terça-feira, março 09, 2021

O tatuador de Auschwitz (Heather Morris)



"Foi forçado a sair de sua casa e transportado como um animal, agora está cercado por oficiais da SS fortemente armados e é saudado com boas vindas", página 18. Para aqueles que acreditam ter sido impossível viver uma história de amor em um lugar como o campo de concentração, de Auschwitz, Polônia, no período da Segunda Guerra Mundial, os judeus Lale Sokolov e Gita Furman, provaram o contrário.

Voltando um pouco na história, mais precisamente no ano de 1942 quando Lale e outros prisioneiros são trazidos ao campo pelos nazistas. Ele logo se torna tatuador dos números de série dos prisioneiros, uma tarefa que lhe proporciona a oportunidade de conhecer Gita, prisioneira de número 4562. Contrariando os aspectos do cenário marcado pelo holocausto, mesmo assim os dois jovens começam a viver uma grande história de amor proibido.

"Lale encara os olhos aterrorizados. Ela mexe os lábios pronta para falar. Lale aperta seu braço com força para detê-la. (...) Ao terminar, segura o braço dela um instante além do necessário, olhando de novo seus olhos", página 44.

O ofício de tatuador rende algumas regalias a Lale, a exemplo de conseguir comida extra, de corresponder por cartas com Gita e de se encontrar com ela em um lugar escondido atrás do prédio da administração. "'Caro Lale', ela começa. Como ele, a mulher escreveu apenas algumas frases cuidadosas. Ela também é da Eslováquia. Está em Auschiwitz há mais tempo do que Lale, desde março. Trabalha em um dos armazéns do 'Canadá', onde os prisioneiros separam os pertences das vítimas", página 57.

Dentro do campo, Lale tem a sensação de que os dias não passam enquanto observa com tristeza o sofrimento e as crueldades vividas pelos prisioneiros. "Os meses seguintes são particularmente cruéis. Prisioneiros morrem de todas as maneiras. Muitos são levados por doença, desnutrição e exposição ao frio. Alguns se lançam na cerca eletrificada, suicidando-se...As câmaras de gás e os crematórios também trabalham por mais tempo que o normal, e as estações de tatuagem de Lale e Leon fervilham de gente enquanto dezenas de milhares são transportadas para Auschiwitz e Birkenau", página 134.

Sob a ótica de Lale, a narrativa se atém a uma descrição minuciosa e carregada de emoções. "Ele sai cambaleando. Lá fora ajuda homens a reunirem os pequenos corpos em uma pilha para a SS levá-los...várias mães recusam-se a entregar seus preciosos filhos, e é doloroso para Lale ver as diminutas formas sem vida sendo arrancadas dos braços das mães", página 141.

O fator tempo é constantemente apontado pelo narrador para situar o leitor. "Lale pensa na data, 4 de abril de 1944. Quando viu 'abril' em suas folhas de trabalho daquela semana, ficou com os nervos abalados. Abril, o que havia em abril? Então, ele se dá conta. Em três semanas, ele terá feito dois anos ali. Dois anos", página 141, e também nesse outro trecho da página 142. "Foi no início de março de 1942 que Lale disse adeus a seus pais, irmão e irmã, em sua cidade natal, Krompachy".

Lale é torturado pelos oficiais da SS e deportado do campo. Gita também consegue fugir com as amigas. Mesmo sem saber as notícias um do outro não desistem do desejo de viverem com liberdade um amor que nasceu dentro dos muros de extermínio. Algum tempo depois eles finalmente se reencontram e longe dos campos de concentração agora estão livres para viver a história de amor que um dia iniciaram. "Lale toma Gita nos braços e a beija... os dois se afastam misturando-se na rua lotada, um casal jovem entre muitos em uma cidade destruída pela guerra", página 216.



Algumas informações adicionais da escritora confirmam que o livro é baseado em história real. Os dois sobreviventes se casaram em outubro de 1945 e fixaram residência em Bratislava. Tiveram um filho chamado Gary em 1961. Gita faleceu em outubro de 2003 e Lale em outubro de 2006.




Por Analítica

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