada de nostálgico. E muito embora a Marie não consiga alcançar as notas mais altas das músicas mais conhecidas, sua voz será sempre inconfundível e ímpar. Como outras bandas que tiveram seu auge nas décadas de 1980 e 1990 Roxette continua sendo correspondida pelo público que ainda se arrepia com os sucessos mais conhecidos como “It must have been Love”, “Almost real”, “Listen to your heart”, “Dressed for success”, “Sleeping in my car”, “How do you do”, “Spending my time”, “Fading like a flower”, “Dangerous”, “Joyride”, “Milk, toast and honey” e tantos outros.

O Eucalipto de Abelardo

Foto: Angenor Vieira de Souza

Na manhã de sábado 09 de abril, uma grande surpresa. Um dos últimos eucaliptos plantados pelo primeiro prefeito Abelardo Alencar estava ao chão. Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. A árvore estava inclinada para a pista oferecendo certo perigo ao tráfego. A postagem abaixo foi publicada em homenagem a este eucalipto no dia da árvore em 21 de setembro do ano passado.

Entre o asfalto e um morro,
Uma referência na Avenida JK
Depois do cemitério lá está
O Eucalipto de Abelardo Alencar

Quando seu mandato iniciou
O primeiro prefeito Abelardo Alencar
Uma fileira de eucaliptos
Na entrada da cidade plantou
E a arborização da cidade começou

Quase cinquenta anos depois
O cenário é comum na rotina de muita gente
Que passa prá lá e pra cá
Todos sabem que assim como seus companheiros
Um dia naquele lugar
O Eucalipto não mais estará

Debaixo desse Eucalipto de histórias
Um fato triste certa noite aconteceu por lá
O episódio de um triplo homicídio
Que sua copa foi testemunha ocular
Referência como parada de ônibus
Oferece sua sombra como descanso
Por quem passa pra lá e pra cá

Apesar de ser uma árvore
Com tempo curto de existência
Ainda pulsa vida
Imponente,
Quase cinquentenária
Imensa

Despendido para um lado
Hoje divide espaço
Com a geração de ficos e nims
Espalhados por toda a cidade
Nesse 21 de setembro
À árvore dedicado

quarta-feira, abril 06, 2011

Um ano do Analítica

A data 7 de abril escolhida para homenagear os jornalistas marca também o nascimento do Analítica. Lembro-me que era uma recém formada jornalista com ideias loucas e com muita vontade de escrever. Na dúvida quanto ao nome, houve até votação. Agradeço a todos que desde o início participaram da concepção deste blog. Vocês fazem parte da história do Analítica. As expectativas continuam e o Analítica sobrevive.

Até o momento são 40 postagens. Penso que seja válido relevar o amadurecimento do blog ao longo de um ano. Mesmo que não domine o poder da síntese, acredito que os textos apresentam-se menos extensos se comparado ao início. A aparência também mudou.

Outro dia fui questionada sobre a possibilidade de o Analítica assumir, por exemplo, uma postura política visto que apresento certa facilidade para escrever textos longos. Não é a minha intenção direcionar o blog a uma única temática. O Analítica foi criado para alimentar minha necessidade de escrever. Não penso em torná-lo uma obrigação por isso escrevo apenas quando quero ou sinto necessidade e sobre aquilo que realmente me chama atenção, seja cômico ou não. O Analítica não gera renda. Escrevo porque gosto mesmo. Escrever me diverte. Morando em um município que é o segundo maior da Bahia, o que não falta são histórias e novidades.

Parabéns Jornalistas. Dias melhores para nossa classe!

E que o Analítica possa comemorar outros aniversários!

segunda-feira, abril 04, 2011

Nostalgia

Inauguração da escola, três dias antes de Abelardo Alencar entregar o cargo ao segundo prefeito Manoel Rodrigues de Carvalho

Há 44 anos foi fundada a Escola Castelo Branco em quatro de abril de 1967. As referências dessa escola no município de São Desidério sempre foram as melhores possíveis. Hoje, data de seu aniversário acordei nostálgica, pois ela faz parte da minha história. Tinha que escrever algo.

