quarta-feira, junho 16, 2010
Ô promessa maldita, ô promessa sem jeito!
Já falei por aqui anteriormente que entre muitas coisas que o trabalho de jornalista permite é a possibilidade de correr riscos e encarar fortes aventuras. A bem da verdade essa é com certeza a melhor parte. Você faz uma pauta para ter mais ou menos uma noção do que irá fazer não se esquecendo do pensamento preliminar. Na hora H tua pauta pode tomar outro desfecho. Sem contar as situações que você inesperadamente terá que viver na pele para melhor descrever posteriormente.
Foi assim em mais um episódio da minha vida de repórter da Assessoria de Comunicação da prefeitura de São Desidério, onde trabalho há um ano e seis meses como repórter. Acompanhada da colega Jackeline Bispo, que já se tornou minha sócia de aventuras, resolvemos encarar mais um desafio. Desta vez 110 degraus no Morro de Santa Cruz no povoado de Riacho Grande, a cerca de 8 km da sede do município. Uma tradição que é passada de pai para filho há mais de cinquenta anos. À tarde os fiéis sobem um morro íngreme até chegarem ao topo onde foi fincada uma cruz de madeira. Lá fazem preces e agradecem graças alcançadas. A tradição é a cada ano revivida no dia 03 de maio, considerado o dia de devoção à Santa Cruz.
Pela manhã missa solene e batizados na igrejinha do povoado. Depois de recolher alguns depoimentos de moradores e devotos já era meio dia e fomos almoçar. Enquanto almoçávamos, a casa onde estávamos nos permitia uma miragem do morro, motivo que nos deixava cada vez mais em dúvida se realmente iríamos cumprir a missão designada. Não sei como mais vimos naquele momento alucinógeno a possibilidade de fazer uma promessa. Fizemos juntas uma prece comum aos nossos interesses pessoais, na esperança de que se concretizasse naquele instante.
- Se conseguirmos Ana, prometo que agora vou achar forças para subir aquele morro! Falou convicta Jackeline apontando para o morro.
- É verdade Jacky. E ainda digo mais. Se nós conseguirmos, os últimos dez degraus serão de joelhos. Completei.
- O quê? Assustou Jacky. – Tá bom! Confirmou ela depois.
Estávamos um tanto incrédulas de que aquela promessa iria mesmo dar certo e até sorrimos. Mas o que não imaginávamos é que a graça alcançada fosse mesmo tão rápida. Digo rápida mesmo. Em menos de meia hora. Deve ter sido a promessa mais rápida que já deve ter acontecido. Alcançamos juntas uma graça e a felicidade do momento, sim, porque tínhamos a certeza de que havíamos conseguido mesmo, nos fez ir para o morro minutos depois. Só não pensávamos que este pagamento sairia tão caro.
Eram mais de 15 horas e mesmo assim o sol ainda estava escaldante quando resolvemos subir o morro. Os nossos ânimos eram poucos ainda mais depois de um almoço farto. Pausa para descansar. Um olhar rápido pelos degraus e a sensação de demora. E nos últimos degraus então, esses foram os mais cruéis. A impressão é que eles foram maiores do que os cem.
- Ô promessa maldita, ô promessa sem jeito. Dizíamos. Mas valeu a pena.
Por Ana Lúcia Souza em 15.06.10
Foto: Léo Moreira
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