terça-feira, outubro 20, 2020

A culpa é das estrelas (John Green)

 


"Alguns infinitos são maiores que outros. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não trocaria por nada esse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados e sou muito grata por isso", página 182. 

"O verdadeiro amor nasce em tempos difíceis". 'A culpa é das estrelas' de John Green, é um romance fictício que destaca a história de Hazel Grace (16) e Augustus Waters (17), o garoto por quem ela conhece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Dependente de um cilindro de oxigênio, a qual o chama carinhosamente de Felipe, Hazel tem tireoide com metástase nos pulmões e Gus osteossarcoma. Diagnosticados com câncer terminal, os dois jovens vão aproveitar o tempo que têm para viver intensamente uma história de amor. "Sem dor não poderíamos reconhecer o prazer".

Um dos pontos que o enredo destaca e que me atraiu muito na narrativa é o foco dado à leitura. Da discussão literária dos protagonistas sobre um livro 'Uma aflição imperial', nasce a ideia dos dois visitarem o autor dessa obra, Peter Van Houten, em Amsterdã, para saberem acerca de uma possível continuação da obra e que fim tiveram os personagens. 

Na viagem dos dois a Amsterdã, acompanhados da mãe de Hazel, o casal tem uma grande decepção no encontro com o tal escritor. Mas a viagem agrega outros momentos que são inesquecíveis para a relação de Hazel e Gus: o jantar regado a champanhe no restaurante Oranjee, a visita a casa/museu de Anne Frank onde acontece o primeiro beijo dos dois assistido e aplaudido por outros visitantes e a primeira transa deles no retorno ao hotel. "Estou apaixonado por você e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que  o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó", página 109.

De volta da viagem, o romance de Hazel e Gus terá seus últimos capítulos escritos e mesmo com pouco tempo, os dois vão aproveitar cada instante desse amor para torná-lo inesquecível. "As pessoas vão dizer que é triste o fato de ela deixar uma cicatriz menor, que menos pessoas se lembrem dela, que ela tenha sido muito amada mas não por muita gente. Mas isso não é triste, Van Houten. É triunfante. É heróico", páginas 218.

Já conhecia a história de Hazel e Gus por meio do filme, mas somente agora tive contato com a obra literária - muito embora sempre costumo fazer o contrário - e adquirir o livro. A obra se configura em uma narrativa recheada de detalhes em que John Green utiliza uma escrita bem simples para falar de um tema que se tornou comum, mas tratado de maneira alegre e tão emocionante, baseada na trajetória de vida de dois jovens e do pouco tempo que eles têm juntos para viver um grande amor. "Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela", página 219. 

  
Texto e foto: Analítica

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