Em 1997, aos 10 anos cursei nessa escola a 4ª série. A escola, que ainda pertencia ao estado, oferecia apenas até a 4ª série do primário. Ainda lembro-me do primeiro dia de aula quando cheguei acompanhada de meus pais e de minha irmã mais nova que estudava também a tarde, a 2ª série. Eram apenas duas salas. Era tudo novo. A sala estava repleta ao comando da professora Dalva, sempre muito criativa. Minhas únicas colegas conhecidas eram duas primas. Foi aí o primeiro indício do trio ternura que se consolidou na 5ª série e perdurou até a 8ª série.

Lembro-me do palanque nas aulas de português. Um caixote de feira ornamentado em que subíamos para treinar as leituras das redações. Nessa época ser freira era meu maior sonho e eu o revelei a uma multidão por ocasião da inauguração da quadra poliesportiva municipal na semana do estudante desse ano, em que representava a escola como estudante destaque. Foi também nessa escola que tirei minha primeira nota baixa em matemática. E como esquecer da “Bio” apelido da colega que me perseguia na sala de aula chateando-me por ser uma estudante destaque que tirou nota baixa.


Discurso de estudante destaque
O recreio costumava ser muito divertido. Sim. Aquele pátio imenso. Todos os alunos correndo para lá e para cá. Sem falar nos pés de manga. Eram os maiores pesadelos da diretora Necy. Nossa como ela costumava ficar preocupada e logo batia o sino. Impossível não falar desse sino, porque não se tratava de um sino qualquer. Era o sino do Castelo Branco. E essa fama correu longe. Seu formado inconfundível. Dois pedaços de ferro. Um martelo que atritava contra um pedaço maior de ferro. Cujo barulho repercutido costumava ser estridente e inconfundível. O tempero da dona Joaninha, esse é inesquecível. Aquele macarrão com sardinha era muito especial, assim como a horta que cultivamos, o momento do bochecho. Mas talvez a hora mais aguardada pelos alunos fosse mesmo a recreação. A boleada era uma das brincadeiras mais preferidas. E eu sempre gostei porque eu costumava ser uma das últimas a ser pega. Foi desse período que fiz grandes amigos. Amizades valiosas que cultivo até hoje.

E o destino quis que nove anos após retornasse a escola para trabalhar como secretária. O meu primeiro emprego. Havia algumas mudanças. A dona Joaninha cedeu lugar a sua filha Nilda e a merenda mais especial para mim agora era a maravilhosa sopa de frango da Nilda. Minha passagem pela Escola Castelo Branco foi curta mais o suficiente para fazer novas amizades e conquistar o carinho das colegas com quem trabalhei. Também sempre levarei as exigências da diretora Necy com quem aprendi muitas lições e a ser uma profissional mais exigente.

quarta-feira, março 30, 2011

A vez das mulheres

Há algum tempo....
Um casal sai para jantar em um restaurante. Ele dirige o carro até o restaurante. Ele faz o pedido. Ele bebe cerveja. Ela pede vinho. Ele pede a conta. Ele paga a conta. Ele a deixa em casa e sai com os amigos. Ela fica grávida. O pai da moça obriga o rapaz a casar. Ela não conclui o ensino médio. Os dois moram em uma puxadinha no fundo da casa do pai dele. Ele trabalha fora e estuda direito. Ela fica em casa cuidando do filho. Ele chega do trabalho pega uma cerveja na geladeira. Ela quer assistir novela. Ele assiste o discurso do presidente. A criança chora. Ele tampa os ouvidos. Ela coloca a criança para dormir. Eles jantam e ele reclama do tempero. Ela lava a louça sozinha e chora. Ele vira pro lado e ronca. Ela deita com dor de cabeça e logo dorme.

Hoje em dia....
Um casal sai para jantar em um restaurante. Ela dirige o carro até o restaurante. Ela pede cerveja. Ele não bebe. Ela pede a conta porque ele teme ultrapassar o limite de seu orçamento. Ela paga a conta sem se queixar. Ela o deixa em casa e vai pegar um cinema com colegas da faculdade. Ele quer se casar. Ela não quer nem saber. Ele se queixa de que ela não o ama. Ela o enrola por mais cinco anos. Um dia resolvem juntar os trapos. Os dois vão morar no apartamento dela. Ele é um jornalista desempregado. Ele quer filhos. Ela prefere adotar. Ela já jantou na rua. Ele estava em casa esperando ela para jantar. la chega em casa às 10 h e bebe uma taça de vinho. Ele janta sozinho e depois lava a louça resmungando. Ela senta no sofá e assiste o discurso da presidenta. Ele comenta sobre a ascensão de uma mulher a presidência. Com dores menstruais ela deita para descansar. Ela deita com insônia e reclama da sorte.

quarta-feira, março 23, 2011

O resgate da escrivaninha de Olavo

Olavo Pereira dos Santos foi o primeiro presidente da Câmara de Vereadores de São Desidério. A construção de sua casa situada à rua Ministro Antonio Balbino data de 1943. Atualmente a estrutura passa por reforma e está sendo preparada para se tornar o Museu Municipal.

