Meu charmoso pai tocando flauta numa roda de samba |
O que temos em comum talvez seja a inquietação. Eu o desafio e ele me desafia. Mas eu adoro quando ele enfim se rende aos meus argumentos e percebe que tenho razão e que eu cresci. Tudo bem que quando era pequena, ele a jogou fora minha fita cassete da Xuxa, que deu problema de tanto que eu a ouvia. No instante em que o pedi para arrumar, ele egou a da minha mão e a jogou do outro lado da rua. Ele aje rápido! Mas a nossa comunicação é muito boa, e esse, acredito que seja o motivo pelo qual nos entendemos bem e eixo norteador para que eu conseguisse sua confiança. Sempre com diálogo. Ele é meu amigo, meu confidente.
Com meus pais e meus sete irmãos |
Em épocas em que a família era grande, os domingos costumavam ser animados. Era o único dia em que a mesa era afastada da mesa. As panelas eram grandes e fartura nunca faltou, principalmente aos domingos quando galinha caipira preparada por minha mãe era um prato exclusivo. Lembro que uma vez minha catequista perguntou o que meus pais faziam para manter a família unida e eu lembrando desse fato comum nos nosso domingos lá em casa respondi que minha mãe fazia “galinha caipira”. À tarde depois que painho acordava todos íamos para o quintal e ele partia uma saborosa melancia.
Com minha irmã e meu pai no lançamento do meu livro |
Apesar de cursar até a 4ª série do antigo primário, seu senso de autodidata se configurou em rimas dos versos do Testamento de Judas, que são relatos em forma de versos de cunho jocoso acerca de personagens e da história de São Desidério, realizado por ele aos sábados de aleluia em praça pública. Mas este é um assunto que quero tratar com mais ênfase em outro texto. Penso que herdei um pouco dessa sua sensibilidade para a escrita, versos, rimas e que isso de certa forma contribuiu para me tornar uma jornalista. Penso também que ele poderia ser um bom repórter, pude comprovar isso durante seu acompanhamento a algumas viagens no período em que eu e minhas colegas Jackeline e Luciana buscávamos histórias para embasar nosso livro-reportagem Um rio de histórias, um projeto que ele apoiou. Sempre de vez em quando ele opina sobre alguma coisa que deveria escrever, como por exemplo uma das primeiras árvores plantadas na avenida JK desta cidade, como já contei por aqui. Ah! Ele também gosta de tirar muitas fotos e fazer seus registros. Essa é outra característica comum entre nós.
No almoço comemorativo do aniversário de painho este ano, com a presença da vó e da Michelly |
Muitas vezes pode ser difícil reunir todos os irmãos, mas acredito que todos se espelharam um pouco na personalidade de painho, admiram o seu esforço para conquistar seus objetivos porque ele trabalhou tanto desde pequeno, quantas noites mal dormidas para dar o sustento a família, tantas vezes que sentiu fome, frio e dor sem ter ninguém por perto para ajudá-lo. Por tudo isso e muito mais é que o amo muito. Que Deus o abençoe e lhe dê saúde para continuar alegrando e influenciando seus filhos a ser pelo menos um pouco do que ele é.