Ao lado dos antigos papéis que ainda guarda com nome dos alunos e letras de velhas cantigas, Anísia rememora as aulas. “Eram cerca de 30 a 35 alunos que eu ensinava até a 3ª série. Crianças a adultos, todos juntos. Tinha o quadro e o giz era umas pedrinhas que riscavam muito bem. Eram poucos os métodos, era um tempo muito difícil. Até hoje guardo minha palmatória de relíquia”.
Forte incentivadora de seus alunos, Anísia costumava ceder material escolar quando os alunos não tinham condições para comprar. Na sede trabalhou do fim da década de 60 até se aposentar em 1980, sendo na escola Silva Jardim onde mais lecionou. “Subia o morro com filho escanchado de um lado, os livros e a esteira do outro. Quando chegava lá deixava a criança sentada na esteira enquanto dava aula. Lavava roupa à noite e sempre costurei. Era muito sofrido, mas me sinto feliz, satisfeita. Muitos ex-alunos hoje, homens e mulheres feitas passam por mim e me conhecem”.
Alaídes Gonçalves França, hoje professora e assessora técnica da Secretaria de Educação, foi alfabetizada por Anísia. “Nos dias de tomar a lição, se fosse o alfabeto, primeiro passava toda a lição cantada e depois individualmente, fora da sequência. Mesmo sem formação profissional, a professora sabiamente adotava métodos de ensino para sistematização, avaliação e aprendizagem dos alunos, fazendo com que as letras fossem aprendidas e não apenas memorizadas. Fazia um buraquinho em um pedaço de papel e o colocava sobre a letra e perguntava salteado. Quem não lesse corretamente, levava bolo e ficava de castigo, geralmente em pé no canto da sala. A tabuada também era cobrada, decorávamos por “casa”.
Ao final da 4ª série os alunos eram submetidos a uma prova chamada de admissão. Se passasse iriam para a 5ª série. Era o período em que muitos jovens se dirigiam a Barreiras para cursarem o Curso Ginasial Cenecista, de 5ª a 8ª séries, correspondente à Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC, uma alternativa entre escola pública e particular. Cursar o ginásio não era gratuito e os pais pagavam uma taxa simbólica.
A partir da década de 70 a educação do município passa a tomar novos rumos com a implantação do Curso de Ginásio Cenecista correspondente de 5ª a 8ª séries. Iniciativa do ex-prefeito Manoel Rodrigues de Carvalho com empenho das professoras Cleonice Lopes e Ana Rosa de Almeida, que foram diretoras, e do professor Almiro Almeida que também foi secretário da CNEC.
Por volta de 1981 passa a ser oferecido o curso de Magistério no município também pela CNEC que formou a primeira turma em 1982. Em 1988 passa a ser oferecido o curso de magistério em regime estadual no Colégio Presidente Médici e como os pais não iriam continuar pagando pelo mesmo curso que estava sendo oferecido de graça pelo estado, por essa razão a CNEC é extinta nesse mesmo ano. O curso de magistério em São Desidério vigorou até 2002.
Os professores leigos deixaram um legado na vida de muitos saodesiderenses que trilham nova história assistindo o trabalho de profissionais habilitados para o cargo que atuam por todo município.
Por Ana Lúcia Souza em 19.11.10
Matéria completa publicada na 8ª Edição do Jornal de São Desidério
sexta-feira, novembro 19, 2010
sexta-feira, outubro 01, 2010
Um chimarrão.....capaz
O retorno de Caxias à Porto Alegre foi mais rápido.
Na rodoviária um taxi nos conduz à caverna.
A copa de 2014 é o que mais se comenta pelos taxis.
Muitas obras já estão em andamento.
Conversa vai, conversa vem. Certo taxista se empolgou com outro assunto.
Começa a relatar as gravações de uma produção cinematográfica.
A cena se passou nas imediações do aeroporto no final de semana.
- Bah. Foi um movimento ali pelas ruas do aeroporto. Aquela atriz bonitona. Como eu esqueci o nome dela. Participou das gravações daí. Aquela coroa bonitona. Bah tri. Bah tri. Bah tri!
A tarde foi de passeio. Centro histórico.
Gasômetro. Pôr do sol no rio Guaíba. Churros com mumu.
Cinema. A Origem. Marion Coutinho musa do Saymond.
Nosso guia em Porto Alegre. Reza a lenda que ...
A noite no Beco. Grande brecha na porta do Box do banheiro.
Sete de setembro. O frio convida a ficar um pouco mais na cama.
Quase meio dia. Café. Cuca com cobertura de morango. Rua.
Dia de sol. Almoço às 15 horas.
Cadeira de praia e chimarrão. Parque da redenção.
Uma espécie de Central Park brasileiro. Magnífico.
