A partir do momento em que Bruno, o garoto alemão muda-se com sua família da casa em Berlim para uma casa isolada no campo, vê sua rotina mudar por conta da promoção de trabalho de seu pai. "Na verdade, para onde quer que ele olhasse, só via dois tipos de gente: se não eram os soldados felizes, sorridentes e gritalhões nos seus uniformes, então eram as pessoas infelizes e choronas de pijama listrado, a maioria das quais parecia estar olhando para o nada, como se estivessem de fato adormecidas", página 300.
Sem a presença dos antigos amigos, agora ele precisa de alguém para brincar. Pela janela do quarto da nova casa, ele vê ao longe algo que parece ser uma fazenda e pessoas que vestem pijama. Sua curiosidade o instiga a aproximar de forma escondida desse local. É quando conhece, do outro lado da cerca o garoto judeu, Shmuel. O mais incrível é a primeira percepção que Bruno tem em achar que se estivesse do outro lado da cerca, como Shmuel, ele teria mais amigos para brincar.
"É tão injusto", disse Bruno. "Não entendo por que tenho que ficar encalhado do lado de cá da cerca, onde não há ninguém pra conversar nem para brincar, e você fica com dúzias de amigos e provavelmente brinca durante horas e horas todo o dia. Terei que conversar com meu pai a respeito disso", páginas 168 e 169.
Nem mesmo a cerca é empecilho para uma grande e verdadeira amizade. São nesses encontros que eles brincam, riem, conversam e fazem planos de um dia estarem juntos em um mesmo lado. "Ele olhou para baixo e fez algo bastante incomum para a sua personalidade: tomou a pequena mão de Shmuel e apertou-a com força entre as suas. 'Você é meu melhor amigo, Shmuel', disse ele. 'Meu melhor amigo para a vida toda", página 310.
Em um desses planos que tentam realizar, ingenuamente motivados pela vontade de se ajudarem e de finalmente estarem próximos um do outro, a história de amizade entre os dois culmina em um final trágico e emocionante. "O soldado deixou tudo lá, intocado e foi buscar o comandante, que examinou a área e olhou para a esquerda e para a direita assim como Bruno fizera, sem ser capaz de compreender o que acontecera com o filho. Era como se ele tivesse simplesmente desaparecido da face da terra e largado as roupas para trás", página 311.
Embora sem final feliz, a narrativa consegue prender o leitor aos detalhes do enredo e o livro é uma ótima sugestão de leitura. Ao longo da história por vezes consegui imaginar o ambiente do campo de concentração, a voz dos meninos e me comover com tamanha inocência e ingenuidade dos dois garotos em meio a tanta maldade e tudo o mais que se possa imaginar de cruel numa história que se passa na época marcada pelos abusos do Nazismo.
Por Analítica
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