De 1930 ao início dos anos 2000, viajamos com a autora Tara M. Stringfellow, em seu romance de estreia 'Memphis', cujo enredo se passa na cidade que dá título à obra. Conhecemos três gerações de mulheres negras de uma mesma família, de Hazel a Joanie. "Isso não é algo notável? Como os dons podem viajar?".
A autora descreve o cenário onde se passa a história. "Havia chegado em maio e encontrou Memphis a todo vapor [...] Sempre havia música em Memphis", pág 27.
Alguns fatos históricos são contextualizados para situar o leitor no tempo e espaço da obra, como neste trecho da página 242. "Dr. King foi baleado. - A Srta. Dawn não tirou os olhos da janela quando acrescentou: - E morto". Tara também cita algumas renomadas personalidades negras da época, a exemplo de James Brown, Diana Ross, Aretha Franklin, Martin Luther King, Stevie Wonder. "Poderia fazer com que a mulher mais acabada e sem graça no norte de Memphis saísse parecendo a Srta. Diana Ross em carne e osso [...] August ouviu os inconfundíveis acordes de abertura de 'Respect' de Aretha", págs102 e 103.
Apesar de toda a música, poesia, força, união que compreendem a escrita desta autora, a obra também faz referência a fortes marcas de racismo e violência fazendo um forte apelo ao respeito, questões de identidade e de pertencimento. "Não será afetada. Ao menos o psicológico dela não será. Vai ficar dolorida durante alguns dias [...] Mas seria mais raro do que o cometa Halley aparecer três vezes - disse ele. - Uma menina de três anos se lembrar do próprio estupro", pag 81.
O livro indicado pela tag Curadoria de julho, como edição especial de aniversário dos nove anos da Tag Livros Experiências Literárias, têm 322 páginas e divide-se em três partes.
"August, agora vá em frente e abra todos os baús. My, abra cada armário. Abram todos eles. Joanie não vai fugir para aquele frio de Londres sem que façamos uma colcha decente para ela", pág 310.
Por Analítica