Pedalinhos no lago. Desfile de cuias de chimarrão.
Sentada na grama. Cinco cuias. Tri legal.
Última noite na capital gaúcha. Clima de despedidas.
A cadeirinha levada para o park agora serve de assento no ônibus lotado.
O espaço é gentilmente cedido por um gaúcho.
- Se mainha me visse sentada nessa folga aqui agora. Refuguei.
- Prenda o sinto na sua cadeira moça. Delegou o gaúcho.
Para evitar o aumento algazarra que causava no ônibus, sentei no assento comum. Ponto final.
- Tchau baiana. Despediu o gaúcho.
Fim.
Por Ana Lúcia Souza em 01/10/10
Barbaridades de coincidências
Tudo muito bom. Culinária à parte. Frio.
Primeiro dia de Congresso. Universidade de Caxias do Sul.
Oficina de Assessoria de Imprensa.
Mesmos problemas. Em qualquer parte do país.
Relação assessor X jornalista = paciência.
60% dos jornalistas formados atuam em assessorias.
Algumas doses de teorias sobre Fotografia Jornalística.
Intervalos regados à iogurte de uva.
O jornalismo literário é a bola da vez.
Felipe Pena. Três dos principais motivos para não estudar jornalismo.
Salário = fome. Professores chatos. Hoje em dia todos são jornalistas.
Autor + Livro Jornalismo Literário = Coincidência.
Perder o ônibus para esperar um autógrafo.
Mais um.
Outro encontro na fila do almoço do restaurante da faculdade.
Olha se não é o professor de Novas Tecnologias Fernando Firmino.
- Fui aluna de Carlos Araújo. Me apresentei.
Domingo à tarde. Tinha tudo para ser um dia horrível de congresso.
Foi a melhor de todas as programações do Intercom.
Palestra com o repórter especial da TV Globo de Brasília, Marcelo Canellas.
Jornalismo e Cultura. Grandes reportagens especiais na TV
“Em 23 anos de profissão não consigo distinguir o que é a prática da teoria do jornalismo”, definiu o repórter.
Continua...
Por Ana Lúcia Souza em 01/10/10
Baita fartura tchê!
“A diversão do caxiense é comer. No jantar já se pensa no almoço de amanhã”.
Assim definiu um típico caxiense.
Eles jantam pensando no almoço.
Sair para comer é um dos programas preferidos.
A culinária caxiense sofreu muita influência dos imigrantes italianos.
Quanta fartura. Quanta comida gostosa!
Com o frio aumentou o apetite.
Aos olhos de nossos anfitriões parecia que não comíamos nada.
- Como. Como muito. O meu porte franzino não significa que passo fome na Bahia. Expliquei.
Aliás. Três meses no Sul e seria mais fácil engordar.
Muito mais rápido do que o esforço de dez anos tomando vitaminas para tal objetivo.
Boate por lá tem outro significado.
É o mesmo que brega no Nordeste.
Só soubemos disso quando falamos que queríamos ir a uma ‘danceteria’.
É o nome mais apropriado.
Entre danceterias, galheterias, pubs, o Mississipi.
Um aquecedor. Cervejas artesanais. João, um guri engraçado.
E o melô que marcou a viagem ao Sul. “Pode pegá, pode morder, pode beijar, pode pegá”
Cafés. Hum .... La luna negra! Boa pedida.
Sempre quis ir em um desses. O clima sempre convida.
Também gostam muito de sorvete.
Coisa que eu nunca imaginaria encontrar em vista de tanto frio.
Deve ser por isso que fumam tanto. Aos montes.
O vento uivava na janela do quarto.
Olhos lacrimejavam e bochechas vermelhas da ventania que batia à face.
A temperatura era de 7º no penúltimo dia. Fumaça saindo da boca.
Duas meias – calça por baixo da calça, três meias, tênis, blusa de frio, casaco, cachecol, luvas.
E ainda tremia de frio. Esse não dava para esquecer mesmo.
Então sair para comer passou também a ser nossa diversão preferida.
E isso não era nenhum sacrifício.
Continua...
Por Ana Lúcia Souza em 01/10/10
Sedenta de vinho
Porto Alegre nos recebeu com chuva.
Aconchego da caverna Roos. 1º contato com o chimarrão. Desastre!
- Não é coco para mexer o canudinho! Alertam os irmãos gaúchos.
A chuva não intimida nossa saída aquela noite de 1º de setembro.
Shopping. Chop. Conversa fora. Micos do avião. Comer. Dormir. Frio da madrugada!
Manhã nublada. Livraria Cultural. Almoço por R$8,00. Massa!
Suco e sobremesa grátis. Barbaridade tchê!
Despedidas. Rodoviária.
