A obra de Stephen King, 'Misery - Louca obsessão' foi escolhida para a leitura de fevereiro. Esta é a minha primeira leitura que faço dos trabalhos do autor, um presente que ganhei do colega jornalista Anton Roos quando esteve em São Desidério participando de uma edição do projeto Clube da Leitura da Biblioteca Municipal, em agosto de 2018.
Intrigante, o enredo narra a história do renomado escritor Paul Sheldon autor de obras com a personagem denominada Misery Chastain. Ao finalizar um manuscrito de Misery, Paul sai para comemorar e sofre um acidente de carro. A narrativa ganha direcionamento a partir do momento em que Annie Wilkes, uma enfermeira aposentada o resgata desse acidente à beira de uma estrada e o leva para sua casa. Ela se identifica como uma leitora assídua do autor.
Para a surpresa de Paul, Annie o isola em sua casa e mantém um comportamento louco e obsessivo provocado pelo desfecho da última obra, que ela julga inapropriado na versão do autor. Ela o tortura e tenta convencê-lo para reescreva o final do livro de acordo com a versão que ela deseja. Paul usará de sua narrativa e tentará a todo custo sobreviver às torturas e obsessão da fã número um e fugir do confinamento. Confira abaixo alguns trechos do livro que considerei interessante destacar:
"Mas personagens de história NÃO!Deus leva a gente quando chega a hora e um escritor é Deus para as pessoas da história, ele cria elas assim como Deus criou a gente e ninguém sabe onde Deus está nem tem como fazer Ele explicar nada...". Página 43. Nessa mesma assertiva a personagem Annie deixa claro quem está no controle da situação e complementa: "...sim tudo bem, mas escute o que eu vou dizer, seu coisa feia, e escute bem: no caso de Misery, Deus está com as duas pernas quebradas e Deus está na MINHA casa comendo da MINHA comida...e...", página 43.
As reflexões do autor não só acerca de sua escrita, mas também de sua existência e capacidade de um dia contornar tal situação. "Tem um monte de sujeitos por aí que escrevem
prosa melhor que eu, e que entendem melhor as pessoas e o significado da
humanidade... Pode
apostar que eu consigo. Tem um milhão de coisas no mundo que eu não sei fazer.
Não sei jogar bola. Não sei consertar uma pia. Não sei andar de patins ou fazer
um Fá na guitarra. Tentei duas vezes manter um casamento e não consegui. Mas se
você quiser que eu arrebente você, assuste ou envolva você, faça você chorar ou
sorrir, então sim posso sair dessa!Eu consigo. Eu consigo e consigo de novo até
você pedir água. Eu consigo. Eu POSSO”, pág. 121 e 122.
"Meia hora depois ele estava sentado diante da tela em branco, achando que devia gostar de sofrer. Ele tomara uma aspirina em vez de beber, mas isso não mudava o que iria acontecer agora. Iria ficar ali sentado por 15 minutos ou talvez meia hora, olhando para nada além de um cursor piscando na escuridão. Então iria desligar o computador e pegar um drinque", página 324.
"Meia hora depois ele estava sentado diante da tela em branco, achando que devia gostar de sofrer. Ele tomara uma aspirina em vez de beber, mas isso não mudava o que iria acontecer agora. Iria ficar ali sentado por 15 minutos ou talvez meia hora, olhando para nada além de um cursor piscando na escuridão. Então iria desligar o computador e pegar um drinque", página 324.
Em um dos trechos o autor assim descreve
Annie ressaltando o desfecho trágico da personagem: “... pois Annie não era uma
deusa, afinal, mas sim uma dona louca que o machucara por suas próprias razões.
Annie conseguira tirar quase todo o papel da boca e garganta e saíra pela
janela enquanto Paul dormia, sedado. Ela tinha ido ao celeiro, e lá mesmo
desabara. Quando Wicks e Mcknight a encontraram, ela já estava morta, mas não
por asfixia. Tinha morrido da fratura do crânio que recebera ao bater contra o lintel...Então de certa forma tinha sido a máquina que Paul tanto odiara que havia matado Annie. Eles a tinham encontrado ao lado da baia de Misery, a porca, com a mão sobre uma serra elétrica", página 323.
As alucinações sofridas por Paul mesmo após a morte de Annie, são transcritas nesses tópicos a seguir:
"Mas isso tinha ficado no passado. Annie Wilkes estava no túmulo. Mas assim como Misery Chastain, ela não descansava em paz!Nos sonhos e devaneios de Paul, ele a desenterrava vez após vez. Era impossível matar a deusa. Talvez desse para anestesiá-la com bebidas, mas isso era tudo!", página 323 e 324.
"Paul ouviu um barulho às suas costas e se virou da tela em branco para ver Annie saindo da cozinha vestida em calças jeans e uma camisa de flanela de lenhador com a serra elétrica nas mãos", página 325.
"Mas isso tinha ficado no passado. Annie Wilkes estava no túmulo. Mas assim como Misery Chastain, ela não descansava em paz!Nos sonhos e devaneios de Paul, ele a desenterrava vez após vez. Era impossível matar a deusa. Talvez desse para anestesiá-la com bebidas, mas isso era tudo!", página 323 e 324.
"Paul ouviu um barulho às suas costas e se virou da tela em branco para ver Annie saindo da cozinha vestida em calças jeans e uma camisa de flanela de lenhador com a serra elétrica nas mãos", página 325.
Para finalizar, um trecho que assinala a superação do autor Paul Sheldon e a libertação do personagem. "Ele conseguiria sair dessa. Ele conseguia. E grato e aterrorizado, ele saiu. O buraco se abriu e Paul olhou para o que havia lá, sem perceber que seus dedos ficavam mais velozes, sem perceber que suas pernas doloridas pareciam estar a cinquenta quarteirões de distância, sem perceber que estava chorando enquanto escrevia", página 326.
Por Analítica
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário