A obra ‘1822
Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro
ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado’, é
um livro-reportagem do autor Laurentino Gomes, sequência de 1808, que relata a
fuga da família real para o Brasil.
Em 1822
‘A Independência do Brasil’ é o acontecimento que norteia a narrativa. Em vários momentos o escritor nos surpreende
com revelações jamais encontradas em livros de histórias comuns das escolas e
acredito que seja este um dos motivos pelo qual ele dedica “para todos os
professores de história do Brasil, no seu trabalho anônimo de explicar as
raízes de um país sem memória”, que ao nascer já estava falido.
O autor
destaca a participação de personagens importantes desse enredo, como o
protagonista desta história, D. Pedro I, caracterizado como príncipe romântico
e aventureiro, que proclamou a independência do Brasil aos 23 anos, ressaltando
seus relacionamentos extraconjugais, e no fim da vida a sensibilidade de um
herói desgastado e doente, falecido aos 36 anos. A princesa Leopoldina,
primeira imperatriz do país, de origem austríaca, tinha tudo que D. Pedro
admirava em uma mulher, menos beleza e sensualidade. Em nove anos teve nove filhos
e morreu com menos de 30 anos, endividada e abandonada pelo marido. Hoje é
homenageada por uma das escolas de samba do Rio de Janeiro Imperatriz Leopoldinense.
O escocês Alexander Thomas Cochrane, fundador e primeiro almirante da marinha
de guerra do Brasil, também teve participação decisiva na Guerra da
Independência ao expulsar as tropas portuguesas no Norte e Nordeste, fato que o
tornou um herói e ao mesmo tempo vilão, quando saqueou os habitantes de São
Luis do Maranhão e roubou um navio do Império. Tudo isso o transformou em herói
maldito da história brasileira.
O
escritor desperta o interesse do leitor pela história, apresentando uma
narrativa interessante com indícios históricos e em tempo situa-o contextualizando
com fatos atuais, foi o que pude observar quando Laurentino Gomes cita Barreiras, município a
27 km de São Desidério, exatamente na página 225 no capítulo que fala sobre a
confederação.
"No interior,
os domínios pernambucanos avançavam pelo sertão até a atual divisa entre Bahia,
Minas Gerais e Goiás, a menos de duzentos quilômetros de Brasília, formando o
desenho de uma abóbora - ou jerimum para os nordestinos - longa e delgada.
Incluía, entre outras cidades importantes, Barreiras, hoje um dos maiores
municípios produtores de soja do país".
Para finalizar
o autor destaca a relação consanguínea entre Portugal – Brasil, ao afirmar que
na primeira metade do século passado, depois da independência, mais de um
milhão de portugueses migraram para o Brasil e hoje seus descendentes diretos
são estimados em mais de 25 milhões, filhos, netos, bisnetos, que incluem
famosos como Marília Pêra, Fernanda Montenegro, Ana Maria Braga, Abilio Diniz e
Antonio Ermírio de Moraes. Já na década de 1990 a migração se inverteu e os
brasileiros invadiram Portugal formando hoje a maior comunidade estrangeira com
cerca de 120 mil pessoas.
1822, fica a dica de leitura!
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