Há nove anos foi publicado o livro-reportagem 'Um rio de histórias'. De autoria das jornalistas Ana Lúcia Souza, Jackeline Bispo e Luciana Roque, a obra traz histórias orais colhidas por meio de entrevistas durante as viagens pelo percurso do Rio Grande, principal afluente da margem esquerda do Rio São Francisco.
quinta-feira, fevereiro 25, 2021
Um rio de histórias
segunda-feira, fevereiro 22, 2021
59 anos de São Desidério!
Por Analítica
quinta-feira, fevereiro 18, 2021
Sula (Toni Morrison)
Nesse livro a autora dá margem a voz de outros personagens que se tornam também narradores. As duas personagens centrais, Sula e Nel, apresentam personalidades totalmente opostas, e desempenham papeis bem diferentes ao longo do enredo marcando o que seria certo conflito entre o conservador e a revolução. Quem é Sula? Uma menina que divide um segredo com a amiga de infância Nel, uma garota que assistiu a mãe se queimar, que colocou a avó em um abrigo, que ficou 10 anos fora de sua cidade natal, cursou faculdade, não se casou, não teve filhos, retornou para sua terra, tirou o marido de outras mulheres inclusive de sua melhor amiga Nel e não ficou com nenhum deles por não conseguir se prender a nenhum vínculo e querer provar que se pode viver do seu modo, ao contrário do jeito imposto por sua comunidade. Do outro lado temos Nel, que é totalmente o contrário de Sula, tem muito medo do abandono e da solidão. "Eu sou eu. Não sou filha deles. Não sou a Nel. Eu sou eu. Eu", página 49.
A comunidade do Fundão estava sempre atenta, incomodada e reprimia cada atitude de Sula por ela ter escolhido ser diferente. Após a morte de Sula, Nel percebeu o quanto sua vida estava atrelada à amiga e o quanto ela fazia falta. Em um certo momento, Nel se dá conta disso e não se sabe ao certo se tratava de algo real ou fantasia, como descreve um trecho da última página. "De repente Nel parou. O olho se contraiu e ardeu um pouco. Sula?, ela sussurrou, olhando para a copa das árvores. Sula? (...) 'A gente foi garota juntas', ela disse como se explicasse algo. 'Meu Deus, Sula', ela lamentou (...) Foi um pranto bom - alto e longo - mas não tinha fundo e não tinha cume, apenas círculos e mais círculos de sofrimento", página 189.
Quanto ao projeto gráfico, o livro traz uma capa que revela muito do que a narrativa posteriormente vem a confirmar. A ilustração de duas mulheres negras, uma com lenço na cabeça que logo se supõe ser Nel e a outra com flores no cabelo fazendo alusão à marca que Sula tem no rosto. E como arremate a imagem dos pombos fazendo alusão ao episódio do retorno de Sula a sua terra natal, marcando a transição da primeira para a segunda parte do livro. "Embora as pessoas em geral se lembrassem de uma época em que o céu ficava preto por duas horas, com nuvens e mais nuvens de pombos, e embora estivessem acostumadas aos excessos da natureza", página 109.
Já tinha interesse em ler Toni Morrison e para surpresa do Analítica a Tag Curadoria proporcionou esse primeiro contato. Essa leitura me instigou para conhecer posteriormente outras obras da autora e entender melhor seu estilo, sendo que na linha de frente da lista já se encontra O olho mais azul (1970) e Amada (1987). "A amizade delas foi tão intensa como repentina. Encontraram consolo na personalidade uma da outra", página 72.
segunda-feira, fevereiro 08, 2021
'A mulher ruiva' de Orhan Pamuk e o 18º Encontro da Tag Curadoria Barreiras
"...romances históricos sobre as aventuras de guerreiros otomanos e um livro sobre sonhos. Uma passagem deste último haveria de mudar minha vida para sempre", página 15. A mulher ruiva, de Orhan Pamuk, primeiro livro de 2021 indicado pela Tag Livros Experiências Literárias que tem por curador Milton Hatoum, é a obra que norteou as discussões durante o 18º Encontro da Tag Curadoria Barreiras realizado em formato virtual na segunda-feira, 08 de fevereiro. Como um de seus associados, o blog Analítica participou do encontro.
Partindo do ano de 1984, a primeira parte relata a infância e adolescência de Cem. Sua convivência na farmácia da família, a relação com os pais, as conversas partidárias dos amigos do pai em sua casa, perseguição política, prisão e ausência da figura paterna, as dificuldades financeiras, o primeiro emprego na livraria e o sonho de ser escritor. Ao concluir o Ensino Médio ele deseja entrar para a universidade, mas se muda para Gebze com a mãe onde passam a morar de favor na casa de uma tia. Sua história começa a mudar ao trabalhar em um pomar, onde ao observar operários que estavam abrindo um poço conhece o mestre cavador de poços Mahmut e surge a proposta de ser aprendiz de cavador de poços em uma cidadezinha chamada Ongoren. Com o mestre ele desenvolve uma relação de confiança como se fossem pai e filho e Mahmut o trata como 'pequeno gentleman'. Por vezes Cem conta histórias da mitologia grega ao mestre, que fica impressionado com a tragédia de Édipo Rei.
