Demorei mas consegui concluí a leitura de 'Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias', de autoria da escritora Flannery O'Connor. Esse é um dos livros que conheci por meio da assinatura da Tag Livros Curadoria, uma experiência a qual aderi no início do ano com o propósito de diversificar minhas leituras e conhecer novos autores. É interessante que por meio dessa assinatura também pude conhecer e interagir com outros assinantes da Tag e partilhar as impressões acerca dos livros lidos nos encontros do grupo, no caso socializo com o grupo Tag Curadoria Barreiras.
As histórias tem por cenário a região sul dos Estados Unidos e o livro é divido em 10 contos. A autora possui uma linguagem de fácil entendimento e as narrativas são marcadas pelo simbolismo religioso em que a religião é colocada também como forma para criticar as atitudes e valores de alguns personagens. Também estão presentes discussões envolvendo relações familiares e em certos momentos a abordagem de questões racistas.
Dos 10 contos, três me chamaram a atenção por apresentarem histórias mais envolventes. São eles, o primeiro conto, que recebeu o mesmo título do livro 'Um homem bom é difícil de encontrar', ao qual relata a história de uma família que durante uma viagem de carro sofre um acidente e que por azar recebem ajuda de um prisioneiro foragido, o mesmo que irá tirar a vida de toda a família. "Não dona, não sou bom, não. (...) Mas também não sou o pior do mundo. Meu pai dizia que eu era de outra raça, diferente dos meus irmãos e irmãs", página 42.
O segundo conto que mais gostei tem como tema 'A vida que você salva pode ser a sua' e se baseia um pouco na própria história de vida da autora ou do que se sabe sobre ela. A narrativa assinala acerca de como interesses pessoais muitas vezes ultrapassam os interesses coletivos. E nesse conto destaca-se até que ponto uma senhora, convencida facilmente pelo discurso de um forasteiro, por interesses pessoais ou sabe se lá quais tenham sido, ela vê nisso uma oportunidade para vender a própria filha que tinha limitações de saúde. E neste conto mais uma vez Flanerry deixa a tona um final surpreendente. "Para certos homens", disse então lentamente, "há certas coisas que valem mais do que o dinheiro", página 77. "Dirija com atenção. A vida que você salva pode ser a sua!", página 86.
E o terceiro conto que destaco é 'Gente boa da roça' em que a contradição abordada pela autora na narrativa está bastante implícita. Um vendedor de bíblias que tenta convencer uma senhora com seu discurso. Essa senhora tem uma filha cética, doutora em filosofia, que acredita piamente na ciência e que apresenta uma deficiência física e que por esse motivo utiliza uma perna de pau. Uma reviravolta no final da história surpreende o leitor e acredita-se que a autora nesse conto fez uma crítica àqueles que de certa forma, abusam da boa vontade das pessoas para enganá-las.
A Literatura Gótica norteia o estilo da autora. Geralmente esse não é o tipo de estilo que me atrai, pois não me identifico muito, se eu puder escolher, nunca escolho obras desse estilo, não sei explicar o por quê. Mas de certa forma gostei do livro e me chamou a atenção o jeito surpreendente como a autora colocou as histórias e como em cada conto ela sempre reservava um final surpreendente e chocante.
Texto e foto: Analítica
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