A década de 70 foi
marcada por diversos acontecimentos, entre eles, mais precisamente em 05 de
maio de 1977, pelo início da trajetória histórica do Colégio Estadual
Presidente Médici, fundado no município de São Desidério - Bahia. Minhas
lembranças dessa escola começam por volta de 1993, quando por lá estudei o
antigo curso de Alfabetização, que nessa época era ofertado pela unidade de
ensino, e no ano seguinte a 1ª série.
Lembro-me da antiga
estrutura da escola, onde o pátio era todo coberto, e por ser pouco arejado, o
tornava um pouco escuro. Ao fundo desse pátio, do lado direito ficava um bebedouro.
As cinco salas tinham a mesma localização atual, e as janelas eram amplas. Onde
hoje se encontram os banheiros, havia uma janela da cantina e ao lado, um portão
com uma saída para o pátio externo, era nessa área de saída onde os bochechos
eram realizados. A entrada da escola até o segundo portão não era coberta e um
pé de árvore ficava ao lado de onde se encontra a diretoria, que também sempre
foi no mesmo lugar.
Outra recordação, se
tratava da hora de chegada à escola. Por conta do cadeado entupido, por vezes ficávamos
esperando a solução. Enquanto isso, alguns alunos maiores subiam o muro e
saltavam para o lado de dentro da escola. Lembro-me que ia para o colégio com meus irmãos mais velhos Urany e Erivan, e quando lá chegava, o Belo (in memoriam), um
dos agentes de portaria, permitia que eu e outras alunas pequenas da minha turma
entrassem antes dos outros alunos. Íamos correndo para pegar as carteiras da frente. Foi nesse
período entre a Alfabetização e a 1ª série, não me recordo direito, que registre minha foto de Pais e filhos, emoldurada em quadro que por muito tempo ficou pendurado na parede da sala da minha casa. Muitos alunos também tiraram, entre as opções tinha uma roupa preta de cowboy, mas a minha era uma roupa vermelha. Nos dias chuvosos, lembro que a distância do Médici até minha casa, mesmo com algumas paradas pelo caminho para proteger da chuva, fazia com que chegasse em casa com o uniforme todo molhado. Na hora do recreio, todos os dias saía para comprar um doce na venda da Zinha, que ficava próximo à escola. O meu doce preferido nessa época era uma geléia com duas cores: rosa e branco, coberto com açúcar.
Retornei ao Colégio
Médici em 1998, quando a escola passou por reforma e ganhou nova estrutura.
Neste ano, voltei para cursar a 5ª série e de lá só saí quando finalizei o
Ensino Médio em 2004. As recreações em horário oposto, no qual jogávamos vôlei no
final da tarde aos comandos da professora de educação física Vera Lúcia Oliveira, que também foi minha professora da Alfabetização até a 3ª série. As dramatizações, os recitais de poesias, festas das mães e
juninas, além das culminâncias dos projetos com coreografias musicais que passávamos horas ensaiando. Do canal descoberto em frente à escola onde brincávamos de correr atras dos colegas.
Ao longo da
caminhada de quatro décadas, muitos personagens contribuíram para a solidez
dessa história, contribuindo para a formação de milhares de adolescentes e
jovens. Não poderia deixar de citar meus mestres: Maria do Socorro por quem fui
muito influenciada a gostar do hábito da leitura, por meio da literatura
brasileira, e pelas dramatizações dessas obras, motivo pelo qual por vezes,
existiam até certas disputas saudáveis entre os grupos em sala de aula. A
professora de matemática Maria das Virgens, mesmo que nunca gostasse da
disciplina, aprendi a ver a matéria de outro jeito. Da dramatização que fizemos de um telejornal na disciplina da querida professorinha Autina, apresentação que de certa forma influenciou na escolha do jornalismo como profissão. Dos forrós que marcavam as aulas de educação física da professora Kédma Portela. Do GV (Grupo de Visualização)
e GO (Grupo de Observação), nas aulas de geografia da professora Denise, além
do vídeo de caráter cômico, que fizemos em sua disciplina sobre Desmatamento na
cidade. Outro episódio que recordo, foi um dia na aula de redação da professora Zoraide. Estávamos no 3º ano do Ensino Médio, em uma das salas, que existia um cobogó direcionado para a rua, quando ouvimos um barulho bem alto. A meu entender se tratava do desabamento da última sala do colégio, que ficava ao lado de onde nos encontrávamos. Afinal, alguns anos antes, o teto de uma das salas já havia sinalizado desmoronar. Lembro de ter pego minha bolsa, que estava vazia, pois os materiais estavam em cima da mesa, e me levantado para correr, mas fui impedida pela Zoraide que ficou na porta. Enquanto isso, a diretora Claúdia passava calmamente pelo pátio e os outros colegas permaneceram sentados. Rimos bastante depois ao saber que o barulho se tratava de uma caçamba que estava descarregando pedras na rua ao lado. Essa mesma situação aconteceu em 2016, na mesma sala, só que agora eu estava no papel de professora e desta vez, todos os alunos se levantaram e saíram da sala correndo. Não consegui impedir. Entre tantos outros professores, que fizeram parte desta história, na minha época de estudante, Annanísia, Luíza Feitosa, Eliete,
Wilton, Vanesca, Reginita, Verinha Guimarães, Renata,
Vanderlino, Suely, Nivaldo Júnior, Elizineth, José Marques, Marcelo Latta,
Maria Glícia, Nélia Carvalho, desculpe se esqueço o nome de alguém, minha gratidão e respeito a cada um.
O Médici também foi
o lugar para fazer novas amizades e fortalecer laços com algumas pessoas que já
conhecia, que se tornaram grandes amigos para a vida toda. Waléria Tatiara,
Vinícius Rocha, Édem Samuel, Saionária, Wilma, Keila Michelly, Ricardo,
Eduardo, Priscila Katarina, Leidiane, Maurício, Elane, Katrina, Mayla, Paulo Ricardo, entre outros, e nem
imaginava que dentre os colegas, estivesse também a pessoa que conheci no
último ano do Ensino Médio, com o qual 10 anos depois viria a se
tornar meu companheiro.
Em 2015 tive a
oportunidade de voltar à escola, agora no papel de professora, oportunidade que
se repetiu em 2016, e que me influenciou a retornar aos estudos e cursar uma licenciatura.
Por estas e tantas outras recordações não citadas nessas linhas, é que parabenizo
esta escola pelos seus 40 anos de trajetória.
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