terça-feira, setembro 25, 2012

O dia da agonia (25 de setembro de 2011)



Outro dia, retornando de Brasília, ouvi um rapaz dizer no ônibus que havia ido fazer uma prova, e que não obteve êxito, porque não havia encontrado o local. Imediatamente lembrei-me de uma situação parecida ocorrida com uma pessoa bem próxima a mim, e da agonia que ela viveu há exatamente um ano, em 25 de setembro de 2011, também em Brasília.
Minha amiga chegou cedo à capital federal esse dia. Depositava toda sua esperança na prova que iria fazer e que talvez mudasse sua vida, pois naquele instante, se encontrava desanimada profissionalmente, no interior da Bahia, onde vive. A prova estava marcada para as 13 horas, na Universidade de Brasília, mas muita coisa ainda lhe estaria reservada com muita adrenalina. Ela se hospedou na casa de uma velha amiga, na cidade satélite de Taguatinga. Ainda houve tempo para colocaram os papos em dia.  
Pouco antes do meio dia, ela achando que estava preparada, inclusive com o endereço do local da prova em mãos, sai juntamente com sua amiga com destino ao Plano Piloto, em Brasília, onde chegam após pegar um metrô e andar alguns minutos. Almoçam, tiram fotos.
Após alguns passos dalí chegam ao imenso campus da UNB. Mais alguns minutos andando e com a ajuda de algumas pessoas que informaram, chegam exatamente ao local da prova com uma hora de antecedência. Mas nem tudo está certo ainda e o pior ainda está para acontecer. Por uma intuição ela percebe que tem que conferir na bolsa se está tudo certo com a documentação que tem que apresentar para fazer a prova. Para a sua surpresa esquecera o documento de identificação. E agora?
Mil coisas passaram em sua mente. A viagem, os amigos na rodoviária e seus familiares que lhe deram forças para realizar essa prova. Como ela voltaria para casa sem fazer a prova? E agora o que fazer? Parecia estar tudo perdido mesmo. Afinal, devido à distância da UNB, em Brasília, até Taguatinga, e com pouco menos de uma hora para o início da prova, parecia ser o fim. Por um impulso ela liga para outra amiga com quem veio da Bahia para também fazer a prova, e lhe conta a situação, desesperadamente. Ela havia chegado naquele instante ao local com seu tio, que está de carro. Ele oferece carona para tentar buscar o documento. Seria sorte? Ainda daria tempo?
Pelo caminho, mais desespero, agonia e a ansiedade a mil enquanto ela apela para todos os santos e reza todas as orações que sabe. Faz muito calor, Brasília apresenta o clima muito seco a essa época do ano. São muitas paradas necessárias por conta dos pardais, sinais de trânsito, etc. Enquanto isso o motorista e a amiga tentam acalmá-la, sem sucesso. São mais de 13h30min quando enfim chegam ao apartamento de sua amiga. Pegam o documento e agora outra viagem de volta a UNB. Mais orações. Os olhos não saem do relógio. Nervos a flor da pele. A ansiedade é tamanha dentro do carro. Chegam a UNB. O relógio registra 14 horas. Mas agora o desafio é encontrar o local exato da prova. “Não dá mais tempo, valeu pelo esforço”. Agradece ao motorista. “Mas você não vai tentar? Vai lá ver quem sabe ainda não dá tempo”, ele retruca. Quase com as pernas sem forças para sair do carro ela mesmo assim faz sua última tentativa. Sai correndo e entra na recepção. Um senhor que parecia já conhecer a situação a encontra. “Corre que só falta você. Por aqui, por aqui”, e aponta o corredor onde seria seu local de prova. Ela corre, pois já não há mais ninguém no corredor, todos os candidatos já se encontram posicionados dentro das salas. Faltam poucos segundos. O coração bate mais forte. Ela finalmente entra na sala e corre para a primeira carteira vazia onde senta em desespero. No mesmo instante toca o sinal para o início da prova. Ao verem aquela cena todos começam a rir. E ela está tão elétrica que nem se deparou que sentara na carteira errada. Pausa para respirar. Ufa! Agora sim, está tudo certo. Ainda é inacreditável ela está ali, pois ainda pouco vivia a agonia de talvez não chegar a tempo. O fiscal a orienta para se sentar na cadeira correta, onde está sua prova personalizada com seu nome. Para ela, realizar aquela prova agora já se tratava de uma grande vitória. Concorrer ao cargo de gestor em atividades jornalísticas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), era apenas um detalhe.
Ao final da tarde, após finalizar a prova reencontra suas amigas que a esperavam. Sorriram muito da situação. Agora podem descontrair. Vão até o ponto de ônibus e se deparam com uma moça que teve a oportunidade de conhecer o oeste da Bahia. Ela espera pelo namorado. A conversa rende uma carona até a rodoviária do plano. Já é noite e agora, só resta um passeio pelo shopping, afinal o que mais de tão ruim poderia acontecer depois de um dia marcado por agonia. Neste instante a sandália quebra. Mais risos. Mas o passeio segue assim mesmo, pois esse simples fato não representa nenhum agravamento perto do que lhe aconteceu.
Esta história é um fato real e somente um ano depois a personagem teve a coragem de torná-la pública em seu blog.
Dedico este texto as pessoas envolvidas nessa agonia e que foram anjos nesse dia foram anjos em minha vida. Michelly, Jackeline, dona Fátima (in memorian) e o tio da Jacky, Silvano, conhecido como Farrapos.
São Desidério – BA, 25.09.2012

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