Serra gaúcha. Neblina, curvas e chuva. Altos penhascos. 130 km.
Destino Caxias do Sul. Sede de vinho. Terra da uva. Aumenta o frio.
Recepção calorosa. Mesmo sem conhecer os anfitriões.
Apartamento granfino. Agora também são meus tios. Granpiece Restaurante.
Um painel com fotos de artistas que passaram por ali ilustra uma das paredes.
Pizza acompanhada de um típico vinho do Sul.
Miolo. Cabernet Sauvignon.
Vinho tinto seco fino. Mais. Quero mais.
E teve mais no sábado. Visita ao Castelo de Château Lacave.
Rainha por uma manhã. Vinhos exóticos. Degustação grátis. A melhor parte.
Onze especialidades. Bah delícia!
Continua...
Por Ana Lúcia Souza em 01/10/10
terça-feira, setembro 21, 2010
O Eucalipto de Abelardo
Foto: Angenor Vieira de Souza |
Entre o asfalto e um morro,
Uma referência na Avenida JK
Depois do cemitério lá está
O Eucalipto de Abelardo Alencar
Quando seu mandato iniciou
O primeiro prefeito Abelardo Alencar
Uma fileira de eucaliptos
Na entrada da cidade plantou
E a arborização da cidade começou
Quase cinquenta anos depois
O cenário é comum na rotina de muita gente
Que passa prá lá e pra cá
Todos sabem que assim como seus companheiros
Um dia naquele lugar
O Eucalipto não mais estará
Debaixo desse Eucalipto de histórias
Um fato triste certa noite aconteceu por lá
O episódio de um triplo homicídio
Que sua copa foi testemunha ocular
Referência como parada de ônibus
Oferece sua sombra como descanso
Por quem passa pra lá e pra cá
Apesar de ser uma árvore
Com tempo curto de existência
Ainda pulsa vida
Imponente,
Quase cinquentenária
Imensa
Despendido para um lado
Hoje divide espaço
Com a geração de ficos e ninhos
Espalhados por toda a cidade
Nesse 21 de setembro
À árvore dedicado
Por Ana Lúcia Souza em 21/09/10 às 17h10min
quarta-feira, setembro 15, 2010
Intercom 2010: Voar, voar, subir, subir!
Agosto já se finda. Aumenta a ansiedade em torno da viagem de avião. A primeira. Não há outra alternativa em conta quando se trata de mais de dois mil quilômetros pela frente, Bahia - Rio Grande do Sul, mas necessariamente até Caxias do Sul, sede do 33º Intercom – Congresso promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
Ainda no aeroporto Juscelino Kubitschek em Brasília, na sala de espera um susto. O meu comprovante de embarque parece ter sumido. Desespero também das colegas Bruna e Jackeline. Bolsa revirada sem sucesso. A aeronave 3769 já se encontra em solo e a qualquer momento seremos chamadas para o embarque. O movimento chama a atenção de outras pessoas.
– Poxa. Cheguei até aqui para dar errado justo agora a ponto de não realizar meu grande sonho de voar? – Pensei.
Mas um bolso ainda não fora revistado, o único que permanecia fechado. Na agonia esqueci de revistá-lo. Ufa! Está aí o comprovante procurado. O sufoco de outrora agora é motivo de graça. Estava tudo normal demais para ser verdade.
Foto Ana Lúcia Souza |
Dentro do avião, o assento 19 A fica ao lado de uma janela e paralelo à asa esquerda. É onde me sento. Cerca de 150 passageiros estão a bordo. Todos acomodados, a aeronave inicia o taxiamento até a pista de decolagem enquanto a comissária de bordo passa as instruções de segurança. Do lado direito duas senhoras gaúchas a caminho de Porto Alegre.
- É a primeira vez que tu voa guria? Analisa a que está do lado.
- Sim. Respondo em meio à adrenalina.
Agora são 16 horas e uma sensação estranha me passa dos pés à cabeça. Não ouço mais o barulho da aeronave. A sensação é de que o avião está parado no ar. Olho a janela e algumas nuvens passam devagar. Finalmente estou voando! – podia gritar isso, mas me contive em risos. Lá embaixo, aos poucos Brasília vai ficando para trás. A paisagem é marcada por desmatamentos, queimadas e lavouras. Algumas turbulências aguçam a viagem que se torna ainda mais emocionante.
Após a primeira hora de vôo, impaciência. Enquanto algumas pessoas dormiam, liam, eu sentia fome. Não havia muito que fazer e o cheiro do lanche que as duas senhoras comiam ao lado aumentava meu apetite, então tratei de me acalmar. Enfim o lanche é entregue pelo serviço de bordo. Snack de chocolate com refrigerante. Não era o suficiente. Pensei comigo. Mas a senhora ao lado não foi nada discreta.
