terça-feira, maio 16, 2017

Adeus ao meu compadre Manga Rosa



Hoje já faz um ano de sua partida. Na época tive um probleminha técnico e não postei este texto aqui no Analítica. Segue minha homenagem. Ainda sinto muita saudades!!!

Como diz um escritor francês “As pessoas quando vão embora não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, e levam um pouco de nós”. Assim, Manga Rosa, certamente deixou muitas lembranças dele em nós. Quem em São Desidério não conhecia o Quinca Manga Rosa?
Joaquim Ferreira dos Reis, nasceu em 26 de julho de 1953, na localidade de Roçado Velho, o terceiro filho do casal José Ferreira dos Reis e Rosa Francisca de Castro, que tiveram ainda cinco filhos: Maria, Ilda, Ana, Silvio e Guiomar. Foi no Roçado Velho onde Quinca, como era tratado carinhosamente pelos irmãos passou a infância, adolescência e cursou até o Ensino Fundamental, antigo ginásio.
Por volta dos 18 anos começou a trabalhar na M Teixeira, empresa que realizou o canal de irrigação que liga São Desidério a Barreiras. Foi nessa empresa que recebeu dos colegas de trabalho o apelido de Manga Rosa, devido ao semblante rosado de seu rosto.
Morou em Goiânia por um tempo onde fez muitas amizades. De lá foi trabalhar no garimpo no rio madeira em Porto Velho por aproximadamente dois anos. E depois também na Guiana Francesa. Apesar da dificuldade e da distância da família, no período que trabalhou no garimpo conseguiu economias que lhe garantiram viver bem e proporcionar uma vida com conforto a sua família.
Retornando a São Desidério, trabalhou como motorista do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida. Nessa época ele costumava levar muitos pacientes do município para se tratar em Goiânia e Brasília.
Foi em São Desidério que conheceu a esposa Lurdete, e em 1994, nasceu em Brasília seu primogênito, Pablo Henrique, e 1998, também em Brasília, o segundo filho Lucas Henrique. Foi quando comprou uma casa na rua das Palmeiras, nº 327, próximo a residência de seus pais. E em 1999 nasceu seu filho caçula, Gustavo Henrique.

No final dos anos 90 adquiriu sua própria van e passou a fazer linha de São Desidério a Barreiras. Quem não se lembra de suas piadas na van durante as viagens? Dizia ele: - Vocês querem ouvir uma música internacional gente? E ligava o toca fita com a música de Waldick Soriano ou uma daquelas modas bem antigas que gostava. Com ele, as viagens eram sempre bem animadas, regadas a muitas piadas e resenhas que sempre terminavam com uma risada ou por colocar um apelido bem engraçado em alguém.

Enquanto família, era esposo dedicado e um pai preocupado, sempre presente. Foi dele mesmo a missão de ensinar os filhos a dirigir. Muito ligado aos irmãos, em seu último aniversário, que comemorou 62 anos, conseguiu reuni-los juntamente com seus sobrinhos, amigos e pessoas mais próximas em sua casa, para fazer uma das coisas que ele tanto gostava. Tomar sua cervejinha, comer um bom churrasco, contar piadas e é claro, dar boas gargalhadas. Enquanto amigo ele sempre sabia como conquistar amizades para a vida toda, crianças, jovens, idosos, a exemplo da amizade com o médico cubano Júlio César, a quem acolheu quando chegou em São Desidério, como se fosse da própria família. Dos companheiros motoristas das vans com os quais passava muito tempo, ou dos amigos no povoado de Samambaia, onde era sempre bem recebido. Enfim, centenas de amigos. Enquanto vizinho, era aquela pessoa que podíamos contar em todas as horas. Companheiro, amigo, solidário. Não media esforços para ajudar alguém, seja para oferecer dinheiro emprestado, carro para ir ao médico, o que fosse necessário.

No período de quase três meses que passou em tratamento em Goiânia recebeu muitas visitas, fruto das inúmeras amizades que conquistou. E mesmo durante esse tempo, vez ou outra não deixava de soltar suas piadas. Ao explicar as reações do tratamento, certo médico lhe disse que seu cabelo poderia cair. E ele respondeu brincando. “É bom que nasce outro melhor”. Nesse período, ele fortaleceu ainda mais sua fé em Deus. 

Sempre teremos a imagem do semblante do homem de pele rosada com óculos estilo aviador, a cabeça coberta pelo chapéu, camisa no ombro e que sempre saia de casa mastigando alguma coisa, acompanhado do cachorro Maylon em direção à esquina do ponto das vans, da casa do produtor, na praça Abelardo Alencar, do Comercial Cereais, no bar do Leônidas, onde gostava de se sentar para contar suas histórias e fazer resenhas. Uma pessoa que nunca estava com raiva. Muito simples e brincalhão. A esposa, filhos, irmãos, sobrinhos, parentes, amigos, vizinhos, companheiros motoristas, fica a saudade e as boas lembranças. Descanse em paz meu compadre!


Por Ana Lúcia Souza, em 16/05/2016

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