"As plantas novas que não nos conhecem nos observam do chão e se adaptam à alegria que flutuam no ambiente. Pensam que essa é a pauta e está bem que assim o façam", p. 237.
De autoria da escritora catalã Martha Orriols, 'Aprender a falar com as plantas', obra publicada em 2018, apresenta como destaque uma literatura voltada à perda e luto. "A morte é uma grande desenhista de momentos estranhos repletos de conversas em contratempo".
A leitura foi sugerida pela Tag Livros Experiências Literárias, modalidade Curadoria, do mês de outubro e indicada pela curadora Socorro Acioli. "Me pergunto como posso guardar sua lembrança intacta de uma maneira justa", p. 25.
A história tem por cenário Barcelona e destaca as vivências de Paula, uma médica neonatologista bem sucedida de 42 anos, narradora-personagem da obra. Paula vê seu mundo desabar após a morte do esposo Mauro em um acidente de trânsito, poucas horas após uma discussão entre eles, que marca o fim do casamento e de Mauro revelar que tinha uma amante mais jovem. "A alegria e o prazer parecem voltar mutilados, como soldados desta guerra minha".
As narrativas são carregadas de sentimento, ao tempo em que ela tenta se acostumar com a perda de Mauro e de que foi traída, informação que ninguém mais sabe. Paula vai revelando no decorrer de suas falas, seu sofrimento, as pistas da traição deixadas no celular dele e o contato que desenvolve com as plantas, último resquício das lembranças que seu marido deixou no apartamento, das quais agora precisa aprender a cuidar. Vale a pena conferir essa leitura!
"...mas me apresso a lembrar que esta varanda será um vestígio de sua vida, Mauro, e não um estatutário de sua morte. E então o faço, tomo ar como se minha vida dependesse disso e desejo para mim, desejo bem forte", p. 237.
Por Analítica
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