terça-feira, maio 04, 2010

Pernas pra que te quero


Terça-feira, onze de novembro de 2008, 21 horas. O ônibus já está parado em frente à faculdade e alunos do curso de comunicação social da Fasb começam a se acomodar nas poltronas. Esse é mesmo um ano de viagens para mim. Primeiro o Intercom em Natal em setembro e agora a visita técnica em Brasília. Todos estão na maior expectativa. Parece que a minha mala é a maior de todas. Sei que não iremos pernoitar. É apenas um dia de visitações sem tempo para dormir. As únicas pausas mais prolongadas serão para o banho e almoço. Mas vou ficar por lá até o final da semana a convite da amiga Michelly. Dá pra sentir a energia e expectativa de todos. Agora são mais de meia noite e ninguém consegue dormir. No corredor a bagunça toma conta. Cantando, pulando, gritando no embalo de um homem que toca violão e gaita, ao qual batizamos de Chico da gaita. Às 03h30min a primeira parada em uma lanchonete. Uma batata frita engana o estômago muito bem. Todos acomodam-se como podem e a viagem prossegue. Agora mais tranqüilos, mais sonolentos. Às seis o professor José Cécecesar - isso mesmo, porque ele fica gago as vezes - nos espera em um determinado ponto previamente combinado. Por morar em Brasília, foi ele quem ajustou a agenda para visitação. Teríamos um longo dia pela frente. Depois do café rumamos para a UNB onde tivemos o privilégio de participar de uma reunião de pauta do jornal laboratório da universidade, aulas e uma palestra com a professora Thais de Mendonça Jorge. Sua presença certificou que eu não estava livre de mais uma coincidência. Ela é autora de Manual do foca, um dos livros que pude comprar na feira de livros no Congresso em Natal. Só que para o meu azar não havia levado o livro. Mas pedi que autografasse um pedaço de papel que se tornou uma de minhas relíquias. Somente em 2009 ela autografaria o meu livro durante uma oficina sua sobre jornal impresso ministrada durante o Congresso de Iniciação Científica – CIC na Fasb.
A tarde reservava um dos momentos mais esperados. A visita nas adjacências do centro do poder público brasileiro. Congresso – subimos até o 20º andar, Câmara, Senado, os estúdios da rádio, TV e redação do Jornal Senado. A hora mais incrível foi a passagem pelo salão verde onde se concentra toda a imprensa, momento em que senti um forte desejo de me especializar em jornalismo político, que por coincidência também era a editoria que o meu grupo aprofundava na faculdade. Chegava o momento da despedida. Não para mim, mas para os colegas. Nos dias que ainda permaneci em Brasília aproveitei o dia para conhecer um pouco mais capital federal. Um passeio pelo centro de Taguatinga, shoppings com enfeites que já prenunciavam o período natalino, compras, na faculdade Católica onde Michelly estuda. No sábado, feriado de 15 de novembro ultrapassei meus limites e testei a capacidade de minhas pernas que andaram como nunca e em alta velocidade. Pelo plano piloto percorremos, eu e Michelly a pé por 25 minutos, da Catedral passando pelos Ministérios, Congresso até chegar a Praça dos Três Poderes. A princípio um sol de lascar até que as nuvens cobriram todo o céu que se tornou um manto azulado. Era o céu de Brasília. Para nossa surpresa, após bater a última foto cai uma chuva forte. Pernas pra que te quero. Foi uma corrida e tanto até chegar ao ponto de ônibus mais próximo e voltar para casa. À noite ainda tínhamos muita disposição e saímos para minha primeira balada em uma boate em Brasília até as 04 da madrugada. Era A mais.com. O difícil foi tentar convencer minhas pernas a se porem de pé no outro dia. Elas travaram e quase não consegui levantar.

Por Ana Lúcia Souza após a visita técnica à Brasília em novembro de 2008

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