quarta-feira, agosto 28, 2019

Leitora à moda antiga



Comprar livros, ganhar livros, dar livros de presente, ter livros para emprestar. Considero que ainda tenho poucos livros. Sempre gostei de comprar livros, desde quando cursava o Ensino Fundamental e dos romances comprados a R$1,99 para ler em casa e também no período de férias. Continuei fazendo isso no Ensino Médio e depois na faculdade, quando comprei vários títulos de literatura jornalística. Nunca vi isso como uma obrigação. Pelo contrário. Além de comprar as obras ditadas pelo professor também gostava de adquirir, sempre que pudesse, algum livro que gostasse ou queria ler. Mas aumentar meu acervo pessoal tornou-se uma meta pessoal nos últimos anos. 


Não desrespeitando os leitores da web, confesso que sou uma leitora à moda antiga. Gosto de pegar o livro, sentir o cheiro, colocar dentro da bolsa, carregar para onde for. Baixar livros em formato PDF, ler no celular, na tela do computador, para falar a verdade, não aprecio muito. Somente em último caso, quando não é possível tê-lo em mãos. Gosto de pensar que esse é um fator que de certa forma também contribuiu para eu incrementar meu acervo. Enquanto não ganho livros – apesar de já ter ganhado vários de presente - continuo comprando e lendo.



Já comprei muitos livros pela internet, em sebo, feiras ou com o próprio autor só para ter a oportunidade de ganhar um autógrafo. Tenho vários livros autografados e isso me enche de orgulho e também de ciúmes por esses especialmente. Costumo reafirmar para isso que gosto de ‘ter para emprestar’. E se cuidam quando empresto, melhor ainda. Poderei emprestar outras vezes. Não tenho problema nenhum em emprestar. ‘Empresto de boa!’. Mesmo que seja acompanhado de uma orientação básica.

- Cuidado tá? Não vai dobrar a página, sujar, sublinhar as palavras ou rabiscar hein? Pelo amor de Deus! – oriento exaustivamente assim antes de emprestar. É claro que essas orientações às vezes são dispensadas aos que já tem conhecimento dessa minha ‘chatice’, ou ‘cuidado’, como prefiro chamar. Muito embora sempre tivesse também o hábito/controle de anotar para quem empresto e a data. Para dar uma lembrada de vez em quando, assim...sutilmente, sabe? Caso a pessoa talvez esqueça. Algo do tipo – E aí? Está gostando de ler o livro? 

Gosto de comprar obras que esteja namorando há algum tempo, só para ter em minhas mãos e depois ler com prazer! Faz parte da minha satisfação como leitora. Já saí para comprar algo totalmente nada a ver com livros, e acabei trazendo livros para casa. Dois. Três. Quatro. Apenas um. Sou do tipo de leitora que compra livros mesmo que tenha em casa algum ou outro exemplar que não tenha lido ainda. Que adquiri a obra para matar a curiosidade de ler um enredo interessante. Para conhecer o estilo de algum autor contemporâneo ou dos quais sempre ouvia falar a vida toda, mas que não tive contato. Para presentear alguém. São vários os motivos. Não caberia aqui listar todos, afinal nunca é demais comprar livros para ler. 

Mês passado, entrei numa loja que já tenho costume de comprar livros – não é livraria, mas dispõe desse setor – e seguindo uma atitude principalmente de dúvida, comprei quatro livros. Três de uma autora contemporânea que ainda não conhecia, mas que já havia pesquisado a respeito, e outra obra que é sequência de um autor que já li. Na semana passada estive na mesma loja e me deparei com uma estante repleta de livros que colocaram perto da entrada. Até gostei disso porque ficou mais visível, pois da última vez, me desloquei até a parte superior da loja. Se foi uma estratégia, não sei se posso chamar assim esta mudança, só sei que gostei muito. A essa altura nem sabia mais para qual finalidade primordial havia me conduzido à tal loja, mas seja lá qual foi, não interessava mais. Já estava perto de tantos títulos, autores e não havia absolutamente nenhuma chance de arredar o pé dalí sem escolher pelo menos uma obra. Umazinha que fosse para voltar para casa feliz e satisfeita. Em meio a tantos já lidos, outros que sonhava em ler, outros desconhecidos, alguns que já tinha ouvido falar, respirei fundo enquanto analisava algumas obras. Do meu lado havia uma senhora que parecia também estar na dúvida. Ela riu e espontaneamente leu para mim a sinopse de um livro cujo título era bem engraçado.


- Interessante! Ainda não li este – Comentei.

Por um instante parecia que éramos as melhores amigas naquele setor da loja, embaladas por um misto de prazer e euforia enquanto comentávamos a respeito de alguns exemplares. Continuamos nos falando por mais alguns instantes. 

- Esse daqui – falou ela apontando para um livro – eu ainda não li. Mas assisti ao filme. 

- Prefiro ler primeiro a obra e se puder depois assistir ao filme. Muitas vezes o filme não reproduz fielmente a obra, assim com riqueza de detalhes. Por vezes nem sempre é como esperamos que fosse. Repeti mais ou menos esse clichê e ela pareceu concordar enquanto apontava outras obras. 

Quase certa de qual obra escolher, pois já havia passado alguns minutos desde que chegara à loja, me concentrei em pegar apenas um livro desta vez. Despedi da minha amiga literária e fui em direção ao caixa, feliz e com o mais novo livro do meu acervo. Era um somente, mas estava satisfeita com o investimento realizado e ansiosa para conhecer o enredo.

Por Analítica

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