|
Festa da Padroeira em 2010 |
Em São Desidério, o mês de
setembro é dedicado aos festejos religiosos de Nossa Senhora Aparecida, 19, e
do Divino Espírito Santo, 20, devoções cultivadas há mais de meio século e comemoradas
fora das datas oficiais - 12 de outubro (Nossa Senhora) e 40 dias após a Páscoa
(Divino Espírito Santo). Isso justifica as denominadas ‘desobrigas’ que se
configuram em função
da inexistência de padres nesse período, uma vez que somente um padre tinha que
cobrir uma vasta área; celebrando os dias santos e festas numa única data.
Como contam o mais
antigos o Pe. Armindo costumava percorrer os vilarejos para celebrar as missas
montado em uma mula – o que justifica a máxima por vezes comentada ‘fulano
caminha mais que a mula de Pe. Armindo’.
Ainda na
época que São Desidério era um vilarejo, recebia o sacerdote que realizava as missas
da Padroeira e do Divino, celebradas em latim e virado para o altar. Em seguida eram
realizados batizados, casamentos, 1ª Eucaristia, Crisma. Como este fato só
acontecia uma vez por ano, a população
aproveitava o momento para comemorar com festas, sanfonas, triângulos e
zabumbas que animavam os fiéis.
|
Procissão em honra a Nossa Senhora Aparecida |
Minha vó, dona Si, lembra que certa
vez um episódio marcou um dos casamentos que ela presenciou nesse período. O
padre Armindo celebrava mais de 10 casamentos de uma só vez e quando perguntou
a um dos casais se aceitavam um ao outro como marido e mulher, a moça respondeu
que não. A expressão foi de espanto para os fiéis, principalmente para a
família da noiva. Mas para aumentar a surpresa na igreja, na mesma hora uma
outra mulher que assistia a cerimônia se prontificou a casar com o noivo, e o
casamento enfim se consumou.
Com o tempo e a emancipação de
São Desidério, a tradição se tornou parte do calendário da cidade sempre
comemorado nessas datas, ganhando adeptos e apoio. Anos depois, atrelado aos
festejos religiosos passou-se a realizar também festas com participação de
artistas musicais sendo denominadas de micaretas com apresentação de blocos que
saiam pelas ruas da cidade, a exemplo do famoso ‘Fura Fronha’, que contava com
a participação de cerca de 100 pessoas.
Por um bom tempo a festa foi
realizada na Praça Abelardo Alencar onde localizava o antigo Mercado Municipal.
Em 1997 a festa ganhou o nome de Festa da Paz e a partir de 2003 passou a ser
realizada no Coliseu da Paz, saída para Barreiras, que abriga até 40 mil
pessoas, tornando-se o maior evento musical do oeste baiano por reunir grande
multidão e artistas de vários estilos musicais.
É valido ressaltar que é nesse
período das tradicionais “festas de setembro” que muitos saodesiderenses que
hoje residem em outros estados, costumam chegar ao município para participar
das missas e das festas. Até a década de 1990 era organizada comitiva que
traziam muitas pessoas, vindas principalmente de Goiânia e de Brasília, e que
chegavam dias antes para ainda participarem do Novenário de Nossa Senhora
Aparecida – realizado de 10 a 18 e visitar os parentes. Elas costumavam vir em
ônibus fretado que era aguardado por muita gente, euforia e foguetes em frente
à Igreja Matriz.
|
Chegada de parentes e amigos para as festas de setembro |
Outras lembranças das festas de
setembro remetem as alvoradas festivas em honra a Nossa Senhora Aparecida, que
acontecem na madrugada de 19. Um cortejo sai da Igreja Matriz pelas principais
ruas da cidade ao som da Banda Os anéis de Saturno, conduzida pelo maestro
Reginaldo, e culmina com um café da manhã com muita farofa. As comemorações da
Padroeira são finalizadas com a tradicional missa solene. Na manhã de 20 de setembro é a vez dos devotos do Divino Espírito Santo participarem da tradicional
festa do povo, que
registra grande participação da população da sede e zona rural. Durante todo o ano, a
família do imperador, juntamente com os foliões levam a bandeira, símbolo da
festa por todas as localidades do município, sendo o último local a sede, com
intenção de arrecadar fundos para a festa. Enquanto isso, homens interessados disponibilizam
seus nomes no sorteio da corte do imperador do ano seguinte. A escolha ocorre
ao final da missa solene no dia 20. Após a transmissão da coroa, uma multidão
visita a casa do novo imperador, e em seguida rumam para um farto almoço
servido na casa do então Imperador, com muita música e animação durante todo o
dia.
|
Corte do Imperado do Divino de 1997 |
|
Na década de 1990 Pe. Eraldo e sete garotos representando os dons do Espírito Santo |
|
Caminhada da Corte do Imperador à Igreja Matriz |
Nenhum comentário:
Postar um comentário