"Essa opressão no peito significa viver". Mais uma leitura concluída, desta vez, 'A trégua', do escritor uruguaio Mário Benedetti, Obra de ficção publicada em 1960, que narra as histórias do personagem Martín Santomé, um quase cinquentenário homem de classe média, viúvo, pais de três filhos e às portas da aposentadoria.
"Só me faltam seis meses e 28 dias para estar em condições de me aposentar. Deve fazer pelo menos cinco anos que mantenho este cômputo diário do meu saldo de trabalho", p. 09.
A narrativa é construída por meio das vivências do personagem central e narrador dessa história, que são registradas em seu diário, estrutura que conta com pinceladas filosóficas. A leitura é envolvente e cria uma certa expectativa no leitor, que vai acompanhando a contagem regressiva para a tão sonhada aposentadoria do personagem.
A rotina de Santomé é alterada e torna-se mais interessante com a chegada de uma nova colega de trabalho, Laura Avellaneda, que é bem mais jovem, e a descoberta de um amor inesperado nessa fase da vida torna os últimos dias de trabalho de Martín mais emocionantes.
"Não é possível que, na minha idade , apareça de repente essa moça, que nem sequer é definitivamente linda, e se torne o centro de minha atenção".
Esse amor irá fazer Santomé estabelecer comparações com o passado, trazer mais vida a sua vida monótona, preencher o vazio e a solidão de outrora, trazendo mais perspectivas para os dias de liberdade que estariam por vir em sua vida, caso não fosse marcado por uma 'trégua' que Benedetti faz, talvez propositalmente, causando uma reviravolta no enredo e fazendo entender o título dado a obra.
"[...] eu não me sinto feliz por sentir-me desgraçado. Sinto-me simplesmente desgraçado. Acabou-se o escritório. A partir de amanhã, e até o dia da minha morte, o tempo estará às minhas ordens. Depois de tanta espera, isto é o ócio. O que farei com ele?".
A obra foi sugerida aos associados da @Taglivros Experiências Literárias, modalidade Curadoria como leitura do mês de setembro.
Por Analítica
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