"Várias organizações e líderes costumam manter uma fé cega em si mesmos, menosprezando muitas vezes essa percepção externa da imagem. Mais uma vez vale lembrar aquele velho ditado da comunicação: a comunicação não é o que você diz, mas o que os outros entendem. Ou, de outra forma: a sua imagem não é a que você vê, mas a que os outros vêem. Ou ainda: os seus valores não são só os que você cultiva, mas os que os outros associam a você", página 90.
Fugindo um pouco das leituras convencionais mensais, resolvi optar por esta obra para a segunda leitura do mês de setembro. Na verdade uma releitura. O livro faz parte do meu acervo desde a época da faculdade e estava empoeirado na minha estante faz um bom tempo.
Para entender um pouco sobre a obra é preciso recorrer à história, mais precisamente a narrativa da mitologia grega. Como o autor se refere nos primeiros capítulos, para a mitologia grega, Aquiles era 'sinônimo de invencibilidade'. Ainda criança, ele foi mergulhado pela mãe, a semideusa Tétis no Rio Estige e esse mergulho o tornaria um ser invulnerável. Mas como a mãe tinha que segurar a criança por alguma parte do corpo, segurou-o pelo calcanhar, mergulhando-o de cabeça para baixo, tornando esse o seu único ponto fraco: o calcanhar.
"Derrotava os inimigos como se eles não existissem, avançava e ocupava espaços como nunca se vira. (...) Um dia em que a guerra estava bastante acirrada em Tróia, Aquiles seguia para os portões da cidade, quando parou para zombar de dois pobres e infelizes troianos que estavam em seu caminho. Aquiles gabava-se de seus grandes feitos, das cidades que havia aniquilado, dos tesouros que acumulava e do quão temível se tornara. Nesse momento uma lança reluzente foi atirada em sua direção, acertando-lhe o único ponto vulnerável de seu corpo: como se sabe, o calcanhar. A morte foi rápida. O destruidor de tantas cidades caiu estendido no chão. Não se sabe ao certo quem foi o autor do assassinato", página 37.
O autor faz comparativos do personagem da mitologia grega Aquiles com as crises de imagem enfrentadas por empresas e personalidades públicas revelando apontamentos a serem seguidos em gerenciamento de crises desenvolvidos ou não por equipes de Assessoria de imprensa. Para entender o que é uma crise de imagem, o autor define parafraseando Ian Mitroff, um dos precursores da administração de crises do mundo, o qual define que a crise de imagem difere das demais, 'quando ela tem origem humana, o que torna o caso potencialmente muito mais chamativo e perigoso', página 21.
Para o estudioso, "em contraste com os desastres naturais, sobre os quais frequentemente temos pouco controle, falhas humanas provocam crise em função de ações ou de inações impróprias" e ainda: "Em princípio, falhas humanas podem ser previstas e, exatamente por esse motivo, o público se sente escandalizado quando elas ocorrem", página 21.
Mario Rosa também destaca em um certo capítulo abordagens acerca de 'Quando a crise é você', para aproximar o leitor do assunto em questão, declarando que é preciso que "você está sendo visto por pessoas estranhas, que não o conhecem como realmente é" e que "nos contatos com a mídia, na definição de sua estratégia, lembre-se sempre de que você será visto como o símbolo de algo".
O autor traz modelos de Gerenciamento e de Administração de Crises e aponta também pilares que sustentam a imagem, a exemplo de: valores, novos valores e significados, e chama a atenção para que seja observado se a imagem é consistente, coerente, estável, e se tem capacidade para sobreviver e de organização.
A narrativa de Mário Rosa apresenta nessa obra é sempre fundamentada por exemplos de empresas ou personalidades públicas que passaram por crises de imagens e na maioria das vezes, o que fizeram para contornar a situação, saindo vitoriosas ou não. Na época, adquiri o livro para estudos da disciplina de Assessoria de Comunicação, área em que atuo, e hoje caracterizo como uma leitura bem oportuna para o momento, além de rever alguns conceitos e apontamentos do autor que podem ser agregados ao dia a dia.
Por Analítica
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