- Bah! Nem suco eles tem. Antigamente no avião serviam almoço, sanduíche, suco. Hoje, pra quê abaixar essa mesa, só para colocar o copo, daí. Tu tem que trazer um lanche a mais guria. Resmungou a passageira veterana enquanto se virava para devorar outro lanche que trazia na bolsa.
Pouco mais das 18 horas e o comandante anuncia a aterrissagem. Aproveitando-se da condição de veterana, a senhora que está ao meu lado faz questão de passar algumas informações.
- Tu vê aquilo ali? É o reverso. É aquela parte da asa que se abre e é responsável por controlar o freio do avião no ar. Tu vais ver como a asa fica grande. Aquele avião da TAM, que caiu, tu te lembra? Foi por causa do reverso. Se ele não abrir a gente cai, sabias? Explicou a senhora apontando para uma parte específica da asa.
Não parecia ser uma boa hora para ela dizer aquilo. Meus olhos grandes e assustados passaram por algum tempo fixos em direção a asa. Até o momento em que os tais reversos desempenham satisfatoriamente sua função. Mais uma vez um calafrio na barriga por conta de pequenas manobras e da descida gradativa do avião e o pouso no aeroporto Salgado Filho. O relógio marcava 18h30min. Em Porto Alegre 17º. Começava a chover e ventava naquela noite de 1º de setembro.
Continua...
Por Analítica em 15. 09.10
Em família
Eles eram assim.....
Da direita para esquerda: O pai Angenor e os filhos em ordem de tamanho Agenison, Adenilton, Urany, Luciane e Erivan |
E ficaram assim.....
Mais de 20 anos depois |
A Irmandade Souza cresceu.....
As Ana's, Lúcia e a irmã caçula Six |
E em 31 de agosto de 2010 se reuniram para celebrar o aniversário de 60 anos do patriarca Angenor Vieira de Souza
Uma homenagem ao nosso velho pai |
Das lembranças da minha infância, ainda guardo na memória quando meus irmãos mais velhos ainda moravam lá em casa. A casa era cheia e animada. Sete irmãos, painho e mainha. Meu pai viajava muito e quando ele chegava íamos ao seu encontro ainda na praça. A mesa da cozinha sempre mantida encostada na parede era afastada geralmente aos domingos, quando nos setávamos em volta para degustar uma deliciosa galinha caipira preparada por minha mãe. As panelas eram imensas. À tarde meu pai se levantava e iamos todos para o quintal para repartr uma melancia bem grande. Era tão bom.
Hoje, meu pai, embora mais presente em casa, ainda viaja, bem menos que antes. E nós filhos, cada um seguiu seu caminho. O primogênito Agenison, Urany e Erivan resolveram seguir a mesma profissão de caminhoneiro que meu pai. Adenilton é policial militar. Luciane é pedagoga. Eu sou jornalista e a caçula escolheu estudar biologia. Minha mãe fica em casa, sempre a orar por todos. Apesar dos compromissos e obrigações que muitas vezes comprometem nos encontrarmos frequentemente, a nossa casa ainda é o ponto de chegadas e partidas. E são em ocasiões como aniversários que aproveitamos para reunir ainda que com muito esforço, e não só a irmandade Souza, mas os netos - mais de 10 - noras, amigos e coligados.
Família reunida |
Alguns netos |
Por Ana Lúcia Souza em 15.09.10
quinta-feira, setembro 09, 2010
Maria de seu Roberto, aquela que vendia banana na feira
“Do jeito que Deus quer”. Assim Maria Salomé de Souza define sua história de vida. Há 15 anos não sai de casa por conta de problemas de saúde. Vive da pensão deixada pelo marido em sua casa modesta, à rua Heliodório Xavier dos Santos, 156 no centro da cidade.
Da porta lateral que dá acesso à cozinha sai uma senhora de cabelos brancos, pele alva, voz aguda e tronco curvado pela idade. Ela caminha em direção a copa apoiada em uma bengala e senta em uma cadeira de repouso acolchoada. Uma roda de fiar fica ao seu lado esquerdo, onde descansa uma caneca e alguns remédios. Em cima da mesa, garrafa de café, xícaras, o Evangelho segundo o Espiritismo de Alan Kardeck e o velho rádio.
“Todos os que chegam aqui me contam o que acontece lá fora na cidade. É por meio desse rádio que fico sabendo as notícias do Brasil e do mundo”, declarou. Maria Salomé tem uma rotina inalterada. Prioriza a mesma sequência todos os dias: acordar cedo, tomar o café e ler o evangelho, assim como o banho, em dias frios às 13 horas, e quando o tempo está mais quente às 16 horas.
