"As cicatrizes não intencionais, aquelas acumuladas em batalhas vencidas, muitas vezes machucam mais do que as batalhas perdidas".
Em Pesado, conhecemos as cicatrizes do próprio autor- personagem, Kiese Laymon, desde sua infância, na cidade de Jackson, Mississippi, a adolescência, juventude, até se tornar um professor universitário da Faculdade de Vassar, Nova York, e sua narrativa marcada por quem viveu de perto o racismo.
Desde sempre rodeado de preconceitos por ser negro e gordo, Kiese também vivenciou o abandono parental por parte do pai e partilhava uma relação bem conflituosa com a mãe, a quem trata na narrativa de 'você'. Nesse cenário carregado de preconceitos, por vezes ele encontra refúgio na figura carinhosa da avó materna.
A história de Kiese se confunde com a de milhares de norte americanos que lidam com a mesma situação há gerações. A resposta de Kie a esse racismo se configura em traumas, vícios, compulsão alimentar até ganhar forma e acentuar o título sugerido pela obra. É um livro de memórias com relatos intensos.
"Mas, independente do que eu via na frente do espelho, eu ainda enxergava aquele menino negro de quase cento e quarenta e cinco quilos residente de Jackson, Mississipi. Quando eu me tocava ou analisava minha perda de peso ou minha porcentagem de gordura, eu sabia que tinha criado um corpo. E sabia que tinha feito um corpo desaparecer", pg. 211.
Publicado em 2018, Pesado, é a primeira obra do ano sugerida pela TAG Curadoria, indicada pela curadora Alice Walker, uma das escritoras mais destacadas da atualidade.
Por Analítica
Nenhum comentário:
Postar um comentário