Na segunda-feira 28 de fevereiro, alguns integrantes da equipe de organização do Museu, da qual participo resgataram a escrivaninha de estima de Olavo, que até então se encontrava no povoado de Sítio de Cima, a cerca de 18 km da sede do município.

O móvel estava na propriedade do sobrinho da última esposa de seu Olavo, dona Eleonor, já falecida. Com cerca de 1,80 metros de altura e apesar de vidros quebrados na parte superior, o móvel se encontrava aparentemente conservado. Nada como uma boa restauração que lhe devolverá o brilho dos velhos tempos.

A escrivaninha resguarda grandes gavetas e fechaduras e revela a organização de seu antigo dono. Dizem os mais velhos que o senhor Olavo passava grande parte do tempo sentado à escrivaninha resolvendo seus negócios e também a utilizada para guardar remédios caseiros.

Fotografando

Foi nas aulas de fotojornalismo na faculdade que tomei gosto pelos cliques. Em contrapartida aos poucos registros fotográficos da minha infância queria poder muito mais do que registrar cada momento da minha vida.

O trabalho como repórter na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de São Desidério me deu a oportunidade de conhecer sempre mais sobre o município onde vivo, sem perder a chance de fazer meus próprios registros.



Assim enquanto trabalho me divirto também fotografando, sem economizar nas performances ao capturar lugares, pessoas, costumes, sempre buscando paisagens diferentes contemplando um enquadramento mais amplo que me permite fazer uma releitura com perspectivas da realidade e do meu conceito sobre fotografar.

Sobre Sandes

São Desidério, como prefiro me referir carinhosamente de Sandes, é o segundo maior município da Bahia com uma extensão territorial de 14.8 mil km², apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Localizado no oeste baiano são aproximadamente três mil quilômetros de estradas vicinais que interligam cerca de 125 povoados.

Há quatro anos o município detém o título de maior produtor de algodão do país e grande produtor de grãos do Norte/Nordeste brasileiro. O cenário é destaque também nacionalmente pelo forte potencial ecoturístico. São cerca de 24 rios perenes, grutas e lugares que despertam encantamento como a Lagoa Azul, o Buraco do Inferno e o maior lago subterrâneo do Brasil – o Lago do Cruzeiro.



Neste cenário saodesiderense de atrativos turísticos, potenciais, personagens e tradições a história do município vai se construindo e se reinventando. São 49 anos de trajetória completados em 22 de fevereiro e uma população de 27. 692 habitantes, segundo o Censo 2010.

quarta-feira, março 16, 2011

Tradição que vence desafios

São Desidério é marcado por manifestações culturais preservados por seu povo ao longo de muitos anos. Uma dessas tradições é a Romaria Ecológica de São Sebastião, realizada em vinte de janeiro, dia destinado a São Sebastião.


Reza a lenda católica que o santo era um soldado romano que foi perseguido e morto por sua luta em defesa dos cristãos. Em São Desidério as homenagens ao santo começam ao amanhecer do dia com a caminhada ecológica da sede até o povoado de Morrão, a cerca de 13 km.

A caminhada é realizada via chapada em um percurso que costumava ser a única via de acesso utilizada pelos transeuntes a partir da década de 70. O objetivo é reviver esse trajeto valorizando as paisagens que ele reserva. Foguetes, fé e alegria marcam os romeiros que trilham o percurso. Em meio ao descanso durante algumas paradas, os fiéis se recompõem com farofa. As rodas de samba são inevitáveis no meio da chapada.

No povoado de Morrão, os moradores aguardam a chegada dos romeiros que se dirigem em procissão até a igreja, onde é celebrada uma missa em honra ao padroeiro São Sebastião.

terça-feira, fevereiro 01, 2011

E já era já vem de lá prá cá!