Nasceu em 23 de setembro de 1920 em Roçado Velho, localidade de São Desidério, onde viveu com a mãe Julia Pereira da Cruz e os cinco irmãos até os dez anos. O pai ela não conheceu. Casou-se com Roberto Pereira dos Santos, natural de Santa Maria da Vitória, conhecido de sua infância e não teve filhos. À pé, saíram de São Desidério em 25 de julho de 1940 chegando ao Goiás no final de setembro deste ano.
Trabalharam em muitos lugares e assim se passaram 28 anos, até regressarem a Bahia com outras três famílias, chegando em São Desidério em 19 de setembro de 1969. “Era o dia de festa da Padroeira Nossa Senhora Aparecida. Tinha muita gente na rua. Graças a Deus até hoje eu estou aqui”, sentenciou.
Mas foi na feira livre que Maria Salomé se tornou popular. A feira era o principal meio de sobrevivência, onde ela costumava vender café com bolo e posteriormente almoço. A barraca de Maria Salomé tinha um diferencial. Com muita criatividade ela mesma engrenou o planejamento de um fogão improvisado no meio da feira. A comida era feita na hora e vendida em prato feito. “Cozinhava bem sem saber”, gava-se. A atividade rendia pouco dinheiro e durou até 1976. “Do quê vamos viver agora?” Perguntou o esposo. “Do jeito que Deus quiser”. Retrucou a esposa.
Engenhosa, Maria passou a comercializar doce de leite caseiro e depois bananas, na feira e em casa. “A primeira sala e um quarto costumavam ficar cheios de cachos de banana. Muitas pessoas vinham aqui em casa para comprar”, completou.
E assim relembra ‘Maria, aquela que vende banana na feira’. Alegria é uma das marcas de sua personalidade. É na cadeira de repouso, ao lado da velha roda fiar e do rádio, onde Maria Salomé, para quem não falta assunto nem ouvintes, passa a maior parte do tempo, ‘do jeito que Deus quer’, pacientemente a conversar com quem chega, e contar histórias, muitas histórias.
Por Ana Lúcia Souza
Texto publicado na 6ª Edição do Jornal de São Desidério
Da porta lateral que dá acesso à cozinha sai uma senhora de cabelos brancos, pele alva, voz aguda e tronco curvado pela idade. Ela caminha em direção a copa apoiada em uma bengala e senta em uma cadeira de repouso acolchoada. Uma roda de fiar fica ao seu lado esquerdo, onde descansa uma caneca e alguns remédios. Em cima da mesa, garrafa de café, xícaras, o Evangelho segundo o Espiritismo de Alan Kardeck e o velho rádio.
“Todos os que chegam aqui me contam o que acontece lá fora na cidade. É por meio desse rádio que fico sabendo as notícias do Brasil e do mundo”, declarou. Maria Salomé tem uma rotina inalterada. Prioriza a mesma sequência todos os dias: acordar cedo, tomar o café e ler o evangelho, assim como o banho, em dias frios às 13 horas, e quando o tempo está mais quente às 16 horas.
Foto: Ana Lúcia Souza |
Nasceu em 23 de setembro de 1920 em Roçado Velho, localidade de São Desidério, onde viveu com a mãe Julia Pereira da Cruz e os cinco irmãos até os dez anos. O pai ela não conheceu. Casou-se com Roberto Pereira dos Santos, natural de Santa Maria da Vitória, conhecido de sua infância e não teve filhos. À pé, saíram de São Desidério em 25 de julho de 1940 chegando ao Goiás no final de setembro deste ano.
Trabalharam em muitos lugares e assim se passaram 28 anos, até regressarem a Bahia com outras três famílias, chegando em São Desidério em 19 de setembro de 1969. “Era o dia de festa da Padroeira Nossa Senhora Aparecida. Tinha muita gente na rua. Graças a Deus até hoje eu estou aqui”, sentenciou.
Mas foi na feira livre que Maria Salomé se tornou popular. A feira era o principal meio de sobrevivência, onde ela costumava vender café com bolo e posteriormente almoço. A barraca de Maria Salomé tinha um diferencial. Com muita criatividade ela mesma engrenou o planejamento de um fogão improvisado no meio da feira. A comida era feita na hora e vendida em prato feito. “Cozinhava bem sem saber”, gava-se. A atividade rendia pouco dinheiro e durou até 1976. “Do quê vamos viver agora?” Perguntou o esposo. “Do jeito que Deus quiser”. Retrucou a esposa.
Engenhosa, Maria passou a comercializar doce de leite caseiro e depois bananas, na feira e em casa. “A primeira sala e um quarto costumavam ficar cheios de cachos de banana. Muitas pessoas vinham aqui em casa para comprar”, completou.
