terça-feira, dezembro 15, 2020

Leituras de Dezembro: Alegrias da maternidade (Buchi Emecheta) e Moisés negro (Alain Mabanckou)


'Alegrias da maternidade' de Buchi Emecheta e 'Moisés negro' de Alain Mabanckou, são as duas últimas obras escolhidas para encerrar as leituras de 2020. Tratam-se de obras indicadas pela Tag Livros.

Alegrias da maternidade (Buchi Emecheta)


"...só agora com esse filho, vou começar a amar de verdade em tudo o que quero ser: mulher e mãe", página 75. Um livro emocionante que ganhei de presente no amigo oculto do grupo da Tag Curadoria Barreiras. Da autora Buchi Emecheta, 'Alegrias da maternidade'  obra publicada pela Tag livros em 2017, relata a história de Nnu Ego, filha de um grande líder africano tradicional Agbadi, que é enviada como esposa ainda aos 11 anos e tem como sonho ser mãe. 

Por uma questão cultural ela se torna a primeira esposa de Nnaife. A história se passa em Lagos, capital da Nigéria, em um cenário marcado por um contexto de guerra, racismo, desemprego, pobreza em que a mulher não tem vez. "Enquanto voltava para o quarto, ocorreu a Nnu Ego que ela era uma prisioneira: aprisionada pelo amor e por seus filhos, aprisionada em seu papel de esposa mais velha", página 194.

Pode-se dizer que a autora numa sacada meio que irônica, utiliza o título dado à obra para mostrar uma trajetória de vida e sofrimento que envolve a personagem principal. Nnu Ego teve que enfrentar a perda de três filhos, com muito esforço e com o pouco recurso que lhe rende o ofício de comerciante, trabalhou para criar os sete filhos sobreviventes para que tivessem um futuro de descente. O filho mais velho Oshia,  apesar de não reconhecer o esforço da mãe, consegue uma bolsa de estudos numa faculdade nos EUA e estuda para ser cientista. Enquanto isso, Nnu Ego teve que suportar o machismo e traições do marido e assumir também o papel de chefe da família provendo o sustento inclusive das outras esposas e seus filhos, quando Nnaife vai para a guerra e depois consequentemente é preso por tentativa de homicídio.

Não deixa de ser uma história de superação. No final, mesmo cansada das dificuldades para sobreviver e sustentar os filhos, Nnu Ego relembra com satisfação que as maiores alegrias de sua vida são os filhos e os desafios que teve que enfrentar para encaminhá-los na vida. "Mas é isso mesmo", respondeu Nnu Ego com os olhos cheios de lágrimas. "Não sei ser outra coisa na vida, só sei ser mãe. O que vou conversar com uma mulher que não tenha filhos? Tirar meus filhos de mim é como me tirar a vida que sempre conheci, a vida com a qual estou acostumada", página 313.

Moisés negro (Alain Mabanckou)


"Tudo começou nessa época em que, adolescente, eu me perguntava a respeito do sobrenome que Papai Moupelo, o padre do orfanato de Loango, tinha me dado: Tokumisa Nzambe po Mose yamoyindo abotami naboka ya Bakoko. Esse longo sobrenome significa, em lingala, 'Demos graças a Deus, o Moisés negro nasceu na terra dos ancestrais', página 09.  

É a última obra indicada pela Tg Livros Curadoria de 2020. De autoria de Alain Mabanckou, um dos autores mais renomados da contemporaneidade, 'Moisés negro' é um romance de ficção congolesa e a trajetória histórica da obra tem início na década de 1970, num orfanato da República do Congo. O enredo gira em torno do personagem central Moisés, que é deixado no orfanato pouco depois de nascer. 

Por Analítica

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