São muitas as lembranças do tempo de Ensino Médio. Em um desses episódios foi o dia em que pensei que a escola estava desabando. Estudávamos o 3º Ano em uma turma de mais de 40 alunos. Era uma tarde nublada e mais uma aula de redação. De repente um barulho estrondoso do lado de fora do colégio. Parecia que alguma coisa estava desabando.


Lembrei-me então de certa vez em que parte do telhado de uma das salas havia caído ainda quando estudávamos a 8ª série no mesmo Colégio. Por sorte não acontecera nada visto que era um final de semana. Conhecedora do histórico trágico da escola e agora na nova situação que se apontava não podia ficar ali. Fui a única a levantar e rapidamente pegar a bolsa que estava em cima da mesa e ir em direção à porta gritando eufórica:

- E já era. Já vem de lá pra cá.

Isso porque o barulho parecia vir dos fundos da sala para frente onde me encontrava. Fui impedida pela professora que em resposta a minha insistência batia a porta. Enquanto isso a diretora passava tranquilamente no pátio e veio ver o que estava acontecendo. Quando me dei conta de que não era nada do que pensava olhei para trás e vi que os colegas continuavam sentados e rindo de mim. Na pressa não percebi que peguei a bolsa vazia e deixei todo o material em cima da mesa. A diretora logo explicou que não era nada de mais, se tratava apenas de uma caçamba que descarregava pedras, próximo ao Colégio.

Por Ana Lúcia Souza em 1º de fevereiro de 2011

A importância do pensar em uma sociedade digital

Internet, celular, IPTV, Orkut, Facebook, sites de busca. Na sociedade contemporânea a realidade é tecnológica e o poder que a institui e a mantém é o mesmo que provoca o abismo digital das classes. Ao longo dos anos, com as revoluções tecnológicas alteraram o cotidiano das pessoas, provocando uma apartheid social, entre ricos e pobres. De um lado os off-line e do outro os on-line.

Não se pode ignorar a descaracterização ou erosão provocada pelos avanços tecnológicos cada vez que se tenta acompanhar o padrão estabelecido pelo poderio tecnológico. Essa lógica exige a rápida adaptação à tecnologia, ela se faz a todo custo, mesmo quando não existem condições suficientes.

Talvez a maior de todas as consequências seja mesmo a vivência dessa tecnologia que tudo facilita e permite o empobrecimento intelectual em seus usuários que estão se esquecendo ou ignorando a importância do pensar. Quer exemplo disso? É comum a preferência das pessoas em recorrerem à internet e encontrarem uma pesquisa pronta, resumida e superficial à leitura de um livro que traz em sua essência uma diversidade de informações mais completas. Ou até mesmo assistirem a cinco telejornais por dias com as mesmas notícias ao aprofundamento do mesmo assunto em uma revista.

É certo que entre muitos benefícios, as novas mídias contribuíram para reduzir as distâncias, manter o relacionamento entre as pessoas, informações em toda parte, em tempo real. Mas a mesma veracidade com que as notícias são veiculadas e com o direito que é dado a toda pessoa de produzir informação da forma como lhe convém, a credibilidade da informação deve ser primordialmente contestada.

Por Ana Lúcia Souza em 31.01.2011

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Histórias que meu avô contava

Meu avô nasceu em 13 de dezembro de 1921 em São Desidério e viveu até os dez últimos minutos de 31 de dezembro de 2010. A mãe perdeu muito cedo e desde pequeno foi criado com a única irmã conhecida como Bia de seu Adiel, o tio Crispiniano e alguns primos. Ainda pequeno aprendeu a labutar na lavoura sem perder o senso de contador de histórias. Característica marcante de sua personalidade. Afinal, essa era uma das coisas que mais gostava de fazer para passar o tempo, pois histórias era o que não lhe faltavam.

