‘Saberes Ambientais do Cerrado’ é a leitura escolhida desse mês. O livro foi idealizado por meio de um projeto denominado 'Veredas Vivas', desenvolvido a partir de 2008 na região de Ponte de Mateus, povoado do município de São Desidério pela Agência 10envolvimento, vinculada à Pastoral Social da Diocese de Barreiras, o propósito desse projeto era apresentar e valorizar o 'modo geraizeiro' de conviver no Cerrado.
Os reflexos do Projeto Veredas Vivas atraíram os professores da UFOB, Valney e Mário Alberto a encabeçarem nessa mesma região o Projeto Saberes Ambientais do Cerrado cujo objetivo era o "desenvolvimento de diálogos de saberes ambientais contextualizados com os modos de vida das comunidades geraizeiras nas áreas de Cerrado do Oeste Baiano", página 14.
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Autor autografando a obra que ganhei da amiga Anna Cláudia Soares |
Com o tempo as famílias foram incentivadas e se mantiveram firmes e resistentes na região, como se pode atestar nessa passagem do livro: "Uns geraizeiros da região de 'Ponte de Mateus', localizada num cerrado belíssimo na bacia do Rio Guará, deram uma resposta exemplar: firmaram um pacto entre si de não cederem às pressões dos grileiros. E conseguiram se impor, ao menos parcialmente. Não obstante, à vergonhosa realidade, a região de 'Ponte de Mateus' continua sendo alvo preferencial da cobiça de grileiros (um dos mais conhecidos é Marcos Valério, publicitário que orquestrou o escândalo dos 'Mensalões') e até nos dias atuais, muitas famílias persistem em sua jornada geraizeira na 'Ponte de Mateus' e redondezas", página 10.
O livro foi publicado em 2016, contém 78 páginas e é dividido em quatro capítulos: 1 - Itinerários, desafios e resultados do projeto; 2 - As paisagens e os lugares no Vale do Baixo Rio Guará; 3 - Saberes e fazeres nas comunidades tradicionais da micro-bacia do Rio Guará e 4 - Exercícios e estudos dirigidos sobre saberes tradicionais ambientais e educação ambiental. "No passado, fiquei com vergonha quando me chamaram 'geraizera'. Hoje, tenho isto como maior orgulho, pois amo nosso Gerais", página 11.
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Professor Valney explica sobre a produção da obra |
A obra foi pensada para atender aos moradores que vivem na região que integra o Vale do Guará, sendo resultado de um trabalho de pesquisa de dois anos e estudos desenvolvidos com estudantes e comunidade da Escola Municipal Ovídio Francelino de Souza localizada no povoado de Ponte de Mateus. Além de Ponte de Mateus, a região contempla também os povoados de Currais, Cera, Pedras, Larga, Riacho de Fogo, Vereda Grande e Contagem. "As paisagens do Cerrado no baixo vale do Rio Guará compõem o mundo dos seus moradores; comunidades tradicionais identificadas como povos geraizeiros. Seu modo de vida nos Gerais tem relação íntima com a flora e a fauna do Cerrado...com os rios, riachos e córregos que cortam as Veredas da região", página 36.
A narrativa explica acerca da metodologia utilizada pelos autores durante o processo de produção do livro, o relato das oficinas de cordel, de fotografia, das reuniões, o resgate e transcrição de lendas e depoimentos coletados a partir da observação dos costumes, da cultura local e do contato com os participantes e comunidades tradicionais geraizeiras. "A mãe que morreu. Ressuscitou no mesmo dia. Comeu muito buriti, arroz e carne. Depois disse: No futuro terá gafanhotos que vão dizimar o povo aqui tudo. E a noite do mesmo dia morreu definitivamente", página 20.
Ao final dos capítulos, o livro apresenta ainda questionamentos acerca da temática que reforçam a reflexão dos leitores. "Nestas reuniões foram estabelecidos, junto com a equipe pedagógica e os estudantes geraizeiros, os temas geradores: as paisagens e os lugares; os saberes e os fazeres por meio de brincadeiras, tradições e crenças, e os produtos da sociobiodiversidade, que orientam o desenvolvimento das metodologias com linguagens verbais e não verbais no espaço escolar e vivido pelas comunidades geraizeiras", página 21.
A narrativa explica acerca da metodologia utilizada pelos autores durante o processo de produção do livro, o relato das oficinas de cordel, de fotografia, das reuniões, o resgate e transcrição de lendas e depoimentos coletados a partir da observação dos costumes, da cultura local e do contato com os participantes e comunidades tradicionais geraizeiras. "A mãe que morreu. Ressuscitou no mesmo dia. Comeu muito buriti, arroz e carne. Depois disse: No futuro terá gafanhotos que vão dizimar o povo aqui tudo. E a noite do mesmo dia morreu definitivamente", página 20.
Ao final dos capítulos, o livro apresenta ainda questionamentos acerca da temática que reforçam a reflexão dos leitores. "Nestas reuniões foram estabelecidos, junto com a equipe pedagógica e os estudantes geraizeiros, os temas geradores: as paisagens e os lugares; os saberes e os fazeres por meio de brincadeiras, tradições e crenças, e os produtos da sociobiodiversidade, que orientam o desenvolvimento das metodologias com linguagens verbais e não verbais no espaço escolar e vivido pelas comunidades geraizeiras", página 21.
Em suma, a obra é super recomendada para quem quer conhecer acerca do Vale do Rio Guará pois exalta as riquezas do Cerrado presente no nosso município de São Desidério e das tradições e costumes das comunidades tradicionais geraizeiras. Li e recomendo!
Clube de Leitura da SEMATUR - A obra foi escolhida para nortear as discussões da primeira edição do ‘Clube de Leitura Saberes
Ambientais do Cerrado’, e dá nome ao projeto idealizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo (SEMATUR), de São Desidério. O evento foi realizado na tarde de 12 de junho na Lavanderia Cultural e teve como convidado o professor Valney Dias Rigonato, da Universidade Federal do Oeste Baiano (UFOB) , um dos responsáveis pela produção do livro, que conduziu a apresentação da obra aos participantes.
Segue abaixo a poesia de autoria de Silvânia das Virgens de Jesus, moradora do Vale do Guará.
O Cerrado e o nosso país!
O Cerrado é importante
Isso eu posso te falar
Trabalhamos com muita força
Pra o Cerrado preservar
O país onde eu vivo
Existe muita beleza
O povo pode ser pobre
Mais o país é uma riqueza
O que mais me alegra,
é ter o Cerrado preservado.
Se não tivermos consciência
Tudo vai ser se acabando.
Se as árvores forem derrubadas,
onde os pássaros vão morar?
Onde vamos preservar?
Por Analítica
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Participantes da primeira edição do Clube da Leitura Saberes Ambientais do Cerrado |
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Funcionários da Sematur, professor Valney e colaboradores do Clube da Leitura |
O Cerrado e o nosso país!
O Cerrado é importante
Isso eu posso te falar
Trabalhamos com muita força
Pra o Cerrado preservar
O país onde eu vivo
Existe muita beleza
O povo pode ser pobre
Mais o país é uma riqueza
O que mais me alegra,
é ter o Cerrado preservado.
Se não tivermos consciência
Tudo vai ser se acabando.
Se as árvores forem derrubadas,
onde os pássaros vão morar?
Onde vamos preservar?
Por Analítica
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