De dia cavando poço, à noite, passeios na cidadezinha de Orgoren. Nesse contexto entra em cena a figura da Mulher Ruiva, que estava de passagem na cidade com uma trupe de teatro. Ela se torna o principal pretexto para Cem ir todas as noites à cidade. "Havia alguma coisa estranha e muito fascinante naquela mulher", página 34. Uma dessas noites lhe reserva o primeiro contato com a tal ruiva, que é casada e também demonstra interesse no garoto. Um dos momentos mais marcantes destaca a primeira noite de amor entre o garoto de 16 anos e a mulher ruiva que aparentava ter quase o dobro de sua idade. A primeira parte termina após o acidente do mestre no fundo do poço e a fuga de Cem para sua terra natal, Istambul, sem saber se o mestre está vivo ou morto.
Longe de seu ofício de 'aprendiz de cavador', Cem agora é promovido a gerente na livraria Deniz e cursa faculdade de geologia. "Por isso escrevi na ficha de inscrição 'geologia'. Minha mãe notou que o aprendizado com o cavador de poços deixou uma espécie de marca em mim", página 141. Nessa segunda fase temos um Cem constantemente perseguido por um sentimento de culpa, episódio que o faz voltar a comparar sua própria história com a mitologia grega, na figuras de Édipo Rei, e turca, através dos lendários Rostam e de seu filho Sohrab, personagens do livro de Shahnameh.
Algumas reviravoltas marcam a trama de Cem no decorrer dessa segunda fase. Ele se casa com Ayse e juntos fundam uma grande empresa empreiteira que batizam de Sohrab, nome em alusão ao filho que não conseguiram gerar. A reaproximação, morte do pai e a descoberta de que ele também tivera um envolvimento com a mulher ruiva anteriormente. O surgimento de um bilhete que ele recebe de alguém que assina como seu filho e que após investigação tem resposta positiva de um teste de paternidade. O retorno a cidadezinha de Orgoren para fazer negócios e ao mesmo tempo conhecer o filho. A informação de que de tanto insistir em cavar mestre Mahmut enfim encontrou água naquele poço e que morrera rico, e o reencontro com a mulher ruiva que o revela que é pai do jovem poeta Enver, um aspirante a escritor. "Ele é obstinado e conhece a própria mente, mas também é prepotente. O que lhe falta é uma forte figura paterna que o oriente", página 230.
Muitas surpresas reservam o encontro entre Cem e seu filho e o desejo de vingança é visível no tom do garoto. "Para vingar mestre Mahmut...para fazer você pagar por ter seduzido minha mãe...", página 255. A tragédia que encerra a segunda parte do livro responde ao prenúncio da ilustração da capa do livro: o filho mata o pai com um tiro no olho parafraseando a morte de Rostam por seu filho Sohrab. "A vida imita o mito", página 287.
Já no início da terceira parte o autor engana o leitor acerca de quem é o narrador dessa última fase. A narrativa segue por outra perspectiva que a princípio parece ser sob a ótica da mulher ruiva mas que entende-se tratar do relato do próprio filho Enver, que na prisão escreve sua própria versão dos fatos como tentativa de que essa dissertação seja favorável à sua liberdade. Também no trecho final do livre achei interessante a frese em que o autor faz uma referência a narrativa inicial, como se fosse também um dos fundamentos utilizados por Enver e que contribuiria para inocentá-lo. "Assim, todo mundo, e não apenas o juiz, vai entender o que você está procurando dizer. Lembre-se: seu pai também sempre desejou ser escritor", página 294.
Desde o início e diante das constantes referências às tragédias citadas já se poderia imaginar o final que o livro reservava. A figura da mulher ruiva como manipuladora de toda a história, o seu envolvimento primeiro com o pai depois com o filho Cem, de sua ambição que de certa forma influenciou nas atitudes do filho, que já sofria a ausência paterna, contribuiu também para o desejo de Enver se vingar do pai. Achei criativa a trama construída. Não gostei muito da primeira parte, a narrativa é um pouco repetitiva e cansativa até metade da segunda fase, quando a história ganha mais corpo e tudo vai se encaixando e fazendo sentido às constantes inserções do autor ao citar Dostoiévski, Édipo Rei, Rostam e Sohrab e principalmente por dar margem para o leitor viajar na imaginação.
Palavras-chave: Escritor - Aprendiz - Poço - Geologia - Pedofilia - Memória - Passado - Sucesso - Ambição - Castigo - Mitologia - Real - Vingança.
Por Analítica
sexta-feira, fevereiro 05, 2021
Passeio em Lençóis
quarta-feira, fevereiro 03, 2021
Trilhas na Chapada Diamantina - BA
Depois de nos situarmos na pousada e de um merecido almoço, contactamos um guia turístico na Associação Comunitária de Guias de Lençóis. Outras agências de turismo locais também disponibilizam a contratação de condutores turísticos. A tão sonhada subida ao Morro do Pai Inácio não seria possível nessa viagem. Devido a pandemia alguns pontos turísticos estavam fechados ao público até aquele momento. Após apresentar as opções de pacotes e variados preços, optamos por um passeio a contento daquela primeira tarde.
Trilha no Parque Municipal da Muritiba
Conduzidos pelo guia Adriano, partimos para conhecer o Parque Municipal da Muritiba. O percurso de pouco mais de 3 km contempla paradas nas piscinas naturais do rio Serrâneo, Cachoeirinha, o Mirante da Primavera onde se tem uma visão privilegiada de Lençóis, a Cachoeira da Primavera, Salão das Areias Coloridas e Poço Halley, e retorno ao acesso inicial. O parque é mantido pelo governo municipal em parceria com os guias locais que colaboram para a limpeza das trilhas e o acesso é gratuito.
Morro de São Paulo, Bahia
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