José de Santana, mais conhecido como seu Zé ou Zé Magro. Os causos de seu Zé. Em uma dessas aventuras de sua juventude, ele começava assim. “Quando eu fui no Mato Grosso...”. Ou ainda. “Quando viajei de avião lá pro Sul...”. E aquela outra história, uma das que ele mais costumava contar que começava assim. “Certa feita, quando ia pra roça sozinho, avistei um sujeito me encarando parado no meio da estrada. Eu ia pra uma lado o sujeito ia. Ia pro outro o sujeito me acompanhava. Ao aproximar do cabra cá eu tirei o facão da cintura e cerrei certo na cabeça do camarada. – Uai seu Zé, e o senhor matou o homem? Perguntava quem estava ouvindo o caso. – Que homem que nada moço. O sujeito era um baita de um jaracuçu deste tamanho em pé no meio da estrada”. Explicava ele gesticulando com as mãos e alterando a voz.

Em 1950 casou-se com Sizaltina Dourado de Santana, dona Si, com quem teve cinco filhos: Maria que reside em Goiânia, Alexandrina (Dú), Irany (Nenzinha), Evilene (Preta) e José Filho (Zezinho), que lhes deram 16 netos e sete bisnetos. Foram muitos momentos que passamos juntos, como as comemorações dos últimos dois aniversários em família. Pois somos uma grande família.

Os 60 anos de vida matrimonial celebrados em 11 de junho de 2010 foi sem dúvida um presente divino. A imagem dos dois velhinhos sentados à frente da porta ao entardecer ou indo juntos para a igreja não sairá por tão cedo da nossa lembrança. O chiar das sandálias pela casa e o abrir a porta para não conceder a bênção aos netos pela janela também não.

No dia 31, Deus lhe concedeu o privilégio de ver seus filhos juntos, e dá-lhes a última bênção. Parecia que estava mesmo adivinhando. Quiséramos nós, netos, viver também 89 anos que Deus lhe presenteou com vida e tantas histórias. E são essas histórias que preferimos guardar como suas principais lembranças por muitos anos em nossa memória.

Por Ana Lúcia Souza em 1º de janeiro de 2011

Lapinhas: tradição e fé

O papel de madeira pintado e amassado cobre a estrutura formada com caixas de papelão. Aos poucos a peça ganha o contorno de uma gruta. Cactos, pedras e folhas de barriguda caracterizam a vegetação ao entorno. No ambiente que se cria cada um dos personagens dessa história assume seu lugar. São José, Maria, o menino Jesus, os três reis magos, bois, ovelhas, pastores, galos. O presépio está pronto.

Sizaltina Dourado de Santana, mais conhecida como dona Si faz lapinha há mais de 50 anos. Uma tradição que começou com uma brincadeira e se tornou devoção. “Desde pequena via a lapinha que minha madrinha Ana fazia. Me lembro feito hoje. Era uma armação no canto da parede de cima até embaixo. Cheguei em casa coloquei um caixote, umas bonecas. Só brincadeira mesmo, nem rezava. Quando casei em 1950 vim morar aqui na cidade. Então fiz uma promessa para o menino Jesus e fui atendida. Comecei a fazer o presépio e não parei mais”.

Dona Si relembra cada passo da montagem da lapinha, um processo que tinha início dias antes do Natal. “No dia 13, dia de Santa Luzia, um monte de moças e rapazes ia para os morros aqui em volta para pegar aquelas pedras de lapa para colocar nas lapinhas que eram montadas no dia 24. A cola que se usava para pregar os papéis era uma goma feita de tapioca. Serragem e pó de serraria, plantas, pés de arroz. Terminava colocando os santos. O menino só coloca depois da meia noite do dia 24”.

Nostálgica, dona Si fala com saudade da participação de muitas pessoas no trajeto seguido entre as dezenas de casas que costumavam fazer lapinhas, onde ela e outras mulheres faziam as preces na noite de 24. “Eram muitas casas. A gente saia da igreja entrava na casa da Maria, depois vinha para a casa de Sá Joana, da finada Dora, aqui em casa e seguia. As ruas ficavam cheias de gente, as pessoas iam de casa em casa rezando nas lapinhas, depois tinham os comes e bebes e assim varava a noite, ninguém dormia. Terminava lá no juazeiro na casa de mãe Joana – bairro Tangará. A diversão de Natal aqui eram essas lapinhas”.

Com a participação de poucas pessoas, ainda hoje esse costume é mantido, embora com roteiro bem menor. No dia seis de janeiro, dia de Reis após o meio-dia são realizadas as rezas nas lapinhas. No dia seguinte os presépios são desmontados.


Por Ana Lúcia Souza
Matéria completa publicada no Jornal de São Desidério

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