sexta-feira, dezembro 15, 2017

Lapinhas de Natal


Mês de dezembro traz consigo a tradição de montar as Lapinhas de Natal. A primeira  foto é da lapinha que fiz esse ano. Uma das tradições mais antigas do município, aprendi a gostar assistindo minha vó dona Sizaltina, que cumprindo a uma promessa, sempre fazia a lapinha dela no dia 24 de dezembro. Minha vó cultivou essa tradição por mais de 50 anos. 



Desde 2012 assumi essa tradição ainda na casa de meus pais, hoje mantida por minha irmã mais nova. E há três anos cultivo o costume de fazer a lapinha, mesmo que ainda bem pequena, na minha própria casa, produzindo a lapinha sempre no primeiro fim de semana do Tempo do Advento.  

Segundo a vó muitas moças de São Desidério costumavam ir para as grutas, próximas à cidade, cerca de duas semanas antes do Natal para buscar pedras chamadas de lapas, utilizadas para a confecção das lapinhas. Desde quando éramos pequenas, eu e minhas primas costumávamos observar nossas mães ajudarem a matriarca da família. Nossa contribuição nessa época se resumia em carregar as plantas e enfeitá-las com ornamentos decorativos de Natal. Lembro também da cola de tapioca que minha avó costumava fazer para colar o papel, seja forrando as latas das plantas ou um velho caixote utilizado para colocar os santos. Outra lembrança era o licor de jenipapo preparado para servir depois da reza, nos dias 24, após a missa do galo e dia 06 de janeiro, dia de Santo Reis – datas em que se costuma rezar nas lapinhas. A gente sempre tomava escondido da vó quando íamos rezar os benditos à noite na lapinha no intervalo entre os dias 24/12 e 06/01.

Com o tempo assumimos de vez a função de montar a lapinha para ajudar a vó. Das primeiras vezes ela ficou nervosa porque ainda não tínhamos adquirido experiência do tal ofício e assim ela questionava: 

- Ô menina cadê a boca da lapinha. Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço, eu só vou colocar a mesa e o santo! Desabafava ela.

A ‘boca da lapinha’ que ela se referia se trata de um formato triangular, seja por meio de plantas ou do próprio papel que ao final, se configura em uma gruta deixando transparecer uma entrada com destaque para onde se apresentam os os personagens do cenário do nascimento do menino Jesus. 

Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez da tal tarefa, mas sempre dando seus pitacos. Na verdade ela sempre diz que todo ano só pretende colocar o santo, e quando tudo termina, com a gruta pronta e enfeitada, ela acaba aprovando. Uma opinião daqui, outro dali.

Hoje por conta de outras atividades do fim de ano, antecedemos o dia da montagem da lapinha para as primeiras semanas de dezembro. O que importa é manter a tradição. No município, ainda hoje muitas pessoas mantém a tradição de fazer as lapinhas de Natal.
  

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