E assim relembra ‘Maria, aquela que vende banana na feira’. Alegria é uma das marcas de sua personalidade. É na cadeira de repouso, ao lado da velha roda fiar e do rádio, onde Maria Salomé, para quem não falta assunto nem ouvintes, passa a maior parte do tempo, ‘do jeito que Deus quer’, pacientemente a conversar com quem chega, e contar histórias, muitas histórias.
Por Ana Lúcia Souza
Texto publicado na 6ª Edição do Jornal de São Desidério
quarta-feira, agosto 25, 2010
Mirante da Serra Geral
Serra Geral |
Foram 411 quilômetros rodados. Da saída de São Desidério pela BA 463 sentido Roda Velha, flocos de algodão estão espalhados à margem da estrada, forte indício que confere ao município o título de maior produtor de algodão do Brasil.
Manhã de sol forte. Paisagem seca. Carretas cruzam a todo momento. Agora o percurso segue pela BR 020. No quilômetro 93, uma das placas que adentram a direita da via indica ser por ali o caminho da Fazenda Santa Martha, em chão batido. Na sede da fazenda, o vento balança os imensos eucaliptos que resguardam as seis casas que aí existem. O ambiente é agradável. Um galpão abriga máquinas agrícolas e armazena os grãos – soja/milho – culturas agrícolas mais produzidas na Santa Martha. Árvores, muitas. Na casa da balança, encontra-se registrada toda a trajetória da fazenda que tem 20 anos de existência.
Quem faz parte desta história é Reni Bremm Windt, que aí mora com o esposo e dois filhos. Ela veio do Sul e afirma não ter vontade de voltar. “Gosto de viver aqui”. Há 12 anos também veio seu cunhado Nereu que posteriormente constituiu família. Reni foi professora por cerca de 14 anos e lecionava para alunos da fazenda e redondezas.
O ano passado a escola foi nucleada devido à quantidade insuficiente de alunos. Segundo ela a trégua no ofício é temporária. “Daqui a dois anos já teremos alguns alunos para alfabetizar”, resguarda. Em uma das casas onde funcionava a pequena escola estão guardados os livros e material didático. A escola mais próxima fica em Roda Velha, a cerca de 75 quilômetros.
Alguns gatos circulam entre as casas. Há poucos minutos para o meio-dia o sino suspenso do lado de fora do refeitório anuncia que o almoço está pronto. Característico de fazenda, a população é flutuante. Esta época do ano os funcionários são poucos, cerca de seis podendo chegar de 15 a 20 no período de plantio em outubro ou colheita em abril. Depois do delicioso almoço, uma cocada produzida por Reni derivada dos próprios coqueiros existentes no quintal, vai muito bem.
A cinco quilômetros da sede da fazenda a natureza preparou um espetáculo incrível e espontaneamente cedeu espaço para um mirante, de onde se pode contemplar a Serra Geral, que divide os estados da Bahia e Goiás. A serra corta toda a paisagem e à primeira vista a impressão é de uma pintura. Ao concentrar o olhar mais adiante, a frente da serra, pode-se identificar minusculamente a cidade de São Domingos, Goiás é logo ali.
Texto e foto: Ana Lúcia Souza - 25.08.10 às 19h20min
A última entrevista
Foto: Cláudio Foleto |
Ainda no período da faculdade, a realização de um trabalho intitulado “Como a mídia aborda democracia e cidadania” exigiu outro contato com o formador de opinião, ocasião em que pude conhecer um pouco do posicionamento crítico e sábio do bispo. Me recebeu com o semblante sereno e pacífico. Sempre muito atencioso e me reconheceu pelos meus préstimos de coroinha em São Desidério.
A morte de Dom Ricardo abalou todo o oeste baiano. Ele morreu dia 17 de agosto no Hospital Central de Lins, na Áustria, onde estava em tratamento e se recuperava de uma cirurgia para retirada de um tumor no cérebro, realizada no dia 09 de junho. O sistema imunológico fragilizado não suportou as sessões de quimioterapia e radioterapia. Uma infecção generalizada seguida da falência múltipla dos órgãos se instalou, culminando na morte do religioso que foi sepultado no dia 25 de agosto no Mosteiro Beneditino de Kremsmünster, onde fez seus estudos religiosos e ordenou-se padre pela Congregação dos Beneditinos em 15 de julho de 1964.
O bispo veio para a região oeste em 1974, instalando-se em Barreiras, onde ajudou a fundar a Diocese, há 30 anos e nomeado bispo com o lema Redemptor Hominis – Jesus Cristo Redentor do Homem. Dom Ricardo era Doutor em Teologia e Psicologia e mestre em Filosofia. Sua personalidade era marcada pela liderança e luta pela igualdade e justiça social, motivos que o fez conquistar muitos títulos como Membro da Coordenação do Fórum sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social. No dia 05 de setembro, data em que faria 71 anos, será realizada uma missa em sua homenagem.
