Que
poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?
Ontem,
para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje para manipular, moldar, escravizar aos
estereótipos.
Todos
vimos na televisão modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas.
Transformaram
seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte
americanas.
Entupiram
as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom
sucesso nas passarelas do samba.
Substituíram
os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à
moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.
E com
isso Bárbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres (as baixinhas,
as gordas, as de óculos, as magrinhas) um sentimento de perda de autoestima.
Isso
exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é
composta de moças.
Em que
mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no
jornalismo.
E no momento
em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso
feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais
próximo do humanismo.
Por
mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são
desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da
penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres,
flechas, espadas e punhais.
Ninguém
diz, de uma mulher, que ela é de espadas.
Ninguém
lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico como fazem com os meninos,
para fortalecer sua virilidade e violência.
As
mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação
ou no parto.
Odeiam
as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os
filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na
violência.
É
preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da
paz.
E para
começar queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito as suas pernas
que têm varizes porque carregam latas d’água e trouxas de roupa.
Respeito
aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo
dos anos.
Respeito
ao seu dorso que engrossou, porque elas carregaram o país nas costas. São as
mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e
puderam fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
(Autor desconhecido)
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