Dona Sizaltina, mais popularmente conhecida como dona Si.
Mãe de cinco filhos, avó de 16 netos e bisavó de dez bisnetos. Com meu avô
Jose de Santana, mais conhecido como Zé Magro, falecido em 2010, ela se casou
aos 20 anos e teve a felicidade de viver um matrimônio de 60 anos. No último
dia 21, ela comemorou 87 anos, com muita saúde, graças a Deus. A osteoporose no joelho direito a fragilizou no decorrer dos últimos dez anos.
Há cerca de um ano nessa mesma data ela estava hospitalizada em decorrência de uma queda que ocasionou a fratura do fêmur esquerdo. O seu aniversário de 86 anos comemoramos no hospital. Foram dois longos meses de sofrimento que também serviu como uma experiência para nossa família que revezava dia e noite para não deixá-la sozinha. Cabeça branquinha, voz tranquila, corpo encurvado pelo tempo e pelo ofício do bordado, vó é dona de um dos sorrisos mais contagiantes.
Ponto de cruz - Avó é como segunda mãe. Lembro-me de quando ainda pequena costumava brincar na casa da vó com minhas primas. O quintal cheio de plantas, o pé de manga onde costumávamos subir e das aulas de ponto de cruz que tinha como mestra a mais exímia das bordadeiras que São Desidério poderia ter. Uma arte que foi passada para suas netas. As primeiras aulas eram reservadas a pequenos pedaços de etamine que aos poucos era preenchido com desenhos que ganhavam formatos de laranjas, maças, losângulos. A vó nos cobrava que o avesso do bordado fosse limpo, só depois disso é que começávamos a fazê-los em guardanapos, panos de pratos e posteriormente aprendíamos a bordar nossos próprios nomes em toalhas de banho, fase que já assinalava progresso. Aquelas que se dedicaram mais alçaram bordados em almofadas, caminhos de mesa, panos de fogão, entre outros. Mas talvez o sonho das netas naquela época seria dominar bordados, considerados maiores como as enormes toalhas de mesa, que a vó chamava de toalhas de banquete que exigiam meses de dedicação. Uma das características de seu bordado é que o fazia com amor e carinho e por esse motivo ela costumava receber muitas encomendas da cidade e até mesmo de outros estados. O bordado sempre deu o tom da ornamentação na casa da vó, seja nos panos de fogão, na mesa da sala, da antiga prateleira da cozinha, no aparador do filtro, na velha máquina de costurar encostada na parede da copa.
Ponto de cruz - Avó é como segunda mãe. Lembro-me de quando ainda pequena costumava brincar na casa da vó com minhas primas. O quintal cheio de plantas, o pé de manga onde costumávamos subir e das aulas de ponto de cruz que tinha como mestra a mais exímia das bordadeiras que São Desidério poderia ter. Uma arte que foi passada para suas netas. As primeiras aulas eram reservadas a pequenos pedaços de etamine que aos poucos era preenchido com desenhos que ganhavam formatos de laranjas, maças, losângulos. A vó nos cobrava que o avesso do bordado fosse limpo, só depois disso é que começávamos a fazê-los em guardanapos, panos de pratos e posteriormente aprendíamos a bordar nossos próprios nomes em toalhas de banho, fase que já assinalava progresso. Aquelas que se dedicaram mais alçaram bordados em almofadas, caminhos de mesa, panos de fogão, entre outros. Mas talvez o sonho das netas naquela época seria dominar bordados, considerados maiores como as enormes toalhas de mesa, que a vó chamava de toalhas de banquete que exigiam meses de dedicação. Uma das características de seu bordado é que o fazia com amor e carinho e por esse motivo ela costumava receber muitas encomendas da cidade e até mesmo de outros estados. O bordado sempre deu o tom da ornamentação na casa da vó, seja nos panos de fogão, na mesa da sala, da antiga prateleira da cozinha, no aparador do filtro, na velha máquina de costurar encostada na parede da copa.
Lapinhas - Ah!
E como esquecer das lapinhas. Cresci a vendo montar o presépio na primeira
sala. Dia 24 de dezembro era um movimento na casa da vó. É só fechar os olhos e
ainda sinto o cheiro da cola que ela fazia com a tapioca utilizada para fixar o
papel no antigo giral, posteriormente preenchido com as plantas, a areia, os
santos e muita luz para enfeitar o presépio. Era feita toda uma preparação para
a reza da lapinha e uma delas, a que eu mais gostava, era do dia em que eram
feitos os biscoitos também conhecidos como 'petas', pois na casa da vó havia um forno
à lenha. Depois da aula íamos para a casa da vó ou passávamos por lá no turno
oposto da escola para comer a peta quente molhada na mesma massa crua. Depois
que as petas ficavam prontas era a vez da 'netaiada' entrar em ação e ajudar a
fazer o ginete, um biscoito doce. Esse era o momento mais esperado. Sentadas em uma roda, cada uma com sua devida
fôrma - que geralmente se tratava de uma latinha de sardinha aberta, onde era depositado um bolo de massa que quando espremida saia por um buraco formado na parte inferior da forma. A massa era distribuída em formato de um 'S' nas bandeijas, e aproveitando a ausência da vó, essa se tornava a oportunidade perfeita para saborear
a deliciosa massa crua. Quando a vó retornava lá estávamos com as bochechas
alteradas. E era nos repreendia sorrindo:
- Por isso que o ginete não rende!. E riamos.
- Por isso que o ginete não rende!. E riamos.
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