Por Ana Lúcia Souza, 25.08.10 às 19 horas
segunda-feira, agosto 16, 2010
Acampando
Do acampamento do fim de semana passado com amigos - grupo intitulado Canecão pela mãe desta analítica, e por isso 1º Acampamento da Turma do Canecão - até que se encontre outro nome. O cenário escolhido está localizado a cerca de 16 quilômetros da sede de São Desidério, denominado Riacho de Pedras, na chácara de uma das integrantes do grupo Jackeline Bispo. Confira algumas fotos:
A noite foi finalizada com um repertório eclético |
A fogueira deu o tom característico do encontro |
Alguns indícios de como terminou a noite |
Em alguns momentos não custa nada fugir do convencional e contemplar a natureza |
E no meio da paisagem |
O cenário se completa |
E tudo se adequa à natureza, até mesmo a simplicidade de um balanço |
Que privilégio! |
Com amparo das sombras das árvores Por Ana Lúcia Souza em 16.08.10 às 23h10 min Fotos: Ana Lúcia Souza/ Jackeline Bispo |
quinta-feira, agosto 12, 2010
O dia em que fiz rappel
Paredão do Deus me livre
Não podia perder a oportunidade de fazer uma passagem no ar, aquela talvez fosse uma das únicas oportunidades. Então fui com tudo. Fui duas vezes. Nada poderia atrapalhar, então tive até direito a ensaio.
A vontade de descer era maior que o tremor das pernas quando ainda estava sobre a superfície do Paredão do Deus me livre que tem altura superior a 40 metros. Abaixo o Rio Grande margeia a estrutura e enfeita a paisagem.
- Volta, volta! A corda tá quebrando. Grita o guia de esportes radicais Giraia para me assombrar. Ele conseguiu. Mas foi só brincadeira. Ufa que susto!
Se fosse verdade não tinha mais jeito também. Já estava um pouco distante do ponto de base e lá embaixo o rio amorteceria a queda, mas de nada adiantaria, pois não sei nadar. Fato que só lembro quando já estou vivendo situações de perigo.
O melhor de tudo é chegar em terra firme e sentir vontade de saltar de novo. Aquela tarde certamente rendeu mais um ponto para meu currículo de aventuras. Agora estou quase perto de voar. Mas essa é outra história que pretendo contar aqui.
Por Ana Lúcia Souza em 12.08.10 às 19h20min
quinta-feira, junho 17, 2010
O Asa arrêa a galera meu irmão!
Vocalista da banda, Durval Lélys
Sábado 12 de junho não foi apenas o dia dos namorados, era também o dia do Asa de Águia em Barreiras, um dos shows mais esperados do ano. Afinal são quase cinco anos após a apresentação em São Desidério durante a Festa da Paz em setembro de 2005, e 14 anos que estiveram em Barreiras. Na terça-feira que antecedia ao show, os esforços eram para adquirir os ingressos o mais rápido possível. Nunca imaginaria que pudesse percorrer a cidade de ponta a ponta na tentativa de encontrar o vendedor de ingressos que circulava em uma moto bis em tempo que fazia a divulgação do show. Eram mais de 21h30min. A piada da noite foi ficar em frente ao Bar do Dega, situado à Avenida JK por mais de meia hora esperando o vendedor passar sem saber que o bar era também outro local de venda. Essa até minha mãe sabia! Mas ao final, ingressos adquiridos aumentavam as expectativas.
Sábado à tarde últimos reparos no abadá. Sábado à noite 19h59min e lá estávamos na rodoviária à espera do ônibus. Eu, o namorado Marcos, my sister Six, Vinicius, Túlio e Wall. Fui a primeira a entrar no ônibus. Será que estava mesmo com vontade de ir? Não estava frio no Parque de Exposições Engenheiro Geraldo Rocha. Agora. Já não sabia mais como era curtir um show assim sem precisar fazer cobertura, entrevistas, perdendo os melhores momentos enquanto queria estar mesmo dançando, pulando, gritando.
Enquanto o show não começava uma banda fazia a festa em um trio. Um helicóptero de cor preta que sobrevoava o parque estava escrito Asa de Águia. Cada vôo rasante animava a multidão e parecia testar o público. “Que galera é essa meu irmão?”.
Da esquerda para a direita, Vinicius, Anna Six, Marcos, Ana Lúcia, Wall e Túlio
Terminava a apresentação da primeira banda e o público corria em direção a outro trio posicionado ao final da pista. E lá estava ele. Durvalino Meu Rei, que não só canta, mas encanta o público com sua graça ao longo de 22 anos de Asa. O início do show foi marcado pelo vale night, um dos principais sucessos do carnaval deste ano.
Foi aquela euforia. Paralelo ao trio descia a multidão enlouquecida embalada ao som das músicas da melhor banda de axé de todos os tempos. Muitos casais de namorados curtiram o dia dedicado a eles aos versos de “Dia dos namorados, nós dois abraçados a sós”,.... “Me abraça, me beija, me chama de amor”,... “Porque eu sou louco por você lá no farol”.
Não havia mais nenhum espaço. Calor e muita cerveja para o ar. Muitos que estavam no camarote fizeram questão de descer à pista que por sinal estava mais repleta, mais animada e por isso mais interessante. Do alto do trio ecoava uma voz que dispensa esforço acompanhada daquele jeito de balançar o corpo enquanto toca a guitarra, do sorriso a cada intervalo dos versos e do levantar das sobrancelhas, características que fazem do semblante de menino malandra de Durval Lélys mais carismático, ainda mais quando grita “O Asa arrêa!” e a galera responde “arrêa, arrêa, arrêa, arrêa”. Literalmente, é mesmo de ficar arreado! E quando o show acabou, veio o frio, o zumbido na cabeça, e as músicas, na veia.
Produzido por Ana Lúcia Souza em 17.06.10
Fotos: Ana Lúcia Souza e Simone Chaves
quarta-feira, junho 16, 2010
Ô promessa maldita, ô promessa sem jeito!
Já falei por aqui anteriormente que entre muitas coisas que o trabalho de jornalista permite é a possibilidade de correr riscos e encarar fortes aventuras. A bem da verdade essa é com certeza a melhor parte. Você faz uma pauta para ter mais ou menos uma noção do que irá fazer não se esquecendo do pensamento preliminar. Na hora H tua pauta pode tomar outro desfecho. Sem contar as situações que você inesperadamente terá que viver na pele para melhor descrever posteriormente.
Foi assim em mais um episódio da minha vida de repórter da Assessoria de Comunicação da prefeitura de São Desidério, onde trabalho há um ano e seis meses como repórter. Acompanhada da colega Jackeline Bispo, que já se tornou minha sócia de aventuras, resolvemos encarar mais um desafio. Desta vez 110 degraus no Morro de Santa Cruz no povoado de Riacho Grande, a cerca de 8 km da sede do município. Uma tradição que é passada de pai para filho há mais de cinquenta anos. À tarde os fiéis sobem um morro íngreme até chegarem ao topo onde foi fincada uma cruz de madeira. Lá fazem preces e agradecem graças alcançadas. A tradição é a cada ano revivida no dia 03 de maio, considerado o dia de devoção à Santa Cruz.
Pela manhã missa solene e batizados na igrejinha do povoado. Depois de recolher alguns depoimentos de moradores e devotos já era meio dia e fomos almoçar. Enquanto almoçávamos, a casa onde estávamos nos permitia uma miragem do morro, motivo que nos deixava cada vez mais em dúvida se realmente iríamos cumprir a missão designada. Não sei como mais vimos naquele momento alucinógeno a possibilidade de fazer uma promessa. Fizemos juntas uma prece comum aos nossos interesses pessoais, na esperança de que se concretizasse naquele instante.
- Se conseguirmos Ana, prometo que agora vou achar forças para subir aquele morro! Falou convicta Jackeline apontando para o morro.
- É verdade Jacky. E ainda digo mais. Se nós conseguirmos, os últimos dez degraus serão de joelhos. Completei.
- O quê? Assustou Jacky. – Tá bom! Confirmou ela depois.
Estávamos um tanto incrédulas de que aquela promessa iria mesmo dar certo e até sorrimos. Mas o que não imaginávamos é que a graça alcançada fosse mesmo tão rápida. Digo rápida mesmo. Em menos de meia hora. Deve ter sido a promessa mais rápida que já deve ter acontecido. Alcançamos juntas uma graça e a felicidade do momento, sim, porque tínhamos a certeza de que havíamos conseguido mesmo, nos fez ir para o morro minutos depois. Só não pensávamos que este pagamento sairia tão caro.
Eram mais de 15 horas e mesmo assim o sol ainda estava escaldante quando resolvemos subir o morro. Os nossos ânimos eram poucos ainda mais depois de um almoço farto. Pausa para descansar. Um olhar rápido pelos degraus e a sensação de demora. E nos últimos degraus então, esses foram os mais cruéis. A impressão é que eles foram maiores do que os cem.
- Ô promessa maldita, ô promessa sem jeito. Dizíamos. Mas valeu a pena.
Por Ana Lúcia Souza em 15.06.10
Foto: Léo Moreira
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