quinta-feira, dezembro 17, 2020

Minhas lembranças das lapinhas da Vó Si



Nesse período em que se aproxima o Natal, as minhas melhores lembranças estão atreladas a figura da minha avó dona Si (in memorian). Cresci vendo-a montar a lapinha no dia 24 de dezembro, uma tradição que ela iniciou aos 13 anos e manteve  por mais de 70 anos. As rezas na lapinha aconteciam nos dias 24, após a missa do galo, e na tarde de 06 de janeiro, dia de Santo Reis. A lapinha era desmanchada em 07 de janeiro.

Enquanto ela mesma conseguiu montar a sua lapinha, costumava fazê-la no dia 24 de dezembro, obedecendo a uma promessa. Lembro de como ela costumava separar as plantas e enfeitá-las com adornos natalinos, do cheiro da cola feita de tapioca utilizada para colar o papel no velho caixote ornamentado para colocar os santos, da casa cheia, dos benditos entoados, das comidas servidas após a reza: o licor de jenipapo, da torta, da pêta, do ginete, do delicioso bolo de puba com milho que só ela sabia fazer. 

Com o tempo e devido às enfermidades ela já não conseguia ajudar na montagem, mas ficava por perto, observando, agoniada para ver o resultado final e dando seus pitacos: "Ô menina, cadê a boca da lapinha? Vocês não sabem fazer lapinha não. Deixa que eu faço.  Eu só vou colocar a mesa e os santos mesmo", declarava.

Nos anos seguintes ela até ficou mais calma e deixou que tomássemos conta de vez de tal tarefa, e sempre acaba aprovando. E como ela gostava de receber em sua casa as pessoas que iam visitar sua tradicional lapinha ou participar das rezas!




Aprendi com ela a valorizar esse costume e há seis anos faço a lapinha em minha casa. Este ano, utilizei os santos que eram da Vó como forma de homenagear sua memória, sua tradição. Não será mais o mesmo. A montagem da lapinha já não foi a mesma esse ano. Uma coisa que era tão fácil fazer a cada ano, neste foi tão difícil! São lembranças de memórias afetivas vividas intensamente e que jamais irei esquecer tudo o que esses momentos representam pra mim!Fica a saudade e o legado de uma tradição tão bonita!

Um pouco de história - Segundo a Igreja Católica, por volta do ano 1223, São Francisco, para explicar aos camponeses de uma cidade da Itália, teve a ideia de reproduzir o cenário do nascimento de Jesus utilizando a argila para representar as figuras que compõem o presépio natalino: Maria, São José, o menino Jesus, os Três Reis Magos, os pastores, a vaca, o burrinho e outros. A ideia teve grande repercussão e a partir do século XVIII repercutiu na Europa e por todo o mundo.  
  
Por Analítica



 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Morro de São Paulo, Bahia

Outro destino escolhido pelo Analítica foi Morro de São  Paulo, Bahia.  Localizado na Ilha de Tinharé, distrito da cidade de Cairu, Morro de...